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sábado, 29 de novembro de 2014

Teaser/trailer de Star Wars: Episode VII - The Force Awakens

E saiu, rapaziada. Conforme estava prometido por J. J. Abrams e a Disney, ontem foi divulgada a primeira prévia da série de filmes de aventura espacial mais maneira dessa e de todas as galáxias:



Vou confessar que achei que se vê muito pouco, e que, francamente, achei aquele sabre-de-luz com guarda meio estranho, mas a Millenium Falcon fazendo looping ao som do tema clássico é de arrepiar.
Haja coração pra esperar até o ano que vem.

Boa Noite, Vizinhança


O mundo está um pouco mais triste.
Morreu ontem o humorista Roberto Gómez Bolaños, criador do Chaves e do Chapolin.
Aos 85 anos de idade, o Chespirito, como era conhecido em alusão à William Shakespeare, lutava há anos contra problemas respiratórios, e acabou perdendo a luta contra a doença morrendo em sua casa em Cancún.
Bolaños iniciou sua carreira nos anos 50, escrevendo roteiros para uma rádio, mas tornaria-se mundialmente conhecido na década de setenta ao criar o personagem Chaves, um menino muito pobre que vive dentro de um barril em uma modesta vila, e Chapolin, o herói atrapalhado com diversas falhas de caráter.
Casado com Florinda Meza, a dona Florinda de Chaves, Bolaños deixa seis filhos, fruto de um casamento anterior, e uma legião de fãs que, desde a década de oitenta, acompanha as aventuras do Chaves e do Chapolin no SBT.
Com uma vida rica e cheia, pode-se dizer com segurança que Roberto Bolaños morreu, mas não perdeu a vida.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Resenha DVD: Jersey Boys - Em Busca da Música


Clint Eastwood é infinitamente mais aventureiro como diretor do que jamais foi diante das câmeras. O eterno Dirty Harry jamais foi muito além dos tipos durões com coração de ouro nos filmes que protagonizou ao longo de sua brilhante carreira de ator. Se vez que outra flertou com a comédia aqui e ali, o flerte jamais passou de uma piscadela de canto e um sorrisinho como em Cowboys do Espaço ou Doido para Brigar... Louco para Amar, e a carreira de Eastwood sempre se equilibrou sobre o policial e o faroeste.
Mas Clint Eastwood sempre teve uma relação próxima com a música.
Além de ter composto a partitura de pelo menos oito de seus filmes, Clint cantou e tocou violão em Honkytonk Man - A Última Canção, e mostrou tudo o que sabe de jazz no sublime Bird, então, ele ter se tornado diretor da adaptação ao cinema do famoso musical da Broadway Jersey Boys, não chega a ser um disparate (o disparate é ele ter dirigido Além da Vida. Lamento. Ainda não desceu, Clint.).
Jersey Boys mostra a história do grupo Frank Valli & the Four Seasons, que, na década de sessente, explodiu dominando paradas de sucesso com canções como Sherry, Walk Like a Man, Big Girls Don't Cry, Dawn, Rag Doll e Bye Bye Baby, desde os primórdios, quando Frank Valli (John Lloyd Young, vencedor do Tony Award pelo mesmo papel na Broadway) era só um fedelho da parte mais pobre de Nova Jersey na década de 50.
Contado pelo ponto de vista dos membros do grupo, que volta e meia conversam com a audiência, o filme mostra como Tommy DeVitto (Vincent Piazza, de Boardwalk Empire), um pequeno golpista que entrava e saía de reformatórios juntou o grupo que contaria ainda com Nick Massi (Michael Lomenda) e que encontraria o rumo do estrelato ao agregar o compositor Bob Gaudio (Erich Bergen) e o produtor Bob Crewe (Mike Doyle), e como chegar ao sucesso era apenas metade do caminho.
Eastwood tem estofo pra fazer o que quiser aos 84 anos de idade, então, se ele quer adaptar um musical, ele adapta.
A questão é que o longa metragem, ao contrário do espetáculo teatral, não é um musical típico, daqueles coloridões estilo Disney onde as pessoas simplesmente começam a cantar de repente.
Não me entenda errado, há música de sobra em Jersey Boys - Em Busca da Música, mas ela aparece em interlúdios, quando o grupo está no palco, compondo, ou gravando. Na maior parte do tempo, Clint Eastwood está mais interessado em mostrar o lado sombrio do estrelato. A forma como a relação do grupo azeda devido ao comportamento destrutivo de Tommy, como a estrada acaba com o casamento de Nick, e as tragédias pelas quais Frank passou sem jamais parar de cantar tanto por amor à música quanto por conta das dívidas que assumira com a máfia, com quem tinha profundos laços encarnados na figura do paternal mafioso Angelo "Gyp" DeCarlo (um soberbo Christopher Walken).
Clint não é sujeito de levar as coisas de maneira leve, então, seu Jersey Boys está muito mais pra Os Bons Companheiros (até Joe Pesci está no filme, interpretado por Joseph Russo.) do que pra Hayrspray, e não tem nada de errado com isso.
O diretor octogenário simplesmente achou que seria mais divertido pegar o roteiro de Marshall Brickman e Rick Elice e fazer um filme sobre os bastidores da fama do que um musical típico, e pra quem pergunta se o diretor mais durão do cinema poderia fazer um musical tradicional, melhor se perguntar se está se sentindo com sorte, marginal.
Os créditos de encerramento deixam bem claro que Clint sabe fazer qualquer coisa, e se não fez, foi apenas porque não quis.
Longe de ser o melhor trabalho de Eastwood atrás das câmeras, também não é o equívoco completo alardeado por alguns críticos.
Jersey Boys - Em Busca da Música é uma correta fita biográfica com boas músicas e boas atuações, e apesar dos eventuais percalços, certamente vale a locação.

"Como o coelhinho da pilha nós continuamos, continuamos e continuamos. Seguindo a música. Tentando encontrar nosso caminho pra casa."

Resenha DVD: Amantes Eternos


No final de semana retrasado havia assistido ao histérico Drácula - A História Nunca Contada, e disse que, embora o filme não fosse horrível, ele sucumbia à própria pirotecnia, mas era alentador ver um vampiro ser um vampiro.
Neste sábado, assisti a outro filme estrelado pelas crias da escuridão que se alimentam do sangue dos incautos, esse Amantes Eternos, que tem em comum com o Drácula de Luke Evans unicamente o mito vampiresco, pois funciona em uma toada total e absolutamente distinta.
Ainda bem.
No longa, o vampiro Adam (Tom Hiddleston, o Loki de Thor e Os Vingadores) vive como um roqueiro underground em uma mansão arruinada nos arredores de Detroit, onde coleciona instrumentos musicais vintage e compõe melodias docemente melancólicas.
Vivo a centenas de anos, Adam aprendeu de tudo, viu o melhor da humanidade, andou lado a lado com luminares das artes e da literatura, mas hoje, se enoja com os rumos tomados pela sociedade humana a quem se refere, cheio de desprezo, como "zumbis".
Deprimido a ponto de pedir ao seu faz-tudo Ian (Anton Yelchin), uma espécie de Renfield roqueiro, que providencie uma bala calibre .38 feita de madeira, Adam atrai a atenção de sua amante/esposa/alma-gêmea Eve (Tilda Swinton de Precisamos Falar Sobre o Kevin).
Eve vive em Tânger, onde troca visitas com outro vampiro ancestral, Christopher Marlowe (Christopher Marlowe foi um poeta e dramaturgo inglês do Séc. XVI que, teorizam alguns, teria tido parte de seus trabalhos atribuídos a William Shekaspeare, essa teoria está no filme e rende ao menos um momento brilhante.) vivido pelo ótimo John Hurt.
Preocupada com Adam após uma conversa por telefone e aconselhada por Marlowe, Eve decide viajar aos EUA e passar algum tempo com seu amado para afastá-lo das ideias de suicídio.
Enquanto os dois se reconectam, partilhando histórias do passado, passeando pela cidade arruinada à noite em um possante carro antigo, ou partilhando, seja em pequenos cálices de licor, seja em forma de picolé sabor O+, o sangue puro (a humanidade empesteou o ar, a água, e agora o próprio sangue) que Adam obtém no hospital graças a subornos feitos regularmente ao doutor Watson (Jeffrey Wright), nós aprendemos a quanto tempo Adam e Eve estão juntos, tudo o que já viram e partilharam, tudo o que sabem, e o quanto se amam.
A tranquilidade do reencontro do casal acaba abalada pela chegada de Ava (Mia Wasikowska), a irmã mais jovem de Eve, que, como o casal protagonista, também é uma vampira, mas intempestiva e dona de uma sede incontrolável.
A entrada abrupta de Ava, pode obrigar Adam e Eve a repensarem toda a sua vida, mas eles farão isso juntos.
O filme é ótimo.
O diretor Jim Jarmusch (de Sobre Café e Cigarros e Flores Partidas) consegue equilibrar vampiros, história de amor e sátira sem fazer nada remotamente parecido com a pavorosa Saga Crepúsculo nem deixar o filme se tornar um pastiche.
Por estranho que possa parecer, Adam e Eve são um casal muito fácil de se identificar ainda que sejam vampiros milenares desgraçadamente descolados, maneiros, desprendidos, a quintessência de tudo o que é cool, que conviveram com as grandes mentes da História humana e sentem saudades da idade média, quando se podia apenas jogar um cadáver no rio, seu romance é terno, atraente e crível, e isso, por si só, diz o quanto o filme é bem escrito.
Não bastasse isso, ainda existe um casal protagonista absolutamente sensacional nos papéis, Hiddleston (que, em certas cenas parece ter sido arrancado das páginas de Sandman) e Swinton sapateiam em cima do material, e são tão responsáveis pela qualidade do longa quanto o diretor/roteirista, e é esse timaço que se junta pra contar uma daquelas histórias que fazem a gente ter vontade de ser um dos personagens na tela.
Filmaço obrigatório para qualquer pessoa com neurônios e coração.
Vale demais a locação.

