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sábado, 29 de dezembro de 2012

Resenha Cinema: As Aventuras de Pi


Eu duvido que haja muitas coisas mais sensíveis do que o cinema de Ang Lee. Trata-se de um diretor que coloca drama até onde ele é totalmente desnecessário, como num filme do Hulk ou um longa de kung-fu. É o sujeito que que depois de O Segredo de Brokeback Mountain deve evitar Clint Eastwood nos festivais e provavelmente teria sido surrado por John Wayne se este ainda estivesse vivo, é o cineasta que dirigiu Razão e Sensibilidade e Tempestade de Gelo... Enfim, há poucos cineastas mais sensíveis do que o taiwanês, o que pra mim, que sou um brucutu nato, não é exatamente um elogio...
Ainda assim, desde o primeiro trailer de A Vida de Pi, que depois se tornou As Aventuras de Pi, eu estava curioso pra ver o filme, que ao menos nos trailers, tinha imagens que pareciam emular as viagens visuais pós-morte de Um Olhar do Paraíso (O que não era lá muito alentador, mas ainda assim...).
Filme conferido, posso dizer que jamais a sensibilidade de um cineasta serviu tão bem a um propósito.
As Aventuras de Pi mostra um escritor (Rafe Spall) entrevistando Piscine Molitor (Pi) Patel (Irrfan Khan, tão bem que eu não espero mais que pergunte quem está na nota de mil rupias), um homem que carrega consigo uma história de sobrevivência única.
A família Patel era dona de um zoológico em Pondicherry, na índia, até serem forçados a abandonar o negócio por conta do fim dos incentivos da prefeitura local, e se mudar para o Canadá, onde o pai, Santosh, poderia encontrar novas possibilidades de emprego, e vender os animais, muito mais valiosos na América do Norte. Entretanto, durante a viagem, uma tempestade afunda o cargueiro onde a família Patel viajava, deixando o jovem Pi (Suraj Sharma, ótimo) preso em um bote salva-vidas com uma zebra, a hiena Hari, a orangotango Suco de Laranja, e o temível tigre de bengala Richard Parker, á deriva em meio ao oceano Pacífico.
Conforme a tripulação do bote míngua, Pi cria um laço indestrutível com Richard Parker, que se torna sua razão de viver na viagem incerta que ambos fazem juntos. A relação do jovem com a fera é ao mesmo tempo tensa e tocante, uma faca de dois gumes onde Pi se vê sempre no limiar de se transformar na última refeição de Richard Parker, mas não consegue abdicar de seu único companheiro, que de diversas formas, se torna sua razão de viver.
O texto do longa, repleto de referências religiosas de diversos credos (Pi é um hindu, católico muçulmano que ensina um curso de Cabala na universidade) consegue ser pio sem ser panfletário, e sensível sem ser frouxo. Ang Lee ainda esbanja estilo ao usar o que há de mais moderno em termos de tecnologia para criar um oceano infinito que consegue ser tão assustador quando se encrespa violento durante gloriosas tempestades de raios quanto é quando fica liso como um espelho, refletindo o dourado do sol ou as estrelas noturnas num 3D comparável apenas ao de Hugo Cabret, em termos de qualidade e o de Avatar em termos de arrebatamento visual.
Os animais são outro capítulo à parte. Richard Parker em especial. O tigre de bengala digital criado à perfeição para o filme gera medo e ternura na mesma medida, e nós nos flagramos tão preocupados com ele quanto estamos com Pi.
Pelmas para Ang Lee, que conseguiu criar um monstruoso (no bom sentido) espetáculo visual para ser visto e revisto em tela grande, com som digital, sem esquecer de adicionar delicadeza à mistura na forma de um elenco afinado e bem dirigido, criando um épico glorioso que traz lágrimas aos olhos e leveza ao coração.
Um dos melhores de um ano cheio até o gargalo de ótimos filmes. Obrigatório pra todas as formas de vida baseadas em carbono que são capazes de entender cinema.

"Acho que no fim, a vida inteira se torna um ato de desapego, mas o que sempre fere mais, é não ter um momento para dizer adeus."

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Top 10 Negativo 2012

O ano se encaminha pro final, e como é hábito indelével da Casa do Capita, vamos perfilar os dez piores filmes a ver a luz do dia nesse ano em que o mundo não acabou, mas algumas carreiras cinematográficas mereciam ter acabado. Sem mais delongas, saiba que filmes evitar na TV a cabo, no DVD, no Blu-Ray, e até na fila do banco.
Como de praxe, entram na lista apenas filmes lançados no Brasil em cinema, Home Video ou TV a cabo e que eu tenha assistido, então, a saga Crepúsculo está fora da lista, bem como qualquer comédia romântica estrelada pela Katherine Heighl:






10° - Sombras da Noite

Entra ano, sai ano e o Tim Burton segue fazendo o mesmo filme: Uma versão em forma de fábula sombria de uma história que já existia. No elenco encontramos Johnny Depp, Helena Bohan Carter e todo mundo é pálido, usa muita sombra nos olhos e roupas listradas. Essa é praticamente a mesma coisa que eu escrevi a respeito de Alice no País das Maravilhas dois anos atrás. Eu sei... Mas se Burton pode repetir sempre o mesmo filme, eu posso repetir sempre a mesma crítica a respeito.

9° - Cada Um Tem A Gêmea Que Merece

Se fosse pela ruindade, Cada Um Tem A Gêmea Que Merece estaria melhor ranqueado nesse top 10, mas a verdade é que ninguém assiste um filme do Adam Sandler esperando alguma qualidade. Esse, merece ser espicaçado com mais ódio, por ter colocado Al Pacino em uma posição em que a gente se sente mal por ele. Bem feito, Al. Um cara que esteve em O Poderoso Chefão, Sérpico e que foi a alma e o som de Perfume de Mulher tem mais é que se envergonhar de fazer um filme com Adam Sandler.

8° - Fúria de Titãs 2

O que fazer pra se recuperar do fiasco vergonhoso que fora o remake de Fúria de Titãs cometido por Louis Leterrier em 2010?
Para os produtores, aparentemente basta desfocar as câmeras e reduzir a quantidade de planos-sequência em prol de uma edição picotada com cara das lutas da série Bourne e Batman Begins, aquela edição de cortes ligeiros em que a gente sabe que há algo acontecendo na tela, mas não sabe precisar bem o que é.
Escrever um roteiro ou contratar um diretor de verdade, aparentemente estava fora de cogitação, então, o que a gente vê no filme é basicamente a mesma história contada com cara de fases de jogo de vídeo game e atores talentosos em papéis de corar de vergonha, mas tudo isso tentando emular o visual da invasão da praia da Normandia em O Resgate do Soldado Ryan.
Funciona?
Não.

7° - A Hora da Escuridão

Alienígenas elétricos e invisíveis atacam a Terra! Fujam antes que os bocejos se tornem um sono profundo e tu durma antes de conseguir ver o final do filme! Não, brincadeirinha, é infinitamente melhor dormir do que ver essa bomba que mostra como fazer um filme de alienígenas sem usar praticamente nenhum efeito especial exceto o efeito do "chicote" que desmaterializa as pessoas.

6° - Resident Evil 5 - Retribuição

Ah, pois é... Todo ano sai um desses filmes da mais longeva cinessérie baseada em um game. O filme de Resident Evil dessa temporada era praticamente tão ruim quanto o último, mas trouxe de volta praticamente todo mundo que já tinha enfrentado um zumbi nos quatro filmes anteriores da franquia para aparecer num filme que marcha vigorosamente na contramão do que os games têm feito nos últimos anos. Enquanto os jogos eletrônicos buscam formas de aprofundar suas histórias em nome da narrativa e dialogar melhor com outras mídias, em especial o cinema (Assassin's Creed tenta justificar o jogo com o Animus, Heavy Rain é um filme interativo, a narrativa de GTA IV é digna dos melhores filmes policiais de Martin Scorsese), Paul W. S. Anderson transforma seu filme em game com uma grande simulação engendrada pela inteligência artificial da Rainha Vermelha, um personagem tão desprovido de emoções quanto todos os outros do filme.
Pode bocejar e esfregar os olhos, ano que vem tem outro.

