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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Resenha Cinema: Kick-Ass 2


Três anos se passaram desde que, em uma tarde gélida de Porto Alegre eu fui até o cinema e assisti Kick-Ass - Quebrando Tudo, filme dirigido por Matthew Vaughn adaptando o quadrinho Kick-Ass, de Mark Millar e John Romita Jr.
Kick-Ass - Quebrando Tudo, estrelado por Aaron Johnson, Nicolas Cage, Chloë Grace Moretz e Christopher Mintz-Plasse era um filme divertidíssimo, ultra violento, cômico, e que fez, nos cinemas e no home-vídeo, uma carreira decente o bastante para ganhar uma sequência.
Kick-Ass 2, baseado na mini-série em quadrinhos de mesmo título, e na mini Hit-Girl, retoma de onde o primeiro parou.
Após a morte de Big Daddy (Nicolas Cage) e do mafioso Frank D'amico (Mark Strong), a Hit-Girl Mindy Macready (Moretz) e o Kick-Ass Dave Lizewski (Johnson) abandonam o combate ao crime e tentam levar uma vida normal como alunos do ensino médio.
A menina, agora tutorada pelo ex-parceiro de seu pai na polícia, Marcus Willians (Morris Chestnut), obviamente tem mais dificuldades nesse expediente, uma vez que treinou a vida inteira para ser uma máquina assassina do bem, mas também é difícil para Dave abandonar o traje e os porretes de Kick-Ass, especialmente quando o fenômeno dos vigilantes uniformizados cresce sem parar em Nova York graças ao pontapé inicial dado por ele.
Mindy e Dave treinam juntos em segredo até ela ser descoberta por Marcus, e prometer ficar fora da vida de super-herói.
Isso, porém, não arrefece as disposições de Dave. De volta às ruas ele encontra o Doutor Gravidade (Donald Faison, o Turk, de Scrubs), outro auto-proclamado herói, que o leva até o Coronel Estrelas e Listras (Jim Carrey), o organizador e líder da Justiça Eterna, o primeiro super-grupo do mundo.
Ao lado da dupla Lembrem-se de Tommy, do Homem-Inseto, do Batalheiro e da Vadia Noturna (Lindy Booth, que podia ganhar prêmio na categoria corpo gostoso e cara esquisita) eles começam uma cruzada contra o crime.
A questão é que, enquanto os mocinhos se unem em uma parte, em outra, Chris D'amico (Mitz-Plasse), ex-Red Mist, vendo o sucesso da iniciativa heroica, decide tornar-se o primeiro super-vilão do mundo, o Motherfucker.
Armado com a grana da família, sua própria nerdice, e com o auxílio de Javier (John Leguizamo), seu braço direito, o Motherfucker une uma liga perversa recheada de criminosos que se tornam super-vilões como Genghis-Carnage, o Tumor, Morte Negra e Mãe Rússia (A fisiculturista Olga Kurkulina, assustadora).
O Motherfucker planeja se vingar de Kick-Ass pela morte de seu pai, e essa vingança que coloca a liga do mal em rota de colisão com a Justiça Eterna, pode, mais do que acabar com Kick-Ass, matar Dave Lizewski, a menos que ele consiga tirar a Hit-Girl da aposentadoria precoce para ajudá-lo.
É ótimo.
Kick-Ass 2, além de muito divertido, movimentado e colorido consegue uma proeza que poucas sequências alcançam, realmente desenvolve seus personagens criando novos conflitos que evoluem os dilemas da fita anterior. Isso se deve tanto ao roteiro e à direção do longa (ambos de Jeff Wadlow, sobre o trabalho de Millar) quanto ao talento do elenco principal, em especial, claro, Chlöe Grace Moretz (Numa idade em que está velha demais pra gente querer como filha, mas jovem demais pra gente querer casar), que rouba todas as cenas, tem as melhores sequências de ação, e que é quem lida com as mudanças mais profundas já que, além de deixar de ser uma vigilante em tempo integral para se tornar uma menina normal do high school, deixa de ser criança para se tornar uma adolescente, com direito a explosões hormonais de rachar o bico.
Aaron (agora) Taylor Johnson também está bem, continua sendo um guri engraçado, Christopher Mintz-Plasse está hilário como o Motherfucker, e é dono dos momentos mais engraçados do filme com folgas, destaca-se também John Leguizamo, como o capanga boa-gente Javier, e Jim Carrey, ótimo como o Coronel Estrelas e Listras, repetindo o bom desempenho de Nicolas Cage no primeiro filme e se divertindo a valer enquanto interpreta um tipo muito particular de bad-ass a despeito da epifania pacifista que o fez não participar da divulgação do filme.
Segurando a peteca entre a ação, a comédia e até um pouco de drama, Kick-Ass 2 voa ligeiro nos seus pouco mais de cem minutos, se candidata a melhor adaptação de quadrinhos de um ano com Superman e Homem de Ferro nas telonas e deixa a gente com gostinho de quero mais. Custa sonhar com um Kick-Ass 3 tão bom quanto?

"-Nós devíamos ser uma dupla como Batman e Robin.
-Ninguém quer ser o Robin.
-Você era tipo o Robin do Big Daddy.
-O Robin queria ser eu..."

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Desculpe a Frieza...


Ele se sentou na cadeira. Se encostou brevemente, então se remexeu uma vez. Duas, três, até parecer ter encontrado uma posição. Olhou pra frente, tomou fôlego:
-Eu não sou uma pessoa fácil. - Disse ele. -Nunca disse que era. Nunca fingi ser. Sempre assumi de antemão que sou, sim, cheio de manias, de defeitos, de falhas de caráter... Eu erro. Eu piso na bola. E ajo mal que nem todo mundo. Talvez um pouco mais do que a maioria, mas enfim... É do jogo. São mazelas de ser humano, por mais que eu quisesse ser alguma outra coisa. Quando isso acontece, quando eu faço uma basteira, quando eu ferro tudo, eu reconheço, peço desculpas, e é tudo o que eu posso fazer além de me policiar para não errar mais no futuro, ou, pelo menos, não errar igual. Não é lá muito reconfortante, admito, mas é o que a casa oferece, conforme eu deixo bastante explícito desde sempre.
Se ajeitou na cadeira. Descruzou a perna, apoiou os cotovelos sobre as coxas. Continuou:
-Eu imagino que não é fácil. Imagino que deva ser complicado conviver, ainda que pouco, com alguém assim. Deve ser uma coleção variada de frustrações e decepções consideráveis, e por isso, eu lamento. Lamento porque sou um sujeito de disposições tortas. Lamento porque sou uma criatura excessivamente transparente nos meus maus humores e opaco em demasia nos meus bons momentos. Lamento porque tenho uma tendência severa a deixar pra lá tudo aquilo que considero de pouca importância e levar à ponta de faca as coisas que considero essenciais. E aqui, abro um parêntese pra te fazer um elogio. Toda a vez que eu me indisponho ou me magoo contigo, é um temporal. E isso mostra o quanto eu te considero importante. Sei, claro, que isso não arrefece os desgostos pelos quais te fiz passar. Sei, também, que foram muitos e muito pesados, reconheço.
Endireitou-se, deixando as costas retas. Espalmou as mãos sobre os joelhos:
-Eu reconheço meus defeitos. Todos eles. Mas é assim que é. Quando eu estou triste, me emburro. Quando estou magoado, não sei parecer bem. Não sei fingir sorrisos quando estou com raiva ou triste, lamento. Da mesma forma, quando sou tratado com frieza ou com distância, me afasto. Dou espaço, dou tempo, saio de perto. Meus sentimentos não são repletos de variação. Se eu amei ontem, te garanto que ainda amo hoje e que continuarei amando amanhã, e talvez, por isso, mesmo, eu não entenda a inconstância. Eu não sei como agir quando sou destratado num dia, e acariciado no outro, levo um tempo para me adequar às mudanças climáticas, por assim dizer.
Então, me desculpe a frieza, não é falta de apreço, apenas de compreensão.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Rapidinhas do Capita


Mas, ah! Saiu o trailer de X-Men - Dias De Um Futuro Esquecido, novo filme da franquia mutante da Marvel/Fox que vai misturar os universos da trilogia X-Men com o de X-Men - Primeira Classe, sob a batuta de Bryan Singer, que teve o dedo nos melhores X-Filmes que saíram.
A ótima prévia de pouco mais de dois minutos mostra o futuro da raça mutante, periclitante sob as garras da ameaça dos Sentinelas, mostrando Omar Sy como Bishop e participações de vários veteranos da trilogia X-Men como Anna Paquin (Vampira), Shaw Ashmore (Homem de Gelo), Ellen Page (Lince Negra), Halle Berry (Tempestade), além de Hugh Jackman (Wolverine), Ian MacKellen (Magneto) e Patrick Stewart (Professor Xavier), e explica que Logan, será enviado ao passado dos Mutantes onde deve encontrar as versões jovens de Xavier, Magneto (James McAvoy, Michael Fassbender) para que eles se unam e impeçam o apocalipse mutante que se avizinha.
Ainda com as participações de Mística (Jennyfer Lawrence), do Fera (Nicholas Hoult) e da ameaça de Bolivar Trask (Peter Dinklage) o trailer arrebenta.
Confere, aí:



Em poucas palavras?
Foda pra caralho.
Devia ser proibido fazer filme dos X-Men sem o Bryan Singer estar envolvido. Simples assim.
"-Eu era um homem muito diferente. Encontre-me. Guie-me... Seja paciente comigo.
-Paciência não é o meu forte..."