"-Nós estamos realmente pensando nisso? É tão Século XV..."

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Resenha Cinema: Relatos Selvagens


O cinema brasileiro engatinha se for comparado ao cinema dos nossos hermanos de além da fronteira sudoeste. Sério... Chega a ser uma comparação maldosa. Só pra ficar no prêmio máximo do cinema, enquanto os portenhos já levantaram dois Oscar, com Luís Puenzo e seu A História Oficial em 86, e Juan Jose Campanella com O Segredo dos Seus Olhos (que é o filme do mês na TNT e vale demais uma espiada), nós continuamos tentando, e se batemos na trave com o excelente Cidade de Deus, a verdade é que o longa de Fernando Meirelles foi nosso último competidor com chances reais de prêmio.
E hoje, enquanto o carro chefe do nosso cinema é o Leandro Hassum, reciclando (com resultados lamentáveis) a comédia de Jerry Lewis, Jim Carrey e Eddie Murphy, os seguidores de são Maradona produzem cinema de qualidade, com filmes de gêneros diversos, bem escritos, bem produzidos, bem dirigidos e bem atuados.
Exemplar mais recente da qualificada produção cinematográfica dos hermanos a desembarcar por aqui, Relatos Selvagens é outra demonstração da inequívoca superioridade do cinema argentino.
O longa de Damián Szifrón (em seu primeiro longa-metragem) é, na verdade, uma pequena coleção de curtas, Pasternak, As Ratas, O Mais Forte, Bombita, A Proposta e Até que a Morte Nos Separe, as seis histórias não têm ligação entre si, exceto por todas tratarem de violência, vingança, e do prazer de, eventualmente, perder o controle.
Pasternak, o hilário segmento inicial estrelado por Darío Grandinetti e María Marull, mostra o que acontece quando os passageiros de um avião vão descobrindo um ponto em comum no passado uns dos outros.
As Ratas, estrelado por Julyetta Zilberberg, Rita Cortese e César Bordón se concentra no que acontece quando o desejo de vingança de uma garçonete indo ao encontro da sede de justiça de uma cozinheira quando confrontadas pela presença de um desafeto do passado da primeira.
Em O Mais Forte, segmento com um quê de Encurralado (primeiro longa de Steven Spielberg) com Leonardo Sbaraglia e Walter Donado, um desentendimento na estrada escalona até um confronto de proporções trágicas.
Bombita, protagonizado por Ricardo Darín, mostra um engenheiro de demolições que vê sua vida desmoronar a partir do momento em que seu carro é rebocado por engano, numa espiral de desacertos que o leva além o limite, fazendo-o explodir.
Em A Proposta, o segmento mais fraco do longa, o milionário Mauricio (Oscar Martínez)está disposto a tudo para impedir que seu filho vá pra cadeia. Mas apenas até achar que estão tentando tirar vantagem dele.
E no segmento final, o ótimo Até que a Morte nos Separe, a noiva Romina (Erica Rivas, genial) descobre, durante a festa de casamento, que o noivo Ariel (Diego Gentile) tem um caso com uma das convidadas, o resultado é uma explosão de tristeza inicial, que, aos poucos, vai dando lugar à ira, e então a um determinado desejo de vingança, com resultados constrangedores e hilários.
Com um roteiro ágil e esperto do próprio Szifrón, música sublime de Gustavo Santaolalla e um elenco na ponta dos cascos (se ferver Wagner Moura, Selton Mello e Lázaro Ramos numa panela não sai meio Ricardo Darín), Relatos Selvagens é uma ótimo programa, e certamente vale o ingresso.
Veja no cinema.

"Que violência? Estou descrevendo uma realidade. Onde está a violência?"

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Resenha Cinema: Drácula - A História Nunca Contada


O sucesso dos filmes da Marvel em geral, e de Os Vingadores em Particular, tornou-se o bê-a-bá dos filmes de super-herói. Prova disso é que a DC/Warner engatilhou tudo para seguir, no cinema e na TV, os moldes da Casa das Ideias e gerar, não um, mas dois universos compartilhados por seus heróis.
A Fox tem planos semelhantes para as franquias da Marvel de que detém os direitos, e até a Sony planeja fazer um universo cinemático do Homem-Aranha à partir dos injustiçados filmes estrelados por Andrew Garfield.
Não chega a ser surpresa que todos os estúdios que possuem super-heróis no seu caderno de franquias planeje copiar o modelo bilionário da Marvel. Executivos de estúdio querem é dinheiro, e se super-heróis são o lance mais rentável do momento, faz sentido que os engravatados tentem jogá-los às dezenas nas telonas seguindo a fórmula mais rentável.
Por que diabos do inferno eu abri a resenha do Drácula falando da Marvel?
Bem...
Seria cômico se não fosse trágico, mas a última encarnação de Drácula nas telonas é um filme de super-herói.
Verdade.
Drácula - A História Nunca Contada é um filme de super-herói sem tirar nem pôr. Os pôsteres já denunciavam isso, e, assistindo o filme, fica a certeza de que o Vlad Dracul do longa do estreante Gary Shore nasceu pra liderar uma equipe formada por Frankenstein, Lobisomem e o Monstro da Lagoa Negra...
Na trama (roteirizada por Matt Sazama e Burk Sharpless) Vlad (um esforçado Luke Evans) é o príncipe da Transilvânia. Apesar de ser o marido dedicado de Mirena (Sarah Gadon) e o pai amoroso de Ingeras (o Rickon Stark de Game of Thrones Art Parkinson), Vlad traz em seu passado a sombra do tempo em que esteve à frente do exército turco.
Durante seus anos de mocidade, à serviço do sultão de quem é vassalo, Vlad forjou uma reputação tenebrosa, erigida em sangue e morte, e ficou conhecido como Drácula, o Empalador.
Vlad espera que esses anos tenham ficado para trás, mas quando o novo sultão Mehmed (Dominic Cooper) aparece no feriado de Páscoa demandando mil meninos para lutarem em suas fileiras, e mais Ingeras para ser seu refém real, o príncipe percebe que, não apenas está para entrar em guerra, mas em uma guerra que não tem como vencer, a menos que esteja disposto a apostar tudo o possui, tudo o que ama, e até mesmo sua humanidade.
Não chega a ser ruim, esse novo Drácula, na verdade, o primeiro terço do filme é bastante interessante, jogando de maneira criativa com os fatos históricos que embasam a lenda do vampiro mais famoso do cinema.
As empalações, o domínio turco, o mestre vampiro vivido pelo ótimo Charles Dance, tudo funciona a contento no início de Drácula - A História Nunca Contada.
O problema é que no seu segundo ato o filme se torna o tal longa de super-herói que foi mencionado no início, com Drácula descobrindo seus super-poderes, suas fraquezas, e lutando contra sua sede de sangue humano, e o terceiro ato, então, é quando o longa descamba de vez.
Se por um lado é bom ver um vampiro ser um vampiro, torrar na luz do sol, ter medo de símbolos sagrados, alergia à prata, virar morcego, beber sangue, por outro é meio decepcionante ver que, em nome da censura branda (O PG-13 norte-americano), partes importantes do mito dos vampiros em geral, e do Drácula em especial, foram sonegados, como a sensualidade e a crueldade (No filme, Drácula "empalava uma vila para poupar outras dez"...).
Apesar da boa produção de arte, de algumas atuações interessantes (de Evans e Dance), e do começo animador, Drácula - A História Nunca Contada acaba vergando sob o peso dos efeitos visuais e da tentativa de transformar um monstro clássico do cinema em um super-herói com direito a super-poderes e capa vermelha esvoaçante, está bem acima de Frankenstein Entre Anjos e Demônios em termos de qualidade e é mais divertido que O Lobisomem, mas isso é muito pouco para o mais famoso vampiro do cinema.
Espere o DVD.

"Homens não temem espadas. Eles temem monstros."

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resenha Cinema: Debi & Lóide 2


