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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rua Abaixo

Eu estava andando pela rua e olhei pra um homem que vinha na direção oposta. Um sujeito modesto, de meia idade, cabelos escuros, bigode, vinha descendo a rua Borges de Medeiros e enfiou a mão no bolso da jaqueta cinza que vestia sobre uma camisa bege. Ao tirar a mão do bolso, ele, inadvertidamente jogou algumas moedas pelo chão.
Dava pra ver bem que moedas eram, já que essas moedas novas são todas diferentes umas das outras. Eram duas moedas de dez centavos, uma de cinco, e uma de cinquenta centavos.
As duas moedas de dez, caíram no chão, picaram um par de vezes e repousaram à uma distância razoável uma da outra e do homem.
A de cinco centavos e a de cinquenta caíram fazendo alarido, e começaram a rolar pela calçada, impelidas tanto pelo impacto da queda quanto pela inclinação da rua, as duas zunindo velozes em direção à Demétrio Ribeiro, quase uma quadra inteira abaixo.
O homem correu rapidamente atrás das moedas, sua expressão era um misto de surpresa e aflição. Uma senhora gorda de cabelos tingidos de loiro mate, e usando um casacão preto e calças de licra estampadas de rosa se moveu lépida, gingando sob seu guarda-chuva prateado e espichou o pé direito dentro de um tênis branco, interceptando com um pisão uma das moedas. A moeda de cinco centavos.
O sujeito continuou correndo atrás da moeda de cinquenta, mas ela rolou sobre o meio-fio da calçada e foi engolida pelo bueiro boca de lobo rente à calçada.
O sujeito deu um tapa estalado na perna, e estalou a língua no céu da boca.
A mulher gorda, que olhava pra ele, agachou-se e apanhou a moeda de cinco, e, quando o sujeito voltou, a estendeu pra ele:
-Ó, consegui salvar uma.
Ele agradeceu um "obrigado" suspirado, apanhou a moeda, carrancudo, e seguiu seu caminho.
A mulher deu mais uma olhada nele, como quem não entende, e então, virou-se pra um rapaz na porta da farmácia que acompanhara toda a cena, e deu de ombros com os cantos da boca virados pra baixo enquanto retomava, também, sua caminhada.
A vida, talvez, seja um pouco como a situação daquele homem de bigodes e suas moedas.
As coisas a que mais damos valor são também aquelas mais fugidias.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Resenha Cinema: Rock of Ages - O Filme


Existe um certo glamour inocente em musicais que, talvez, não combinasse com o cinema depois dos anos setenta. Se antes de coisas como Serpico, Taxi Driver e Operação França ainda se podia levar em consideração filmes onde, do nada, as pessoas começavam a dialogar e expôr seus sentimentos através de canções e coreografias, depois da crueza do cinema setentista ficou meio complicado de digerir a grandiloquência dos grandes números musicais de filmes como Cantando na Chuva ou Amor, Sublime Amor.
Entretanto, como em Hollywood nada está perdido, Baz Luhrman fez Moulin Rouge, ao que se seguiu Chicago e depois Os Produtores, Hairspray, e Mamma Mia! e Nine e Burlesque, e até na TV apareceu Glee mostrando que sim, ainda havia público pra essas produções onde as pessoas, ao invés de discutir a relação, a cantam, e o gênero voltou à ativa, de modo que dificilmente passamos um ano sem ver um grande (No sentido de valores de produção, não de qualidade cinematográfica) musical desembarcar nas telonas.
Eu, particularmente, nunca fui um entusiasta de musicais. Na verdade, se tu queria me ver sair da frente da TV quando eu era mais novo, era só enfiar alguém cantando na tela. Nunca vi, por exemplo, Nasce Uma Estrela. E assisti Um Violinista No Telhado em aproximadamente oito prestações, considerando a quantidade de vezes que comecei a ver o filme e parei por não suportar os números musicais.
Mas conceitos existem para serem mudados, e, com o passar do tempo eu me peguei curtindo alguns musicais.
Não todos, que fique claro. Gosto de Os Produtores, por exemplo, as duas versões. Gosto de Johnny & June (Pode-se classificar Johnny & June como um musical?), de alguns filmes do Elvis e de The Wonders... Em geral, prefiro comédias musicais à dramas... Enfim, desenvolvi um gosto por musicais, ainda que bastante modesto e simples.
Foi com isso em mente que aceitei o convite pra ver Rock of Ages, filme que adapta para o cinemão hollywoodiano (Que atualmente vive de adaptações e remakes) o musical da Broadway de mesmo nome.
Rock of Ages mostra a jovem Sherrie (Julianne Hough), uma moça do interior que se muda para Los Angeles com o sonho de se tornar uma estrela. Lá, ela conhece Drew (Diego Boneta), um rapaz da cidade que persegue um sonho semelhante. Os dois tornam-se colegas na lendário bar de rock Bourbon Room, gerenciada por Dennis Dupree (Alec Baldwin, hilário) e seu ajudante Lonnie (Russell Brand, também hilário).
Enquanto Sherrie e Drew se conhecem e se apaixonam, Dupree tem a oportunidade de sair do atoleiro financeiro em que o Bourbon Room se encontra com o show derradeiro da banda Arsenal, do deus do rock Stacee Jaxx (Tom Cruise, roubando a cena), mas pode esbarrar na ganância do empresário do astro, Paul Gill (Paul Giamatti) e na perseguição da primeira-dama da cidade, Patricia Withmore (Catherine Zeta-Jones).
Não é ruim, esse Rock of Ages, mas é irregular.
O casal principal, os estreantes Hough e Bonetta, tem uma cara danada de atores de Glee, o que, vamos combinar, não funciona pra um filme que queria se apoiar em hinos de rock oitentista. Eles transformam tudo o que cantam em baladinhas pop contentes com corais bonitinhos e felizes, a gostosinha Hough, pra piorar, ainda tem timbre de segunda voz de dupla caipira, assassinando clássicos como Don't Stop Believin' e More Than Words.
A história de amor dos protagonistas é sem graça, previsível, e desprovida de qualquer tipo de paixão. Muito mais bacana é o romance de Jaxx com a jornalista Constance (a gatésima Malin Ackerman).
Os protagonistas também não se saem muito melhor no tocante à parte cômica do filme, e, se tiram eventuais sorrisos da audiência, é muito, nesse quesito se saem muito melhor Brand e Baldwin, e arrancam gargalhadas da plateia, especialmente ao realizarem um revelador dueto, no que provavelmente é melhor e mais engraçada cena do filme.
Há alguns números musicais interessantes, (Todo mundo tem o seu, Catherine Zeta-Jones, Mary J. Blige, e até Paul Giamatti), e, por estranho que possa parecer, apesar do background de cantoria dos protagonistas, os de Cruise são os melhores, em especial Wanted Dead or Alive e Pour Some Sugar On Me.
No fim das contas, Rock of Ages não é nenhuma maravilha. Apesar de ter um visual maneiro, boas músicas no repertório, e um elenco de apoio muito interessante, o filme fica só na promessa, talvez, se tivesse protagonistas e um diretor mais rock and roll, as coisas tivessem funcionado melhor.
Quem sabe no "grande musical" do ano que vem?