5° - O Pacto

Nicolas Cage está falido. Ele levou um golpe milionário do contador e a sua situação ficou tão apertada que ele teve até que vender parte de sua coleção de gibis. Quem coleciona gibis sabe o tipo de dor que Nick sentiu tendo que fazer isso.
Pior do que vender sua coleção de gibis foi ser obrigado a aceitar qualquer proposta de emprego. Só isso explica coisas como O Pacto, tenebroso filme de suspense onde Cage é o professor culto e ducado que é transformado após sua esposa (January Jones) ser violentada por um marginal e ele aceitar uma oferta do estranho Simon (Guy Pearce) para vingá-la em troca de um favor no futuro.
Nada funciona no filme, e o talentosos Nic Cage mostra, outra vez, que não tem nenhum critério compreensível na hora de escolher seus trabalhos, exceto o tamanho do pagamento.

4° - Espelho, Espelho Meu

Em 2012 não uma, mas duas versões modernas de Branca de Neve ganharam as telonas dos cinemas do mundo. Uma delas foi o sombrio e metido a épico de girl power Branca de Neve e o Caçador, e a outra essa festiva, contente e colorida comédia de fantasia com toques de girl power Espelho, Espelho Meu. Nenhum dos dois filmes é particularmente memorável, e ambos poderiam estar nessa lista, mas Espelho, Espelho Meu tem uma desvantagem crucial com relação ao concorrente:
A Rainha Má.
Enquanto na história metida a sombria estrelada por Kristen Stewart (Que tem menos expressões faciais do que Tom Hardy em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge) tem a gloriosa Charlize Theron esbanjando crueldade, ressentimento e sensualidade no papel de Ravenna, no filme idealizado por Tarsem Singh temos Julia Roberts, que não está envelhecendo bem, no papel de uma Rainha Má que está mais pra Rainha Sarcástica, que soa tão inócua quanto o resto da produção metida a engraçadinha mas que não tem graça nenhuma.


3° - Battleship - Batalha dos Mares

Num esquete de Saturday Night Live, Liam Neeson, interpretando a si mesmo, era interpelado por Nicolas Cage (Andy Samberg) por ter feito um filme com todas as características da filmografia atual de Nicolas Cage.
Isso, por si só, mostra o tamanho da bomba que é esse Battleship - Batalha dos Mares. Um filme baseado no jogo de tabuleiro de sucesso Batalha Naval. Isso mesmo. Fizeram um filme baseado em Batalha Naval.
Quem estrela, além de Neeson (outro sem-noção na hora de escolher os filmes que protagonizará), é Taylor Kitsch, que baseado no seu histórico de bilheterias estaria a dois passos de nunca mais trabalhar na vida se Hollywood fizesse algum sentido, Alexander Skaarsgard, da série de Vampiros True Blood, e a Rihanna, é, a cantora que apanhou do marido. E, na "trama" alienígenas chegam à Terra e isolam com campos de força uma parte de Pearl Harbour onde Marinhas do mundo praticam exercícios de guerra. Nesse tabuleiro, cabe a Kitsch e seu colega japonês (Tadanobu Asano, de Thor) enfrentar os perversos alienígenas naquele tradicional show de pataquadas sem sentido que qualquer filme cheio de milicos e aliens está fadado a repetir.

2° - As Aventuras de Agamenon, O Repórter

O pessoal do Casseta & Planeta tinha tido o bom senso (tardio) de perceber que sua graça havia acabado muito antes da morte do Bussunda, e sair da TV. Eu sei que pouquíssimo tempo depois os ex-engraçados retornaram, e, pra piorar, além de fazer um programa que passa na sexta depois do Globo Repórter, tentaram sua terceira incursão ao cinema depois dos medonhos A Taça do Mundo é Nossa, e Seus Problemas Terminaram. Não é necessário dizer que o filme não tem graça nenhuma. Se o Casseta & Planeta ainda produzisse qualquer coisa remotamente engraçada não estariam escondidos na programação da Vênus Platinada. Ninguém se salva nessa bomba, que ainda serve pra mostrar que o futuro da "comédia" brasileira está em cheque se nosso grande prospecto no setor é Marcelo Adnet.


1° - O Vingador do Futuro

Não tem pra ninguém. O remake do ótimo filme de Paul Verhoeven e Arnold Schwarzenegger tem todos os defeitos do cinema atual embrulhados numa embalagem bonitinha mas muito, muito pra lá de ordinária.
Tudo o que o outro filme tinha de mais sci-fi, seus mutantes, telepatas, viagens interplanetárias, sai de cena (estranhamente há uma prostituta com três seios...) para dar lugar a uma trama suja e realista (claaaaro...) onde Colin Farrell parece confuso o tempo todo (talvez se perguntando se o pagamento valera a pena?), é perseguido por mulheres lindas e desprovidas de talento dramático, desfila por cenários dos mais maneiros que a moderna tecnologia digital pode construir, e contam uma história tão, mas tão sem graça que antes de sair do shopping a gente já esqueceu de que se tratava... O que nem chega a ser uma desvantagem.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ninguém Precisa


