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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Resenha Cinema: Capitão América: Guerra Civil


Lá se vão oito anos, doze filmes e duas séries de TV desde que Robert Downey Jr. assumiu publicamente que era o Homem de Ferro e, procurado por Samuel L. Jackson ouviu falar da Iniciativa Vingadores, no que era o mais ambicioso projeto de franquia cinematográfica até então.
Após doze filmes e mais de oito bilhões e meio de lucro em bilheterias, a Marvel fincou o pé como um dos mais rentáveis produtos de entretenimento do mundo, tanto que a Disney investiu pesado para ter os super-heróis da editora sob sua asa.
Se não há praticamente ninguém em sã consciência que possa dizer que os filmes do estúdio não são divertidos (sempre há os fanboyolinhas histéricos e amargurados destilando um ódio incompreensível seja pela Marvel, seja pela DC), também não é menos verdade que os longas da Casa das Ideias primavam por essa diversão, estando muito longe de alcançar a profundidade, por exemplo, da trilogia das Trevas de Christopher Nolan para o Batman, o que, sejamos francos, nem mesmo a DC parece capaz de replicar hoje em dia.
O primeiro vislumbre de um longa da Marvel com mais do que duas horas de diversão despreocupada, pirotecnia e piadinhas foi justamente em Capitão América: O Soldado Invernal, longa de 2014 que deixou claro à audiência que o estúdio tinha um pouco mais a oferecer do que uma repetida fórmula consagrada.
O longa era um filme de super-herói muito bem embalado em uma trama com cara de thriller político de espionagem, e fez maravilhas pelo cap.
No ano passado, porém, os longas lançados pelo estúdio deram pinta de que a luta de Steve Rogers contra o agente definitivo da Hydra havia sido um evento isolado.
Se Homem Formiga era uma óbvia comédia de ação, a começar por seu protagonista, Vingadores: Era de Ultron dirigido por um Joss Whedon operando em modo Michael Bay pareceu incapaz de dar um passo além da repetição do primeiro longa do super-grupo com uma escala maior de destruição e um bom vilão que acabava soterrado no CGI e nas sequências de ação hiperbólicas no que, ao menos pra mim, foi um longa metragem algo decepcionante.
Por sorte, a DC resolveu dar o famoso "ligeirão" com seu universo cinemático, e após a recepção morna de O Homem de Aço, apostou alto juntando Superman, Batman e Mulher Maravilha num mesmo filme.
O audacioso movimento da Warner forçou a Marvel a equiparar forças, de modo que o terceiro longa do Capitão América foi transformado quase em um Vingadores 2,5.
O filme do sentinela da liberdade, anunciou-se, adaptaria a saga Guerra Civil, dos quadrinhos, onde Steve Rogers e Tony Stark assumem lados opostos em uma guerra que se estende pelos quatro cantos do universo Marvel com resultados catastróficos.
Além de vários dos heróis que já havíamos visto nos longas da Marvel até aqui, ainda surgiriam o Pantera Negra e o Homem-Aranha, "emprestado" pela Sony, numa clara demonstração de que a Marvel não estava brincando na hora de encarar a trindade da DC nas telonas.
Capitaneando o longa estaria a equipe de Soldado Invernal, os diretores Joe e Anthony Russo e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, no elenco, quase todo mundo que já havia aparecido nos filmes anteriores e, pelo menos duas caras novas que todo mundo queria ver:
Chadwick Boseman, e Tom Holland.
Ontem, como qualquer nerd que se preze, eu estava à meia-noite numa sala de cinema, vestindo meu agasalho do Capitão-América e minha camiseta do Homem-Aranha para assistir ao longa.
A ele.
Após o ataque de Ultron à Sokovia e a dissolução da SHIELD, os Vingadores do Capitão América (Chris Evans) seguem seu trabalho de proteger a humanidade, e amarrar pontas soltas.
Durante uma operação na Nigéria para capturar o agente Rumlow, agora o vilão Ossos Cruzados (Frank Grillo), Falcão (Anthony Mackie), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) enfrentam um grupo de mercenários e uma arma química num ataque que termina com onze mortes.
A tragédia, somada às ações dos Vingadores em Nova York durante o ataque Chitauri de Loki, em Washington durante o ataque da Hydra e à destruição da Sokovia nas mãos de Ultron levam as Nações Unidas e o Secretário de Estado norte-americano general Thaddeus Ross (William Hurt, de volta após O Incrível Hulk) a apresentar um ultimato à equipe:
Os Vingadores não podem mais ser uma força-independente operando sem respeitar estados soberanos pelo mundo. A proposta forma uma junta da ONU que decidirá quando e se o grupo será acionado, e onde eles terão liberdade para atuar.