"-Eu sou stripper no clube Vênus.
-Eu estou numa boy band.
-... Você venceu."

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Histórico Cósmico

Hoje fazem 1933 anos que uma violenta erupção do Monte Vesúvio destruiu as cidades de Pompéia e Herculano...
Fazem 1602 anos que o rei visigodo Alarico I saqueou Roma...
Fazem 322 anos que a cidade Indiana de Calcutá foi fundada...
Fazem 73 anos que a Alemanha de Hitler e a União Soviética de Stálin assinaram seu Pacto Ribbentrop-Molotov, o Tratado de Não Agressão com validade de dez anos...
Hoje fazem 58 anos que Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito, saindo da vida para entrar na História...
Fazem 21 anos que a Ucrânia declarou-se independente da União Soviética...
Aniversário de 17 anos da criação do Windows 95...
Os 15 anos do gre-Nal dos 5 x 2 em que Fabiano demoliu o time da Azenha em pleno estádio Olímpico...
Seis anos que Plutão foi rebaixado à categoria de planeta anão...
Então, no sentido histórico cósmico, algumas coisas parecem mundanas. Mas ainda assim...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mercadoria Danificada


Entraram de mãos dadas na loja de telefonia. Sentaram-se diante do atendente, e pediram a segunda via de uma conta telefônica.
O atendente, provavelmente percebendo o quanto ele era louco por ela, parecia estar bem à vista de todo mundo, e cumprindo seu papel de vendedor, perguntou a ele:
-Tu não quer portar teu número pra nossa operadora? Assim vocês vão poder falar de graça.
-Não sei, tchê... Tô acostumado com a minha operadora, sete, oito anos, já... - Ele rebateu, vago e francamente sem ligar a mínima pra essa coisa toda de telefonia.
O rapaz, como todo o vendedor que se preza insistiu:
-Mas tipo... Qual a grande vantagem que tu percebe que a tua operadora atual te oferece até agora?
-Meu telefone não funciona dentro de casa. É ótimo, ninguém me acha lá.
Riram os três.
Mais tarde, sozinho em casa, porém, ele não pôde deixar de se perguntar, porque alguém como ela, iria gostar de alguém como ele. Mordaz. Venenoso. Solitário. Estragado... Demorou a pegar no sono.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Rapidinhas do Capita


O cinema perdeu um pouco de sua graça e "estileira".
Morreu ontem, aos 68 anos o cineasta Tony Scott, irmão mais jovem e ás vezes mais talentoso de Ridley Scott.
Tony dirigiu filmes como O Último Boy Scout, Top Gun, Dias de Trovão, Um Tira da Pesada 2 e Fome de Viver e fez uma longa e produtiva parceria com seu ator fetiche: Denzel Washington, que resultou em longas como Maré Vermelha, Déjà Vu, Incontrolável, O Sequestro do Metrô 123, e meu preferido da dupla, Chamas da Vingança.
Scott cometeu suicídio ao saltar da ponte Vincent Thomas, em Los Angeles. Ele deixa mulher, dois filhos e alguns filmes maneiríssimos.

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Também ontem, domingo 19 de agosto, foi aniversário da primeira participação de um jogador negro, de fato, pelo Internacional de Porto Alegre. Foi em 19 de agosto de 1928, em um amistoso contra a equipe do Americano que o atleta Dirceu Alves fez sua estréia pelo Colorado.
À época, os jogadores de futebol negros disputavam um campeonato próprio, a Liga da Canela Preta, e os times da capital, á exceção do Americano, adversário do Inter nesse amistoso, não contavam com jogadores negros em seus plantéis.
O primeiro jogador negro do Grêmio foi Tesourinha, craque de Seleção Brasileira que jogou pelo Internacional no legendário Rolo-Compressor nos anos quarenta, e que fez sua estréia pelo time da Azenha em 1952.

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Que a ruína seja breve. Mas sua causa seja perene.

Resenha Cinema: O Vingador do Futuro


OK, vamos começar essa resenha da maneira obrigatória:
Crise criativa em Hollywood, blá, blá, blá, blá... Filmes pasteurizados para uma audiência incapaz de prestar atenção em um filme com mais de duas horas, blá, blá, blá, blá, blá... Influência nociva dos grandes estúdios interessados em lucro a qualquer custo, blá, blá, trama mais abrangente possível com referências que possam ser entendidas por analfabetos funcionais, blá, blá, blá... Diretor pau-mandado e desprovido de qualquer talento narrativo, blá, blá, blá, blá, blá.
O Vingador do Futuro mostra um planeta Terra arrasado por uma guerra química que reduziu o mundo à apenas duas regiões habitáveis, a Federação Unida da Bretanha e a Colônia.
Nesse futuro medonho o espectador é apresentado a Douglas Quaid (Colin Farrell, esforçado mas deslocado), funcionário de uma fábrica de robôs casado com uma gatona (Kate Beckinsale, linda mas chatinha, no elenco só por ser esposa do diretor) e atormentado por pesadelos recorrentes. Cansado de sua rotina maçante Quaid decide ir até a Rekall, empresa que manipula quimicamente o cérebro dos clientes de modo a oferecer a eles memórias falsas de coisas que eles não fizeram de fato.
Ao tentar gerar as memórias de ser um super espião, Quaid acaba descobrindo que na verdade é Karl Hauser, espião de verdade, e que tem um papel importantíssimo a desempenhar na luta pela liberdade dos rebeldes liderados por Matthias (Bill Nighy), ou na trama de manipulação e chacina engendrada pelo chanceler da FUB, Cohaagen (Bryan Cranston).
Com a ajuda de Melina (Jessica Biel) Quaid precisa recuperar as memórias e a identidade de Hauser, para impedir um massacre na Colônia.
Todos os defeitos que podem ser encontrados nos remakes caça niqueis que os grandes estúdios vem fazendo um em cima do outro ultimamente estão presentes nesse O Vingador do Futuro cometido por Len Wiseman. O diretor de Anjos da Noite 1 e 2 e de Duro de Matar 4.0 mostra que, ao contrário dos pokémon, não evolui, e mantém os mesmos vícios de suas incursões anteriores por trás das câmeras. O filme tem ótimos efeitos especiais, grandes sequências de ação, uma produção de arte bem intencionada, criando um cenário futurístico com a cara de Phillip K. Dick, e só.
Tudo o que o longa original, de 1990 estrelado por Arnold Schwarzenegger e dirigido por Paul Verhoeven tinha de melhor foi limado da versão 2012 do filme, que some com Marte, os mutantes (Aliás, se não há mutantes, por que existe a prostituta com três seios?) e todo o humor que o longa de Verhoeven usava com maestria.
Wiseman e seu roteiro (escrito por Kurt Wimmer, Mark Bombach, James Vanderbilt e mais uns três sujeitos...) se levam a sério demais para seu próprio bem, e contam uma história pasteurizada que não sabe rir de si mesma, resultando em um longa cansativo onde em determinados momentos tu chega a pensar que se vir outra sequência de ação em câmera lenta, mais uma expressão de ódio com olhos semi cerrados e lábios retorcidos de Kate Backinsale ou mais uma cara de aflito do Colin Farrell tu vai levantar e ir embora.
O Vingador do Futuro versão 2012 serviu apenas pra mostrar o quanto a ganância dos grandes estúdios pode ser um tiro no pé, e que Len Wiseman só é um wise man no nome.
Pule esse e assista novamente ao original.