E a Florinda chegou em casa naquela quinta-feira chuvosa esperando receber, assim que abrisse a porta, o único afeto a que estava acostumada. O de seu cachorro, o Nino.
Florinda era uma solteira convicta nos seus quase quarenta anos de idade. Tinha construção de gringa da serra gaúcha, com cabelos aloirados que tingia de cobre, olhos muito verdes, e altura generosa, além de facilidade pra acumular peso na região do busto.
Jamais se casara a Florinda. Era do interior do RS, passara, ainda moça, em um concurso público que exigiu que ela se mudasse para Porto Alegre. Sua mãe, no entanto, permaneceu no interior, não era louca, dizia, de ir morar naquele formigueiro que era Porto Alegre, e, sendo Florinda filha única, ela viajava com frequência semanal à cidade natal para ver sua mãe.
Essa rotina de trabalho durante a semana e viagens ao interior nos finais de semana afastaram Florinda da vida social, de modo que Florinda, tímida que era, acabava não tendo lá muitas oportunidades de conhecer pessoas. Tudo isso conspirava para que, aos trinta e sete anos, Florinda, que não era uma mulher feia, nem burra, nem desprovida de atrativos, estivesse sozinha.
Bem, não sozinha. Alguns anos antes, sua vizinha do andar de cima, dona Maria, lhe dera um cãozinho ainda filhote que encontrara na rua. Dona Maria ofereceu-lhe o filhote, pois o apartamento de Florinda, no térreo, possuía um espaçoso pário, onde o pequeno animal poderia fartar-se de brincar.
Relutante de início, Florinda acabou por acolher o cão, a quem batizou Nino, e ele tornou-se seu melhor amigo naqueles dias solitários que ela passava em Porto Alegre, entre o trabalho e sua casa, e sua casa e o trabalho.
Em alguns dias particularmente difíceis, a única coisa que mantinha Florinda no caminho pra casa era encontrar o seu cachorro, brincar com ele, ligar pra sua mãe e ouvir que precisava achar um homem, e assistir à novela com ele se refestelando a seus pés.
Naquela quinta, porém, Nino não recebeu Florinda à porta. Surpresa, ela entrou no apartamento pensando onde o cão estaria. E, ao chegar ao pátio, deparou-se com Nino, olhando atento para cima. Seguindo o olhar de seu cachorro, Florinda encontrou a razão da apreensão de Nino. No andar de cima, no apartamento de dona Maria, um sujeito grandalhão trabalhava na reforma do apartamento.
Florinda levou uma fração de segundo para lembrar que dona Maria, adoentada, estava por se mudar. Seu apartamento seria devolvido à imobiliária e passava por reparos para tanto.
O sujeito empoleirado em uma escada, massava buracos nas paredes, e sorriu desejando boa noite quando deparou-se com Florinda, de pé no andar de baixo. Tímida, ela respondeu com um aceno de cabeça.
Ao virar-se, ela deixou os ombros caírem ao se deparar com o varal repleto de roupas molhadas. Começou a recolher a roupa molhada pela chuva torrencial da tarde e levá-las novamente à lavadora. Lá de cima, o homenzarrão falou:
-Uma judiação. São as mazelas de viver sozinha, porém.
Florinda virou-se olhando o sujeito sem entender, e ele explicou:
-As roupas. A moça deve ter passado o dia todo fora, não é?
Ela sorriu, tímida.
-Sim. Trabalho fora de manhã à noite. Se chove no meio da tarde já sei que vou encontrar minhas roupas todas imundas.
Ele sorriu lá de cima.
-É... Coisas que acontecem.
Florinda deu mais uma olhada no sujeito. Era pouco mais velho que ela. Cabelos grisalhos na têmpora, corpulento. Usava óculos o que lhe amainava um pouco a rudeza das feições. Tinha braços grandes e cobertos de pelos negros, barba de alguns dias. Era visivelmente um sujeito afeito a trabalhos braçais, mas era educado o bastante para cumprimentar com um "boa noite", dedicado o suficiente pra trabalhar noite adentro, e sabia usar a palavra "mazelas". Além disso, era obviamente um homem de verdade. Que sabia realizar uma reforma, e, certamente outros trabalhos domésticos. Se Florinda encontrasse, pra si, um sujeito daquele, sua mãe jamais lhe diria ao telefone que encontrasse um homem. "Já encontrei, mãe. Homem com agá maiúsculo. Sexta de noite estamos aí e ele vai derrubar uma parede do sobrado com uma marreta pra tu ver uma coisa.", imaginou-se dizendo ao telefone enquanto seu bruto robusto a aguardava no quarto, onde usaria sua força e vigor em atividades mais delicadas mas igualmente cansativas de alcova... Florinda foi, porém, removida de seus devaneios pois o sujeito continuou:
-Uma pena, mesmo que tenha que voltar tudo pra lavadora. Especialmente as roupas delicadas. - Disse, apontando com o queixo para as calcinhas de Florinda, no canto do varal.
Florinda, ruborizando, não disse nada, apenas encarou, de olhos esbugalhados, o sujeito que seguia trabalhando como se aquela conversa fosse perfeitamente normal. E continuou:
-Mas olha, se serve de consolo, mais cedo homenageei com meus sumos viris a vossa roupa íntima numa atividade de prazer solitário. Aquela branquinha de renda, em especial, coisa muy fina. Atrevo-me a dizer que muito me gustaria repetir tal atividade na moça em pessoa.
A Florinda, de novo, demorou a entender o que o sujeito tinha dito, mas quando entendeu, fechou a cara e, quase incorporando sua mãe, juntou suas roupas de encontro ao peito generoso enquanto dizia:
-Mas tenha vergonha!
E voltou a passos largos pra dentro do apartamento batendo a porta, e abrindo-a novamente em seguida pra chamar o Nino de volta pra dentro.
Mais tarde, quando sua mãe ligasse repetindo pela enésima vez que ela precisava encontrar um homem, ouviria poucas e boas.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Rapidinhas do Capita


Vá lá, não tão rapidinha, mas o homenageado do dia merece:
Hoje quem sopra as velhinhas é "apenas" um dos maiores realizadores cinematográficos do cinema norte-americano e mundial.
Steven Allan Spielberg nasceu num dezoito de dezembro do distante ano de 1946, em Cincinnati, Ohio, nos EUA.
Spielberg começou sua carreira ainda na infância, fazendo filmes de guerra em Super 8. Seu debute cinematográfico oficial, no entanto, viria anos mais tarde com o filme Encurralado, de 1971, originalmente um filme para a TV, foi tão aclamado que acabou lançado nos cinemas. Em 1974 filmou Louca Escapada, e em 1975 criou o que é considerado o primeiro blockbuster da história do cinema: Tubarão.
Em seguida, em 77, Spielberg lançou Contatos Imediatos do Terceiro Grau, e em 79, a bomba 1941 - Uma Guerra Muito Louca. Fiasco retumbante de público e crítica.
Ele se recuperaria, no entanto, em 1981 ao lançar Os Caçadores da Arca Perdida.
Em 82 Spielberg lançou o filme que o consagraria de maneira absoluta, ao mesmo tempo em que se tornaria meio que sua marca registrada: E.T. - O Extraterrestre.
Em 85, talvez cansado das comparações com Peter Pan, Spielberg lançou o bom A Cor Púrpura, com Whoopy Goldberg, e, em 1987, o que, ao menos pra mim, é seu maior e melhor filme:
O Império do Sol.
Em 89 ele tentou bancar Jerry Zucker e fazer uma comédia romântica espírita e fracassou com Além da Eternidade, em 91 aceitou de vez as comparações com Peter Pan e lançou o fofo Hook - A Volta do Capitão Gancho.
Em 93 Spielberg quebrou o mundo do cinema no joelho com dois filmes. O primeiro era Jurassic Park - Parque dos Dinossauros, que ainda hoje tem algumas das criaturas digitais mais perfeitas da história do cinema, quase vinte anos após o lançamento do filme. O outro foi A Lista de Schindler, filme que lhe rendeu o reconhecimento artístico que os blockbusters pareciam teimar em lhe negar na forma do Oscar.
Ele ainda faria, em 97 o fraquinho Jurassic Park - O Mundo Perdido e o ótimo Amistad, que foi ofuscado por Titanic, lançado no mesmo ano, e em seguida o espetacular O Resgate do Soldado Ryan, que lhe rendeu um segundo Oscar de melhor diretor.
Em 2002 ele faria o fraco A.I. Inteligência Artificial, e se recuperou do escorregão em 2003 com Minority Report - A Nova Lei, ficção científica cuiuda com Tom Cruise e o ótimo Prenda-me se For Capaz, com Leonardo DiCaprio e Tom Hanks.
Em 2004 fez o mediano O Terminal, e em 2005 o irregular Guerra dos Mundos, além do fodão Munique.
Em 2008 faria a terceira sequência de Indiana Jones, Indiana Jones - E O Reino da Caveira de Cristal (Após Indiana Jones e o Templo da Perdição, de 1984 e Indiana Jones e a Última Cruzada, de 89), e em 2011 As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne e Cavalo de Guerra, e já está nos cinema dos EUA com Lincoln, favoritaço ao Oscar do ano que vem.
Não vou nem falar da carreira de produtor do homem, mas vou dizer que, sem ele, talvez não tivéssemos visto Poltergeist, Gremlins, Os Goonies, De Volta Para o Futuro, Uma Cilada Para Roger Rabbit, Homens de Preto e Transformers.
Então, por essas e outras que ficaram de fora, parabéns, senhor Spielberg, feliz aniversário, e muitos anos de vida.