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Mas olha que maneiro o que saiu no latino-review.com:
Ben Kingsley, disse, semana passada, que estava envolvido em um projeto secreto com o Marvel Studios, pois segundo o site de informação e cultura pop norte-americano, o projeto em questão seria um One-Shot, aquela série de curta-metragens da Marvel que geralmente acompanham os Blu-Rays dos filmes da empresa e que já tiveram versões estreladas pelo agente Coulson, por Peggy Carter e por uma arma Chitauri da invasão de Os Vingadores usada por humanos em crimes comuns.
Enfim, no projeto em questão, o curta com o oscarizado ator britânico, os personagens de Homem de Ferro 3, Trevor Slattery (Kingsley) e Aldrich Killian (Guy Pearce), entrariam no radar de ninguém menos que o verdadeiro Mandarim!
Isso mesmo, o verdadeiro vilão estaria enfurecido por ter sua identidade e legado manchados pela zombaria de Killian e Slattery, e iria querer acertar os ponteiros com os dois.
Agora, isso seria muito maneiro...
Como eu já disse na Rapidinha do dia 24/10, é uma tremenda ideia pra um futuro filme do Homem de Ferro, ou mesmo dos Vingadores dependendo do enfoque que o vilão fosse receber.
E após ver o quão ameaçador Kingsley era como o Mandarim nas seus vídeos em Homem de Ferro 3, fica a expectativa de que o ator pudesse voltar ao papel e botar pra foder.

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A Panini quer me levar à falência.
Sai ainda este mês a versão definitiva de O Reino do Amanhã, encadernação da mini-série espetaculosa lançada em 1996.
Escrita por Mark Waid e ilustrada por Alex Ross, a história narra um futuro alternativo do universo DC, onde os heróis tradicionais se recolheram ao ostracismo enquanto o mundo é vigiado por uma nova geração de vigilantes casca-grossa.
A versão com mais de cem páginas de extras custará R$ 89,00 e estará disponível em livrarias.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Resenha Game: Batman - Arkham Origins


Foi tudo culpa da Rocksteady.
Foi o estúdio inglês, aliado ao gênio criativo de Paul Dini que gerou um monstro chamado Batman - Arkham Asylum.
O game de 2009 levou às mãos de todos os gamers e fãs de quadrinhos do mundo a mais sensacional versão interativa do Batman que o mundo já vira até então.
O game foi um hit absoluto entre fãs e não-fãs de quadrinhos, laureado com diversos prêmios, e tornou a tarefa de criar jogos de super-heróis indigesta para todos os estúdios desenvolvedores dali por diante.
Pra piorar, em 2011 a empresa voltou à carga, e pariu o monstruoso (no bom sentido) Batman - Arkham City, que ampliava o escopo de Arkham Asylum em todos os aspectos deixando fanboys com lágrimas nos olhos a cada curva do caminho.
Sim. A série Batman - Arkham era a quintessência do que um game de super-heróis deveria ser, mostrando o respeito e o carinho dos desenvolvedores pelo personagem e todo o seu universo, aos quais souberam entender como nenhuma outra empresa fizera antes, e pelos fãs, que finalmente se viram numa posição em que podiam dizer, com todas as letras, que eram a noite.
Sabendo como os dois games da série Batman - Arkham eram sensacionais, não era de surpreender que os fãs tenham ficado com o pé atrás com relação ao inevitável terceiro capítulo da saga quando foi divulgado que Paul Dini e a Rocksteady não estariam envolvidos com o game.
Ao invés disso, o jogo ficou por conta dos estúdios da Warner Bros. Games Montreal, divisão da Warner Bros. Interactive Entertainement . Não que a desenvolvedora fosse "verde" em se tratando dos games do morcego. Foi esse o estúdio responsável por Batman - Arkham City: Armored Version, lançado para o Wii-U, a partir do game original da Rocksteady, então, os sujeitos tinham background no assunto. Além disso, como uma divisão da Warner, teriam acesso a escritores e roteiristas que entendessem do riscado, e, afinal de contas, depois de dois games espetaculosos, era difícil errar a mão, bastava não fazer cagada.
E, após jogar Arkham Origins por duas madrugadas quase inteiras, posso dizer que a WB Games Montreal não fez cagada.
Mas foi basicamente só o que o estúdio fez: Evitar a cagada.
Arkham Origins mostra um Batman jovem, recém iniciando sua carreira como vigilante mascarado, após cerca de dois anos de combate soturno ao crime, Batman ainda conta com o status de lenda urbana para a opinião pública, muitos bandidos ainda o consideram apenas uma superstição e a polícia afirma que ele não existe, embora investigue suas atividades sem a certeza de que se trata de um único homem, ou vários e existam ordens para detê-lo assim que for identificado.
É nesse contexto que, na véspera do Natal, o gângster Máscara Negra elabora um plano para dar cabo dessa nova ameaça ao status quo da corrupta e decadente cidade de Gotham City:
O bandido oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares pela cabeça do Homem-Morcego, e convoca alguns dos mais perigosos assassinos do mundo para fazer o serviço e clamar o pagamento.
Como é praxe na série, isso coloca o cruzado encapuzado numa espiral de eventos interligados que o farão passar por uma noite infernal lutando por sua sobrevivência.
Pois bem... Arkham Origins está longe de ser um mau game.
Não é, é muito bom. As mecânicas funcionais de Arkham Asylum e City estão todas lá, mantidas incólumes, como o espetacular sistema de combate, os gadgets do cinto de utilidades, e as capacidades investigativas do maior detetive do mundo (Essas aliás, recebendo uma melhoria em relação aos jogos anteriores), o problema é que a WB não consegue repetir o apuro técnico aos mínimos detalhes da produtora anterior.
Há, por exemplo, pequenas falhas de renderização, e profundidade, e a cidade simplesmente não é tão bonita em Origins quanto era em Asylum e City.
Além dessa questão na parte gráfica, que vá lá, não é primordial, existe uma questão mais grave:
O roteiro.
Arkham Origins não é nem de longe tão grave e imersivo quanto seus antecessores. O entredo do game não é urgente como o de Arkham Asylum e especialmente de Arkham City (Sim, Paul Dini faz muita falta), e os chefes de fase são, em sua maioria, mornos se comparados à bandidagem cascuda que já deu as caras na série anteriormente. Pra piorar há decisões que são simplesmente imperdoáveis como reutilizar o vilão Crocodilo (Killer Croc) com um visual totalmente diferente dos outros games, e em confrontos que não são, nem de longe, comparáveis ao duelo de Arkham Aylum, provavelmente o mais tenso do game.
Por outro lado, se a WB Montreal cometeu equívocos na realização do game, há também boas sacadas.
Pra versão brasileira do jogo, por exemplo, a dublagem é digna de nota.
Como Arkham Origins mostra um Batman novato, Kevin Conroy, legendário dublador do personagem (infelizmente) não está na versão em inglês do game com sua voz de tenor, tendo sido substituído por Roger Craig Smith, uma perda e tanto.
Para amainar a dor dos brasileiros, na versão em português, o elenco de dublagem do game é o mesmo dos filmes da série Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan, com Ettore Zuim como Batman e Márcio Simões como Coringa, uma boa ideia dos produtores da versão nacional, embora Guilherme Briggs, como Bane, seja de doer.
O roteiro, apesar dos pesares, tem algumas boas tiradas conforme a trama se desenvolve, e as várias missões paralelas, o retorno do sistema de desafios (incluindo uma versão com cenários para o Exterminador, um dos antagonistas do game), e até a inserção de um modo multiplayer, são todas aquisições interessantes que somam para a experiência Arkham Origins, ainda assim, embora seja um bom game de super-herói, ele perde feio na comparação com os games anteriores.
Aparentemente faltou colhão à WB Montreal pra assinar o game, que carece de personalidade mais do que de qualidade.
Ainda assim, vale a compra, e aí, faça o seguinte: Jogue Arkham Origins, Arkham Asylum e Arkham City na sequência cronológica, e não na ordem de lançamento. Assim as coisas devem ficar mais equilibradas, e o caçula da família não faz tão feio.
Volta Rocksteady! E que venha o "Arkham World".

"-Você não é um vigilante veterano! Você é um jovem com um fundo de investimento e muita raiva!
-Eu sou a razão pela qual os criminosos de Gotham respiram aliviados quando o sol nasce."