"Se eu não sou eu, então quem diabos eu sou?"

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

É Agora ou Nunca


Ela acordou de manhã cedo ao ouvir o som de trompetes muito altos ecoando na sala. Levantou sobressaltada da cama e se deparou com o Bernardo, na sala, parado em frente à TV segurando uma vassoura na frente do corpo e vestindo jaqueta e calças pretas de couro e sapatos azuis.
-Bernardo... O que que é isso, homem de Deus?
-O quê, beibe? - Perguntou Bernardo, virando-se com o topete ermado á custa de muito gel, e óculos escuros de lentes verdes enormes no rosto.
-Essa roupa, Bernardo, que que é isso...?
-É meu traje de couro preto, beibe.
-Mas... O que é isso no teus pés? Isso é-
-Meu sapato de camurça azul, yeah.
-Pelo amor de Deus, Bernardo, baixa o volume da TV. Não. Pensando melhor, vai dormir, olha a hora...
-Curta a música, beibe.
-Daqui a pouco o síndico bate aqui e eu quero ver o que tu vai fazer...
-Vou colocá-lo sob os efeitos de um feitiço havaiano.
-É... Aí ele chama a polícia e-
-E eu faço um rock na penitenciária, beibe.
-Eu não sei porque eu perco meu tempo falando contigo, Bernardo. Não sei, mesmo. Tu não me ouve, parece que tu quer-
-Um pouco mais de ação, menos conversa.
-Tu me paga, Bernardo, tu me paga. Eu não vou esquecer disso. E não vou te deixar esquecer. Eu vou-
-Você vai estar pra sempre em minha mente...
-Palhaço. Palhaço fanfarrão. Tu quer saber o que mais? Tu quer saber o que eu vou fazer?
-Me beijar rápido?
-Não, Bernardo. Não. Eu vou é te dar um chute.
-Como se eu fosse um cão de caça?
-Vai se lascar, Bernardo. Eu vou voltar pra cama, baixa o volume da TV senão eu não respondo por mim.
-Beibe...
-O que, Bernardo?
-É agora ou nunca...
-O que que é agora ou nunca, palhação?
-A hora de tu provar que pode me amar com ternura...
-Vai se lascar, Bernardo.
Aniversário de 35 anos da morte do Rei do Rock, beibe. O cara que usou os sapatos de camurça azul mais maneiros da história do rock, com quem era agora ou nunca. O sujeito que fez rock na penitenciária, colocou a música sob um feitiço havaiano, que queria mais ação e menos conversa, que queria ser beijado rápido e amado com ternura (Quem aqui, né, amigo?), e ficou pra sempre na mente de todo mundo.

Libertadores 2006


16 de Agosto. Nesta mesma data, seis anos atrás, eu estava roendo as unhas com a minha camiseta do Inter na mochila esperando pelo que seria a primeira finalíssima de Libertadores da América vencida pelo Sport Club Internacional algumas horas mais tarde.
Embora eu tivesse amigos Colorados bastante tranquilos por conta do resultado de vitória por 2 x 1 obtido pelo Colorado no primeiro jogo contra o São Paulo no Morumbi, uma semana antes, eu nunca fico tranquilo quando se trata de futebol com o meu time do coração envolvido.
Se eu sou chato, rabugento, pessimista e resmungão na vida em geral, com futebol eu sou pior. Sou tanto, que em mais de uma ocasião fui escorraçado da sala por não conseguir me conter com relação ao meu mau-humor com relação ao futebol do meu time com o qual, confesso, tenho exigências fora da realidade.
Naquela noite eu alcancei píncaros de tensão e ira. Eu não assisti ao jogo. Me tranquei no quarto e tentei, sem sucesso, dormir com a cabeça sanduichada entre dois travesseiros ouvindo os xingamentos, incentivos e gritos de alívio e decepção vindos da sala. Foram mais de duas horas de tensão, de sentir dores musculares no dia seguinte, mas a felicidade de ver meu time alcançar o mais alto degrau futebolístico do continente foi um alívio ímpar.
Aqui deixo meu muito obrigado a Clêmer, Bolívar (Que tá de parabéns, fazendo aniversário hoje...), Índio, Eller, Ceará, Edinho, Tinga, Jorge Wagner, Alex, Fernandão e Rafael Sóbis. A Fernando Carvalho, Vitório Píffero, Abel Braga, Marcelo Boeck, Renan, Elder Granja, Ediglê, Rubens Cardoso, Wellington Monteiro, Fabinho, Perdigão, Márcio Mossoró, Rentería, Iarley e até a Adriano Gabirú e Michel, por esse primeiro grito de campeão da América que estava trancado na garganta da Nação Colorada a noventa e sete anos.