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Mais um massacre numa escola norte-americana. Infelizmente deixou de ser novidade. Eu nem me lembro se esse é o segundo ou o terceiro desse ano.
Foi no último dia 14 em Newton, Connecticut, na escola Sidney Hook. Adam Lanza, 20 anos, matou sua mãe com quatro tiros na cabeça, e dirigiu até a escola em questão, onde, vestindo um traje de combate e portando um fuzil de assalto, matou 26 pessoas sendo dezenove crianças de seis e sete anos e sete professoras e então cometeu suicídio.
Enfim... Hoje, ao chegar ao trabalho e abrir esse embrulho de peixe tendencioso que ousam considerar um jornal chamado Zero Hora me deparo com uma matéria com a foto de cada uma das vítimas de Lanza, e, ao lado, um quadro com as tentativas de criação de leis de regulamentação da posse de armas nos EUA ilustrados por um quadro com uma pistola e, mais abaixo, Max Payne, Nico Bellic, Kratos e Connor Kenway.
Lanza passaria horas jogando Call of Duty, segundo informações. E por isso teria matado 26 pessoas.
Chega a ser risível. Eu passo horas jogando todos os games que ilustram a matéria. Conheço dezenas de pessoas que jogam todos esses jogos e outros mais violentos como Doom. Algumas muito delicadas, inclusive. Mas não conheço ninguém que pratique massacres.

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E até o presidente do ex-time da Azenha, o doutor Fábio Koff assume o que todo mundo já sabia, mas as gazelinhas de perfex do Mundo Paralelo se recusavam a acreditar:
A Arena é da OAS. Que é quem vai lucrar com o novo estádio do bairro Humaitá.
Aqui fica o meu "Parabéns pela nova Casa, co-irmão." válido para 2033.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Resenha Cinema: Moonrise Kingdom


Há diretores que parecem fazer, basicamente, sempre o mesmo filme. Ou filmes completamente diferentes que contam basicamente a mesma história. Ou filmes diferentes com histórias completamente diferentes que parecem todos iguais porque a assinatura do diretor é demasiado característica... Talvez esse último seja o caso de Wes Anderson, diretor de O Fantástico Senhor Raposo, Viagem a Darjeeling, A Vida Marinha com Steve Zissou, Os Excêntricos Tennebauns e esse Moonrise Kingdom.
Quem conferiu os outros quatro filmes que citei vai, provavelmente, perceber que todos eles tinham essa assinatura extremamente nítida de Anderson. Uma mistura de drama e comédia com toques de esquisitice pura, mas que, por alguma razão, funciona bem.
Vou confessar que não sou lá um grande fã de Anderson. Ainda assim, reconheço seu valor e talento como cineasta.
Nesse último longa o diretor faz mais uma boa demonstração desse talento.
Moonrise Kingdom narra a história de Sam Shakusky (Jared Gilman, ótimo) e Suzy Bishop (Kara Hayward, também ótima), dois pentelhos de doze anos de idade que se apaixonam à primeira vista durante uma peça escolar, e após um ano trocando correspondências, resolvem fugir juntos da ilha onde vivem, New Penzance, na Nova Inglaterra durante os anos sessenta.
Ao colocar seu plano em curso, Sam e Suzy colocam os pais dela, Walt e Laura Bishop (Bill Murray e Frances McDormand), dois advogados que se tratam por "conselheiro" e "conselheira", o único policial da ilha, o capitão Sharp (Bruce Willis), que tem um caso com Laura, e o chefe do grupo escoteiro Ivanhoe, do qual Sam deserta, o escoteiro chefe Ward (Edward Norton) numa busca para encontrar os dois desaparecidos e levá-los de volta pra casa, o que pode mudar a vida de todos os envolvidos na caçada.
Sam e Suzy são excelentes. Ela é uma versão menos caricata da Wednesday Addams de Christina Ricci, mais vaidosa e culta, mas igualmente sisuda, enquanto ele é um discípulo de Daniel Boone com seu chapéu de guaxinim, cachimbo e habilidades de sobrevivência ímpares. O amor partilhado pelo casal mirim é puro, ideal, cheio de descobertas, a cara que devem ter os primeiros amores.
E o impacto desse amor, e de sua pureza, é o estopim que afeta todos os envolvidos, direta e indiretamente, na vida de Suzy e Sam, e mesmo aqueles que olham para os dois e sabem que trata-se apenas de um primeiro amor, provavelmente o único amor da vida da gente que não tem nenhuma chance de ser eterno, se sentem tocados.
Cheio de absurdos hilários e tocante como só histórias de amor mirins sabem ser, Moonrise Kingdom é mais um representante da fofura esquisita da filmografia de Wes Anderson, que tem uma assinatura firme, mas certamente não tem a mão pesada.

"-Eu sinto que estou em uma família de verdade agora. Não como a sua, mas parecida com uma.
-Eu sempre desejei ser uma órfã. A maioria dos meus personagens favoritos são. Acho que suas vidas são mais especiais.
-Eu te amo, mas você não sabe do que está falando.
-Eu também te amo."

Rapidinhas do Capita


"Faça a festa, torcedor colorado. O mundo é seu!"
Hoje é aniversário de seis anos da maior conquista da História maiúscula do Sport Club Internacional de Porto Alegre. Foi em dezessete de dezembro de 2006, seis anos atrás, que o Inter viajou a Yokohama no Japão para enfrentar o que era, então, o maior time do mundo, o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, Iniesta, Xavi, Deco e Puyol.
Um adversário tão temível que muita gente apostava que o negócio contra eles era tentar perder de pouco.
Mas não o Internacional. O Inter, que não tem vocação pra Davi enfrentando Golias, que não faz de jogos de futebol epopeias, que sempre enfrenta o adversário de igual pra igual, foi a campo cauteloso, é verdade, mas não temendo um massacre. Anulou Ronaldinho Gaúcho, aguentou a pressão da legião estrangeira dos espanhóis, e após mais de setenta minutos de agonia, explodiu de felicidade quando Adriano Gabiru, após jogada brilhante de Pedro Iarley, venceu o goleiro Victor Valdéz com um chute alto, no centro do gol, e fez o 1 x 0 mais importante dos noventa e sete anos do Colorado.
Ainda houveram mais dez ou quinze minutos de agonia após o gol, com o time Catalão pressionando o Colorado de todas as formas, mas esbarrando no paredão branco de Clemer, Ceará, índio, Fabiano Eller e Rubens Cardoso, Edinho, Wellington Monteiro, Alex, Fernandão, Pato, Iarley, Vargas, Gabiru, Luíz Adriano e todos os demais sob a batuta de Abel Braga.
Fizemos a festa. E queremos fazer de novo. Quem sabe em 2014?

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E o que mais assustava ele era o fato de que, em qualquer esquina, ela poderia encontrar alguém melhor do que ele. Talvez já tivesse até encontrado. E ele ali, enredado em mil problemas, sem saber se a veria de novo.

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E a vida conseguiu, finalmente, destruir o meu Natal. Esse ano não tem Natal pra mim. Mas apaixonado que sou pela data, estou disposto a repensar ano que vem. Quem sabe...