Se a iniciativa imediatamente soa plausível para Tony Stark (Robert Downey Jr.), que vive um momento difícil com Pepper Potts e se sente responsável pela morte de um jovem na Sokovia (aparentemente a mãe do rapaz é uma ótima agente de viagens, pois consegue lançar Tony em uma viagem de culpa sem maiores esforços), é imediatamente rechaçada por Steve, que não é capaz de depositar sua confiança e o poder da equipe à pessoas que tem suas próprias agendas políticas.
Em meio à divisão do grupo, um ataque terrorista atribuído ao Soldado Invernal (Sebastian Stan) coloca o antigo amigo de Steve na alça de mira de todas as agências de segurança do mundo, e quando os interesses do misterioso Helmut Zemo (Daniel Brühl) se misturam ao destino de Bucky, uma intrincada conspiração que se estende do passado de Steve e de Tony Stark toma a forma de uma cisão tão profunda que pode implodir os heróis mais poderosos da Terra de dentro pra fora.
Sob diversos aspectos, Capitão América: Guerra Civil é o que Vingadores 2 deveria ter sido.
Um longa infinitamente mais maduro e melhor construído do que Era de Ultron, Guerra Civil encontra um tom sério e grave sem se transformar em um espetáculo de ódio e melancolia como Batman VS Superman - A Origem da Justiça, e nem abandonar por completo o bom humor que caracteriza os filmes da Marvel.
Existe genuína tensão quando as disposições de Tony e Steve azedam de vez no ato final de um crescendo orgânico e crível que vinha desde o primeiro Vingadores, especialmente porque nenhum dos dois está absolutamente certo ou errado na questão que move o filme, e porque, embora eles não sejam capazes de encontrar um meio-termo onde concordar, ainda são pessoas que se respeitam e admiram mutuamente, dando ao conflito uma dolorosa cara de cisma em família.
Ainda assim, todos os personagens encontram um momento para nos fazer sorrir, seja como um alívio cômico assumido, caso do Homem Formiga de Paul Rudd, e do Falcão, cujas interações com Bucky são ótimas sem soarem forçadas ou gratuitas, seja com o sarcasmo ácido de Tony Stark ou a inocência extemporânea de Steve. A exceção é um dos estreantes do longa, o príncipe T'challa de Wakanda de Chadwick Boseman, que surge como um homem austero e articulado, dominado por um desejo de justiça que se confunde com vingança conforme sua família e seu reino são atingidos pela conspiração de Zemo.
Boseman encontra um bom tom para o Pantera, e ao final do longa, o personagem deixa claro que pode segurar um filme nas costas se for bem trabalhado.
O outro estreante é Tom Holland, que surge como o mais adolescente (e mais pobre) Peter Parker que nós já vimos, emulando o jeito tagarela de Andrew Garfield com o traje, mas dando um toque geek todo seu ao personagem além de um vislumbre da extensão de seus poderes quando enfrenta, sozinho, Soldado Invernal e Falcão ao mesmo tempo na luta do aeroporto de Leipzig, além de ter um arranca-rabo com o Homem-Formiga e o Capitão América em pessoa.
O filme ainda dá um arco dramático para Jim Rhodes (Don Cheadle) o Máquina de Combate, arruma espaço para o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) ter seus momentos e se aprofunda brevemente na psiquê em formação do Visão (Paul Bettany), um ser sintético de pura lógica que não consegue ignorar sua afinidade com Wanda, uma afinidade que pode ir muito além da Joia do Infinito que lhes dá seus poderes.
Os irmãos Russo, e os roteiristas McFeely e Markus, porém, não esquecem o nome de quem está no título, de modo que o Capitão América tem mais espaço do que os demais personagens, a Guerra Civil é entre os times de Tony e Steve e Robert Downey Jr. é um tremendo ladrão de cena, mas o longa ainda pertence ao Capitão América, e mostra mais um capítulo de sua jornada como alguém que não se encaixa, e segue procurando seu lugar no mundo, algo que fica claro na maneira como Steve protege obsessivamente Bucky, seu único elo com seu tempo.
Conseguir imprimir isso em um longa de super-herói de duas horas e meia com tantos personagens e (ótimas) sequências de ação é, por si só, um triunfo dos realizadores.
Sim, Capitão América: Guerra Civil é excelente, talvez o melhor e mais equilibrado filme da Marvel até aqui, o que Vingadores 2 deveria ser e, eu espero, o que os filmes da Marvel sejam daqui por diante.
Que venham Doutor Estranho, Homem-Aranha - Volta ao Lar, Homem-Formiga & Vespa, Pantera Negra e Vingadores - Guerra Infinita, e que tenham todos a qualidade de Guerra Civil.
Assista no cinema, fique até o final dos créditos.