Suas Manchas


A Marciele era uma vaca. Não que ela fosse, de fato, uma vaca. Literalmente. Não, ela não era um bovino do gênero feminino, não dava leite e nem era destinada ao abate.
Mas nossa, como era vaca, no sentido figurado, aquela menina.
A Marciele era aquele tipo de pessoa pra quem existem três formas de fazer as coisas: A certa, a errada, e o método Marciele, que era basicamente a forma errada, mas causando o máximo de dano. E a Marciele sempre fazia as coisas de acordo com o seu próprio método, sem se importar com o dano colateral, mais ou menos como as intervenções militares norte-americanas no Oriente Médio.
Essa forma de agir da Marciele era pública e notória, e ela, vaca que era, nem mesmo tentava esconder. Ela era o que era e azar era do goleiro. Mas sabe como são os seres humanos. Criaturas sociais, afinal de contas... E a Marciele, mesmo sendo vaca, tinha um círculo de amigos, que sabia que ela era vaca, mas relevava isso na medida do possível, e nesse grupo, surgiu, por uma dessas aleatoriedades da vida, o Genival.
O Genival era um rapaz muito gente boa. Era amigo pra todas as horas, educado, boa-praça, aquele tipo de sujeito que convenciona-se taxar de "queridão". Era bonito, o Genival, não tipo Jude Law, mas tinha aquela boniteza de galã dos anos cinquenta que lhe rendia sucesso razoável entre as representantes do sexo oposto.
A Marciele, que era bonita, até (Seria bem bonita se não fosse tão vaca, mas sendo ela a vaca que era, ninguém lhe outorgava mais que um "bonita, até".), não ficou particularmente entusiasmada com o Genival quando ele se juntou ao seu círculo de amizades. Um dos esportes preferidos da Marciele era ficar apontando os defeitos das pessoas, fossem eles reais ou visíveis apenas ao seus olhos. E o Genival, pra ela, tinha um cabelo ruim, os olhos muito juntos, o maxilar muito projetado e era muito moleirão. Ela usou essa palavra, mesmo, "moleirão".
O resto das meninas do grupo não deu ouvidos à Marciele, que, final de contas, era muito vaca, e gostavam do Genival, o achavam bonito, amável e agradável, e, sendo tudo isso, e estando solteiro, ele se tornou o centro das atenções entre as meninas também solteiras do grupo, tudo normal dentro da dinâmica social humana.
O ponto é que, por alguma razão, ter suas opiniões a respeito do Genival ignoradas pelas demais meninas do grupo mexeu com os brios da Marciele, e ela, vaca que era, resolveu estragar o que considerava a brincadeira das outras.
Para tanto, a Marciele planejou seduzir o Genival, de modo a fazê-lo ficar com ela em detrimento das demais. Mesmo ele tendo os olhos muito juntos, sendo moleirão e tal e coisa, ela faria o sacrifício, afinal de contas, era muito importante pra Marciele sentir que dominava as coisas, doesse a quem doesse.
Como era bonita, até, e sabia ser dissimulada quando queria, a Marciele não teve dificuldades pra seduzir o Genival. Especialmente porque sendo a vaca que era, a Marciele não tinha pudores em usar táticas moralmente reprováveis e até apelativas na hora de obter o que queria, de modo que ela não teve lá grandes dificuldades para suceder em seu intento, e em pouco mais de três semanas ela andava de mãozinhas dadas com o Genival pra toda a parte, para ira das demais meninas do grupo, que confabulavam coléricas e diziam à boca, ás vezes não tão pequena, que a Marciele era muito vaca.
E a Marciele, sentindo-se vitoriosa, resolveu enrolar um pouquinho, para então dizer ao Genival que não era bem aquilo, que não era ele, mas ela, e que eles eram incompatíveis e parará, para poder voltar à sua rotina de sempre.
O problema, foi que nesse ínterim, o Genival foi se apaixonando pela Marciele. De verdade. A despeito dos alertas que seus amigos e amigas faziam de que tomasse cuidado com a Marciele, Genival resolveu arriscar. E não se arrependeu.
Tanto que foi aprendendo a relevar as características que faziam todo mundo ver a Marciele como a menina vaca que ela era, e sob todas aquelas camadas bovinas, ele achou uma moça a quem amar. E a amou.
Talvez tenha sido inocência do Genival, talvez ele fosse o pior tipo de cego, aquele que não quer ver, ou talvez a Marciele tenha sido particularmente bem sucedida em esconder sua verdadeira personalidade enquanto estavam juntos, mas a verdade é que a Marciele não foi vaca com o Genival.
Eles passeavam juntos de mãos dadas, conversavam, faziam amor, e Genival estava alegre.
Alegre, apaixonado, fazendo declarações de amor, comprando presentes e fazendo planos de médio e longo prazo, tudo ligando sua vida à vida da Marciele.
Genival acabou se afastando dos amigos, pois cansou de ouvir os detratores do amor de sua vida. Precisava apenas de Marciele a seu lado pra ser feliz.
E ela ficou. E foi doce com Genival. Foi amável como jamais ninguém imaginou que ela pudesse ser. Foi gentil, paciente, compreensiva, e se via, também, vivendo ao lado de Genival, de quem aprendeu a admirar as qualidades, e aprendeu a ser feliz. Não a felicidade fugaz e vazia das pequenas picuinhas que fazia para saborear vitórias irrelevantes. Não. A felicidade plena de edificar algo ao lado de alguém a quem se ama Uma felicidade que Marciele só conheceu ao encontrar alguém que se arriscasse por ela. Que estivesse disposto a tentar. A fazer a acrobacia sem rede de segurança. Alguém capaz de se colocar na reta como Genival fizera.
Foi depois de quase um ano de um namoro como ninguém jamais achou que a Marciele teria na vida, que ela, deitada ao lado de Genival na cama que dividiam todos os dias e de onde o casal guardava apenas boas lembranças, tomou coragem, e, acariciando os cabelos encaracolados dele disse com voz macia:
-Olha, Geninho... Não dá mais pra mim.
Genival, claro, ficou incrédulo, sofreu muito enquanto ouvia que não era ele, mas ela, e que eles eram muito incompatíveis e parará. Ainda ouvindo o som dos cacos de seu coração se espatifando no chão foi que o Genival encontrou fôlego pra perguntar:
-Mas Marci... Tu não é feliz comigo?
-Sou. - Respondeu a Marciele.
-Mas então...? - Genival não conseguiu formular a pergunta. Ainda assim Marciele respondeu:
-Ah... Sei lá, Geninho... Não dá mais.
E saiu pra nunca mais voltar, deixando atrás de si um farrapo humano em forma de homem. O que Genival não entendeu, e nem Marciele soube explicar, é que como aquele escorpião que ferroa o peixe e morre afogado porque é da sua natureza e o leopardo que não muda suas pintas, a vaca da Marciele também não era capaz de mudar suas manchas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Rapidinhas do Capita


A Durvalina acordou naquela madrugada com um grito contido na garganta. Ela sonhou que seu pai, o falecido coronel Mendes, lhe surgia em um sonho vestido de Sininho, aquela do Peter Pan, e mandava que ela fosse logo recolher as roupas pois ia chover marshmallow.
No outro dia, de manhã bem cedo, Durvalina encontrou com o Frederico e rompeu com ele um noivado de quatro anos.
Ela nunca soube ao certo o que aquele sonho significava, nem percebeu nada que ligasse ele à sua relação com o Frederico, mas como o Frederico era muito chato, tinha chulé, roncava e não parava de postergar o casamento, a Durvalina resolveu aproveitar o ensejo.

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O Fabão entrou no bar com a camiseta azul celeste colada no corpo musculoso de rato de academia. Sentou-se em um banco estreito afastando dois bebuns próximos com os cotovelos. Deu um murro na mesa e bradou:
-Alguém me traz uma cerveja, senão...
Imediatamente o garçom trouxe uma cerveja e a pousou diante de Fabão.
O brutamontes bebeu dois goles da cerveja, e olhou em volta com cara de poucos amigos ao perceber que a TV não estava sintonizada no futebol. Esmurrou o balcão enfurecido e rosnou:
-Alguém bota aí no jogo do imortal, senão...
Imediatamente um garçom correu e mudou o canal da TV.
Fabão bebeu assistindo ao jogo, até sentir fome. Novamente, parecendo enfurecido, socou o balcão gritando:
-Alguém me traz uma batata frita, senão...
Um outro garçom, também grande e forte, parecendo de saco cheio daquilo tudo assomou ao lado de Fabão e perguntou:
-Senão o quê?
E o Fabão, parecendo surpreso deu de ombros e respondeu:
-... Senão pode ser um escondidinho de frango, mesmo.