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Medo e Vergonha



O professor desceu a lomba a passos rápidos e hesitantes. Parou em frente ao prédio, uma casa de três pisos à margem da calçada de uma insuspeita rua residencial tranquila nos limites do centro da cidade, respirou fundo e tocou a campainha.
O breve período entre o soar da sineta e o ruído da porta sendo destrancada por dentro, breves segundos, bastaram para ele pensar em ir embora.
"Não tem ninguém. Estão todas ocupadas".
Mas, o tempo foi demasiado curto para ele empreender sua fuga, logo após o ruído da fechadura, a porta se abriu e um rapaz moreno, com os cabelos raspados na lateral e alisados no alto da cabeça surgiu.
-Pode entrar. - Disse, amigável.
O professor hesitou brevemente, mas, termendo que alguém o visse na entrada da casa, e soubesse de que se tratava o endereço, resolveu entrar logo.
Adentrou o prostíbulo olhando em volta como se fosse um negro invadindo de penetra uma festa da Ku Klux Klan.
O ambiente não tinha nada de assustador ou fetichista. Era apenas uma sala de estar contígua a um estreito hall de entrada. O piso, de parquê marfim, fê-lo lembrar da casa da avó. O sofá de couro branco desgastado não parecia um convite ao pecado, e a música, Ryhanna entoando Only Girl em altíssimo volume, não era nada de muito diferente do que ele estava acostumado a ouvir saindo dos MP3 players dos seus alunos.
O rapaz, muito solícito, perguntou se ele tinha marcado com alguma menina.
-Não... Não marquei nada com ninguém. Se não tiver ninguém disponível eu volto outra hora... - Disse o professor, virando as costas em direção à porta de saída.
Foi, porém, detido pelo rapaz que o recepcionara:
-Não, não... Têm meninas disponíveis. E rapazes... O senhor quer ver rapazes ou meninas?
O professor ficou olhando pra ele um instante, decidindo se deveria sentir-se ofendido, ou não.
-Meninas. Só meninas. - Disse em um balbucio.
O rapaz se prontificou a guiá-lo até a suíte. Um quartinho de dois por dois metros com um pequeno banheiro contíguo. Havia uma cama de casal coberta com lençóis emulando a pelagem das zebras, um criado-mudo sobre o qual repousavam lenços umedecidos, preservativos, lubrificantes à base d'água e acessórios eróticos diversos e um televisor preso à parede onde um homem e uma mulher realizavam uma performance sexual típica dos filmes pornográficos: Acrobática, explícita, e minimamente erótica.
O rapaz voltou após alguns minutos dizendo:
-A Rainha já vem, se o senhor quiser, pode ir tomando banho. - E largou uma toalha enrolada sobre a cama.
O professor ficou apreensivo. "A Rainha"? Como assim "A Rainha? Qual Rainha? Ficou pensando na rainha da Inglaterra, a Elizabeth, e não gostou da imagem mental. Depois pensou na Helen Mirren, e aí se animou. A Helen Mirren é extremamente sexy. Tomou banho, teve cuidado especial em lavar as partes íntimas. Após o banho, secou-se e começou a vestir as roupas até dar-se conta de que não precisaria delas no que estava por vir. Andou nu até a cama e sentou-se, olhando o filme pornográfico que passava na TV.
Sentiu-se envergonhado de toda a situação. Ele, um homem adulto, um educador, ali. Nu em um lugar desconhecido, prestes a trocar dinheiro por alívio sexual com uma desconhecida completa que obviamente não se sentia nem remotamente excitada por ele. Que tipo de pessoa ele havia se tornado?
Na verdade, que tipo de pessoa o divórcio o havia tornado?
Antes de sua esposa e ele terminarem um relacionamento de anos ele jamais teria se sujeitado à quilo. Jamais teria ido para a internet em uma janela de navegação anônima do computador do serviço pesquisar prostitutas nas imediações de seu local de trabalho. Jamais.
Ele não era assim. Era um bom homem. Um homem correto, respeitador, educado, razoavelmente inteligente e bem informado.
Além disso era um sujeito romântico. Que gostava dos pormenores da relação homem-mulher. Que sentia prazer no flerte, na ostentação do sentimento, no dormir abraçadinho, nas preliminares e em dar prazer à mulher a quem amava tanto quanto no ato sexual em si.
E agora... Agora, por solidão... Por despeito, talvez, ali estava ele, prestes a manchar a si próprio, a pessoa que era, em nome de trinta minutos de prazer carnal?
Não parecia certo. Não parecia correto. Não parecia algo com que ele pudesse conviver.
Resolveu desistir da perfídia vespertina que se avizinhava.
Levantou-se da cama e pôs-se à vestir as cuecas. Foi quando a porta se abriu.
O professor, antes de se virar, já começara a ensaiar o discurso de desculpas. Ao terminar de vestir a roupa de baixo, encarou quem acabara de entrar. Uma morena quase da sua altura, cabelos negros encaracolados que chegavam ao meio das costas. Cintura fininha, seios do tamanho certo para suas mãos, pernas quilométricas, vestindo um conjunto de lingerie rendada púrpura e negro transparente deixando todas as partes certas parcialmente à mostra no lusco-fusco do quarto.
Ela deu oi, e imediatamente se virou, tirando a calcinha e o sutiã, não teve jeito. O corpo respondeu à visão, e toda a sua determinação se esvaiu com o sangue que lhe abandonou o cérebro da se alojar temporariamente mais ao sul de seu corpo.
"Pro inferno com as convenções sociais", pensou. "Essa é só uma transação financeira igual a qualquer outra", "ela e eu somos adultos e, de comum acordo, aceitamos essa situação e essa breve conjunção carnal"... Todas essas conjecturas lhe passaram pela cabeça na fração de segundo entre a visão da bunda da jovem e o momento em que ela se virou novamente para ele e após olhá-lo brevemente, fechou um olho e perguntou:
-Tu não é professor?
Ele engoliu em seco e perguntou:
-Tu é minha aluna?
-Não - Ela respondeu, rindo. -Mas te achei com cara de professor de português.
Uma onda de alívio, somada a uma brochada épica. Mesmo com aquela mulher linda, nua, a pouco mais de um metro dele, o cagaço fizera seu serviço.
Disparou o discurso de desculpas, que aquele não era ele, que ela era muito bonita mas ele não podia fazer aquilo, se ficava devendo alguma coisa pelo banho que tomara... Ante a compreensão da jovem, terminou de se vestir, juntou seus livros e saiu do puteiro com a honra razoavelmente intacta e uma certeza:
Quando a fibra moral da vergonha faltar, sempre se pode contar com o medo.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Trailer de Capitão América 2 - O Soldado Invernal

E saiu o trailer completo de Capitão América 2 - O Soldado Invernal.



A prévia de cerca de dois minutos e meio mostra muita pancadaria, explosões, conspirações governamentais nos mais altos escalões da SHIELD, além de uma sugestão de flerte com a Viúva Negra e uma sugestão dos problemas de Steve Rogers para se encaixar no mundo novo onde despertou após décadas no gelo.
Pode-se ver Robert Redford como o novo manda-chuva da SHIELD, Samuel L. Jackson na pele de Nick Fury, Scarlett Johansson como uma Viúva Negra recém saída do cabeleireiro e Anthony Mackie em ação com as asas do Falcão e até Frank Grillo sem a máscara do Ossos Cruzados, embora nenhum sinal de Emily VanCamp como a Agente Treze ou de Georges Saint Pierre como Bartoc, o Saltador...
Prematuro dizer qualquer coisa a respeito do filme, mas parece divertido.

Rapidinhas do Capita


Olha só que maneiro. A produção de O Espetacular Homem-Aranha 2 começou a divulgar o filme com mais vontade através do tumblr do Clarim Diário.
A página é cheia de referências aos acontecimentos do filme anterior, incluindo aí notícias a respeito do julgamento de Curt Connors, o Lagarto (Rhys Iffans), as flutuações das ações da Oscorp na bolsa de valores (Em alta mesmo após os acontecimentos do primeiro filme), a reação da população à ameaça super-humana, a abordagem da polícia ao crime organizado após a morte do capitão Stacy... Enfim, uma porção de pílulas de informação para situar a audiência ao mundo do herói aracnídeo no período entre os dois filmes.
Mais bacana do que isso, só as pequenas menções a personagens dos quadrinhos embutidas nessas pequenas matérias. O julgamento de Curt Connors, por exemplo, é coberto por Ned Leeds, Joy Mercado cobre a área financeira, falando sobre os avanços da divisão de robótica da empresa, encabeçada por Spencer Smythe e a pesquisa de um aparato voador sendo desenvolvido para o exército, enquanto Kate Cushing escreve a matéria sobre a polícia de Nova York, incluindo aí uma declaração do detetive Stan Carter.
Quem quiser ver essas e novas notícias que devem surgir até o lançamento do filme pode ir até o site dar aquela olhada. Tudo em inglês, claro:

http://thedailybugle.tumblr.com/

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E enquanto a gente começa a contagem regressiva pra Thor 2 - O Mundo Sombrio, com Chris Hemsworth já pedindo o Ragnarok no terceiro filme e Tom Hiddleston dançando na Coréia, Capitão América 2 - O Soldado Invernal ganha um novo pôster em preparação para o trailer do filme que deve sair hoje.


Enquanto Thor 2 - O Mundo Sombrio, dirigido por Alan Taylor estréia em 1° de novembro no Brasil, Capitão-América 2 - O Soldado Invernal, dirigido por Nick e Joe Russo, estréia em 11 de abril de 2014 e terá sua primeira prévia divulgada hoje, às duas da tarde.

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E o Ben Kingsley?
O ator britânico que interpretou o Mandarim em Homem de Ferro 3 disse que está trabalhando em um projeto secreto com a Marvel.
Atenção, se tu ainda não assistiu Homem de Ferro 3, não continue lendo, vou distribuir uns spoilers...
Kingsley fez fãs fervorosos do super-vilão chinês engasgarem de ódio e torcerem os narizes ao interpretar Trevor Slattery, um ator beberrão e narcoléptico que fingia ser o Mandarim para Aldrich Killian (Guy Pearce), o verdadeiro vilão do filme.
Pois bem, seria esse "projeto secreto", uma reviravolta na vida do ferroso com Kingsley interpretando o verdadeiro Mandarim?
Há algumas pistas nos três filmes do Homem de Ferro que apontam nessa direção. Entre elas o fato de A Irmandade dos Dez Anéis do primeiro longa não ter nada a ver com a operação de Killian no terceiro, o fato de Trevor admitir ter feito algumas cirurgias plásticas para incorporar o Mandarim (Cirurgias pra se parecer com alguém, talvez?), e de onde Killian tirou recursos pra deixar de ser um cientista escroto mendigando atenção em 2000 para se tornar um puta empresário fodelão do submundo em 2013?
Poderia ser uma boa forma de remediar o que ficou com cara de um puta desperdício de um baita de um vilão na terceira incursão solo de Tony Stark na telona.

Cronologias...