Acho que foi Luís Fernando Veríssimo, um dos maiores escritores do Brasil, certamente o melhor cronista e meu ídolo literário pessoal quem disse que a comédia não precisa ser limitada pelo bom-gosto, mas pelo bom-senso.
Eu concordo.
É muito difícil, pra não dizer impossível, fazer comédia sem arriscar entrar um pouco na zona da apelação.
Mestres na arte de entrar nessa zona, até acampar nela, mas sem se tornarem cidadãos de lá, os irmãos Farrelly iniciaram, em 1994, uma bem-sucedida sequência de ótimas comédias com um filme que era apelativo, bobo e engraçado.
Justamente Debi & Lóide - Dois Idiotas em Apuros, talvez a melhor comédia de estréia do cinema.
À desventura de Harry Dunne e Lloyd Christmas seguiu-se o ótimo (e subestimado) Kingpin - Esses Loucos Reis do Boliche, Quem Vai Ficar com Mary e Eu, Eu mesmo e Irene, a sequência foi quebrada com o meia-boca As Aventuras de Osmose Jones, e retomaram as boas comédias com O Amor é Cego, para em seguida lançarem os meia-boca Ligado em Você, Amor em Jogo e Antes Só do que Mal Casado, em seguida, dois tropeços fortes com Passe Livre e Os Três Patetas.
A qualidade decrescente dos filmes recentes da dupla, talvez explique essa volta a Debi & Lóide.
O longa metragem estrelado em 94 por Jeff Daniels e Jim Carrey custou pouco mais de 16 milhões de dólares, faturou mais de 250 milhões, rendeu uma série animada e um prequel (que no Brasil também se chamava Debi & Lóide 2) além de ter sido o começo da ascensão de Jim Carrey ao estrelato.
Além de tudo isso, o filme tinha uma qualidade de comédia física, um pastelão completo e descarado, que emulava com sucesso coisas como O Gordo e o Magro e Os Três Patetas original (qualidade que os Farrelly não conseguiram reproduzir em sua versão, vejam só, d'Os Três Patetas) que cativou a audiência, que ria tanto das caretas de Carrey, quanto dos acessos de fúria de Daniels, quanto das piadas escatológicas de peido e dos diálogos non-sense (Não temos comida, não temos emprego e as cabeças de nossos mascotes estão caindo".
Vinte anos se passaram, e Harry e Lloyd estão de volta.
Mais velhos mas nem um pouco mais maduros, os dois imbecis se veem novamente às voltas com uma viagem ao redor dos EUA, mas, desta vez, eles estão tentando salvar Harry, que precisa urgentemente de um transplante de fígado ou morrerá. Sua única esperança é a recém descoberta Penny (A gatinha Rachel Melvin) filha ilegítima de Harry com um antigo caso da juventude, a vagabunda titânica Fraida (Kathleen Turner).
Penny foi abandonada por Fraida vinte anos antes, e adotada por um brilhante cientista, doutor Pinchellow.
O caminho de Harry e Lloyd se cruza com o do pai adotivo de Penny, que os encarrega de encontrar a filha em uma convenção científica realizada em El Paso, levando consigo uma brilhante invenção de bilhões de dólares que é um presente para toda a humanidade.
O que eles não sabem é que a interesseira esposa do doutor, Adele (Laurie Holden) está mancomunada com o faz-tudo da casa Travis (Rob Riggle) para matar o cientista e herdar sua fortuna, e o malvado casal não pretendem deixar o par imbecis chegarem ao Novo México vivos e de posse da misteriosa invenção bilionária.
A trama, um completo disparate, é apenas uma desculpa para os Farrelly darem carta branca a Daniels e Carrey, e deixar que os dois sejam os mais completos e perfeitos imbecis que o cinema já viu uma segunda vez.
E funciona.
O vasto e diverso arsenal de piadas de Daniels e Carrey é tão ininterrupto que até pra quem não gosta desse tipo de comédia é difícil não rir um pouco. À certa altura do filme, a audiência não aguenta mais ver aqueles dois sujeitos passando vergonha, mas o faz rindo.
Debi & Lóide 2 é quase uma revisita à trama original, está tudo lá, os cenários baratos, as sequências com os dois idiotas irritantes dentro do carro, as decisões moralmente reprováveis e a completa falta de noção ou respeito (seja por idosos, deficientes ou animais) que culmina com os dois dementes se dando mal ou escapando de se dar mal por muito pouco.
E ainda é engraçado.
Agindo como se tivessem dez anos de idade, levando o desconforto e a insensatez a níveis estratosféricos, Carrey e Daniels lembram à audiência que comediantes eles são (Três sequências, a remoção do cateter, a cena dos cachorro-quentes e a vingança por causa da brincadeira dos funis, sozinhas, já valeriam um ingresso) num festival de bobagens de deixar Charles Chaplin, Buster Keaton, Laurel e Hardy, Moe, Curly e Larry orgulhosos.
Deixe o bom-gosto em casa e leve o bom-humor pro cinema.
Com essa receita é difícil não aproveitar.

"-Ei, Lloyd, olha as gostosas às doze horas.
-Isso é daqui a quase três horas, porque não posso olhar agora?"

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Casa do Capita - Filme Imaginário: Uncharted

Calma que eu sei... Uncharted está tenebrosamente próximo de deixar de ser um filme imaginário. Inclusive o que impulsiona essa postagem é a notícia de que Mark Boal, roteirista de Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura, irá escrever o script do longa que será produzido por Avi Arad, dirigido por Seth Gordon, diretor de Quero Matar Meu Chefe, e deve ser estrelado por (ugh) Mark Wahlberg, ligado ao prjeto desde seus primórdios.
Mas e se, ao invés do Avi Arad, fosse tu, o produtor de Uncharted?
Como o filme ficaria pra ti?
Pra mim, Uncharted teria que ser tratado com muito respeito, levando em consideração seus personagens, arquétipos tremendamente carismáticos que são o que faz a série da Naughty Dog se diferenciar de outros games de aventura e exploração acrobática.
Para garantir que as interações entre os personagens fossem mais importantes do que a pirotecnia, o meu escolhido para comandar a empreitada seria Peter Weir, diretor que já mostrou que, não só respeita seus personagens (Sociedade dos Poetas Mortos, O Show de Truman), mas consegue equilibrá-los com ação e aventura como fez em Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo.
O primeiro longa obviamente seguiria o modelo de Uncharted - Drake's Fortune, primeiro game da série quando o McGuffin foi o El Dorado, mas, se tudo corresse bem, e o filme fosse bem sucedido como os games, na sequência poderíamos ter Among Thieves, Drake's Deception e A Thief's End...
E quanto ao elenco?
Bueno, aqui vai ele:

Nathan Drake:


Para interpretar o espirituoso explorador, um arqueólogo, historiador e ginasta auto-didata que não pensa duas vezes em colocar o seu na reta em nome da verdade oculta sob mitos ancestrais (e do lucro), o meu escolhido é Nicolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game os Thrones. O dinamarquês já demonstrou na série que sabe ser sarcástico, porra-louca e heroico na medida em que pede o papel, e é só imaginar Coster-Waldau de jeans e camiseta pra gente praticamente ver o Drake dos games.


Elena Fisher:


A intrépida jornalista investigativa que não poupa esforços em nome de um documentário é o principal interesse romântico de Drake na série, e isso não chega a ser surpresa. Loira, doce, bonita e bem-disposta, Elena é tudo de bom.
A atriz para interpretar a gatíssima repórter, tinha que ser igualmente bonita e doce.
Eu imediatamente pensei em Greta Gerwig. A loirinha com cara de boa-moça de Arthur - O Milionário Irresistível e Frances Ha tem todas as ferramentas para preencher o coração de Nathan.


Victor Sullivan:


Victor "Sully" Sullivan é mais do que um comparsa de Nathan, é um amigo fiel, um mentor, e uma figura paterna.
O velho golpista iria até o inferno para ajudar seu protegido, e não poupa esforços para fazê-lo mesmo quando se considera velho demais pra essas merdas.
Para interpretar o sujeito bonachão e escamoso eu pensei em Kevin Kline. O ator tem o tipo físico, o bigode e os cabelos grisalhos, experiência com comédia, armas de fogo e tipos galantes, além de talento de sobra.


Chloe Frazer:


Chloe Frazer não é apenas um interesse romântico para Drake. É uma versão mais sombria do caçador de tesouros, com vácuo moral muito mais extenso que o dele, e disposta a ir consideravelmente mais longe para alcançar seus objetivos, mesmo que seja necessário fazer muitas coisas moralmente reprováveis no processo.
A morena de voz aveludada e curvas estonteantes que seria uma das protagonistas de um eventual segundo filme nasceu para ser interpretada por ninguém além de Megan Fox.
A mulher mais gostosa do cinema norte-americano ia tirar de letra a sexualmente agressiva ladra de túmulos que manipula seus amantes como se fossem violinos.


Charlie Cutter:


À primeira vista Charlie parece apenas um capanga grandalhão e agressivo, mas isso é apenas fachada.
Um sujeito instruído e amigável, Charlie poderia ser um explorador muito competente se não sofresse de uma severa claustrofobia, mas ainda assim, é um valioso companheiro para Drake, como deixa bem claro no terceiro game da série.
Com sua aparência criada à imagem e semelhança de seu dublador, Graham McTavish (que havia dublado o o vilão Lazarevich em Among Thieves), não há razão para Charlie Cutter, que apareceria apenas no terceiro filme, não ser interpretado na telona pelo mesmo ator, que já mostrou em Rambo IV e na trilogia O Hobbit, que se garante diante das câmeras.


Gabriel Roman:


O caçador de tesouros e senhor do crime britânico que cruza o caminho de Nathan, Sully e Elena na caçada ao El Dorado em Drake's Fortune seria vivido com justiça por Stephen Lang.
O Coronel Miles Quaritch de Avatar tem a idade e a aparência certa além de ter pinta de quem aguenta uma bela caça ao tesouro depois de erguer um império criminoso.


Atoq Navarro:


O arqueologista sul-americano que comanda uma tropa de mercenários bem-treinados à serviço de Roman é um osso duro de roer, e vê potencial mercadológico em tudo, até mesmo em compostos químicos ancestrais com perigosas e imprevisíveis características mutagênicas.
Para viver o vilão, que tal outro egresso de Game of Thrones?
Meu escolhido foi Pedro Pascal, o Oberyn Martell, o ator já demonstrou talento na interpretação e na pancadaria, e tiraria de letra um quebra pau com Nathan Drake.


Flynn:


Harry Flynn surgiria junto com Chloe no segundo filme, um conhecido de longa data de Nate, Flynn convence o amigo a se juntar a ele na busca por Shambhala, a popular Xangri-lá. As intenções do britânico, porém, não são das mais nobres, pois o que ele busca de fato, e a Pedra Cintamani, uma poderosa relíquia que é alvo do criminoso de guerra Zoran Lazarevich.
Para interpretar Harry Flynn com seu pesado sotaque da terra da rainha, meu escolhido foi Paddy Considine. O premiado ator inglês tem a aparência e a voz certa, é talentoso, e embora pudesse ter alguns anos a menos, já mostrou que merece chances maiores na telona.


Zoran Lazarevic:


O genocida sérvio que busca forma sobrenaturais de aumentar seu poder e se tornar invencível é o tipo do vilão nefasto que a gente adora ver se dar mal. Com sua frieza psicopata, tendências megalomaníacas e face parcialmente coberta de cicatrizes, Lazarevic é um vilão bastante unidimensional, e precisa de um ator que dê suporte físico à sua presença ameaçadora mais do que de um intérprete talentoso.
O casca-grossa Vinnie Jones, ex-jogador de futebol dono da expulsão mais rápida da história do esporte e egresso dos filmes de bandido de Guy Ritchie cairia como uma luva no papel com seu porte físico grandalhão e sua carranca vilanesca.