Resenha Cinema: O Hobbit - Uma Jornada Inesperada


Foi como voltar pra casa... A flauta de "Concerning Hobbits", inspirada composição de Howard Shore enchia o sistema de som do cinema, enquanto Ian Holm, caracterizado como o Bilbo Bolseiro que todos nós conhecemos em O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel surge dentro da toca com as indefectíveis portas redondas, saboreando reminiscências, até ser advertido por Frodo (O mutante Elijah Wood, que não envelheceu nos últimos dez anos) de que os preparativos para uma festa a muito esperada estão a pleno vapor.
Nós estamos de volta à Terra Média, dessa vez, para descobrir em detalhes, como foi que Bilbo encontrou o Um Anel, o artefato que jogou todos os povos livres à beira das trevas na trilogia O Senhor dos Anéis.
Jamais tive dúvidas que que O Hobbit seria um ótimo filme, talvez o melhor blockbuster de 2012. Todas as decisões de Jackson e suas co-roteiristas em O Senhor dos Anéis, Fran Walsh e Phillipa Boyens eram acertadas, e no fim das contas a única coisa que me deixava um pouco desconfortável com relação ao filme era o final, demasiado extenso, e talvez um pouco anti-climático, mas que servia pra que a platéia pudesse se despedir de todos os personagens com quem aprendera a conviver durante três anos. Nunca achei que O Expurgo do Condado fosse algo que fizesse falta aos filmes, e muito menos Tom Bombadil, que era, com o perdão dos puristas, uma ideia idiota de Tolkien.
Logo, desde antes do primeiro trailer, lá atrás, quando Guillermo del Toro precisou abandonar o filme já que New Line e MGM não chegavam a um consenso com relação à produção, e Jackson meio que herdou a cadeira de diretor (Originalmente ele seria apenas roteirista e produtor), eu estava tranquilo.
E só fui ficando mais tranquilo conforme o elenco era anunciado, as fotos do filme surgiam e finalmente, o primeiro trailer, aquele, espetacular, com os anões cantando à capela "Over The Misty Mountains Cold", eu já tinha quase certeza absoluta de que O Hobbit - Uma Jornada Inesperada, seria um filmaço.
Foi na semana passada que eu conferi de perto a aventura de Bilbo Bolseiro e a companhia de anões de Thorin Escudo de Carvalho ao lado de Gandalf o cinzento e posso afirmar:
Minhas quase certezas se confirmaram com sobras.
Lá do início, de Frodo avisando ao velho Bilbo que os preparativos para a festa já estão quase terminados, somos levados de volta no tempo por quase sessenta anos, até uma manhã muito particular, quando o mago Gandalf (Ian Mckellen)surge no portão da casa de um jovem Bilbo (Martin Freeman) no Condado, avisando-o de que procura por alguém com quem partilhar uma aventura.
O Hobbit logo se vê recebendo (muito a contragosto) em sua casa toda a companhia de Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), príncipe anão de Erebor que procura uma forma de recuperar o tesouro e o reino de seu avô, Thráin, tomados por um terrível dragão chamado Smaug, muitos anos antes.
Relutante no início, Bilbo acaba aceitando o posto de ladrão da companhia, e parte com os treze anões e Gandalf rumo à Montanha Solitária, numa jornada repleta de perigos, de trolls, orcs, wargs e goblins a um jogo de charadas na escuridão que vai mudar seu destino, e o de toda a Terra Média.
Como eu já disse, é como voltar pra casa.
Tudo o que nos fez amar a trilogia O Senhor dos Anéis está em O Hobbit - Uma Jornada Inesperada. A Terra média cheia de criaturas fantásticas, heróis valorosos e reinos fabulosos, a história repleta de aventura e perigo embalados pela música mágica que Howard Shore e embrulhados na beleza de uma produção esmerada, com efeitos visuais e caracterizações perfeitas e atores muito bem dirigidos dando vida a personagens com quem começamos instantaneamente a nos importar, tudo sob a batuta de Peter Jackson, que mostrou, novamente, que sabe como construir um roteiro a partir dos livros de Tolkien.
Ao lado de Boyens e Walsh (Ainda com Guillermo del Toro, que deu seus pitacos no texto), Jackson mergulha fundo nos apêndices da obra do autor britânico para transformar O Hobbit em mais do que a história que Tolkien contava para seus filhos antes de dormir, mas sim em uma ponte verdadeira rumo à grandiosidade de O Senhor dos Anéis, e faz isso sem remover todo o humor e leveza do texto original, mas acrescendo alguns eventos apenas mencionados na obra original ou nos apêndices de O Senhor dos Anéis.
O resultado é um dos grandes filmes de 2012, pelo menos umas quatro idas ao cinema (Assista em 48 quadros por segundo se tiver chance, há um estranhamento nos minutos iniciais, mas é impressionante o que o formato faz pelos efeitos visuais do filme!), e a perspectiva de ficar, novamente, roendo as unhas sabendo que os próximos doze meses irão demorar a passar.
Venha logo O Hobbit - A Desolação de Smaug.

"-Eu nunca usei uma espada em minha vida.
-E eu espero que você jamais tenha de fazê-lo. Mas se tiver, lembre-se disso: A verdadeira coragem não reside em saber quando tirar uma vida, mas em quando poupar uma."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Rapidinhas do Capita

Acordou às cinco e meia da madrugada. Comeu uma taça de sorvete de chantili com frutas vermelhas. Tomou um copo de Coca-Cola. "O desjejum dos campeões.".
Sentiu-se, de súbito, como quem quer correr. Deve ter sido como Forrest Gump se sentiu antes de cruzar os EUA diversas vezes.
Se vestiu e saiu correndo sob a chuva, ainda de noite, sob as luzes de mercúrio amarelas dos postes da cidade. Troteou até a orla do estuário. E dali, após um breve alongamento, correu como se não houvesse amanhã. Não muito, é verdade. Uns três mil metros, no máximo. Mas correu. Correu sentindo-se vivo.
Porque dor, é vida.

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-Não te preocupa. - Ele disse pra ela, olhando de soslaio. - Todos nós sabemos que tu tem várias opções. Todas, na verdade. Na verdade, esse provavelmente sempre foi o grande entrave. A desigualdade. Tu tinha mil opções e caminhos que seguir. E pra mim, sempre houve apenas um. Que era o teu.

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E o trailer novo do Superman, hein? Benzadeus, tremendo trailer. Claro, não altera o fato de que o filme será horrível.
Todo mundo lembra que Lanterna Verde teve um trailer 2 espetaculoso e foi um filme medonho. Bons filmes da DC, só os Batmen do Nolan. Ainda assim, vale dar uma espiada, mas não se empolgue. Eu mesmo não estou nem um pouco empolgado, ainda que o primeiro filme que eu vi no cinema tenha sido Superman IV - Em Busca da Paz, e que minha infância tenha sido parcialmente vivida com uma toalha amarrada no pescoço saltando de cima de mesas. Esse filme não em empolga. Mas não me empolga, mesmo. Nem um pouquinho...


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Resenha Cinema: Curvas da Vida


Clint Eastwood havia ameaçado aposentadoria (diante das câmeras) com o excelente Gran Torino, de 2008.
Apesar de ter sido especulado para papéis nos Batman de Christopher Nolan e n'Os Mercenários do Stallone, de lá pra cá Clint permaneceu atrás das câmeras, apenas, realizando ótimos filmes como Invictus, e outros nem tanto, como Além da Vida.
Foi só agora que o bom e velho Clint deixou a aposentadoria na atuação para estrelar esse Curvas da vida, praticamente um favor a Robert Lorenz, realizador do longa que tem um longo histórico como seu diretor de segunda unidade e diretor assistente, com quem realizou Poder Absoluto, Sobre Meninos e Lobos, Menina de Ouro, Dívida de Sangue, Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal, e outros tantos...
Não é de se surpreender que Lorenz quisesse o parceiro a seu lado na hora do debute na cadeira de diretor principal.
No filme conhecemos Gus, um antiquado olheiro de beisebol que trabalha à moda antiga. Questionado nos Braves, clube onde trabalha, devido aos resultados pobres de Billy Clark (Scott Eastwood), último prospecto descoberto por ele, Gus tem o que pode ser sua última chance de se manter na ativa, ou ao menos sair por cima, quando começa a temporada de procurar por novas promessas em ligas regionais. O problema é que embora os métodos de Gus não tenham evoluído com o tempo, sua idade evoluiu, e um severo problema de visão está tornando a vida do sujeito ainda mais difícil do que já era.
Ao perceber que há algo de errado com gus, seu amigo e supervisor nos Braves, Pete Klein (John Goodman) resolve pedir à filha dele, Mickey (Amy Adams), que acompanhe-o na viagem. O problema é que Mickey e Gus não têm a melhor das relações, e a moça ainda está atuando em um processo que pode ser sua grande chance de ascensão na firma de advocacia onde trabalha.
Ainda assim, Mickey, percebendo a condição de seu pai, resolve acompanhá-lo na viagem, que pode ter grandes consequências para a relação da dupla.
Sendo tremendamente franco, Curvas da Vida seria apenas uma boa Sessão da Tarde se não fosse pelo seu elenco. Amy Adams, com as panturrilhas mais sexies do cinema, aquela cabeleira cor de laranja e o narizinho de princesa da Disney está bem demais no seu papel, especialmente quando emula o jeito bronco de Clint. John Goodman, ótimo como o amigão Pete Klein, e Matthew Lillard, o Salsicha, intragável como o "vilão" do longa, Phillip Sanderson. Ainda há Justin Timberlake, no papel de Johnny Flanagan, um ex-jogador que tenta a carreira de olheiro como Gus, e se interessa por Mickey, e aqui vale o registro de que Timberlake está cada vez menos irritante nos papéis que faz no cinema, a gente quase esquece que ele foi N'Sync, e tentou trazer o sexy de volta.
Quase.
Mas, claro, o filme pertence, mesmo, é a Clint Eastwood, uma presença magnética na tela. O ator de oitenta e dois anos emula basicamente o mesmo Walt Kowalski de Gran Torino, mas adiciona a ele um pouco mais de comicidade aqui e ali, e um toque de paternalismo e uma pitada de ternura, criando uma extensão do seu papel de sempre, o do brucutu quase senil com coração de ouro, mas que continua funcionando tanto agora quanto agradava vinte anos atrás.
Sim, Curvas da Vida ainda é um filme sobre beisebol, e vai agradar um pouco mais a quem manja um pouquinho do esporte e a estrutura das ligas e clubes norte-americanos, mas mesmo que você não saiba o que é uma base, uma bola em curva ou um homerun, você ainda vai curtir o que é, provavelmente, a melhor sessão da tarde de 2012.
Tomara que Clint não fique mais quatro anos longe das telonas.