Vinha andando pela Washington Luiz, guarda-chuva sob do braço, o céu carregado acima de si, prenunciando o temporal, e pensando se ainda haveria tempo para levar seu cachorro para dar uma voltinha antes que o mundo desabasse como fizera durante o dia inteiro nas cercanias da metrópole.
Andava ouvindo o ruído de seu tênis a chapinhar na água empoçada nas depressões da judiada calçada e o eventual som dos carros a trafegar no que era uma das mais tranquilas ruas do Centro.
Acabara de passar em frente à casa de uma moça com quem saíra pouco tempo antes e de quem, por mais bonita, maneira e exótica que fosse, ele não se arrependia de ter desistido, quando viu, andando na direção oposta, um homem.
Tinha cerca de metro e oitenta e cinco de altura. Talvez um e oitenta e quatro... Quiçá um e oitenta e seis. Os cabelos grisalhos estavam presos em um coque mal ajambrado na parte posterior de sua cabeça. Tinha uma barba rala, comprida e espetada sob o maxilar e o queixo, onde tornava-se pontuda, e era também rajada de branco. Ele usava óculos de grau com uma armação preta retangular que pouco faziam para esconder-lhe as fartas sobrancelhas, essas plenamente negras.
Tinha seus cinquenta e tantos anos. Talvez sessenta. E vestia uma calça jeans escura, uma camisa branca e um blazer preto. Nos pés calçava tênis brancos bastante judiados e que pareciam confortáveis barbaridade, e portava uma pasta de couro preta, não dessas pastas executivas, mas uma pasta sem alças, bastante cheia apoiada junto ao flanco esquerdo.
Havia algo de familiar naquele homem que atraiu sua atenção. Algo naquele rosto marcado, de pele muito branca com algumas rugas profundas ao redor dos olhos castanho-escuros... O que poderia ser?
Ele não sabia, ainda assim, não foi capaz de desviar o olhar do tal sujeito, que, ele então percebeu, também o encarava fixamente.
Estranhou o fato de não ter desviado o olhar, mas o sustentado, e perceber que o outro também fazia o mesmo.
Quando se cruzaram, o velho baixou os olhos e maneou a cabeça, seguindo seu caminho. O jovem parou a observá-lo, vendo-o se afastar andando com passos decididos, e apenas então, deu-se conta:
Aquele era ele.
Sim. Por surreal que pudesse parecer, aquele homem com quem dividira a calçada era ele daqui a alguns anos. Ele não sabia como, não sabia por que, mas tinha a certeza inabalável de que aquele homem era ele próprio em vinte ou vinte e cinco anos. Não chegou a formular teorias que explicassem tal prodígio tomando forma em um ponto qualquer do Centro de Porto Alegre. Não parou para admirar a beleza surreal de poder vislumbrar a si próprio na terceira parte da vida, nem para conjecturar o que estaria sentindo sua contraparte ao ver-se a si próprio aliviado do peso dos anos que agora os separavam. Não. Nada disso lhe passou pela cabeça. Tinha um único pensamento:
Deveria perseguir àquele homem e dizer que era ele próprio? Ele saberia? Ou ficaria tão chocado e estarrecido quanto estava sua persona contemporânea? Ele não tinha como saber. Não ousava deduzir que tipo de ocorrência ímpar firmara aquele encontro improvável, tampouco prescrutar as intenções de seu eu do futuro, mas ainda assim, tinha ganas de segui-lo e agarrá-lo pelo colarinho dizendo "Sou eu!", "Somos eu!". Mas e então? O que aconteceria? E se, ao se aproximar do homem notasse que não fora mais senão desatenção que o fizera tomar aquele desconhecido por uma encarnação futura de si mesmo? E se ao olhá-lo de frente após abordá-lo de forma impensada notasse que tudo não passara de uma ilusão de ótica?
Ou pior...
E se abalroasse o homem com sofreguidão, o chacoalhasse pela camisa e descobrisse que sim, era ele mais velho? E se fosse capaz de persuadi-lo a partilhar informações acerca dos dias vindouros e então ficasse sabendo que nada de bom lhe era reservado no futuro? E se descobrisse as tragédias que estavam por vir, as mazelas que seria incapaz de evitar, se agendasse as desgraças todas com antecedência, mas nada pudesse fazer para evitá-las? De que adiantaria estar ciente do malfeito sem que nada houvesse para impedi-lo de se concretizar?
Pois é assim com muitas das piores coisas da vida. Elas nos pegam de surpresa, e simplesmente nos deixam de mãos atadas. Seriam essas mazelas irremediáveis menos dolorosas se fossem sabidas de antemão? Ou então a vida seria nada, senão o intervalo entre um malefício e outro? Um sádico jogo de espera em que nada há o que se fazer exceto contar os dias entre uma desgraça e a seguinte?
Ele não sabia... Não tinha certeza, mas ainda assim, em um ímpeto, correu vinte metros atrás do outro.
Em sua mente uma única pergunta. Uma única pergunta sobre uma única pessoa.
Correu até o outro estar perto o suficiente para ser tocado se esticasse o braço, mas então, nesse ponto, deteve-se.
O mais velho, como que confirmando sua identidade, não se virou. Parou brevemente de andar, como se esperasse por alguma coisa, mas após um breve instante de hesitação, retomou sua caminhada. O jovem chegou a tomar fôlego para gritar uma pergunta, mas as palavras trancaram em sua garganta. E ele observou o velho andar sozinho até desaparecer numa esquinas alguns quarteirões adiante.
Rumou até em casa, saiu com seu cão, correram de volta pra casa antes que desabasse violenta chuvarada lavando a alma da cidade, tomou banho, e se esforçou o máximo que pôde para esquecer do encontro sinistro que vivenciara horas antes. Quase conseguiu quando falou com ela... Mal sabia ele, porém, que naquela conversa teria a resposta à pergunta que formulara ao velho.
E a certeza de que acabaria seus dias exatamente como a contraparte que encontrara naquela tarde:
Andando merecidamente sozinho até desaparecer.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Top-10 Casa do Capita -Filmes Esportivos

Entra ano, sai ano e se tem uma coisa que jamais deixa de dar as caras nos cinemas mundo afora são filmes baseados em esportes. De dramas pesados como A Luta Pela Esperança a bobagens completas como Escorregando Para a Glória, as histórias de superação envolvendo atletas de modalidades variadas sempre foram um prato cheio para Hollywood construir grandes cifras e grandes filmes.
Após assistir de novo a 42 - A História de Uma Lenda, e ainda sob o efeito do excepcional Rush - No Limite da Emoção, nasceu mais um infame Top-10 Casa do Capita, onde resolvi elencar o que seriam os meus filmes preferidos com temática esportiva.
À lista, pois:

10 - Homens Brancos Não Sabem Enterrar (Ron Shelton, 1992)


A divertidíssima sessão da tarde recheada de belas cenas de basquete urbano mostra Sidney Deane (Wesley Snipes), um jogador de basquete de rua do tipo "hustler". Ele aposta em suas partidas, trama pequenos golpes, e manja as putarias do jogo enquanto leva a vida da melhor maneira possível.
Quando é enganado por outro pilantra bom de bola, o branquelo Billy Hoyle (Woody Harrelson), Sidney percebe que, juntos, os dois têm a chance de dobrarem seus ganhos e se tornarem os donos das quadras de Los Angeles se conseguirem parar de brigar um com o outro.
Maneiríssimo.

9 - Campo dos Sonhos (Phil Alden Robinson, 1989)


Ray Kinsella (Kevin Costner), um fazendeiro que planta milho no Iowa começa a ouvir vozes em sua plantação. A mensagem diz "Se você construir, ele virá.".
Ray não sabe o que deve construir, e nem quem virá em decorrência disso, ainda assim, é perseguido por essa mensagem até que uma visão lhe faz entender que ele deve construir um campo de beisebol, que fará com que "Shoeless" Joe Jackson, legendário jogador do Chicago White Sox, um dos oito banidos no escândalo Black Sox, em 1919, venha jogar em seu campo.
A despeito de Jackson já estar falecido, Ray se põe a erguer o "diamante" em meio ao seu milharal, e o que advém dessa empreitada é algo pela qual Ray jamais poderia esperar.
Tocante em um momento, cômico em outro, o filme de Alden Robinson é uma prazerosa sessão de cinema que toca mesmo quem não faz ideia do que foi o Black Sox scandal e nem sequer suporta o esporte.


8 - Jerry Maguire - A Grande Virada (Cameron Crowe, 1996)


Jerry Maguire (Tom Cruise) tem tudo. É um agente esportivo de sucesso, com dinheiro, prestígio, uma bela noiva... Tudo muda, porém, após um incidente envolvendo um dos seus atletas, quando ele questiona a moralidade de seus métodos. Jerry escreve uma carta de intenções em forma de memorando, colocando as pessoas antes do dinheiro.
Essa nova filosofia não é lá muito bem recebida por seus colegas e superiores, e após ser chutado da agência onde trabalha com um único cliente, o jogador de futebol americano Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.) e sua secretária, Dorothy Boyd (Reneé Zellweger), Jerry precisa lutar para reconstruir sua carreira sobre as fundações de suas novas crenças em uma divertida e tocante jornada de aprendizado.
Uma das melhores atuações da carreira de Cruise, com a direção esperta de Crowe e um show à parte de Gooding Jr. que infelizmente jamais repetiu performance igual.

7 - Quando Sábado Chegar (Marie Giese, 1996)


Jimmy Muir (Sean Bean, num dos raros filmes em que ele não morre) é um beberrão que trabalha em uma cervejaria em Sheffield, na Inglaterra. Apaixonado por futebol, Jimmy tem talento, mas nenhuma disciplina para alcançar seu verdadeiro potencial.
Ao ser descoberto por um olheiro em uma pelada com seus amigos do pub, Jimmy ganha uma vaga em um time amador bem organizado, que culmina com o que pode ser sua grande chance, uma peneira no Sheffield United, entretanto, o alcoolismo e sua falta de responsabilidade, podem impedi-lo de realizar seus sonhos.
Não chega a ser uma pérola, mas é um competente drama esportivo com o esporte bretão usado de maneira competente como plano de fundo. Dá de 10 x 0 fora o baile em Gol.