Katherine Marlowe:


A manipuladora líder da Ordem Hermética, fleumática britânica com delírios de domínio global que tem um passado em comum com Sully e Nate, e é a grande mente criminosa por trás de Uncharted 3 - Drake's Deception, parece ter sido feita com Hellen Mirren em mente, longe de mim desapontar alguém.
Até porque, Hellen Mirren tem todos os atributos para interpretar uma manipuladora e fleumática britânica com delírios de domínio global, além de toneladas de talento e charme para acrescentar ao terceiro filme da série.


Talbot:


Guarda-costas que jamais deixa Marlowe desprotegida e é um estudioso de formas de domínio da mente e um acrobata tão competente quanto Drake, Talbot prova-se um adversário extremamente complicado de bater no terceiro game da série, e seria um vilão indigesto no cinema.
Para dar cara à versão de carne e osso do malvadão, meu escolhido é Dominic West, o ator inglês acostumado a papéis de malvado (foi o traíra de 300 e o Retalho de Justiceiro - Em Zona de Guerra), West tiraria de letra a impassividade do vilão em seu terno bem cortado e seu penteado que nunca desmancha.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Top 10 Casa do Capita: Chatos da Sala Escura


Qualquer pessoa que, como eu, gosta de filmes, e de filmes visto como foram feitos pra ser vistos, em tela gigante, com som fodão, sala escura e imersão total, adora ir ao cinema.
Infelizmente, com a decadência intelectual da humanidade nos últimos anos, é cada vez mais difícil ir ao cinema sem se deparar com toda a sorte de malas-sem-alça, mal-educados, burros, tacanhos e idiotas que são incapazes de atender às mais simples regras do bom convívio e do respeito ao espaço alheio.
A coisa anda tão feia, que nas raras ocasiões em que eu vou ao cinema, e consigo assistir um filme sem me incomodar com algum trouxa, tenho ímpetos de pedir o telefone pra todo mundo na sala, convidar todos para namorarem comigo, e ir sempre com eles ao cinema.
Com esses tipinhos insuportáveis em mente, surgiu mais um infame top-10 Casa do Capita, esse, dedicado aos tipos mais irritantes, e com mais chance de apanhar, que encontramos ao tentar ver um filme.

10 - O Sussurrante:
O sussurrante é uma mistura de todos os outros chatos do cinema, a diferença é que ele acha que faz um favor por manter o tom de voz baixo, bem baixo. O problema é que, para o acompanhante do Sussurrante, é difícil ouvir as palavras cochichadas ao pé do ouvido enquanto tenta ver o filme, então, o sussurrante grita cochichando, fazendo um violento zumbido de fundo, e tornando a sessão de cinema dos seus vizinhos parecida com a tarefa de atravessar um enxame.

9 - O Inquieto:
O Inquieto sempre senta atrás de ti, e não na tua frente. O Inquieto se remexe, chuta a tua cadeira, te crava o joelho nas costas e faz a sola de seus sapatos ranger contra o piso, ou, em momentos de tensão, sapateia feito um demente com a cueca cheia de bicho-carpinteiro.
A capacidade de imersão do Inquieto é tamanha que o infeliz acha que está sozinho na sala de projeção e reage fisicamente àquilo que vê na telona.

8 - O Ansioso:
O ansioso não aguenta esperar pelo desenrolar da história pra ter suas dúvidas respondidas. O ansioso, vê uma pergunta surgir na tela e quer resposta de imediato. Como o ansioso não é telepata e não pode se comunicar com os personagens do filme, o ansioso pergunta pra quem está do seu lado, ignorando o fato de que a outra pessoa está vendo o filme ao mesmo tempo e tem acesso exatamente às mesmas informações.
Mas o ansioso não liga, ele quer saber. Ele precisa saber. E Deus o livre de ter que esperar até o fim do filme.

7 - O Desatento:
O desatento é uma variação do Ansioso. O desatento volta e meia se vira pra falar com a pessoa do lado, não porque não teve acesso à uma resposta imediata às suas dúvidas, mas porque não estava prestando atenção no filme. Ele olhou pro relógio, foi pensar na vida, ou, desgraçadamente chato e mal-educado, foi responder um whatsapp ignorando o incômodo que o facho de luz de seu celular causa em que está efetivamente tentando ver o filme.
Aí, quando volta a prestar atenção à tela, o desatento perdeu o fio da meada, e cochicha para seu (/sua) acompanhante "Quê que aconteceu?".

6 - O Engraçadinho:
O engraçadinho é um cara divertido, que não leva nada a sério e adora fazer uma piada. E o engraçadinho faz piadas.
Muitas.
Inclusive durante o filme.
O engraçadinho vê uma possibilidade de fazer graça, e lá vai ele, bradando pra todo mundo a tirada cômica que lhe veio à mente.
A pior coisa que podemos fazer com um engraçadinho, é encorajá-lo rindo. Por sorte, a imensa maioria dos engraçadinhos não tem graça nenhuma, de modo que é relativamente fácil ignorá-lo, embora a vontade de fazer "Shhhh!" ou de esganá-lo possa ser grande.

5 - O Reclamão:
O reclamão vai ao cinema a contragosto. Ele, normalmente, não queria ver aquele filme, não queria ver legendado/dublado, não gosta daquele ator, não gosta daquele assento, e, acredito, nem gosta de cinema, vai apenas para externar que não gosta e tentar atrair mais adeptos à sua causa.
O reclamão se queixa em alto e bom som, jamais em voz baixa. Se durante um filme tu escutar alguém dizer que não conseguiu ler a legenda, que aquele lugar é ruim, que o refrigerante está quente, e que aquele filme não é do gênero que ele supôs que fosse pelo título (O quê? Um Novo Despertar não é uma comédia?), pode apostar que está diante de um reclamão.

4 - O Adivinho:
O adivinho, a exemplo do ansioso, não aguenta esperar, a diferença é que, ao contrário do ansioso, que pergunta o que vai acontecer, o adivinho formula suas teorias em tempo recorde, e as fala, bem alto, achando que é um gênio porque sacou que O Hobbit - Uma Jornada Inesperada ia terminar com um close no olho do Smaug, ou que o Kouba ia dizer pro Caesar no final de Planeta dos Macacos: O Confronto, mesmo que essas (e outras) cenas fossem as mais previsíveis dos filmes em questão.
Mas o adivinho não acha. O adivinho se acha o espertão, e fala antes, e bem alto, na certeza de que vão achar que ele é o cara mais perspicaz da sala, quando na verdade é só o mais otário.

3 - O "Faixa de Comentários":
Quando se compra um DVD ou Blu-Ray, existe a possibilidade de ativar o recurso faixa de comentários, onde o diretor, roteirista, e demais profissionais relacionados à criação do filme, tecem comentários sobre como determinadas cenas foram elaboradas, o que mudou do roteiro à filmagem, como se acresceram os efeitos visuais, enfim...
O chato de cinema "Faixa de Comentários" acha que seus comentários são tão pertinentes que devem ser divididos com todos os demais espectadores, então ele os ladra em alto e bom som durante o filme inteiro.
Infelizmente, via de regra, o "Faixa de Comentários" é um completo imbecil, cuja qualidade da linha de raciocínio é inversamente proporcional ao volume de sua voz, e o único comentário que ele pode fazer que agradaria aos demais membros da audiência é "estou indo embora"

2 - O Social:
O social não admite a possibilidade de estar com um amigo/a ou namorado/a do lado e não conversar com ele. Isso torna o social uma péssima companhia para ir ao cinema, pois, para o social, duas horas de silêncio são inadmissíveis.
Com isso, o social se torna um tremendo chato durante um filme, pois tudo na tela faz ele lembrar de algum episódio de seus dia ou da sua vida ou até de outro filme que ele viu certa feita, e ele precisa dividir isso, verbalmente, com seu (sua) acompanhante como se estivesse na sala de casa.
Existem sociais do sexo masculino, mas a imensa maioria dos sociais são mulheres(ao contrário dos engraçadinhos, que são quase sempre homens).


1 - O Millenial:
O millenial é antenado, moderno, tecnológico, sua vida só existe se estiver nas redes sociais e ele é o tipo mais chato no cinema (ganhando por pouco do social).
O millenial tira uma selfie antes do filme, compartilha no facebook, e legenda com "No cinema".
Durante a exibição, o millenial não pode desligar o celular, ignorando todas as regras da boa educação, mas o millenial não pode ignorar as mensagens que recebe de todas as redes sociais de que participa, e fuça furiosamente no celular durante toda a projeção para contar como é o filme que, na verdade, não está assistindo.
O millenial, eventualmente, pode tentar tirar uma selfie, com flash, durante o filme. Esse exemplar da espécie corre sérios riscos de levar um soco no ouvido, e ter seu celular arremessado a grandes distâncias.