"-Isso, cuzão, é o que significa um 'problema com a curva'."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Resenha Game: Assassin's Creed III


A aventura de Ezio Auditore da Firenze e Altaïr Ibn-La Ahad haviam encontrado seu fim em Assassin's Creed - Revelations, um bom game, mas apenas isso. Bom.
Depois de Assassin's Creed II e Assassin's Creed - Brotherhood, todo mundo esperava um pouco mais do quarto game da franquia iniciada em 2007 com o maneiríssimo Assassin's Creed, então, mesmo que Revelations estivesse longe de ser um mau game (tinha algumas decisões questionáveis, e mecânicas cretinas como aquele mini-game irritante de defender a torre...), o sentimento dos fãs em geral com o lançamento do game foi de um certo desapontamento.
Eu, como fã declarado da série desde o primeiro capítulo da franquia, fiquei na expectativa dessa nova aventura desde as primeiras notícias, que acenavam com uma viagem ao antigo Egito (O que seria interessantíssimo, mas um tanto anacrônico para com a linha de tempo da série), e depois com a revelação de que seria um jogo passado na época da revolução norte-americana e a luta dos EUA para se tornarem independentes da Inglaterra.
Algumas semanas atrás comprei o game, e devo dizer que Assassin's Creed III me decepcionou mais do que Revelations. Bem mais.
Nesse quinto game da série a ação está, mais do que nunca, dividida entre Desmond Miles e o ancestral da vez, o mestiço Ratonhnhaké:ton (Nem pergunte como se pronuncia, mas se quiser saber o que significa, é Pássaro que Governa os Céus.), filho de uma moicana norte-americana nativa, Kaniehti:io, e de um nobre britânico, Haythan Kenway.
Dessa vez Desmond precisa usar todo o conhecimento que adquiriu de Altaïr, e todas as habilidades que "sangrou" de Ezio, para finalmente botar a mão na massa em missões que acontecem em Nova York, Itália, e até no Brasil (Durante um evento de MMA, e não uma partida de futebol ou o Carnaval do Rio.). Isso, porém, é apenas metade da missão de Desmond, Bill, Shaun e Rebecca, a outra metade das tarefas do grupo estão dentro do Animus, onde Desmond revive as memórias de seu ancestral, Ratonhnhaké:ton. Contudo, embora o ancestral principal do game seja ele, o início das sessões do Animus se dão na pele de outro ancestral, o pai britânico do americano, Haytham.
Esse prólogo do game é extremamente extenso, durando várias horas, e acaba em uma interessante reviravolta.
Quando finalmente estamos no controle de Ratonhnhaké:ton, corre o ano de 1754, e o moleque, com cinco anos de idade, é atacado por colonos brancos e depois encontra sua vila em chamas.
Anos mais tarde, ao passar por uma cerimônia de iniciação, Ratonhnhaké:ton toma conhecimento de sua herança, e descobre que seu caminho segue afastado de sua tribo. Ele deve procurar por alguém para treiná-lo de modo a garantir que ele encontre uma forma de proteger sua tribo da ameaça dos colonos.
Isso faz seu caminho se cruzar com o de Achillis Davenport, um retirado grão mestre da ordem, que, relutante, aceita assumir a tutela do jovem, rebatizando-o Connor, e direcionando-o no caminho dos Assassinos.
Aí o game segue, ao longo de trinta anos da vida de Connor Kenway, e sua luta que o leva a participar de vários eventos históricos e ser peça fundamental na independência dos Estados Unidos, um evento que, como sempre, descobriremos ser apenas o pano de fundo de mais um round na eterna luta entre Templários e Assassinos.
Assassin's Creed III é ótimo na parte técnica. Não é excelente porque só quem consegue fazer games de mundo aberto imensos sem nenhum defeito, aparentemente é a Rockstar. Ainda assim, Assassin's Creed III consegue formular uma bela e variada ambientação onde existem convincentes e belas florestas e cidades coloniais. Há inovações na parte gráfica, como a presença de crianças e animais domésticos vivendo no mundo do game (Pra quem não sabe, até bem pouco tempo atrás, os mundos virtuais eram populados apenas por homens e mulheres adultos, todos mais ou menos com a mesma altura). Além disso, há uma bela paleta de variações climáticas que inclui chuva e neve, além de ambientes mais áridos em certas partes do mapa, e mais úmidos em outras.
Há também diversos animais selvagens, como lobos, ursos, jaguares e pumas, além de alces, coelhos, cervos e guaxinins, que podem ser caçados, carneados e vendidos, dando ao game um certo ar de Red Dead Redemption...
No entanto, as grandes inovações do game são no sistema de combate, o mais fluido da série, conforme prometido pelos desenvolvedores antes do lançamento do jogo. A fluidez do movimento e a forma graciosa com que o herói bloqueia os golpes dos inimigos e passa de um antagonista ao outro é tão bem elaborada que ficamos com a impressão de que Connor é o melhor lutador da história da irmandade.
A outra grande sacada do game é um mini-game. Bom... Não tão mini.
Em várias ocasiões surgem no mapa do jogo missões navais que devem ser realizadas. Connor assume então o comando de um navio, o Áquila, e com ele singra os mares do Atlântico da costa dos EUA ao Caribe enfrentando navios britânicos e templários com seus canhões e aparatos de abalroamento. Essas missões são espetaculares, e extremamente divertidas, com comandos fáceis e bem integrados ao game.
Há, porém, outros dois pontos que dão uma bela derrubada em Assassin's Creed III. O primeiro é o próprio protagonista. Connor não convence. Ele é a epítome do herói relutante, mas tão relutante, tão relutante, que chega a ser renitente. Ás vezes dá vontade de sacudir o sujeito pra ver se ele cria uma espinha e para de ser fantoche. O sujeito está sempre sendo mandado daqui pra lá e de lá pra cá, jamais agindo, mas sempre reagindo a algo que aconteceu.
É complicado criar laços com um personagem com tais características depois de ter experimentado estar sob a pele de Altaïr, que não apenas era o melhor assassino da Irmandade na sua época mas também era rebelde, meio arrogante e extremamente desconfiado. Ezio, então, nem se fala, é um personagem que a gente acompanha desde sua entrada, meio aos trancos e barrancos na ordem, até sua transformação no Mestre-Assassino mais respeitado de seu tempo. Era outro personagem cheio de planos e ideias próprios, desobediente, e pró-ativo.
Esses dois, talvez sejam o grande entrave na tentativa de Connor de emplacar na "família". Connor é um bom moço. Nada de errado com isso. Mas enche o saco ver um sujeito tão coxinha usando o manto alvo.
Outro problema do game é o desenvolvimento da história. À certa altura, o personagem principal conversa com outro e comenta "Deve ter sido estranho descobrir a meu respeito como você descobriu...", o lance é que em nenhum momento nós sabemos como o interlocutor de Connor descobriu a respeito dele. Nem como o herói ficou sabendo a respeito desse outro personagem.
Tudo corre meio aos solavancos, sem que o player tenha oportunidade de ver várias coisas, das quais apenas fica sabendo em algum momento, quase ao acaso...
Não bastassem os problemas na linha do game dedicada ao ancestral, ainda há o problema do final do game na sua outra linha narrativa: A de Desmond. Ela acaba de uma forma meio brusca, e isso só não diminui ainda mais o prazer proporcionado pelo jogo porque finais abruptos, abertos e com mais perguntas do que respostas são meio que uma marca da série desde o primeiro game.
Que venha mais um Assassin's Creed, mas que dessa vez os realizadores lembrem de evitar as armadilhas de Lost, de criar mais enigmas do que respostas, e respeitem os legados de Altaïr, Ezio, e, porque não? De Desmond. Eles merecem mais do que Ratonhnhaké:ton, apesar de sua estilosa machadinha, foi capaz de oferecer.