6 - Seabiscuit - Alma de Herói (Gary Ross, 2003)


Em meio aos anos da grande depressão o povo dos EUA estava desesperado por sonhos aos quais se agarrar. Um deles foi o cavalo de corrida Seabiscuit.
Pequeno e manco, o cavalo é salvo de ser sacrificado pelo treinador Tom Smith (Chris Cooper), e comprado pelo fabricante de carros Charles Howard (Jeff Bridges), que investe nas corridas tentando se refazer após perder seu filho. Fechando a equipe, surge o jóquei Johnny "Red" Pollard (Tobey Maguire), parcialmente cego de um olho.
Juntos, esses três homens alquebrados e seu cavalo temperamental mostram à toda uma nação que mesmo dos lugares mais improváveis, um vencedor nato pode se erguer se tiver uma chance.
Drama bem dirigido, com elenco carismático e boas atuações, vale ter na estante.

5 - Menina de Ouro (Clint Eastwood, 2004)


Maggie Fitzgerald (Hillary Swank) é uma garçonete que sonha em se tornar uma boxeadora. A despeito de todas as mazelas de sua vida e de todas as dificuldades, Maggie recusa-se a desistir de seus sonhos, ela é uma batalhadora durona.
Mas ser duro não é o bastante, segundo o treinador Frankie Dunn (Eastwood), que tenta dissuadi-la de investir na carreira de pugilista e se recusa o quanto pode a ser seu treinador.
Eventualmente a tenacidade de Maggie acaba por dobrar o velho treinador, que toma a jovem sob sua tutela, e a ajuda a galgar os degraus da nobre arte até a chance de lutar pelo cinturão, onde uma tragédia pode barrar o caminho que Maggie sonhava trilhar, e arrancar Frankie de sua zona de conforto, apartado de todos os riscos verdadeiros.
Show de Swank, Eastwood e Morgan Freeman, todos indicados ao Oscar.

4 - Rush - No Limite da Emoção (Ron Howard, 2013)


A era de ouro da Formula retratada pela rivalidade entre o metódico austríaco Niki Lauda (Daniel Brühl) e o playboy britânico James Hunt (Chris Hemsworth), dois ases do volante com personalidades e estilos de pilotagem totalmente opostos, com uma única afinidade:
O amor pela velocidade.
Na temporada 1976 essa rivalidade alcança seu ápice quando os dois pilotos encontram-se dispostos a tudo para alcançar o ponto mais alto do pódio em um esporte onde cada homem entrava no cockpit sabendo que existia vinte por cento de chance de morrer antes da bandeirada final.
Adrenalístico drama esportivo dirigido com estilo por Ron Howard, com boas atuações ambientação nota dez e momentos de tensão de roer as unhas. Espetaculoso.

3 - Maldito Futebol Clube (Tom Hooper 2009)


Brian Clough (Michael Sheen) arrancou o Derby County das profundezas da segunda divisão do campeonato inglês e levou a equipe até o título da primeira divisão no ano seguinte amparado em seu brilhantismo, no conhecimento de seu amigo e parceiro Peter Taylor (Timothy Spall), e no seu ódio mortal por Don Revie (Colm Meaney), treinador do poderoso Leeds United, então a maior potência do futebol inglês.
O longa de Tom Hooper (O Discurso do Rei) mostra, então como foi que Clough ficou com o cargo de Revie após este ser escolhido para ser o novo treinador da seleção inglesa, e como se deu sua passagem relâmpago pelo comando do time.
Toda a elegância de Tom Hooper ilustrando de maneira divertida uma página de uma das grandes personalidades do futebol inglês. Obrigatório pra todo mundo que ama futebol.

2 - Rocky - Um Lutador (John G. Avildsen, 1976)


Rocky Balboa (Sylvester Stallone) é um lutador de boxe miserável que sobrevive cobrando dívidas para agiotas da Filadélfia enquanto espera pela sua grande chance com quase trinta anos.
Essa grande chance chega quando o campeão Apollo Creed (Carl Weathers) visita a cidade do amor fraterno e uma série de coincidências o leva a procurar um joão ninguém a quem dar uma chance de ouro.
O que deveria ser um espetáculo protagonizado por Creed se transforma em um combate violento à medida em que Rocky, se dedica de corpo e alma a treinar para a luta que pode mudar sua vida, e torná-lo, se não um campeão, alguém com algo de que se orgulhar.
Grande filme da vida de Sly Stallone, com tudo o que um grande drama esportivo deveria ter, exceto talento.

1 - Touro Indomável (Martin Scorsese, 1980)


Jake La Motta (Robert De Niro, genial), ex-campeão peso-médio de boxe relembra sua vida desregrada e a forma como seu temperamento explosivo e violento o levou a ser um monstro dentro dos ringues, onde esmigalhou adversários até chegar ao cinturão, e fora, onde aterrorizou sua família com seus ciúmes e sua paranoia injustificados.
Aula de Martin Scorsese, usando todos os artifícios que existem para mostrar a brutalidade de uma luta de boxe, show de De Niro, excepcional muito além das transformações físicas (o corpo esguio e musculoso do lutador La Motta, e os 25 quilos de banha ganhos pelo ator para retratar o La Motta aposentado se apresentando como comediante), de Joe Pesci e de Cathy Moriarty no que talvez seja o grande drama esportivo de todos os tempos e uma das grandes injustiças da Academia.
Pra assistir de boca aberta, fascinado com tudo, da belíssima fotografia de Michael Chapman à edição afiada de Thelma Schoonmaker passando pelos efeitos sonoros, que usaram o som de melões e tomates sendo esmagados para dar "voz" aos socos durante as lutas de La Motta.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aniversários, Serenata e Darth Vader


Estavam sentados, os dois na soleira da porta do prédio. Sorriam, satisfeitos, dizendo bobagem após bobagem. Não se viam a meses, mas eram bons amigos. Muito bons amigos. Daqueles de abrir o coração, dividir todos os temores, vexames, desventuras, aventuras, aspirações e pensamentos.
Foi numa dessas que o Wellington disse:
-Tô a fim de surpreender a nega véia, tá ligado?
-Ah, é? - Quis saber o Rafael. -Qual é a ocasião?
-Nosso aniversário. Tô querendo fazer um negócio legal pra ela, sabe? Tava pensando em dar um presente bem foda pra ela, levar ela pra jantar num lugar bem legal... Se bobear ir a um motel show, depois... - Desenvolveu Wellington, olhando ao longe.
-Nunca fui a motel... - Confessou Rafael.
-Nunca?
-Não... Bom, não motel, motel, mesmo... Desses que são temáticos e tal, feitos pra sacanagem... Já estive em motel de raiz, só.
-Motel de raiz? Que é isso?
-Bueno... Motel é a junção das palavras "motor" e Hotel", em inglês... São hotéis em beira de estrada, feitos só pra pernoitar durante viagens e tal. Nesses eu já estive. Mas em motel, com cama redonda, espelho no teto, hidromassagem, balanço erótico, pista de dança, pau-de-arara e sistema de roldana, não. Nunca fui.
Os dois riram. O Wellington continuou:
-Eu já fui algumas vezes, por isso que tava na pilha de levar a Rubia... É bacana, até, sabe?
-Deve ser... Eu já tive vontade de ir... Queria ir num daqueles malucos, com suíte temática e tal. Queria ir e levar acessórios, até... - Conjecturou o Rafael.
-Acessórios? Mas olha... O que tu ia levar? Corda, vela e chantili?
-Não... Um elmo do Darth Vader... - Confessou o Rafael, baixando a voz.
-Ah, ah, ah, ah, ah, mas que barbaridade, tu queria te fantasiar de Darth Vader e comer tua guria?
Ele ruborizou:
-Não... Na verdade o elmo era pra ela...
-Mas hein?
-Nem me pergunta, tchê, a fantasia é dela, não minha...
Riram bastante. Depois disso ficaram em silêncio mais um tempo. O Wellington puxou o celular e deu uma olhada na internet em preços de joias, restaurantes e motéis.
Suspirou:
-Bah... Vou ter que escolher entre o presente, o restaurante e o motel...
-Só um deles ou dois de três? - Perguntou o Rafael.
Wellington fez um rápido cálculo e respondeu:
-Dependendo de como for, dois de três...
-Então motel e jantar. - Disparou o Rafael.
-Sério? - Quis saber o Wellington, gostando da ideia.
-Claro. - Confirmou o outro. -Um presente maneiro pra ela seria ótimo, mas é o aniversário de vocês, o presente deve ser pra vocês dois. No aniversário dela aí tu dá um presente irado só pra ela. No aniversário de vocês é mais maneiro que vocês dois se divirtam igualmente... - Explicou.
-Hmmm... - Fez Wellington, entendendo. -Tem razão. Se bem que, na merdinha que eu ando, periga eu me divertir muito mais que ela no motel.
-Então tenha certeza de que vai levar ela num restaurante que ela goste muito. - Aconselhou Rafael, arrancando risadas do amigo.
-Já sei! - Disse Wellington, erguendo a mão à cabeça -Vou fazer uma serenata pra ela, é mais barato que comprar joia, roupa ou outra bobagem, e é um mimo só pra ela.
Rafael riu:
-O que tu vai cantar? A música do automobile?
-Não... - Respondeu Wellington, rindo ao lembrar da versão pobre de La Dona E Mobile, que eles cantavam imitando os três tenores na rua quando eram adolescentes -...Tinha que ser uma música que ela gostasse... E que eu pudesse cantar fazendo segunda voz com alguém que soubesse cantar de verdade... E tocar, também...
-Muito trabalho... - Disse Rafael, cenho franzido. -E a sombra do fiasco paira perigosamente sobre essa ideia, jovem padawan.
-Nah... Nada a ver. O que é que tu sabe de serenata, rapá?
-Eu já fiz serenata... Bom, mais ou menos...
-Tu já fez serenata? - Perguntou Wellington, incrédulo.
-Quem aqui, né, amigo? Nunca fez seresta pro amor de sua vida...
Wellington riu.
-Como foi?
-Não... Não foi nada de produzido... Nem sei se dá pra chamar de serenata. Ela não tava na janela e eu na rua cantando, nem nada. Estávamos os dois deitados um do lado do outro, eu cantarolei pra ela uma música.
-Que música? - Quis saber o Wellington, curioso.
-Eye of The Tiger - Respondeu Rafael, tímido.
Wellington gargalhou:
-Putz, velho, tu e essa guria são muito estranhos.
Rafael sorriu, e em silêncio pensou:
É... Somos, mesmo.