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O Abreu não tinha nenhuma ideia de tudo o que ia acontecer depois que ele fizesse o que se decidira a fazer.
Podia dar muito certo.
Podia dar muito errado.
Podia doer muito.
Podia doer pouco.
Mas de uma coisa ele tinha certeza:
Ele não estava com medo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Espinhos


-Porra, Pê Erre, tenha decência, rapaz, tira esse sorriso da cara. - Bradou o Everaldo, sentado na sua mesa favorita no bar de sempre diante do Paulo Roberto, que sorria feito um bobo alegre olhando pra televisão.
-Que foi, Everaldo? - Perguntou o Paulo Roberto, desviando os olhos da TV.
-Que foi pergunto eu, caralho... O que é que parece tu aí, com essa cara de bobo alegre olhando essa merda dessa cerimônia de encerramento de Olimpíada, rapaz?
-A festa tá bonita, pôxa. Olha lá, tem bandas boas, umas bailarinas bonitas...
-Ah, mas vá tomar vergonha, criatura... Os sujeitos tão ali, armando o terreno pra entregar a porra da bandeira olímpica pro Brasil e tu rindo. Rindo com cara de faceiro? Tu tem ideia do que significa a realização de uma olimpíada no Brasil, Pê Erre? Tu consegue imaginar os danos que uma merda dessa vai causar por aqui?
-Calma, Everaldo, eu sei, claro que sei. Vai ser uma orgia de desvio de verbas, um festival de politicagens, uma festa da inadequação, da incompetência e do jeitinho. Vai expôr ao mundo todas as mazelas do serviço público brasileiro, transporte, segurança, educação e saúde, ou, mais especificamente a falta de tudo isso.
-...
-E pra piorar, Everaldo, antes de tudo isso em dois mil e dezesseis, tem a Copa do Mundo em dois mil e quatorze. Onde todos esses problemas vão ter sido conhecidos pelo mundo inteiro não como um problema localizado como vai ser nas Olimpíadas, que se realizam em apenas uma cidade, mas no país inteiro, onde elefantes brancos que não vão ter utilidade nenhuma depois de um mês de uso estão sendo erguidos às expensas de um povo que tem necessidades muito mais urgentes que estádios novos. Pra piorar, o foco está todo nos estádios que precisam ser construídos e reformados à custa do dinheiro público, exceto pelo Beira Rio, e as obras de entorno, que serviriam à população depois da festança, estão sendo solenemente ignoradas por prefeituras que terão seus chefes mudados ainda esse ano e que não terão tempo, competência, apoio ou tudo isso pra concretizar o que foi prometido. Os aeroportos continuam sucateados, a malha viária continua sendo insuficiente pra suportar a quantidade de carros e tudo isso vai ser exposto ao planeta em dois anos. Além de tudo isso, vai saber o peso de toda essa gastança desenfreada pro orçamento da união no médio prazo? Podemos acabar iguais à Grécia, mas sem a Antiguidade Clássica pra nos redimir, e nem vamos começar a falar da Seleção Brasileira sob o comando da CBF ou dos atletas olímpicos entregues às moscas durante três anos e meio, e lembrados apenas na hora de serem chamados de amarelões quando tem holofote em cima deles.
-Hmmm...
-E tudo vai continuar como está, afinal de contas, o nosso povo é mantido burro pelas oligarquias que comandam a nação de maneira direta ou indireta, seja através da política ou do entretenimento, que idiotiza o brasileiro para que ele seja uma massa de manobra mais dócil e iludida.
-É...
-É.
-E mesmo sabendo de tudo isso, por que tu continua sorrindo, filho da puta?
-Ah, Everaldo... - Suspirou o Paulo Roberto como quem não quer perder a paciência - ...Sabe aquele ditado que diz que "nem tudo são flores"?
-Tô sabendo... - Confirmou o Everaldo com uma mistura de pouco caso e curiosidade na cara.
-Pois então... Na minha vida, nesse momento, nem tudo são espinhos. - Explicou Paulo Roberto, dando o assunto por encerrado e erguendo o braço fazendo sinal para que o garçom trouxesse mais um chope pro Everaldo e outra Coca para ele.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Rapidinhas do Capita


-Eu tô a dois passos de ter a minha carteirinha da associação dos niilistas misantrópicos do Rio Grande do Sul revogada.
-Mesmo?
-Arram.
O celular tocou, avisando de uma mensagem de texto, ele sacou o aparelho do bolso, leu a mensagem e sorriu.
-Corrigindo:Um passo...
-Mas...?
-Mas eu me sinto estranhamente á vontade pra ter ela revogada...
-Sério?
-Sério. ...Bom, pelo menos a parte do "niilistas", vamos manter ao menos um pouco da misantropia, por segurança...

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Agora, engraçado, mesmo, é ver o ministro dos esportes cobrando melhor desempenho dos atletas brasileiros nas Olimpíadas. Será que ele já se dignou a ver quanto Estados Unidos, China, Rússia e Reino Unido investem em esporte?
O senhor Aldo Rebelo e o ministérios dos Esportes cobram mais medalhas, mas oferecem o quê?

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Zero a zero com o Náutico, dentro de casa, é pra acabar. Ou a direção do Inter se coça e contrata um centroavante ou então dá adeus ao Brasileiro e até a vaga na Libertadores 2013. Já vendeu o craque do time a preço de banana pro Chelsea, se não se coçar a reeleição do Giovani Luigi tá muito comprometida em dezembro.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Efeméride

Em mil novecentos e noventa e seis, com meus quatorze, quinze anos, eu respondi um questionário daqueles que as meninas faziam em cadernos, à pergunta "O que você espera de 1997?" da seguinte forma:
Que passe rápido, pois em 98 tem Copa do Mundo.
Engraçado como na adolescência a gente é imediatista. Olhando em perspectiva, a vida na adolescência era uma coleção de intervalos ao redor de momentos que nós considerávamos significativos. A Copa do Mundo, a estréia do filme de Mortal Kombat no cinema, as férias de verão... O engraçado é que, também olhando em perspectiva, esses momentos não foram assim tão significativos. Claro, era bacana ver a Copa do Mundo quando as duas únicas ocupações que se tinha eram ir à escola e jogar bola, mas continuaram acontecendo Copas do Mundo depois daquilo. Ir ao cinema com a gurizada pra ver Independence Day ou Mortal Kombat era divertidíssimo, mas aqueles filmes não chegaram a marcar de verdade, e as férias, hoje em dia, quando se trabalha todos os dias exceto domingo, tem muito mais valor do que tinham então, quando, na verdade, era até xarope passar um mês ou dois longe dos amigos.
Tudo na nossa cabeça. Tudo apenas uma forma de ver as coisas como se houvesse uma lente turva embaçando a nossa visão... O bom é que, com o tempo, temos a possibilidade de adquirir clareza e ver as coisas como eram de fato...
As férias na praia eram bacanas, OK, mas o bom, mesmo, era estar em Porto Alegre e saber que assim que depois da aula seria só almoçar e então encontrar a gurizada pra passar a tarde jogando bola, falando bobagem ou ir comprar Doritos nas Americanas. Ir ao cinema de galera era divertido, mas dormir pelo carpete da sala da casa da mãe do Antônio vendo um filme qualquer na sessão da tarde num dia de chuva também era bacana. E assistir à Copa do Mundo era ótimo, mas muito mais maneiro era organizar uma Copa do Mundo no Superstar Soccer e jogar entre amigos no final de semana.
O que parecia intervalo, sim, foi significativo, foi marcante e indelével. Tirando, as idas ao cinema pra ver os episódios IV, V e VI de Star Wars em versão remasterizada, que ficaram, sim, marcadas, o resto é que foi acessório. Ou, quando muito, formas de dividir os períodos de um tempo em que era possível viver entre amigos e se divertir as ganhas sem precisar de grana ou planejamento em excesso.
Talvez, na ânsia de aproveitar a vida, na ânsia de ter as próprias efemérides marcadas em calendário, a gente aprontasse dessas, emprestando significado à momentos que tinham muito pouco em detrimento de momentos repletos de valor. O tempo passou e aquela clareza que mencionei surgiu, não só clareza. Mas também um pouco de pessimismo, niilismo, misantropia aguda, até... De modo que hoje é mais difícil sair apontando pra algo como se fosse algo pra guardar na memória, pra guardar no coração, e pra lembrar pra sempre como um ponto de partida ou ruptura, como um momento pra ganhar status de AC e DC na sua história pessoal.
E ainda assim, há alguns episódios com tanto significado, que fazem a vida inteira parecer ensaio.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O Mesmo Destino