"Eu percebo agora, que levará tempo. Que a estrada é longa, e envolta em trevas. É um caminho que nem sempre me levará para onde eu desejo ir. Mas ainda assim, é o caminho de trilharei."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Alternativa


Acredito que haja na vida, um momento em que a pessoa simplesmente deixa de ser quem é, e se torna o que restou de quem ela costumava ser.
Eu sei, eu sei, parece algo dramático, talvez excessivamente pessimista, ou algo que o valha, mas cada vez mais eu acho que se aplica.
Devem existir mil formas de alguém se tornar o que restou de alguém.
Durante essa semana, estive esvaziando o apartamento da minha avó, que adoentada no hospital, vai deixar de morar sozinha e viver sob a supervisão de minha tia. Em meio a canecas quebradas cheias até a boca com centenas daqueles arames de amarrar saquinhos de pão, a pilhas de papeizinhos com o mesmo número de telefone anotado doze ou quatorze vezes, e amontoados da mesma edição do jornal de ofertas do Supermercado, encontrei um caderno de anotações de aproximadamente dezesseis anos de idade.
Ali, havia o manuscrito na letra corrida característica de minha avó, de uma grande palestra sobre a influência do homem sobre o mundo, dos perigos da influência humana sobre o clima, e da necessidade de um modo de vida mais sustentável.
Vinte páginas mais ou menos. Que eu li inteiras. Escritas de maneira lúcida e célere por uma pessoa que tinha as ideias surgindo na cabeça tão rápido que era difícil transcrevê-las de maneira mais legível, o que resultava em uma letra quase deitada, de tão ligeira.
Encontrei o diploma de pós-graduação em Ecologia Humana, o currículo contento os vários cursos superiores e funções desempenhadas por ela ao longo de mais de trinta anos de profissão dedicados à educação. Tudo aquilo sob aproximadamente quarenta ou cinquenta sacolinhas dobradas sem muito esmero na gaveta de uma estante.
Em algum ponto do caminho, nesses últimos quinze anos ou menos, minha avó deixou de ser quem ela era, uma mulher culta, inteligente, que pensava rápido demais para a própria mão, que escandalizou sua cidade natal a ser a primeira mulher do local a se desquitar e procurar a vida na capital do estado. Uma mulher cuja paixão pela vida era até irritante para a família, que amava viajar e tomar banhos de sol, e se tornou o que restou dela. Uma velhinha às portas da senilidade que guardava sacolas e arames de pão que jamais usava, que tinha dificuldade em usar o um celular, um DVD player ou uma televisão e que tinha tanta dificuldade de se lembrar do passado que inventava um passado diferente cada vez que falava a respeito e que se divertia jogando bolinhas de papel na casa do vizinho...
Foi, confesso, particularmente doloroso ser confrontado com isso. Perceber que minha avó trilhava um caminho do qual não há volta, e que sequer dispõe de uma paisagem que admirar. É um fim triste pra uma pessoa que quis e fez e foi tanto.
Envelhecer, claro, não é a única forma de se tornar o que restou de alguém. Há outras tantas, mas a idade que se acerca é provavelmente a mais inexorável, inadiável, irredutível. E o pior de tudo, é que, se tivermos sorte, é onde chegaremos.

Acabou a Temporada 2012 de RPG


Último RPG do ano jogado, hoje. Agora dragões, trolls e halflings, só no ano que vem, exceto por algum acaso muito específico.
Reunidos em torno da mesa, nós bebemos refrigerante, jogamos dados poliédricosgritamos de satisfação e demos risada do infortúnio uns dos outros.
Monstros grandes como casas e imensos como montanhas foram eliminados a golpes de espada, machado, arco-e-flecha e encantamentos mágicos. Heróis valorosos e imprudentes estiveram às portas da morte, e foram curados por clérigos bondosos e contritos. Pipoca foi comida, tesouros foram divididos, itens mágicos amaldiçoados tentaram aos incautos e foram destruídos em atos de bravura. Pastas plásticas coloridas foram a armadura que protegeu os heróis de gotas de café e pingos de sorvete. Bestas mágicas bondosas e perversas foram cavalgadas, navios voadores velejaram através das estrelas, ditadores perversos de além mar se tornaram mais cruéis e terríveis do que jamais haviam sido.
Mais uma noite. Mais um ano.
Derradeira sessão do ano... Quiçá da vida, se os Maias estiverem certos... Não seria má ideia...
Pois mesmo em meio a tanto júbilo e tanta diversão, havia uma presença que se fazia notar acima das outras...
A presença da falta.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Rapidinhas do Capita


"E se tu soubesse como tu me magoa ao insinuar certas coisas, talvez tu ficasse quieta. Mas vamos ser francos. Ficar quieta não faz teu estilo. E talvez seja parte da razão pela qual eu te amo."
Ele terminou assim, a carta, escrita com tinta vermelha em uma folha de ofício A-4, assinou e dobrou colocando num envelope. Mas aí se deu conta de que talvez aquilo tudo, incluindo as razões pelas quais ela o magoava fosse alguma forma de mise en scéne, parte de um processo de cura que começara bem antes. Bem antes, mesmo. E que ele continuava sendo corroído por isso unicamente por ser um perfeito idiota.
Parou. Pensou, e corrigiu-se:
Não. Não era um perfeito idiota.
Nem um idiota perfeito ele saberia ser.
E rasgou o envelope com a carta dentro, jogando-o no lixo em seguida, mesmo sabendo que o seu próprio processo de cura estava longe do fim, se é que haveria algum, e que ele ainda seria magoado por ela diversas vezes de uma forma ou outra.

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E Nick Fury vai continuar de férias do Universo Marvel cinematográfico. Sam Jackson, que interpreta o espião líder da SHIELD nos filmes da Casa das Ideias disse que está fora de Homem de Ferro 3, e de Thor - The Dark World, e que só dará as caras novamente em Captain America - The Winter Soldier, em abril de 2014.