Após o Clássico


Ontem foi domingo de fre-Nal no Rio Grande do Sul.
É uma data especial no calendário esportivo do estado mais meridional do Brasil, dos clássicos mais tradicionais do país do futebol o gay-Nal ostenta cento e quatro anos de História maiúscula, repleta de títulos, decisões e futebol da melhor e da pior qualidade.
Talvez a maior rivalidade do Brasil, o clássico entre vermelhos e (cor-de-rosas)azuis é um campeonato à parte de qualquer certame em disputa em qualquer parte do mundo, e independente dos momentos que as equipes estejam vivendo, é sempre marcado pelo equilíbrio e por declarações polêmicas.
Ontem mesmo D'alessandro disse que "havia times que precisavam de fita VHS pra relembrar título", referindo-se, obviamente, à seca de títulos do tricolor sem estádio, que já perdura por longos doze anos.
Causou-me estranheza, porém, a réplica de Kléber "Gladiador", o polêmico atacante que não faz gols, joga feito jacaré, se defendendo com o rabo, e que andou se envolvendo em polêmicas porque gosta de bater em mulher embora pie fino quando um zagueiro mais truculento encaixe na sua traseira, que disse que "O Inter nasceu em 2006", dando a entender que, até vencer a Libertadores da América e a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, o Inter não tinha História.
Ora, glady, francamente. Talvez tu precisasse se informar um pouquinho antes de dizer bobagens de tal calibre.
O Internacional rompeu a barreira do do Rio Mampituba anos antes do time que morava na Azenha e gora é sem-teto, ao sagrar-se campeão brasileiro em 1975, época, aliás, em que se dizia que os times do RS deveriam se concentrar em ganhar o estadual porque era só o que podiam vencer, sagrando-se o primeiro clube do Rio Grande do Sul a vencer um título nacional, feito que repetiria ainda duas vezes, em 1976 e em 1979, antes de o coirmão perder a virgindade, em 1981.
Mesmo que o tricolor tenha vencido a Libertadores anos antes de o Inter chegar ao píncaro da América, o Inter usou bem seu tempo de espera, engatando uma sequência de títulos que o tornou o único clube do Brasil a sagrar-se campeão de tudo o que um clube Sul-Americano pode almejar.
Renato Portaluppi, treinador do time que pede licença pra treinar e paga pra jogar em "seu" novíssimo estádio, tomou as dores de seu clube e de seu jogador, dizendo que "o que o D'alessandro tem de idade" ele teria em títulos.
Senão vejamos...
Renato Portaluppi, como jogador, tem:
Uma libertadores da América, uma Copa Toyota Intercontinental (1983) e dois campeonatos gaúchos (1985 e 1986) pelo Porto Alegrense.
Uma Copa União, módulo verde (1987), uma Taça Guanabara (1988), e uma Copa do Brasil (1990), pelo Flamengo.
Um campeonato mineiro e uma Supertaça Libertadores da América (Torneio que reunia campeões da Libertadores e que existiu entre 1988 e 1999) pelo Cruzeiro, em 1992.
Um campeonato carioca pelo Fluminense, em 1995.
Uma Copa América pela Seleção Brasileira em 1989.
Pra não ficar injusto, vamos colocar aí, também, o cartel de títulos de Portaluppi como técnico, mas pra não virar putaria, falemos apenas de seus títulos de futebol, deixando futevôlei de fora.
Como treinador, Portaluppi venceu uma Copa do Brasil pelo Fluminense em 2007 e um turno do gauchão pelo tricolor sem casa em 2011.
Somando tudo temos 14 títulos.
D'alessandro, que tem 32 anos, já venceu:
Torneio Apertura (2000), torneio Clausura (2002 e 2003), pelo River Plate.
Taça Piratini (2009, 2013), Taça Farroupilha (2009, 2010, 2011, 2012, 2013), Campeonato Gaúcho (2009, 2011, 2012, 2013) Copa Sul-Americana (2008), Copa Suruga Bank (2009), Recopa Sul-Americana (2011), Copa Libertadores da América (2010)
Medalha de ouro olímpica (2004) pela seleção da Argentina, somando 18 títulos.
Então, não, Portaluppi não tem de títulos o que D'alessandro tem de idade.
Nem vou fazer o glady passar vergonha e comparar o cartel de títulos dele com o de D'alessandro. A chuteira esquerda do índio tem mais títulos e mais estatura futebolística que o Kléber "Gladiador".
Embora eu ache bacana a flauta, a corneta, a pegação de pé com o torcedor rival, há que se ter lastro pra fazer graça, e Portaluppi e glady, não têm nenhum.
Ah, e a Musa do Inter dá um banho na musa do coirmão.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Rapidinhas do Capita



"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer que não existe razão?"

Eu... Eu digo. Não existe. Não existe razão.Se existisse razão... Bom, se existisse razão muita coisa não aconteceria... Se existisse razão neguinho não dormiria e acordaria todo o dia pensando numa pessoa pra descobrir que ela está pronta pra seguir em frente. Que ela sorri espontaneamente ao pensar em outra pessoa a acariciando enquanto ela assiste a um filme. Que ela seguiu enquanto ele ficava e nem o avisou. Que ela viu ou sentiu alguma coisa quando esteve com ele na última vez que a desencantou a ponto de fazê-la desistir... Algo aconteceu para que num dia ela fosse convidá-lo pra ver TV com ela, e pouco depois estivesse pronta pra outra...
Se existisse razão... Se existisse razão, ela certamente ainda poderia mudar de ideia. Pôxa, todo o dia as pessoas mudam de ideia a respeito de centenas de coisas, algumas muito boas. Imagine pra mudar de ideia a respeito de um sujeito que é todo defeito?
Tranquilo.
Ela tem a prerrogativa de mudar de ideia. De fazer o que for melhor pra si.
Mas podia ter a cortesia de deixá-lo saber. De avisar. De dar um alerta. Pra que ele não descobrisse casualmente lendo na internet...
Ela está pronta pra seguir adiante... Paciência.
Ele não está.

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E pra não dizer que a direção (?) de futebol (?) do Inter só faz besteira, ontem surgiu a primeira decisão acertada da gestão Luigi desde a assinatura do contrato com a AG:
Efetivar Clemer, ex-goleiro campeão da América e do Mundial de Clubes da FIFA e treinador prodígio das categorias de base coloradas como técnico do time profissional até o fim de 2013.
Sejamos francos, entre o Clemer e qualquer treinador disposto a assumir o comando da equipe em um mandato tampão (leia-se Celso Juarez Roth), ou um figurão que venha só pra aparecer na foto sem nenhuma possibilidade de efetivamente acrescentar algo, mil vezes melhor apostar no "Chicão", que no comando do time sub-17 já deu mostras de que tem muito futuro na casamata.
Se estiver disposto a rejuvenescer o time e não queimar jogadores que têm o que oferecer ao clube, já vai estar fazendo maravilhas.
E, se numa dessas beliscar a Copa do Brasil ou uma vaga à Libertadores, já está de ótimo tamanho pra 2013, e que se acenda a luz de alerta pra 2014.
É hora de Luigi, Medeiros, Souto de Moura e Drummond se orientarem, e perceberem que a sua política de futebol, pra ser lixo, tem que melhorar e muito.

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E olha só que bonitinho. No The Jonathan Ross Show, Tom Hanks, promovendo seu novo filme, Captain Phillips, reviveu seus dias de Quero ser Grande, e tocou Chopsticks num piano gigante com os pés. A certa altura, fez dueto com Sandra Bullock, estrela do excelente Gravidade.
Sandra Bullock, com pernas como essas, nem sequer precisava acertar nenhuma nota...