"-Nesse trabalho nós tentamos salvar tantas pessoas quanto pudermos. Ás vezes isso não significa salvar todas..."

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Desaforo


Raul sentou-se sorrateiro diante do computador. A cinta já aberta, mãos na braguilha.
Abriu a janela anônima do navegador, e digitou ligeiro o endereço de um site de vídeos pornográficos.
Vez que outra sentia a urgência da masturbação. Não era um onanista costumeiro, não era algo que estivesse no topo de sua lista de afazeres diários.
Não.
Era um punheteiro eventual, em momentos onde a carência e a vontade sobrepujavam a vergonha e levavam a mão nervosa a encontrar o caminho dos genitais.
Sentia de fato, vergonha da suas ânsias, às quais considerava juvenis. Crescera em um ambiente relativamente aberto, onde todos sabiam que o onanismo é parte integrante de qualquer adolescência, chegou a receber discreto acesso à revistas de nudez quando de sua mocidade para facilitar-lhe o prazer solitário. Após tornar-se sexualmente ativo, ainda na adolescência, achou que seus dias de "descabelar o palhaço" haviam terminado.
Ledo engano.
Raul percebeu que a vida sexual não substituía o prazer ligeiro e acessível a (quase) qualquer momento da masturbação.
Não negava que tal descoberta o frustara um pouco. Achava que o prazer a dois seria infinitamente melhor que o individual.
De várias maneiras era, mas não de todas.
O ato carnal conjunto não substituiu o prazer clandestino do ato supremo de amor por si próprio para Raul, que, conforme ficava mais velho, mais se ressentia da vontade de se tocar.
Por vezes perguntava-se se outros homens na mesma faixa-etária também se locupletavam em atos libidinosos com as próprias mãos ou se aquele era um desvio seu e apenas seu.
Como realizava seu ato clandestino de autossatisfação em segredo, jamais obteve resposta à essa pergunta, de modo que vivia assolado pela culpa, mas ao mesmo tempo, era incapaz de resistir à ânsia de se masturbar de quando em quando, lendo com satisfação estudos que diziam que homens que se masturbavam ao menos uma vez por semana eram menos propensos a desenvolver câncer de próstata, por exemplo.
Ainda assim, cada vez que se sentava feito um adolescente, calças abertas diante do computador vasculhando sites de vídeos pornô em busca de um que lhe prendesse a atenção e municiasse suas fantasias por dez minutos para que ele desopilasse as tensões em um jato de sêmen, Raul sentia-se deslocado. Envergonhado. Diminuído.
Agora mesmo, ali estava ele... Sentado com o membro na mão esquerda enquanto girava o scroll do mouse com a mão direita fazendo rolar pornografia e mais pornografia diante de seus olhos na tela de plasma tendo a certeza de que era melhor que aquilo. Que não deveria ser um escravo de impulsos tão vis e básicos. Que poderia abraçar a razão em detrimento dos instintos de qualidade rasteira que o moviam naquele momento.
Decidira-se.
Estava recolhendo o pênis quando um daqueles anúncios pop-up de canto de tela surgiu piscando. A imagem dizia, com uma má tradução entre português e espanhol "Páre de se masturbar e", era interrompida com o restante da mensagem oculta fora da tela.
Raul achou um desaforo.
Abriu as calças, sacou o pau já duro e se pôs a procurar um vídeo da Michelle Maylene, que o lembrava da ex-namorada.
-'num paro! - Ainda disse, desafiador.
Quem é que aquele site pensava que era pra mandar ele parar?
Ia mais era bater duas em sequência só de birra.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Singeleza


O que a Melina viu no Celso?
Era o que se perguntavam à boca pequena, as tias da Melina enquanto as mães e primas da Melina a parabenizavam após o anúncio do noivado.
Logo a Melina, linda, gostosa, cheia de pretendentes em cada esquina, noivando com o tal do Celso, que nem bonito era, e nem rico, e nem particularmente inteligente...
Houve quem especulasse que seus pais eram ricos, e que Milena estava dando um ponto com nó ao fisgá-lo enquanto eles ainda estavam vivos.
Dar-se-ia muito bem quando os dois batessem as botas e Celso herdasse uma fortuna, alcovitou tia Célia..
Não era verdade, os pais de Celso nada tinham de ricos. Seu único patrimônio era a casa onde viviam, que seria dividida entre Celso e mais dois irmãos.
Houve quem dissesse que, por trás daquela fachada sem graça, Celso deveria ser um vulcão na cama. Um amante latino de graça e malemolência entre quatro paredes, "apaixonado e quente como Antonio Banderas, e bem-dotado como Michael Fassbender", sugeriu tia Myrtes.
Também era falso. Celso gostava de sexo, especialmente com Melina, ela sim, um vulcão de alcova, mas não era particularmente versado na matéria, e nem tampouco tinha um membro viril avantajado.
Houve ainda quem supunha que Melina vira no tímido Celso uma alternativa a todos os descarados que a abordaram ao longo dos anos, desde que ela punha seus hoje generosos atributos físicos atraindo os olhares de qualquer homem com duas gotas de sangue nas veias, como fez seu Astolfo, o pai de Melina, cheio de orgulho da virtude da filha.
Mas tampouco era essa a alternativa correta.
Ainda que Melina gostasse dos modos contidos de Celso, já conhecera homens polidos e educados. Linda que era, fora abordada por sujeitos de todos os tipos ao longo da vida.
Não...
A Suburbana Milena enamorara-se de Celso por uma razão muito mais íntima e simples:
Toda a vez que Milena via a caspa de Celso sobre seus ombros, isso a fazia pensar em neve.
E Milena, que morria de pavor de andar de avião, mas sonhava em um dia ver neve de verdade, acabou por ligar Celso à uma coisa particularmente positiva em sua mente. Chegando ao ponto de casar com o Celso por conta daquela singela lembrança da mais charmosa das precipitações atmosféricas.
Por incrível que pareça, foram muito felizes.
Mesmo depois de Celso levar Milena à Bariloche de carro.