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Brian Michael Bendis passou duzentos anos à frente d'Os Vingadores, e d'O Homem-Aranha Ultimate. Matou gente pra tudo que foi lado em ambas as séries (Chegou a matar o personagem título em Ultimate Spider-Man), agora, assumiu os X-Men e já chegou prometendo matar gente.
O mais cotado pra morrer na ponta do lápis de Bendis nas apostas é Hank McCoy, o Fera. Eu ficaria triste se as pessoas ainda ficassem mortas no universo Marvel...

Farol de Moralidade


Surgiu na internet, ontem, um novo pôster do aguardado (por alguns) filme do Superman, O Homem de Aço, dirigido por Zack Snyder e que estréia nos EUA em junho de 2014, e aqui no mês seguinte. No pôster, que podemos ver ali entre o título e o começo desse texto, vemos um Superman algemado andando entre militares que dão toda a pinta de o estar prendendo.
"Ora", tu deve estar pensando, "Mas o Superman poderia facilmente romper tais grilhões, e tanto ir embora levando chumbo dos milicos até eles estarem sem balas sem nem mesmo sentir cócegas, quanto dar uma tunda em todos eles ao mesmo tempo...". E é verdade. A força mais do que hercúlea do Superman, aliada à sua super velocidade, e sua invulnerabilidade, lhe permitiriam fazer tudo isso. Mas quem conhece o personagem além do seu (vasto) arsenal de poderes, sabe que o Superman jamais faria semelhante coisa. Simplesmente não seria um comportamento digno do Homem do Amanhã.
Certamente alguém dirá que o Último Filho de Krypton, com sua moral de escoteiro e conduta ilibada é, na verdade, um tremendo chato.
Qual o sentido de poder fazer o que quiser, e escolher, conscientemente, não fazê-lo? Por que alguém que pode salvar o mundo, que sabe como salvar o mundo, escolhe apenas ajudar e orientar quase à distância, sem jamais causar impacto verdadeiro maior do que salvar alguém aqui, ou impedir um plano de destruição global particularmente exótico, acolá?
Outros poderão se apoiar na teoria de Quentin Tarantino, exposta pelo personagem Bill, de Kill Bill volume II, de que o Superman despreza a humanidade, e usa Clark Kent para dar voz à uma crítica espinafrante ao povo de seu planeta adotivo. "Você são fracos, covardes e falhos. Eu me travisto como um de vocês, ando entre vocês com um disfarce tão ridículo que apenas a imbecilidade ímpar de sua raça torpe faz com que funcione. Eu mantenho meu verdadeiro eu à distância, para impedir que a pequenez de cada um de vocês, pessoinhas vis, acabe me afetando."... Não é lá um retrato muito simpático do primeiro dos super-heróis, mas tem seu sentido se olharmos por certo aspecto. Vou inclusive confessar que, quando comecei a idealizar esse texto, era o que eu tinha em mente:
Espinafrar a humanidade usando o Superman como símbolo do desprezo pela humanidade. Mas conforme fui despejando as letras na tela, fui me flagrando de que o Superman que eu conheço não é um sujeito intolerante e beligerante que odeia todo mundo. Tampouco um néscio que prefere não fazer diferença.
O Superman é alguém que ama a humanidade, e especialmente ao mundo, mas o faz com certa condescendência. Mais ou menos como um adulto tranquilo faria com uma criança arteira. Essa visão fica flagrante no texto de Jor-El, do filme de 1978:
"-Eles poderiam ser um grande povo, Kal-El. Desejam sê-lo. Falta-lhes apenas a luz para mostrar o caminho. Por essa razão acima de todas as outras, por sua capacidade para o bem, eu lhes envio você. Meu único filho."
O Superman não está aqui para influenciar diretamente a humanidade. Não é sua prerrogativa, como um visitante que colhe, na forma da radiação de nosso sol amarelo, os frutos de viver entre nós, dominar o mundo e impôr sua visão.
Ele é um farol de moralidade, mostrando no horizonte que há um caminho melhor, mais correto, a ser seguido.
E por isso eu acredito que a sequência do pôster, deve terminar com o Superman explicando suas razões e motivos para alguém, e então, uma vez compreendido, rompendo as algemas como poderia ter feito desde o início.
Acho que essa visão se mostra a mais acertada quando percebemos que os outros dois vieses de interpretação do Superman, são demasiado humanos. Todos nós sentimos raiva da humanidade. Todos nós desprezamos uma, mil, ou todas as pessoas da Terra.
Ao mesmo tempo, todos nós, em algum momento, poderíamos ter aquilo que mais queremos. E por A ou B, abrimos mão disso. É por isso que o Superman deve viver, não no meio termo entre uma coisa e outra. Mas acima.
É o lugar onde faróis devem estar.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Rapidinhas do Capita


Para os fãs de James Bond, o canal TCM está passando todos os filmes até o fim da fase Brosnan, dois por dia, em homenagem aos cinquenta anos da franquia do espião nos cinemas. Pra quem tem curiosidade de ver George Lazenby como 007 em Á serviço de Sua Majestade, ou acompanhar o processo que transformou Bond em palhaço na fase Moore, ou apreciar a verdade imperturbável de que, depois de Connery, o melhor James Bond foi Timothy Dalton, esse é o momento. Começa hoje com, claro, 007 Contra o Satânico Dr. No.

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Meu adeus ao estádio Olímpico, antiga casa do GFPA que ontem teve seu último jogo e será, em breve, demolida pela OAS.
É provavelmente o segundo estádio onde eu mais tive alegrias, atrás apenas do Beira-Rio. Vou sentir falta do salão de festas Colorado, que merecia melhor despedida do que aquele gre-Nal morno e que o Internacional venceu por pontos, já que bateu muito mais.

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Repita mil vezes que está fazendo a coisa certa. E então repita outras mil.
E você terá tentado se convencer duas mil vezes de alguma coisa.
...Provavelmente sem sucesso.

Raquel Welch, Pterodáctilos e presentes devolvidos


Era sábado. Dia feio, muito nublado. Acordou, o Renato, caindo de sono e com o cérebro dando a impressão de estar passando por um processo de derretimento, tamanha a nevralgia que ele sentia. Aquelas dores de cabeça eram comuns, mas andavam mais frequentes e intensas na última semana.
Ele se vestiu de qualquer jeito, apanhando qualquer camiseta do armário, o que, vamos ser francos, era mais ou menos o que o Renato sempre fazia... E foi trabalhar.
Chegou tarde ao serviço. Chovia. Achou por bem encerrar mais cedo o expediente. Chegou em casa cedo, e se deparou com algo que não devia estar lá.
Tomou banho. Almoçou. Recuperou-se do choque. Distraiu-se à tarde até por volta das seis. Logou-se à internet, abriu sua caixa de e-mails, e se deparou com algo que partiu-lhe o coração, já bastante prejudicado.
Passou uma noite razoável, tentou, francamente, se divertir, e falhou francamente. Conversou, porém. Manteve-se atento. Lutou para não repetir o desempenho social do final de semana anterior, quando pareceu um cadáver ambulantes entre amigos.
Voltou pra casa, o Renato, chegou tarde. Ligou a TV, e Raquel Welch, linda de morrer caracterizada como uma mulher das cavernas com os cabelos esmeradamente escovados e vestida com um biquíni de peles revelador na medida, enfrentava uma gigantesca tartaruga ante-diluviana em Um Milhão de Anos Antes de Cristo. Renato assistiu um pouco, divertindo-se com a precariedade e o absurdo da produção, e, claro, com a bela estampa da Raquel.
Foi, talvez, por ter alguma tendência masoquista que o Renato se logou novamente na internet. E após entrar nos sites em que automaticamente entrava ao viajar pela web, procurou no Youtube uma música infantil, que ouviu com lágrimas nos olhos, e cacos saltitando dentro do peito.
"Maldito sábado", pensou Renato antes de resolver dormir para acabar de vez com aquele dia, ignorando o fato de que o seguinte, prometia mais do mesmo.