Resenha Game: Assassin's Creed - Unity


Ah, o fim do ano... As festas se aproximando, o espírito natalino se espalhando e a chegada do décimo-terceiro salário garantindo que o orçamento não fique (ainda mais) comprometido por conta dos lançamentos recentes do Playstation 4, que estão me fazendo varar noites acordado e me causando urticária por passar horas e horas experimentando jogos sem, efetivamente, conseguir terminar nenhum.
O último foi esse Assassin's Creed - Unity, primeiro lançamento da muitíssimo bem-sucedida franquia da Ubisoft para a nova geração de consoles (eu sei, Assassin's Creed - Black Flag também saiu para PS4, mas foi uma versão revista de um game criado para PS3), e sequência do que deve ser o último lançamento da franquia para a geração anterior de consoles, Assassin's Creed - Rogue (golpe sujo da Ubisoft, lançar, simultaneamente os dois games. Azar deles, comprei um só, e só comprarei o outro quando entrar naquelas promoções de custar 30 reais e olhe lá...).
Em Assassin's Creed Unity acompanhamos a trajetória de Arno Victor Dorian, um jovem de origem franco-austríaca que, aos oito anos de idade perdeu seu pai, um membro da ordem dos Assassinos, e foi adotado por François de la Serre, um pequeno nobre de Versalhes e Grão-Mestre templário da França.
De la Serre, um bom homem, acolheu Arno e o criou junto com sua própria filha, Élise, e em respeito a seu inimigo tombado, jamais tentou cooptar Arno para a causa dos Templários.
O jovem cresceu com algum conforto, apaixonado pela filha de seu tutor, e envolvendo-se em confusões e altercações devido à sua paixão pelo jogo e pelo álcool.
Quando já é um homem feito, Arno acaba sendo indiretamente responsável pela morte de François, assassinado por templários que não partilhavam de seu desejo de conciliação com os Assassinos e discordavam da trégua firmada entre as partes.
Para piorar, os algozes de François conseguem incriminar Arno, que acaba sendo culpado pelo crime e preso na Bastilha.
É lá que ele conhece Pierre Bellec, um Assassino veterano que descobre a herança de Arno, lhe revela a verdade sobre seu pai, e o acolhe na irmandade que trabalha nas trevas para servir à luz.
Tornando-se um Assassino, Arno irá galgar os degraus da irmandade enquanto luta por vingança e redenção, ao mesmo tempo em que tenta revelar a verdade por trás da trama que culmina com a Revolução Francesa.
Assassin's Creed - Unity é um baita jogo. Não é fabuloso, não é maravilhoso, duvido que seja o melhor jogo do ano e nem mesmo é o melhor Assassin's Creed (esse, pra mim, segue sendo Brotherhood, seguido de perto por Black Flag), mas o game deu uma necessária refrescada na franquia.
Se em Black Flag houve um respiro graças ao aprofundamento nas atividades navais (um mero mini-game em Assassin's Creed III), não chegava a ser uma novidade, mas apenas um recurso já visto melhor aproveitado, isso não acontece em Unity.
O novo título não traz nenhuma grande novidade, mas redesenha todas as características da série, dos movimentos de parkour até o combate, passando pelas abordagens de low e high profile na hora das execuções e até o sistema de furtividade.
Embora tudo seja familiar, nada é igual em Assassin's Creed Unity.
Quase...
Na verdade, algumas das falhas mais recorrentes da série ainda estão lá. O protagonista meio sem sal (e será que, algum dia, alguém conseguirá competir com Altair e especialmente com Ezio?), a história que não chega a empolgar no durante e pode ser insatisfatória no final, e até alguns problemas de má resposta nos controles, um problema antigo que fica evidenciado quando a jogabilidade passa por mudanças, por mais sutis que sejam.
Mas calma. Nem só de percalços resultam as novidades em Assassin's Creed - Unity. O game tem seus pontos fortes, e eles não são poucos.
Comecemos pelo que se vê primeiro:
Os gráficos.
Unity tem o que são, de barbada, os melhores e mais belos gráficos da série. Texturas de pele, cabelos, armaduras e roupas são de chorar, a movimentação dos modelos 3-D, a forma como todas essas unidades se movimentam umas sobre as outras e todas elas sobre a brilhante reprodução da Paris do século XVIII.
Em AC-U o ambiente é mais vivo do que jamais foi. A capital francesa às portas da revolução é um colírio, uma megalópole imensa, pulsante de vida, com suas ruas repletas de pessoas, volta e meia milhares delas (nunca houveram tantas multidões em Assassin's Creed, em uma missão, em particular, mais ao final do game, tem tanta gente na rua que dá vontade de ficar apenas observando o povo protestar), e com o apuro visual que a série já consagrou nos primeiros games elevada à enésima potência. Escalar uma das torres da cidade e ver a cidade erigida em detalhes, de seus becos enlameados com o sangue dos sans-culottes aos palacetes dos bairros abastados enquanto a câmera se afasta é um espetáculo.
As escaladas, por sinal, foram redesenhadas no novo título, e se as diferenças para o que havíamos nos acostumado a ver na série são quase imperceptíveis quando se sobe, se tornaram bastante evidentes quando se desce.
Se tu, como eu, era daqueles desgraçados que se matavam diversas vezes ao saltar de uma torre sem encontrar o bom e velho monte de feno embaixo, vai ficar feliz em saber que agora existe um sistema de descida tão eficaz quanto o de subida na hora do "free-running", que gera algumas boas alternativas na hora de uma fuga, e aumenta o estilo do Assassino que não parece mais um saco de batatas despencando de um penhasco ou um mergulhador suicida.
Outro sistema que passou por modificações foi o combate. Eu, francamente, achei menos fluido do que o das outras versões (o combate de Assassin's Creed III ainda é o mais bonito na minha opinião), mas ao menos aumenta um pouco o fator desafio quando ainda não pegamos o jeito.
Outra alteração bem-vinda ao game (além da redução a quase zero das insuportáveis missões de perseguição) foi a possibilidade de o jogador poder escolher a abordagem que pretende usar na hora de cometer um assassinato. Isso é uma mão na roda tanto porque o sistema de cobertura do game é um pouco confuso, o que dificulta as missões furtivas, quanto porque dá mais liberdade ao player para "assinar" sua obra com as características que prefere e domina.
Essa possibilidade de personalização, aliás, não está restrita à forma de cumprir determinadas missões, Unity traz à série uma faceta de RPG totalmente inédita, permitindo alterar as roupas, o equipamento e as habilidades de Arno ao gosto do jogador, tornando toda a experiência de jogo mais pessoal, e servindo à outra novidade do título, a cooperação on-line.
Várias missões do game podem ser realizadas por até quatro jogadores, cada um com seu Arno (então, é uma boa que cada jogador possa mudar tudo, as roupas, as armas, e as cores do seu assassino), com isso, é interessante formar times que possam operar de maneira variada, alguns mais safos na hora de sumir, e outros mais cascudos na hora de descer o martelo de guerra no crânio dos guardas.
O sucesso nas missões (co-op e solo) rende pontos e dinheiro que podem ser usados para comprar melhorias para o seu personagem, e progredir até se tornar um Mestre-Assassino.
Outra faceta recorrente do game, as missões fora do Animus, são bastante reduzidas em Unity, mas as que existem são interessantes, e trazem um bem-vindo intervalo à epopeia de Arno, além de nos dar a oportunidade de rever Rebecca e Shaun (cujas notas e informações com seu indefectível e mordaz humor britânico volta e meia me fazer rir sozinho na sala).
No fim das contas, Assassin's Creed - Unity dá um passo adiante na franquia, mostra que a Ubisoft ainda tem cartas na manga, está disposta a inovar e que a guerra entre Assassinos e Templários ainda tem muito cartucho pra queimar.
Seria interessante, porém, que a produtora pensasse em eliminar as falhas da franquia, e em contar melhores histórias antes de inserir novas mecânicas, que são, sim, muito bem vindas.
Arno, com sua cara de Jean Dujardin e trama de vingança meio reciclada não tem jeito de que vá ser o carro chefe da franquia na nova geração, mas segura as pontas para apresentá-la.
Vale a jogatina.

"Onde outros homens seguem cegamente à verdade, lembre-se: Nada é verdadeiro.
Onde outros homens são limitados por moralidade ou lei, lembre-se: Tudo é permitido."

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Destruição em Massa


O Márcio vinha andando pela rua e, volta e meia, levava a mão à orelha esquerda pra conferir se o brinco estava no lugar.
A preocupação de Márcio era porque o brinco em questão não era desses que perfuram a pele e a carne do lóbulo da orelha, mas um daqueles singelos brincos de pressão, de metal molinho, que, via de regra, são usados por meninas novinhas demais pra furarem as orelhas.
O Márcio, pra ser bem franco, nem queria usar brinco. Nem de orelha furada nem de pressão, mas foi convencido por seu amigo Ângelo de que brincos não eram seara exclusiva de mulheres, piratas e ciganos, e rachou um par dos tais brincos com o amigo, cada um ficaria com uma peça, que usariam orgulhosamente na orelha esquerda, pois brinco na orelha direita era sinal em código de gays para gays, e nenhum dos dois queria ser confundido com um homossexual.
Enfim, lá vinha o Márcio, ostentando o seu brinco de pressão, quando viu, na esquina para onde rumava, a Denise e a Aline.
A Aline, gordinha ruiva, carinha bonita, e a Denise... Ah, a Denise...
A Denise era tipo, o sonho de consumo do Márcio. Era a mãe dos filhos do Márcio se ele decidisse tê-los, a mulher com quem o Márcio, no alto dos seus quinze anos, queria envelhecer junto.
A Denise não era bonita, mas era gostosa. Minha nossa, como era gostosa.
Se de cara lembrava a dona Florinda, do seriado Chaves, tinha o corpo todinho no lugar, e a barriga, prepare-se para babar, igualzinha a da Padmé Amidala em Star Wars - O Ataque dos Clones, naquela parte da arena em Geonosis, sabe? Quando o nexu rasga a blusa dela? Então, a barriga da Denise era igual que nem a da Natalie Portman.
E, não bastasse ter aquele corpo terrivelmente gostoso, a Denise era metida a adulta, tinha uma qualidade algo condescendente, parecia tratar a todos como crianças, mas, salvo raras ocasiões, não parecia estender esse tratamento ao Márcio, e ele via isso como um sinal, ainda que tênue, de apreço, mesmo quando ela era particularmente mordaz para com ele.
A Denise namorava sempre com sujeitos mais velhos que, via de regra, eram tipos bem escrotos, já na casa dos dezoito, vinte anos, que se aproveitavam dela por breves intervalos e depois desapareciam sem deixar vestígios. Quando isso acontecia, a Denise, de coração irremediavelmente partido, não chorava as mágoas para a Aline, ou para alguma outra de suas amigas, as chorava para o Márcio, que, muito jovem e inexperiente, não entendia o conceito de friend zone, e achava que poderia, eventualmente, escalar de ombro amigo até peito acolhedor se fosse paciente.
O Márcio vinha pensando nisso conforme se aproximava, e, quando as meninas o viram, sorriram e o cumprimentaram, ele devolveu as saudações com abraços e beijos, e, seu novo adorno foi imediatamente identificado por Aline:
-De brinco, Márcio?
Ele sorriu, sem graça, confirmando com um acanhado "é", Denise perguntou:
-Furou a orelha?
-Não, não, é de pressão. - Respondeu Márcio, honesto.
Denise, deu um de seus sorrisos jocosos, e falou, realmente virando os cantos da boca pra baixo de tanto desprezo:
-Eu sabia que tu não era homem o suficiente pra furar a orelha.
O Márcio ainda hoje não sabe o que foi, se foram as palavras ou o fato de elas terem sido mergulhadas em escárnio antes de serem servidas aos seus ouvidos, mas aquela sentença proferida pela Denise tocou, dentro do peito pueril de Márcio um alarme. Um alarme que o fez entender, rapidamente, que para a Denise, ele era só um ombro amigo. Só um dos moleques da rua a quem ela podia encher os ouvidos de lamúrias sem ser julgada.
E nada mais.
Foi de posse dessa compreensão súbita, que o Márcio elaborou a resposta que ele sabia, era a resposta definitiva, a genki dama, o meteoro de pégaso, Hiroshima, Nagasaki e atol de Biquíni, o botão vermelho embaixo do tampo de vidro com listras amarelas:
Diria "Se tu acha que a medida de um homem está nas orelhas, não me admira que teus namorados sejam quem são...".
Diria isso, abriria a mão da Denise, colocaria o brinco de pressão sobre ela, e iria embora sem nunca mais falar com ela, nunca mais ouvi-la de coração partido, nunca mais escutá-la desafinando que a vida era uma merda, que o fulano, o beltrano ou o ciclano eram uns nojentos, e que ela nunca mais sairia com um sujeito daqueles na vida.
E pronto. Márcio teria vencido a guerra, saído por cima, vitorioso e de honra limpa.
A Denise que passasse o resto dos seus dias suportando os tipinhos obnubilados que invariavelmente partiam-lhe o coração. Ele iria adiante.
Chegou a tomar fôlego pra falar enquanto levava a mão ao brinco, mas refreou-se...
Que bem lhe faria magoar a coitada da guria?
A Denise, com sua barriga gostosa e pose de adulta era só uma fedelha insegura. Era só uma princesinha suburbana que achava que havia se apaixonado perdidamente uma vez por mês apenas pra descobrir que outro jovem adulto torpe e mal-intencionado havia tirado vantagem dela... O que, de positivo, tiraria Márcio de lhe dar um golpe seco de realidade na boca do estômago bem torneado? Alguma pequena satisfação sádica? Uma sensação vã de justiça urbana adolescente?
Márcio não precisava disso.
Ao contrário de Denise, sabia quem era, e era quem queria ser.
Era mais do que Denise, e qualquer um de seus namorados "adultos" podiam dizer.
Sorriu um sorriso triste para a Denise, e continuou andando sem dizer nada, ciente de que, muitas vezes, a maior prova de força que existe, é ter a arma definitiva de destruição em massa, e escolher não usá-la.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Vivendo em Idiocracy