Resenha Cinema: Gravidade


Confesso que, quando combinei de ir ao cinema na sexta-feira, estava muito mais inclinado a ver É O Fim, comédia bobalhona de Seth Rogen e companhia, porque precisava dar umas risadas, ou Rota de Fuga, macho movie de prisão com ecos oitentistas estrelado por Stallone e Schwarzzeneger, porque precisava me divertir, do que Gravidade.
Além das razões já citadas, também estava disposto a adiar a fita estrelada por Sandra Bullock porque era a que vinha recebendo mais incenso da crítica gringa, de modo que tudo indicava que seria o filme a permanecer mais tempo em cartaz.
Mas quis o destino, que é um gozador, que eu fosse ver Gravidade antes.
Desde a época da San Diego Comic-Con que todos os nerds do mundo estavam babando por Gravidade. O tenso vídeo mudo apresentado na meca da nerdice mundial acenava com um sci-fi maduro de um sujeito que entende de sci-fis maduros: Alfonso Cuarón.
O diretor mexicano que realizou E Sua Mãe, Também, que esteve no comando da mudança de tom dos filmes de Harry Potter com O Prisioneiro de Akkaban, e que esteve por trás do excepcional Filhos da Esperança segue no terreno da ficção científica (sorte nossa) para narrar uma história sobre a força do espírito humano face à imensidão do universo.
Gravidade acompanha a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock), engenheira médica em sua primeira missão espacial, instalando novos aparatos no telescópio Hubble com uma equipe de cientistas e astronautas a bordo de um ônibus espacial, o Explorer.
Durante uma "caminhada espacial" rotineira a 600 Km de altura, a doutora Stone e o astronauta Matt Kowalski, veterano curtindo seu último voo antes da aposentadoria, são pegos no meio de um desastre estelar quando um satélite russo é destruído, formando uma nuvem de detritos que atropela o telescópio, o Explorer e tudo mais em seu caminho, deixando atrás de si apenas Stone e Kowalski, à deriva na imensidão fria do espaço.
Se dá pra definir Gravidade em apenas uma palavra, essa palavra é "tensão".
Se mesmo antes de a tragédia que vitima o casal protagonista o desconforto da doutora Stone já deixa claro que o espaço não é lugar pra brincadeiras, depois do acidente as coisas degringolam de uma maneira tão inapelável que fica difícil não se contrair inteiro durante os noventa minutos de projeção.
Alfonso Cuarón e o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki conseguem retratar um espaço sideral assustador em sua vastidão e torná-lo claustrofóbico ao mesmo tempo.
O 3D não é apenas pra tornar o ingresso mais caro, embora faça isso, a técnica realmente agrega ao filme, gerando sensações de profundidade e movimento que criam uma experiência mais imersiva à audiência, e o uso da mescla dos silêncios absolutos do vácuo com a trilha sonora de Steven Price ajudam a deixar o espectador roendo as unhas na ponta da cadeira.
Soma-se a tudo isso um George Clooney em sua atuação mais George Clooney nos últimos anos, charmoso, engraçado e espirituoso, e o que talvez seja a grande atuação de Sandra Bullock em sua vida, madura, convincente, tocante (e batendo um bolão exibindo um corpaço aos 49 anos), e pronto, temos facilmente um dos melhores filmes do ano, e o melhor suspense espacial desde que a tripulação da Nostromo descobriu que tinha um clandestino a bordo.
Corra pro cinema e assista essa obra-prima como ela merece ser vista:
Em tela grande, com som fodão e em 3D.
Cuarón, Clooney, Bullock e tu, merecem.

"Eu tenho um mau pressentimento sobre essa missão..."

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Jihad


Eduarda estava deitada de bruços, nua, atravessada em diagonal na cama. Tinha o lençol rosa pálido amarfanhado, enrolado, quase uma trança, a cobrir-lhe logo acima da lombar, de modo que tanto suas costas suadas quanto suas nádegas estavam expostas. Os braços espichados sobre o travesseiro, as pernas esticadas e os pés suspensos no ar. Tinha o rosto apoiado na cama, e a face oposta ao colchão estava parcialmente coberta por seus cabelos castanho-escuros muito crespos. Não acreditava nas coisas que fizera, momentos antes, nem em como tais coisas haviam sido prazerosas. Ela ergueu o rosto num átimo, após cair no sono brevemente, olhando pro lado como se estivesse procurando algo.
Ele estava ao lado dela. Deitado, também nu, secando o suor com o ar fresco que entrava pela janela. Tinha as costas apoiadas num travesseiro colocado longitudinalmente junto à parede, e cobria a própria nudez com uma ponta do mesmo lençol que ela tinha emaranhado sobre as costas.
Ele a encarou, divertido, e perguntou:
-Que foi isso? Pesadelo?
Ela sorriu balançando a cabeça negativamente enquanto mudava de posição, também ficando de barriga pra cima.
-Achei que tu não estivesse aqui... Que eu tivesse sonhado... - Disse enquanto lutava para desenrolar o lençol com os pés.
Desemaranhou a coberta o suficiente para poder se cobrir, mas antes que ela o fizesse ele a deteve:
-Não... Fica assim. Não tá frio.
Puxou o lençol das mãos dela e a descobriu totalmente. Ela o encarou com um sorriso contido, e instintivamente uniu as pernas com força, e cruzou os braços finos sobre os seios. Ele se inclinou sobre ela, disse novamente:
-Não...
E desmanchou a postura dela, descruzando-lhe os braços, e os posicionando ao longo de seu corpo, e então, ajoelhando-se, separou-lhe as pernas. Não muito, apenas um pouco, e beijou-lhe o monte de Vênus, arrancando-lhe um risinho tímido.
Ele se endireitou onde estava antes, cobriu suas partes pudendas com o lençol, e esticou o braço alcançando sua calça que estava jogada junto ao criado-mudo. Remexeu um bolso, depois o outro, e encontrou o que procurava, o maço de cigarros Lucky Stryke, e o isqueiro Zippo, bateu o maço na mão duas vezes, sacou um cigarro, o suspendeu nos lábios e o acendeu. Fez tudo isso olhando pra ela, à vontade, toda nua a seu lado.
Ela o encarava. Ergueu o braço, hesitante, penteando os cabelos lisos e negros dele com os dedos finos. As unhas compridas e vermelhas correram pelo couro cabeludo dele. Ele deu uma tragada profunda no cigarro e tomou a mão dela, beijando-a de leve antes de expelir a fumaça. Então a conduziu até sob o lençol em direção a seu pênis.
Eduarda o acariciou de leve a princípio, mas logo o segurou com decisão, movimentando-o até que ele ficasse entumescido, então foi a vez de ela o descobrir, e se encurvar sobre ele, levando-o à sua boca.
Dali, se estenderam mais três horas de peripécias de alcova de fazer Valéria Messalina enrubescer. Adormeceram um sobre o corpo do outro. Os suores se misturando com os demais fluídos desprendidos por ambos nas horas anteriores.
Na manhã seguinte Eduarda despertou cedo, sentia dores musculares nas coxas, nos braços e nos pulsos. Também dera um jeito nas costas, embora não soubesse ao certo em que momento da noite, as dores, porém, nada significavam. As horas anteriores fizeram mais do que liberar-lhe endorfina pelo corpo inteiro. Fora mais do que os gozos intensos que experimentara.
Se saíra de casa para o jantar cheia de dúvidas e inseguranças, cheia de incertezas quanto à própria aparência, Eduarda acordara naquela manhã certa de que, embora não se enquadrasse em nenhum modelo de beleza estabelecido, havia de ser uma mulher com seus encantos, outrossim, como teria levado Viktor para a cama, não é?
Virou-se e lá estava ele, já de pé, parcialmente vestido ao lado da cama.
Ela sorriu, e ele sorriu de volta, piscando com seus grandes cílios.
Eduarda esticou a mão, como que clamando para que ele voltasse para a cama, gesto que ele correspondeu mandando um beijinho de onde estava.
Ela se espreguiçou com vontade, com tanta força que emitiu um grunhido. Ficou o observando abotoar a camisa e passar mão nos cabelos desalinhados. Ele sentou na cama para calçar as meias, e ela aproveitou a oportunidade para enlaçar-lhe o peito com os braços e beijar-lhe o pescoço.
-Adorei a noite... - Disse.
-Eu também gostei muito. - Ele respondeu, sorrindo.
Ela não resistiu... Ela sabia, mas precisava... Não... Não precisava. Queria. Queria um elogio logo cedo de manhã após uma noite de foda épica. Queria e sendo uma mulher segura, auto-suficiente, e dona de encantos recém descobertos, não se furtaria de recebê-los.
Perguntou, fingindo desinteresse:
-Por que foi que tu me convidou pra sair, hein?
Ele sorriu olhando pra ela:
-Ora, coração... - Ele respondeu, desvencilhando-se de seus braços e pondo-se de pé. -Porque mulher feia tá sempre disposta a fazer umas alegorias diferentes na cama, se for gorducha, então, é certeza de que aguenta o tranco...
Rumou até a porta sob o olhar de Eduarda, entre o incrédulo e o horrorizado:
-Eu te ligo uma hora dessas, beleza? Se falemo.
E saiu deixando atrás de si setenta e quatro quilos de ódio em estado puro, pronta para comprar um AK-47 na internet e iniciar uma jihad pessoal contra o gênero masculino.

Viktor de SanMartin, o desgraçadamente franco, atacara novamente.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Resenha Game: FIFA 14