"-Certo, eu tive uma ideia assumidamente insana, mas se eu não te perguntar isso vai ficar, uh, me assombrando pelo resto da minha vida.
-O quê?
Uhm... Eu quero continuar conversando contigo, sabe. Eu nem faço ideia da situação pra ti, mas, uh, mas eu senti que a gente meio que tem algum tipo de, uh, conexão. Certo?
-É, eu também.
-É, certo, bem, ótimo. Então, escuta, que tal isso. É o que a gente devia fazer. Tu deveria descer do trem comigo aqui em Viena, e conhecer a capital.
-Quê?
-Qual é. Vai ser divertido. Vamos lá.
-E o que a gente faria?
-Hummm, eu não sei. Eu só sei que eu tenho que pegar um voo da Austrian Airlines amanhã de manhã às nove e meia e eu não tenho mesmo grana pra um hotel, então eu ia só ficar andando por aí, e isso seria muito mais divertido se tu viesse comigo. E se eu acabar me revelando algum tipo de psicótico, tu sabe, tu só tem que pegar o próximo trem.
-...
-Certo, certo. Pensa nisso da seguinte forma: Pule adiante dez, vinte anos, OK, e tu tá casada. Mas o teu casamento já não tem aquela mesma energia que tinha antes, sabe? Tu começa a colocar a culpa no teu marido. Tu começa a pensar em todos aqueles caras que tu conheceu na tua vida e no que teria acontecido se tu tivesse escolhido algum deles, certo? Bem, eu sou um desses caras. Esse sou eu, sabe, então, pense nisso como uma viagem no tempo, de lá pra agora, pra descobrir o que foi que tu perdeu. Veja, o que isso realmente poderia ser é um favor gigante pra ti e o teu futuro marido pra descobrirem do que é que tu tem sentido falta no que quer que seja. Eu sou tão perdedor quanto ele é, totalmente desmotivado, totalmente aborrecido, e, uh, tu tomou a decisão correta, e está realmente feliz.
-Deixa eu pegar a minha mala."
Não foi assim que ela e ele começaram a se falar. Mas chegariam ao mesmo lugar.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Rapidinhas do Capita

Fernandão vai se tornar o Alex Ferguson colorado? Tá bem, exagero tremendo, o cara mal tem quatro jogos no comando do Inter, mas dá uma certa sensação de esperança ver um sujeito tão identificado com as cores do clube na casamata. E o retrospecto invicto, mesmo com o time todo espatifado, é um bom augúrio.
Que seja longa e próspera a passagem do Fernandão pelo comando técnico do Inter. E que a Força esteja com ele.

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A Beatriz andava fula da vida naqueles dias. Fula, mesmo. Tinha a impressão de que nada dava certo pra ela, e que todas as decisões que tomara haviam sido erradas, em todos os âmbitos sem exceção. Agora enquanto tentava avaliar suas possibilidades, via-se amarrada de todos os lados por, justamente, ter tomado decisões erradas.
Vá lá, erradas era um exagero, até porque a Beatriz não era o tipo de pessoa que tomava decisões sem pensar bem antes. Mas fizera apostas que até foram bem no curto prazo mas, que no médio, já começavam a mostrar sinais de falha estrutural.
Ficou mais fula ainda ao perceber que não tinha quem culpar pelas más decisões que tomara.
Aliás, tomara alguma decisão? Olhando em perspectiva, a maioria das decisões com as quais ela vinha convivendo ultimamente haviam sido tomadas por outros. Ela, claro, tinha sua parcela de culpa, afinal, consentira com aquilo, mas no fim, haviam tirado da Beatriz a possibilidade de decidir sozinha. Vá lá que ela demorava uma eternidade pra tomar decisões, mas era justamente pra evitar que más decisões fossem tomadas... Mas ela deixara que outros decidissem por ela, e agora pagava o preço.
Sentiu-se mal ao avaliar que fora cerceada de suas liberdades em vários níveis.
Mas por não ter imposto sua vontade e opinião.
Era tudo culpa dela e dela sozinha. "Bem feito pra mim", ela pensou, "quem mandou funcionar diferente de todos os outros seres humanos da face da Terra, né?".
Passou horas andando naquele dia, pensando no que podia fazer pra ajeitar as coisas pra si, e pros outros, mas não encontrou solução. Não encontrou nada exceto a certeza de que aquele sapato de salto alto machucava o pé após três quilômetros, mais ou menos. Voltou pra casa, entrou com cara de poucos amigos, caminhou até o banheiro onde fez xixi de porta aberta.
Era um tipo de vingança. Podiam lhe tirar todas as liberdades, mas jamais a impediriam de mijar de porta aberta.
Ou não...

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-Cuidado - Disse o Firmino à Gabi -Eu posso acabar me apaixonando por ti.
-Quem tem que ter cuidado é tu. - Ela replicou.
-Quem me dera fosse tão simples. - Ele suspirou olhando pra longe.