No ano de 2006 foi lançado pelo diretor Mike Judge o filme Idiocracy. Se tu não conhece, eu recomendo fortemente que assista.
A comédia de Judge narra a história do soldado Joe Bauers, vivido por Luke Wilson, um preguiçoso militar norte-americano que, na ânsia de não trabalhar, aceita se submeter à um experimento científico que deveria congelá-lo por alguns anos de hibernação criogênica.
Uma série de problemas, porém, faz com que Joe tenha seu período de "descanso" estendido em mais de 500 anos, fazendo-o despertar em um futuro onde a humanidade alcançou o ápice de sua estupidez, burrice e idiotia, tornando o medíocre Joe o homem mais inteligente da face da Terra.
A comédia era uma ácida crítica, não apenas ao norte-americano médio, mas à humanidade em geral no início do novo milênio, mostrando um povo intelectualmente preguiçoso, bruto, que fundamentava todo o seu estilo de vida em entretenimento idiotizante, slogans de grandes companhias e em tentar passar a perna uns nos outros.
Ainda não se passaram dez anos desde a apresentação do sombrio (ainda que bem humorado) futuro distópico de Judge, e é engraçado (e alarmante) perceber que, nesses oito anos desde 2006, a humanidade deu tantos e tão largos passos em direção ao conceito da Idiocracia.
Os millenials, a geração atual, são uma turba de imbecis auto-indulgentes que cresceram em um mundo repleto de tecnologia sem a qual eles não sabem viver mas não sabem como funciona (e nem querem aprender já que o Google e a Wikipédia tem todas as respostas).
Um grupo de pessoas absolutamente desprovidas de capacidade de empatia, de humildade, ou de educação, pois cresceu na certeza de que aquele buraco na parte de baixo da barriga é o centro do universo, que adula a juventude e a aparência e faz pouco da experiência e da sabedoria, que aprendeu que deve ser incluída em tudo, sem , entretanto, ter educação para desfrutar de nada.
Duvida?
Vá ao cinema, e constate duas coisas:
Primeiro, hoje em dia, há cinemas, como o Cineflix, que abriram mão de exibir filmes com idioma original. Se apanhar a programação do shopping Total, por exemplo, tu irá constatar que os únicos filmes exibidos legendados, são aqueles nos quais a produtora não viu potencial de aceitação entre as crianças, e não quis dublar ainda para a exibição em tela grande.
Se tu reclamar, vai ouvir do cinema que, estranhamente, apesar de a qualidade das dublagens vir decaindo a "ouvidos vistos" nos últimos anos, a demanda por filmes dublados é maior do que a demanda por filmes legendados.
Por que?
Porque temos uma geração que não gosta de ler.
Uma geração de analfabetos funcionais que não consegue absorver um texto escrito sem emoticons, mas que pode ir ao cinema.
Como eles não estão interessados em aprender, e a maioria dos filmes são feitos pensando exatamente neles, os cinemas passam mais e mais filmes dublados (Inclusive uma dica: Na dúvida se um filme vale a pena ser visto, ou não, procure saber se ele tem cópias dubladas, se a resposta for negativa, provavelmente o filme é bom.).
Ah, sim... A segunda constatação que uma ida ao cinema garante:
A geração atual é incapaz de passar duas horas sem:
-Mexer no telefone celular.
-Conversar com a pessoa do lado.
-Tirar uma, ou mais, fotos.
Sério.
É praticamente impossível ir ao cinema e não ver, pelo menos uma dessas três coisas, acontecer.
As pessoas que comandam o mundo hoje em dia têm uma necessidade quase patológica de conexão e compartilhamento. Elas precisam da sensação de que o mundo sabe o que elas estão fazendo, na hora em que estão fazendo, mesmo que o mundo não ligue a mínima.
Um exemplo tristemente verídico:
Quinta-feira fui assistir Interestelar. Durante a projeção, a moça sentada ao meu lado atendeu à uma ligação, respondeu vários SMS ou whatsapp, e a todo o momento perguntava ao seu namorado o que havia acabado de acontecer na tela (Claro que ela não sabia. Como é que se acompanha um filme sem tirar os olhos do celular?).
Na fileira da frente, um sujeito entrou e sentou-se quase diante de mim. Ele tirou os sapatos, colocou os pés no encosto da cadeira da frente, e tirou uma foto de si mesmo, provavelmente para colocar no facebook (o antro maior dos retardados do mundo), e legendar com algo como "o filme já vai começar".
Fiquei, de imediato, com a impressão de que o sujeito era um completo imbecil, impressão que se confirmou quando o verdadeiro dono do assento onde ele estava chegou, obrigando-o a se mudar várias e várias cadeiras para a esquerda, e privando-me do prazer de dar-lhe um soco no ouvido caso ele tirasse uma foto com flash durante o filme.
Esse mau comportamento, ainda que mais habitual nos mais jovens (adolescentes sempre foram idiotas por natureza, mas a geração atual é muito, muito, muito mais), não é infantil, os dois casos que relatei, foram protagonizados por adultos, (no entanto, quando fui ver Como Treinar o Seu Dragão 2, com uma platéia formada quase que exclusivamente por pitôcos, o silêncio foi sepulcral, talvez porque as crianças vão ao cinema para ver filmes, e não para contar para o "mundo" que foram ver.).
Claro, reduzo a questão ao cinema por ser o programa de que participo onde fica mais evidente, pra mim, a degradação da capacidade de convívio da espécie humana, mas a sala escura não é o único lugar onde se percebe tais coisas.
Vá à uma sala de aula, tanto faz se da rede pública ou privada, e veja a que tipo de comportamento os professores são expostos enquanto tentam ensinar alguma coisa à uma geração hiper-protegida e hipo-educada pelos pais.
Conheço alguns professores que já foram atingidos com latas de lixo por pedirem que cessasse a conversa, e outros que foram assediados com ultimatos inamistosos por pais de alunos que tiveram confiscado os celulares de que não desgrudavam durante as aulas.
Vivemos em um mundo onde pessoas como os "humoristas" do Pânico, Justin Bieber, Charlie Sheen, Anitta e Miley Cirus são referências de comportamento, onde a celebridade pela celebridade é idealizada e até encorajada pela mídia idiotizante, onde as pessoas formam comunidades de "anti-sociais" em redes sociais e onde o resultados dos reality shows é amplamente divulgado pela mídia e onde a maior parte da população se revolta quando o vilão da novela comete alguma maldade mas não liga quando um político corrupto é libertado apenas um ano após ser preso por corrupção, onde a bunda se tornou o símbolo máximo de tudo o que é desejável e magnífico na obra humana...
Alguns de nós tentam desesperadamente sobreviver na Idiocracia, enquanto outros tantos faturam alto com ela, e a maioria faz parte do sistema, numa Matrix de lesados.
É por isso que eu tomei a decisão de, daqui a dez anos, ter um filho, e passar os dezoito anos seguintes tratando de educá-lo em completo isolamento para que ele possa dominar o mundo.
O mais assustador é que, se as coisas continuarem na toada em que estão agora, o trabalho nem sequer será muito difícil.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Resenha Cinema: Interestelar