Mais um ano se passou, e novamente a Konami desapontou. Na verdade, talvez mais do que em anos anteriores. Em 2014 a empresa japonesa tentou novamente transformar PES em um simulador e abriu mão tanto da identidade quanto da qualidade.
Se a versão demo do Pro Evolution trazia boas intenções, o jogo completo mostrou que, de boas intenções o inferno está cheio.
Ainda bem que, do outro lado da guerra anual das franquias futebolísticas, a EA e a série FIFA voltaram prometendo muito, e cumprindo ainda mais.
Já na versão demo de FIFA 14 ficava bem claro que o foco da franquia na perseguição incansável da excelência na experiência de simulador continuaria sendo o mote da série na sua versão mais recente.
Após um final de semana regado a futebol digital, dá pra dizer sem medo de errar que FIFA segue sendo o melhor simulador de futebol em todos os tempos, e indiscutivelmente o melhor game de futebol no mercado.
FIFA 14 aprimora tudo o que funcionava nas versões anteriores e ainda adiciona discretas novidades à uma mistura consagrada temperando um prato que já era deveras saboroso.
A física realista aprimorada de FIFA dá o tom do game. Todos os avanços do jogo com relação à última edição passam por esse fator.
Os passes se tornaram mais desafiadores, simplesmente apertar o botão e apontar o direcional na direção certa não garante o sucesso da jogada, é importante saber dosar a força na hora de se livrar da bola se quiser que a trama do time se concretize. Se o jogador mais habilidoso saberá dominar o proverbial "tijolo de seis furos" atirado de qualquer jeito por um zagueiro de cintura dura pra dar sequência à jogada, jogadores menos dotados levarão mais tempo para amortecer a pelota, tornando-se alvo fácil para os adversários. Esse respeito pela física também aprimorou o sistema de chutes. O jogador que quer colocar a bola na rede precisa estar bem equilibrado, e posicionado de maneira favorável com relação ao gol, senão suas chances de marcar se reduzem bastante. Os cruzamentos, que sempre foram uma dor de cabeça pra este que vos escreve nas versões anteriores, também melhorou graças à nova noção de peso da bola e seu comportamento no ar, as jogadas de linha de fundo estão melhores e mais fáceis de realizar, de modo que os gols de cabeça agora são mais corriqueiros, tanto de marcar quanto de sofrer, obrigando o player a estar atento à sua defesa nas bolas aéreas.
Além de tudo isso, essa preocupação em simular uma física realista, somada ao aprimoramento do sistema de impacto inaugurado dois anos atrás gera todo um repertório de novas possibilidades. Os jogadores mais parrudos vencem jogadas disputando a bola no corpo, os mais ágeis têm que evitar o contato, a proteção de bola se tornou uma batalha ferrenha. Os goleiros ganharam novos movimentos, menos robóticos, e, mais importante, que tornam eventuais falhas menos frequentes.
O modo Carreira, meu preferido, ganhou um tapa esperto no visual, que deixa o game com cara de tela de computador, cheio de abas, links e ícones que ajudam o player a navegar por mercados de transferências, tela de mensagens, gerenciamento do time e de uma eventual seleção, calendário e pelo novíssimo sistema de olheiros que permite ao player observar um atleta através de uma rede de informantes antes de fazer uma proposta.
A lojinha virtual está de volta, com novidades que permite desbloquear bolas, uniformes, chuteiras e comemorações de gol, além de artifícios para usar nos modos online, como o Ultimate Team, ou o Live Season.
As animações seguem geniais, com movimentos fluidos e vivos, o respeito pelo visual de cada jogador é de chorar, e, a cereja do bolo, o campeonato brasileiro com praticamente todos os 20 clubes da série A disponíveis pra jogar (exceto pelo Bahia), aliados às novidades das ligas chilena, colombiana e argentina.
FIFA 14 pode não ser perfeito, mas é, sem sombra de dúvida, o mais próximo da perfeição que chega um game esportivo da atual geração, e quem diz o contrário, é clubista.

"Bem Vindos ao EA FIFA 14"

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quadrinhos: Demolidor 2


Em julho eu escrevi a resenha da excelente Demolidor 1, e terminei ela pensando se demorariam demais pra lançar o número seguinte.
Pois então ontem passei pela minha banca de revistas preferida e me deparei com esta Demolidor 2, e soube que já tinha o que fazer na meiaca da semana.
Essa segunda edição da bem sacada iniciativa da Panini de publicar edições gorduchas do Demo, com 148 páginas, dá sequência à ótima fase do personagem sob os roteiros de Mark Waid.
Na primeira história, o renovado Matt Murdock segue com sua nova vida, tentando uma abordagem mais leve do mundo e de suas mazelas enquanto luta para fazer a opinião pública esquecer que o advogado cego da Cozinha do Inferno é o vigilante mascarado conhecido como Demolidor. Para isso, ele leva algumas crianças-problema de uma escola do bairro em uma excursão natalina que pode se tornar mais extrema do que ele esperava.
Na sequência, o espetacular Homem-Aranha vê sua ex-amante Gata Negra ficar com sérios problemas ao ser presa acusada de um roubo que estranhamente não cometeu. Com isso, o cabeça de teia recorre a Matt Murdock e ao Demolidor para tentar inocentar a ladra em uma história em dois capítulos.
A terceira história da edição, também em duas partes, mostra o Demolidor viajando aos subterrâneos para tentar descobrir que anda roubando cadáveres de um cemitério em Nova York, incluindo aí, o de Jack Batalhador Murdock, pai do herói. Essa investigação o coloca em rota de colisão com o Toupeira.
A seguir, o Demolidor tem que lidar com ataques de todas as maiores sociedades criminosas do universo Marvel, dispostas a tudo para recuperar o drive de armazenamento hiper seguro que caiu em suas mãos na edição anterior.
Ataques ao Demolidor e, a Matt Murdock, foram o homem de medo a fazer um movimento arriscado.
E, fechando a edição, pelas mãos de Stan Lee e Steve Ditko, o primeiro encontro entre o Homem-Aranha e o Demolidor, datado de 1964, onde os dois heróis se unem para enfrentar o Mestre do Picadeiro.
Não tão boa quanto a edição de estreia, mas ainda acima da média. Waid manda bem demais nos roteiros, e seu Demolidor é claramente um sujeito atormentado lutando para levar a vida na boa, o que talvez seja a grande sacada da nova fase, a negativa de Matt Murdock em ceder ao desespero, à dor, e, em suma, à si próprio, lutando para ser uma versão diferente de si mesmo.
Além disso, há a interessante trama do omegadrive dos vilões, que pode ter boas consequências futuras (embora vá continuar em Justiceiro 2, que eu certamente não comprarei), e as sempre interessantes interações do Homem-Aranha com o Demolidor.
Aliás, fica aqui mais uma queixa minha com relação à abordagem da Marvel com relação ao Homem-Aranha. O cabeça de teia é, disparado, o personagem mais popular da casa das (más) ideias, isso é líquido e certo, então, o que a Marvel faz é usar o Aranha como trampolim para outros personagens, pois parece saber que levar a melhor em cima do Aranha é ótimo pra um personagem, e ser passado pra trás não vai fazer com que o Aranha perca fãs. Leias as duas partes de O Diabo e os Detalhes e vai entender o que eu quero dizer.
Enfim, passado o desabafo, as 148 páginas de Demolidor 2, por Mark Waid, Paolo Rivera, Emma Rios, Kano, Koi Pham, Joe Rivera, com capa cartão e papel LWC no miolo vale os R$ 18,90 do preço de capa com folga, especialmente se a periodicidade trimestral, e a qualidade das histórias for mantida.

"É assim que funciona a justiça, Harvey. Ás vezes os dois lados perdem."

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Quadrinhos: Homens-Aranha


Já tem algum tempo que deixei de lado o quadrinho mensal do Homem-Aranha, o qual vinha comprando regularmente desde 2002.
Não sou um fanático. Já havia passado por hiatos bastante longos de quadrinhos. Entre 97 e 2002, por exemplo, praticamente não acompanhei quadrinhos, exceto por meia dúzia de edições da série Premium da Marvel. Nessa última ocasião, a decisão de parar de comprar a mensal do Homem-Aranha foi muito mais pensada do que aquela que eu tomara aos dezesseis anos. Parei conscientemente de comprar e acompanhar o gibi ao ver o Chacal aparecer em um quadro da edição que antecedeu o início do arco Ilha Aranha...
Claro, apenas ver o vilão da Saga do Clone na revista não teria me afugentado, mas, após saber detalhes da saga Superior Spider-Man que anda a mil lá nos EUA, resolvi unir o inútil ao desagradável e me poupar das agruras que se avizinham.
Não chega a ser como se eu estivesse perdendo grande coisa, afinal de contas. As histórias do Homem-Aranha nos quadrinhos mensais vinham oscilando entre meia-boca e OK, e era raro se deparar com qualquer coisa que superasse um mero "boa", então, não me arrependo de ter parado de ler.
Além do mais, não abandonei os quadrinhos.
Continuo comprando encadernados e edições especiais com grande frequência, mas confesso que sinto alguma falta do meu super-herói preferido e talvez tenha sido unicamente por isso que comprei a edição especial Homens-Aranha, um compilado com as cinco edições da mini-série Spider-Men publicada nos EUA e que, pela primeira vez reuniu o Homem-Aranha da cronologia Marveliana original, a 616, Peter Parker, com sua contraparte do universo Ultimate, Miles Morales.
Havia parado de acompanhar a série Ultimate do Homem-Aranha pouco depois da centésima edição brasileira, havia ficado sabendo, porém, do básico, e aqui vai um spoiler em potencial, o Homem-Aranha ultimate original, Peter Parker, havia morrido, sendo substituído por Miles Morales, outro moleque picado por uma aranha geneticamente alterada.
Homens-Aranha mostra Peter Parker sendo levado à dimensão Ultimate após um confronto com Mystério, facínora tradicional do universo aracnídeo, especialista em efeitos especiais, produtos químicos e ilusões de toda a espécie que já morreu, foi substituído por outro, ressuscitou e voltou à ativa (não pergunte), e que, de vez em sempre dá as caras pra atazanar a vida do amigão da vizinhança.
Mystério envia o Homem-Aranha à dimensão paralela, e lá, o herói conhece Miles Morales, e, na melhor tradição Marvel, os dois saem no braço antes de finalmente se entenderem e unirem forças contra o vilão.
Enfim, comprei o especial, e após terminar a leitura, confesso que me arrependi. Brian Michael Bendis, autor da história, tem uma das visões mais chatas do Homem-Aranha, interpretando o herói como o "underdog" supremo. Nada do que o Homem-Aranha de Bendis faz dá certo, ele não vence nenhuma briga sem ajuda, não resolve nenhum problema sem auxílio, não se dá bem em nenhuma ocasião se alguém não der uma força.
Isso fica particularmente claro em Homens-Aranha, que até começa bem, com um Peter Parker piadista, mas logo descamba com o Aranha sendo derrotado por Mystério, Miles Morales, Nick Fury, Tony Stark...
De qualquer forma, os problemas não param por aí. A trama é corrida, mal desenvolvida, e parece existir apenas pra justificar Miles Morales como o novo Aranha Ultimate. Em suma, um desperdício de tempo, dos ótimos desenhos de Sara Pichelli, e dos R$ 17,90 que a revista, com capa cartão e papel bonitinho no miolo, custa.
Leia apenas por curiosidade mórbida, ou se for muito fã do Miles.

"-Então eu tenho sua... Hã...
-Benção? Claro."