Quadrinhos: Sandman Apresenta 4: Lúcifer - O Diabo À Porta


Foi na quarta edição da série Sandman, de Neil Gaiman que Lúcifer deu as caras pela primeira vez no universo do moldador de sonhos da Vertigo.
O protagonista da saga viajava aos mundos inferiores tentando recuperar a máscara onde impunha parte de seu poder e era recebido por hordas e hordas infernais. Na época o Inferno era regido por um triunvirato, e o Lúcifer de Gaiman não teve, na verdade, muito destaque quando desta primeira visita de Morpheus ao Inferno.
Bem mais espaço ele teve no arco Estação das Brumas, quando resolveu se aposentar em grande estilo, deixando Morpheus em uma situação delicada e na mira de todos os panteões da religiosidade ao dar-lhe as chaves do Inferno.
O Lúcifer retratado por Gaiman era um personagem bastante interessante. Cínico, manipulador e perverso, mas também era espirituoso e tinha uma certa qualidade de enfaro com as convenções que o tornavam particularmente divertido.
É esse Portador da Luz, na sua roupagem mais cool, que ganha a sua própria coletânea na ótima série Sandman Apresenta.
A edição traz três histórias, todas escritas por Mike Carey (O mesmo de As Fúrias, volume anterior da série), na primeira (E melhor delas), Alternativa Estrela da Manhã os desenhos estão a cargo de Scott Hampton, e mostram que Lúcifer está vivendo em Los Angeles após ter abandonado o comando do Inferno, o ex-monarca das hordas do submundo curte a aposentadoria e avalia seu futuro enquanto administra um piano-bar onde toca jazz, até que um pedido vindo diretamente do céu o recoloca na ativa.
Estrela da Manhã precisa descobrir porque uma onda de realizações de desejos tomou conta do mundo, com isso seus caminhos se cruzam com os de Rachel, uma adolescente que perdeu o irmão e pode ser a chave para Lúcifer concluir sua missão e reclamar o prêmio que lhe foi prometido.
Na segunda história, Cartas na Mesa, os desenhos são de Chris Weston, e mostram o ex-senhor do inferno às voltas com um anjo antigo que vive como livreiro na Alemanha. O caminho de Lúcifer se cruza com o de uma artista de cabaré, um jovem homossexual indiano, neo-nazistas e um baralho celestial tão cheio de boas intenções quanto o Inferno.
Na última história, Nascida Com os Mortos, desenhada por Warren Pleece, uma adolescente assassinada pede ajuda à amiga sensitiva para encontrar paz no pós-vida, e o caminho delas pode se cruzar com o de Lúcifer, se ele achar que isso poderá lhe trazer algum benefício futuro.
Mike Carey mantém a boa forma que mostrara em As Fúrias, é um escritor competente e, embora não tenha a categoria de Neil Gaiman, não faz feio na hora de contar uma história com os personagens consagrados pelo escritor britânico que fez de Sandman uma das melhores séries em quadrinhos já publicada. Na primeira história Carey mostra que manja muito do riscado. Seu Lúcifer é o mesmo canalha ardiloso e blasé escrito por Gaiman em Estação das Brumas, e anti-heróis ardilosos e blasé são sempre personagens divertidos de se ler, mesmo que sejam o diabo em pessoa. Na segunda história o trabalho de Carey decai um pouco, a trama não chega a empolgar e Lúcifer perde um pouco do sarcasmo que torna o personagem menos antipático, mas se recupera na terceira, com uma participação relâmpago interessante.
No fim das contas Lúcifer - O Diabo À Porta é outro bom encadernado do selo Vertigo, boas histórias, boa arte e faz com que o vivente não precise ficar tirando os encadernados de Sandman da estante toda a hora. Vida longa à série, e que venham pro Brasil os outros dez encadernados de Lúcifer já lançados nos EUA.

"Eu salvei sua vida e seu hímen. Pra mim, estamos quites."

sábado, 4 de agosto de 2012

Feliz Aniversário, Homem-Aranha

Quando as pessoas te pedem, rapidamente, que tu cite o nome de três super-heróis, qual é a tua resposta?
Eu posso apostar que, pra imensa maioria das pessoas, a resposta seria:
Superman, Batman e Homem-Aranha.
Se tu não acredita em mim, então experimente fazer isso com conhecidos, especialmente aqueles que não leem quadrinhos com frequência, e veja se não vai ser a resposta preponderante.
Eu começo falando disso para ilustrar o imenso prestígio do aniversariante do mês. Enquanto Batman e Superman são personagens da Era de Ouro dos quadrinhos, criados respectivamente em 1938 e 1939, na esteira da grande depressão, e eram personagens que se encaixavam no modelo do herói hiper-poderoso e infalível que foi a regra no período, o terceiro personagem da lista, surgiu quase trinta anos mais tarde, e representou uma quebra de paradigmas e tradições com relação aos personagens de gibis.
Foi em um mês de agosto como esse, a cinquenta anos atrás que a Marvel Comics, Stan Lee e Steve Ditko deram ao mundo, nas páginas da décima quinta edição da revista Amazing Fantasy, um super-herói diferente de todos os que existiam até então.
O Homem-Aranha, como vários dos personagens criados por Stan Lee tinha sua origem ligada à radiação, medo de dez em dez americanos na época da Guerra Fria, entretanto, as semelhanças paravam por aí.
Ao contrário dos outros heróis da época, todos adultos, o Homem-Aranha era um adolescente. Nos anos sessenta, os adolescentes eram sempre os parceiros mirins do herói. O Robin para o Batman, o Bucky do Capitão-América, o Centelha do Tocha Humana... O Homem-Aranha rompeu essa tradição ao ser um herói do colegial, com idade entre quinze e dezessete anos, e dono de sua própria história.
O alter ego do herói era Peter Parker, jovem estudante vítima de bulliyng que era picado por uma aranha irradiada e por conta de uma sobrenatural concatenação de fatores se transformava em uma milagre atômico ao ganhar os poderes do aracnídeo.
Peter foi agraciado com força proporcional a de uma aranha (Um erro, já que aranhas não são particularmente fortes no mundo dos artrópodes), super agilidade, velocidade, um sexto sentido capaz de avisá-lo de perigos iminentes e a capacidade de grudar em paredes. Ele, no entanto, não resolveu combater o crime imediatamente após receber seus super-poderes. Como qualquer moleque da sua idade faria na mesma situação, Peter tentou fazer dinheiro com seus dons antes de oferecê-los ao mundo. Aliás, aí está outra diferença entre o Homem-Aranha e os demais heróis existentes então: Enquanto nenhum herói tinha problemas financeiros (alguns inclusive eram milionários como Tony Stark e Bruce Wayne), o jovem Peter Parker era um tremendo pé-rapado que, na maior parte do tempo, não tinha dinheiro nem pra pagar uma Coca-cola pra uma guria. Ah, sim. Peter Parker, também não era particularmente popular com as meninas.
Como outros heróis, o Homem-Aranha era um órfão, entretanto, ao invés de ser um solitário com um mordomo, ou ser o chefe de sua própria família como Reed Richards do Quarteto Fantástico, o Aranha era pageado por uma tia idosa e amorosa extremamente preocupada com a saúde frágil do rapaz.
Além de todos esses elementos, existiam as singularidades visuais do personagem, ao contrário dos fortões predominantes nos quadrinhos, o Aranha era um super-herói esguio (Steve Ditko foi o desenhista do personagem porque o parceiro habitual de Lee, Jack Kirby, não conseguia desenhar um herói esbelto após anos ilustrando parrudões), e, diferente de quase todos, sua máscara cobria totalmente seu rosto, sem mostrar olhos ou boca ou a cara inteira como era o caso do Superman e dos heróis do Quarteto.
Apesar de todos esses elementos que diferenciavam o Aranha dos demais heróis que existiam, ou por causa deles, o personagem se tornou um sucesso absoluto. A edição 15 da Amazing Fantasy vendeu demais e não demorou um ano para que o Homem-Aranha ganhasse o seu próprio gibi dando sequência a história de apresentação do herói.
E as novidades se seguiram. O Homem-Aranha foi ganhando ao longo dos anos dezenas de coadjuvantes interessantíssimos, uma galeria de vilões tão fabulosa que só pode ser comparada à dos antagonistas do Batman, interesses românticos que fizeram palpitar os corações de gerações de nerds tímidos e histórias espetaculares.
A vocação do personagem para rupturas com o modelo vigente também seguiu.
Enquanto outros personagens estavam estagnados em uma determinada parte da vida, o Homem-Aranha e especialmente Peter Parker crescia com seus leitores, que viram o personagem concluir o colegial e entrar pra faculdade, começar e terminar relacionamentos, e conseguir e perder empregos conforme conhecia gente nova como os amigos Harry Osborn e Randy Robertson, e começava a namorar Gwen Stacy.
O Homem-Aranha provavelmente foi o primeiro personagem mainstream a abordar o tema de uso de drogas em uma história nos anos setenta, onde Harry se viciava em LSD, o primeiro gibi da Marvel a ser vendido sem o selo de aprovação do Comics Code.
E também foi o primeiro personagem a partir o coração de milhões de leitores ao não conseguir impedir que o vilão matasse sua namorada em uma história que chocou leitores mundo afora.
Após cinquenta anos de publicações as histórias do cabeça de teia talvez não sejam o que já foram, mas o prestígio do personagem segue intocado. O Homem-Aranha, que já chegou a ter cinco séries mensais publicadas simultaneamente nos EUA e duas no Brasil, ainda é o carro chefe da Marvel, e seu personagem mais popular, capaz de carregar nas costas séries de quadrinhos, animações, video-games e filmes.
Talvez, ao criar um super-herói tão diferente de todos os outros que existiam à época e que eram consagrados entre os leitores, nem mesmo Stan Lee soubesse que estava criando um marco indelével na indústria dos quadrinhos. Um herói que se perfilaria aos semi-deuses da DC Comics como campeão de popularidade e dono do coração de milhões de guris e gurias que eram capazes de se identificar com os perrengues do personagem e aprender sobre poder e responsabilidade lendo suas histórias, e que ainda hoje são capazes de se emocionar ao ler um quadrinho, ver um filme ou relembrar algum fato da vida do amigão da vizinhança. Ou talvez Stan soubesse... Quem pode saber?
De qualquer forma, fica o parabéns da Casa do Capita ao meu super-herói preferido. E que venham outros cinquenta anos de grandes histórias do personagem mais humano dos quadrinhos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Resenha Game: The Amazing Spider-Man