Não foi de graça que Christopher Nolan se transformou em um dos deuses do vasto panteão da nerdolândia no decorrer da última década. Nesse período, o sujeito fez a trilogia do Cavaleiro das Trevas, elevando Batman a um patamar cinematográfico inédito, criou a fabulosa trama de vingança regada à prestidigitação e ficção científica de O Grande Truque, o intrincado (e hypado) espetáculo de sonhos dentro de sonhos de A Origem, e ainda havia sido o criador por trás dos ótimos Amnésia e Insônia...
O cara manja do riscado, e a reverência de seu público não é gratuita.
Eu havia lido pouco a respeito de Interestelar quando comprei o ingresso para assistir ao filme na noite de ontem. Sabia apenas que lidava com viagens interplanetárias e que era estrelado por Matthew McConaughey, Anne Hathaway e Jessica Chastain.
E era isso.
Cheguei ao cinema e me sentei com minha garrafa de Fanta para descobrir o que mais havia na nova empreitada de Christopher Nolan:
No filme somos apresentados à uma Terra em um futuro não especificado. Uma Terra que vai levando sua vida mais ou menos da mesma maneira que nós fazemos hoje, mas com uma diferença importante:
A escassez de alimentos.
Uma praga desconhecida surge, transformando em poeira lavouras inteiras de trigo, que se extingue. A seguir, o mesmo ocorre com soja, e sistematicamente com todas as culturas, até que resta apenas o milho.
Engenheiros, físicos e administradores se tornam dispensáveis à medida que, em um mundo que precisa desesperadamente de comida, são os fazendeiros que garantem o sustento de todos.
Um desses fazendeiros é Cooper (Matthew McConaughey), um ex-piloto de testes, astronauta que jamais saiu da Terra e engenheiro, viúvo precoce que toca uma fazenda de milho com seus filhos, Tom (Timothée Chalamet) e Murphy (Mackenzie Foy), e o sogro Donald (John Lithgow).
A vida da família é boa dentro de suas limitações, mas Cooper gostaria de fazer mais. Gostaria de fazer aquilo que acredita que nasceu para fazer.
Sua chance surge quando uma espécie de anomalia gravitacional ocorre na casa de Cooper e sua família, praticamente lhe dando um mapa para chegar até a última base da NASA, que continua operando em segredo da opinião pública.
Uma operação chamada Projeto Lázaro, chefiada pelo professor Brand (Michael Caine), e formada por sua filha Amelia (Anne Hathaway) e os exploradores Doyle (Wes Bentley) e Romily (David Gyasi), planeja utilizar um recém descoberto buraco de minhoca próximo à uma das luas de Saturno, e procurar, em uma galáxia distante centenas de milhares de anos-luz, por planetas capazes de sustentar a vida humana, em uma missão tão inédita quanto perigosa.
À bordo da espaçonave Endurance, o grupo de exploradores deverá ir mais longe do que qualquer ser humano jamais sonhou em chegar para garantir a manutenção de sua espécie.
Amparado pelo trabalho do físico teórico Kip Thorne (que escreveu a primeira versão do roteiro junto com Jonathan Nolan e serviu como consultor do longa), Christopher Nolan cria uma história sensacional, não sobre o espaço, mas sobre tempo, e sobre os efeitos do primeiro sobre o segundo, e o que isso faz com Coop e seus filhos.
Em sua viagem além do buraco de minhoca, até uma galáxia à beira do horizonte anômalo de um imenso buraco-negro chamado Gargantua, o tempo se torna mais relativo do que nunca.
Em uma das mais sensacionais sequências do filme, a equipe da Endurance vai à superfície de um planeta, e após algumas poucas horas de uma incursão que termina em tragédia, retornam à sua nave-mãe para descobrir que vinte e três anos haviam se passado, deixando Coop com mensagens de Tom para lhe mostrar tudo o que ele havia perdido no tempo que passou fora.
As anomalias temporais causadas pela proximidade com o Gargantua, porém, não são os únicos percalços encontrados pela equipe.
Planetas cobertos de água, com marés que se recolhem formando ondas maiores do que cordilheiras montanhosas, mundos gélidos onde as nuvens se solidificam devido à baixa temperatura e composição atmosférica criando glaciares suspensos que se erguem ameaçadoramente sobre os viajantes e até mesmo a insanidade gerada pelo medo e pela solidão em outros membros do projeto Lázaro são apenas alguns dos problemas com os quais a equipe de Coop e Amelia precisa lidar, tudo isso e mais o crescente desespero do piloto de voltar pra casa a tempo de rever seus filhos, agora adultos (vividos por Casey Affleck e Jessica Chastain).
Contando com um elenco acima da média encabeçado por um maduro Matthew McConaghey (quem poderia supôr que, em um ano, veríamos três excelentes filmes estrelados por ele, e os três com grandes atuações, "baybe"?), e contando ainda com David Oyelowo, Topher Grace, Ellen Burstyn, e Matt Damon, mais o excepcional cinematógrafo Hoyte Van Hoytema, e a música sensacional de Hans Zimmer, Christopher Nolan habilmente usa a grandeza e os mistérios do universo para contar uma história de família, sobre o amor entre pais e filhos, tornando o que, à primeira vista, parece seu maior filme, no mais intimista, e talvez o melhor.
Palmas para Christopher Nolan.
Um dos melhores filmes do ano, corra pra ver no cinema. Vale dois ingressos.

"-Nós ainda somos pioneiros, nós mal começamos. Nossas maiores realizações não podem estar atrás de nós, pois nosso destino é lá em cima."

Rapidinha do Capita


E a Warner divulgou ontem à noite o segundo trailer de O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos. A prévia mostra mais do que deve ser o capítulo mais abundante de pancadaria da trilogia:



De se borrar nas calças...
Chega logo, dezembro!!!!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Resenha Game: Call of Duty - Advanced Warfare


Call of Duty - Ghosts foi, facilmente, o pior jogo da história recente da franquia. Se salvavam algumas ambientações interessantes no single player, um par de modos de multi-player (o infected era bem bacana), o cachorro Riley, e meio que era isso. No geral, o game desapontou na geração anterior tanto em termos de jogabilidade quanto de visual, e eu confesso que cheguei a flertar com a ideia de comprar Battlefield 4 pra PS4 ao invés de CoD - Advanced Warfare. Acabei sendo dissuadido por causa do Kevin Spacey.
A cara digitalizada de um dos meus atores preferidos me fez comprar um game que, a bem da verdade, me parecia cada vez mais uma ideia idiota.
Sejamos francos, alguém imagina uma ideia mais pueril pra revitalizar uma franquia do que colocar umas armaduras cabulosas e umas armas laser nos soldados?
Mas após uma noite de Call of Duty - Advanced Warfare, posso dizer que os exoesqueletos deram uma refrescada muitíssimo bem vinda à jogabilidade da série, oferecendo uma variação de movimentos e possibilidades que vão fazer a alegria dos viciadinhos de plantão no multiplayer e que começam a ser explorados ainda na campanha.
Aliás, à ela:
Na campanha de CoD-AW o jogador personifica o soldado Jack Mitchell (Dublado por Troy Baker, que parece ter se tornado onipresente após seu brilhante trabalho em The Last of Us), durante uma missão em Seul, Coréia do Sul em 2054, Mitchell é gravemente ferido, e perde seu melhor amigo, Will Irons.
Afastado do exército, Micthell é cooptado pelo pai de seu amigo, Jonathan Irons (Kevin Spacey), fundador e presidente da empresa de operativos militares privados Atlas.
Um grupo mercenário com acesso aos mais poderosos e avançados armamentos à disposição do mundo, e força armada mais poderosa do planeta que terceiriza seu poder de fogo à qualquer nação que for capaz de pagar seu preço.
Ao mesmo tempo em que Mitchell se une à Atlas, o grupo terrorista KVA, liderado pelo tecnofóbico Joseph Hades Chkheidze inicia uma série de ataques pelo mundo, o que torna a empresa de Irons, mais prestigiosa organização militar do planeta, a única resposta à altura da escalada assassina do KVA.
Conforme lutam contra a organização durante anos, acumulando sucessos e fracassos, Mitchell e seus companheiros acabam encontrando evidências de que, na guerra entre a Atlas e a KVA, discernir aliados e inimigos pode ser mais difícil do que eles imaginavam a princípio.
Ainda que absolutamente previsível, a história de Call of Duty - Advanced Warfare é coerente, bem amarrada, e bem interpretada. Ajuda o fato de termos Kevin Spacey, renderizado à perfeição, declamando parte dos textos. Um ator do calibre do "Keyser Soze" é convincente até declamando receita de bolo de batata, então, qualquer clichê ganha veracidade na boca digital do intérprete de Jonathan Irons.


Alie-se a isso uma bem sacada viagem ao redor do mundo dividida em capítulos (como a Atlas trabalha por contratos, nunca a divisão em capítulos dos games de CoD fez tanto sentido na campanha) com (alg)uma variedade de missões a cumprir, algumas delas oferecendo liberdade sem precedente na série, sem aquele oficial comandante com um reluzente "follow me" amarelo em cima da cabeça, mais a adição dos exo-trajes, que existem no game em três versões, cada uma delas com suas próprias especificações e vantagens oferecendo ao jogador a possibilidade de experimentar força, velocidade e resistência ampliados, a capacidade de planar por curtos períodos, clipar-se à paredes ou aeronaves inimigas com um lançador de gancho, e até pequenos períodos de invisibilidade, e de novíssimas armas que incluem granadas inteligentes, projéteis teleguiados e armas de energia direta (yeah, armas laser, motherfucker...), e a campanha do game se segura bem por suas 6 a 10 horas de jogo.
Se os exo-trajes refrescam a campanha, o que fazem pelo multiplayer é ainda maior. Com uma jogabilidade intuitiva e divertida, os exoesqueletos especializados abrem uma inacreditável leque de possibilidades já nos death matches tradicionais, nos modos como capture a bandeira ou os novos Uplink e CTF são a alma da festa, que recebeu de volta a possibilidade de personalizar seu soldado e não oferece poucas recompensas práticas ou cosméticas para fazê-lo e detonar seus amigos com estilo nos versus, ou ajudá-los em uma partida do modo Exo Survival, uma caótica combinação de objetivos cooperativos para até três tarados por armas e tiros.
Para aqueles que, como eu, odeiam a ideia de passarem horas sendo assassinados por algum adolescente asiático de 1,60m que pesa 92 Kgs, e nunca sai do sofá, existe o Combat Readiness Program, um amistoso ambiente onde os "noobs" podem se encontrar e jogar com seus bonequinhos sem nome, misturados à bots do PC, tudo sem marcação de score, apenas pra pegar a manha do jogo, e, se algum sádico filho da puta aparece e começa a matar às centenas, e excluído da sala, garantindo que novatos não se sintam desencorajados a experimentar uma jogatina on-line mais casual.
Com uma ideia bem sacada otimizada pela engenharia de fases tanto no single quanto no multiplayer, a Sladgehammer conseguiu com Call of Duty - Advanced Warfare dar um necessário respiro à série sem tirar nada daquilo que a tornou o FPS mais vendido dos games.
Nada mau para o primeiro CoD do estúdio. Mal posso esperar pelo que eles farão a seguir.

"-O que você está vendo é guerra avançada."

Resenha Game: The Evil Within


Desde as primeiras notícias, The Evil Within era alardeado como o retorno do estilo de jogo Survival Horror à sua origem.
Esse reencontro com as raízes do pavor seria garantido pela presença do diretor Shinji Mikami, um dos criadores da série Resident Evil que esteve ligado à série de zumbis da Umbrella Corporation até Resident Evil 4, o último bom capítulo da franquia.
Após um bom tempo de jogo, podemos ver porque Mikami é um dos papas da matéria, e também que o terror oriental é bem mais aterrorizante que o ocidental.
Em The Evil Within o jogador assume o comando do detetive Sebastian Castellanos, policial veterano da cidade fictícia de Krimson City, enquanto volta de uma investigação com seus parceiros Joseph Oda e a novata Julie Kidman, o trio é desviado para investigar um homicídio em massa no hospital psiquiátrico Beacon. Chegando ao local, Sebastian e Joseph encontram um médico semi-consciente, e são atacados por uma misteriosa aparição de capuz branco.
Deste momento em diante, a realidade se torna uma fronteira bastante tênue, à medida em que Sebastian se vê sendo lançado em diferentes mundos saídos de pesadelos aparentemente independentes uns dos outros, como memórias aleatórias de mentes atormentadas habitadas por criaturas feitas da matéria-prima de que é feito o inferno.
Conforme luta por sua sobrevivência, Sebastian, com a ajuda de Julie e Joseph, descobre que o paciente Leslie pode ser a chave para resolver o enigma da misteriosa figura de branco, um mistério que se estende por décadas no passado de Krimson City e pode, inclusive, ter ligações com a morte da esposa de Sebastian e do filho do casal.
É um bom jogo.
Amparado em mecânicas clássicas de games de terror, The Evil Within se ergue sobre o terreno da atmosfera para imergir o jogador em um mundo distorcido e sombrio. A ambientação, com suas nebulosas realidades paralelas habitadas por seres medonhos, grotescos e desfigurados (como o Keeper, que lembra muito Pyramid Head, mas sem os estupros) traz ecos de Silent Hill, cenas inteiras parecem retiradas de Resident Evil (há inclusive uma mansão absolutamente igual àquela do primeiro RE), e a variação entre o jogo de tiro e a furtividade, além da constante busca nos cenários dilapidados por itens que possam ser usados para melhorar suas armas e aumentar suas habilidades, lembram The Last Of Us.
Ao contrário do game da Naughty Dog, porém, os personagens principais de The Evil Within são rasos, unidimensionais e arquetípicos como parece ser a regra dos games japoneses, Sebastian Castellanos está longe de ser Joel, na verdade, de tão sem graça, o detetive do KCPD fica devendo até ao bom mocismo de Leon S. Kennedy, e nem mesmo o bom trabalho de dublagem de Anson Mount (de Hell on Wheels) consegue salvar o texto reciclado de outros milhares de policiais decadentes estilo noir ao pior estilo Max Payne.
Muito mais frustrante do que personagens unidimensionais ou mesmo a história sem sentido, são alguns dos aspectos da jogabilidade.
O sistema de auto save é mais temperamental que o Açougueiro, e volta e meia decide não funcionar, ou funcionar quando lhe convém (salvamento manual, só muito no início das fases, algo extremamente frustrante quando se morre de maneira boba após uma longa e aborrecida sequência de stealth), o sistema de câmeras eventualmente atrapalha, e o fato de o player nem sempre poder escolher se deve optar pela abordagem furtiva ou o combate (minha mãe não criou covardes, minha primeira escolha sempre é deitar a porrada no monstro que aparece na tela) incomoda, tornando confrontos mais difíceis do que eles poderiam (ou deveriam) ser, confrontos, aliás, podem ser particularmente frustrantes, uma vez que alguns chefões requerem que o jogador execute objetivos secundários extremamente específicos, e muitas vezes idiotas, para vencê-los, num processo de tentativa e erro que eleva o contador de mortes do jogador à níveis estratosféricos, e ainda nos faz ver e rever as aborrecidas apresentações cinemáticas dos monstros e encarar uma tela de load xarope com alguma dica inútil como "Ás vezes fugir é a melhor abordagem", transformando o que poderiam ser confrontações épicas com seres de fazer neguinho se borrar de medo, num sem número de repetições chatas que roubam o impacto das lutas decisivas.
Essas falhas, porém, não eclipsam as melhores qualidades de The Evil Within, o uso esperto de luz e sombras (jogar sem eventualmente sacar a arma por ter se assustado, literalmente, com a própria sombra, é tarefa complicada), a aplicação sinistra do som (muitas vezes os gemidos e gritos de coisas que nós nem mesmo podemos ver nos faz ficar com o coração na boca em um corredor úmido e mal iluminado), e o encorajamento à criatividade (atrair aquele desgraçado pra essa armadilha e prender fogo no calhorda ou desmontar a armadilha e usar as peças pra fazer um virote violento para a besta?) e à exploração (pensar que com mais cem unidades de gel verde tu pode aumentar o fôlego de Castellanos e correr por mais tempo te encoraja a entrar em todos os quartos escuros que tu vê pelo caminho.) aliados à uma atmosfera de tensão crescente e sugestão de pavor perene além da escassez de recursos e à uma engenharia criativa de monstros e fases tornam a experiência de The Evil Within muito satisfatória.
Pode parecer pouco frente ao que o game prometia, mas ei, satisfatório é bem melhor que frustrante.
Vale a jogatina.

"-Doutor... O que diabos está havendo?"

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Rapidinhas do Capita


Foi uma entrevista qualquer pra MTV falando de outro filme, mas a ruivíssima Jessica Chastain comentou que já andou conversando com a Marvel, onde quase assumiu o papel que ficou com Rebecca Hall em Homem de Ferro 3, mas que ficou de fora porque, em suas próprias palavras, se ia fazer um filme de herói, pra que ser a civil aborrecida? A ruiva queria um uniforme e queria chutar umas bundas.
Pronto.
Foi o estopim para a indicada ao Oscar ser ligada à Capitã Marvel, filme anunciado pelos estúdios Marvel para 2018.
Chastain foi rápida em ir ao twitter e desmentir a informação, e, de uma forma ou de outra, raramente o primeiro nome cogitado para um papel chega ao set de filmagem no histórico da Marvel no cinema.
Ainda assim, Jessica Chastain com sua gloriosa cabeleira ruiva e seu bocão ficaria fenomenal de maiô e botas até o joelho voando por aí...


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E temos mais uma razão para ir ao cinema ver Homem Formiga.
O filme que ficou órfão do ótimo Edgar Wright e caiu no colo do sem-graça Peyton Reed confirmou meio sem querer que Peggy Carter, a deliciosa Haley Atwell estará no longa metragem.
Um anúncio do longa pedia uma stand-in (um ator de mesma altura e constituição física que é usada para fins técnicos como iluminação e figurino) para a atriz inglesa.
Um rumor de alguns meses atrás dizia que Hank Pym (Michael Douglas) apareceria em um flashback, reunindo-se com membros fundadores da SHIELD, como Peggy Carter, Howard Stark (Que no filme deve aparecer como John Slattery, que fez o papel em Homem de Ferro 2, e não como Dominic Cooper, intérprete do herói em Capitão América - O Primeiro Vingador), Alexander Pierce (Que foi Robert Redford em O Soldado Invernal) e Arnin Zola.
Comentou-se, inclusive, que a inserção de outros personagens do Universo Cinemático Marvel teria sido o estopim para a saída de Wright.


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Recentemente a Sony revelou que vai lançar um derivado de O Espetacular Homem-Aranha totalmente dedicado à personagens femininas do universo aracnídeo.
A atriz Felicity Jones, que viveu a secretária Felícia (Hardy???) em O Espetacular Homem-Aranha 2, ao ser perguntada se interpretaria a Gata Negra no derivado, se fez de desentendida (mas não tanto) na resposta:
-Ser embalada a vácuo em um uniforme de couro e sair dando saltos mortais? Eu adoraria.
Dessa resposta podemos discernir que Jones sabe quem é a Gata Negra e está disposta a fazer (ou voltar) ao papel (que, baseado em fotos da produção teria participação bem maior e mais ativa antes da intervenção do estúdio).


Lisa Joy Nolan, roteirista de Burn Notice atualmente escreve o Spin-Off feminino aracnídeo para a Sony (que aparentemente planeja sugar até a última gota do Homem-Aranha antes de deixar os direitos do cabeça de teia retornarem à Marvel), que trata O Espetacular Homem-Aranha 2 como um fracasso de bilheteria ainda que o filme do herói aracnídeo tenha rendido mais na bilheteria do que sucessos como Batman Begins, Homem de Ferro e O Homem de Aço.