Jogos de video-games baseados em filmes são, via de regra, tremendos caça-niqueis. Eu posso afirmar com algum conhecimento de causa já que, recentemente, aproveitei uma promoção na internet e comprei todos os games que a SEGA produziu baseados nos filmes de super-heróis dos estúdios Marvel, e que contava com dois fraquíssimos games do Homem-de-Ferro, um game até interessante embora graficamente muito pobre do Incrível Hulk (E que ainda era basicamente o game The Incredible Hulk-Ultimate Destruction, desviado pra seguir vagamente a trama do filme), um game do Thor tentando desesperadamente emular God of War (inclusive nos gráficos de Playstation 2), e o mais bacana da safra, o Capitão-América, que a despeito de copiar descaradamente a mecânica de jogo de Batman - Arkham Asylum tinha uma história divertida e gráficos bastante bons.
Nessa semana resolvi investir uns pilas em outro jogo, e, como bom cabeça de teia que sou, o escolhido foi The Amazing Spider-Man, game lançado na esteira do filme que "reboota" o universo cinematográfico do Homem-Aranha. Apesar de saber que gaems baseados em filmes são, em sua maioria, bem ruins, investi no jogo do herói aracnídeo porque os games baseados nos três primeiros filmes do personagem eram bem bons. Eu nem sei quantas vezes eu terminei Spider-Man e Spider-Man 2 no game Cube, e mesmo Spider-Man 3, já para o Wii, era um game que tinha lá seus bons momentos apesar de ser baseado no filme mais fraco da trilogia, o que cobrava lá seu preço.
Enfim, game comprado, video game ligado e uma noite de três horas de sono depois posso dizer que The Amazing Spider-Man, para PS3 mantém a média dos cinegames aracnídeos.
A trama do game dá sequência aos eventos mostrados no filme O Espetacular Homem-Aranha, e mostra a Oscorp investindo numa variação da pesquisa genética do doutor Connors, que consiste em, ao invés de adicionar DNA animal em seres humanos, inserir genes humanos em animais. O experimento sai de controle e várias criaturas escapam, e o herói precisa enfrentar inúmeras criaturas híbridas ao mesmo tempo em que procura por uma cura para o envenenamento que a exposição a essas criaturas causou em vários funcionários da Oscorp, inclusive sua namorada Gwen Stacy.
Apesar do roteiro cheio de idiossincrasias que contradizem o que ficou estabelecido no final do filme, e de praticamente descartar vilões que eu gostaria de ver no futuro na série ao transformá-los em versões bestiais de si próprios (Em especial o Escorpião) a história do game segura as pontas.
Graficamente o game também está bem interessante, especialmente no visual dos personagens. Não é nenhum disparate visual como Uncharted 3 ou Heavy Rain, mas está no mesmo patamar de Captain America e X-Men Origins - Wolverine (Um bom game baseado em um filme ruim), e pouco abaixo do nível dos Batman-Arkham.
O sistema de combates não é dos melhores, ás vezes se torna confuso, especialmente ao se enfrentar múltiplos antagonistas, e a música praticamente inexiste. Outra bola fora do game é que, ao contrário dos games baseados nos três filmes dirigidos por Sam Raimi, The Amazing Spider-Man não conta com as vozes do elenco do filme na equipe de dublagem.
Há pontos positivos, no entanto:
A câmera dinâmica, posicionada praticamente o tempo todo atrás do herói cria uma sensação de vertigem muito bacana durante os saltos entre os prédios de uma bonita Nova York digital.
Como todo o bom sandbox The Amazing Spider-Man deixa o player escolher se quer dar prosseguimento à history line ou vagar pela cidade se balançando em teias enquanto cata os vários itens colecionáveis espalhados pela cidade digital, o mais bacana, pra mim, foram as páginas de gibis. Ao se encontrar e coletar um certo número delas, o jogador destrava uma história em quadrinhos inteira que pode ser lida na tela da TV. Há ainda roupas alternativas (11 entre conteúdo para download e trajes que podem ser liberados através da realização de tarefas específicas), arquivos de áudio, peças de tecnologia e manuais da Oscorp além de eventos que o Homem-Aranha deve fotografar contabilizando mais de 700 (!) itens colecionáveis.
No fim das contas, The Amazing Spider-Man é um jogo razoável, entre acertos e erros ele certamente gera algumas horas de entretenimento e diversão, mas está longe de ser item obrigatório na estante da maioria dos gamers, a menos que tu seja um tremendo cabeça de teia.

"Onde você vai? Comer pizza com seus quatro filhotes adotivos de tartaruga? ... Posso ir, também"