O Novo Trailer de X-Men - Apocalypse

Já havia sido aventada a possibilidade de que Hugh Jackman reprisasse seu papel de Wolverine pela oitava vez em X-Men Apocalypse, mas a ausência de Jackman em Deadpool, onde também se dizia que ele poderia aparecer (o que só aconteceu em fotos e máscaras do personagem titulo), deu a impressão de que o ator australiano deixaria sua última passagem pelas garras para o terceiro longa solo do mutante canadense, isso até Bryan Singer e companhia confirmarem que sim, o Wolverine estaria em Apocalypse, e um vindouro trailer contaria com a participação do herói.
Agora pela manhã saiu o trailer final do longa, a prévia de pouco mais de dois minutos e meio contém várias cenas inéditas incluindo um gostinho da participação de Logan em Apocalypse, onde, aparentemente, ele surge pra dar "Uma ajudinha":



X-Men - Apocalypse, dirigido por Bryan Singer e com o retorno de James McAvoy, Jennifer Lawrence, Michael Fassbender, Nicholas Hoult, Rose Byrne, Lucas Till e Hugh Jackman, mais as adições de Alexandra Shipp, Sophie Turner, Tye Sheridan, Olivia Munn, Ben Hardy e Kodi Smith-McPhee, entre outros, estréia em 19 de maio.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Resenha Série: Better Call Saul - Temporada 2


Eu já expliquei antes, nunca consegui acompanhar séries inteiras na TV. O advento do DVD ajudou a sanar, em parte, esse problema, mas foi o serviço de streaming Netflix que, de fato, mudou minha relação com seriados. Eu assinei Netflix pensando, declarada e abertamente, em usar o mês grátis para ver Demolidor e cancelar o serviço antes da cobrança da primeira fatura.
No entanto, acabei me rendendo às vantagens de ver os seriados em meu próprio tempo, de acordo com a minha vontade nesse ou naquele momento, e passei a assistir a diversos programas.
Após Demolidor, minha intenção era ver a recém lançada Better Call Saul, prequel de Breaking Bad que estreara há pouco na época, mas fui aconselhado a ver a série original antes do spin-off, e resolvi fazê-lo.
Não me arrependo. Breaking Bad, inteira, ás vezes cinco episódios em sequência, é uma tremenda experiência, ainda melhor do que os eventuais episódios que pesquei na AXN e que já haviam me dado a ideia da qualidade do programa.
Apenas depois de ver Breaking Bad do piloto até Felina, foi que passei a ver Better Call Saul, e percebi que, á despeito de situações e personagens em comum, o programa do advogado com o melhor guarda-roupa da cultura pop funcionava sozinho, em uma frequência completamente distinta da série mãe.
Ontem assisti ao episódio final da segunda temporada de Better Call Saul, e podemos dizer que o programa continua sendo um deleite por si só, enquanto consegue fazer o fan service necessário.
Muito mais do que nos primeiros dez episódios, o segundo ano se desmembrou no que parecem duas séries distintas unidas por um cordão muito tênue.
As linhas narrativas de Jimmy e Mike não poderiam estar mais distantes não fossem os eventuais favores legais que McGill (Bob Odenkirk) fez a Ehrmantraut (Jonathan Banks) ao longo da temporada. Enquanto o ex-policial trafega no submundo de Albuquerque nos levando novamente ao convívio de Tuco e Hector Salamanca e traficantes de drogas com disfarces gastronômicos para seu comércio ilegal, do lado de Jimmy o escopo foi sendo diminuído até o intimismo de suas relações interpessoais, não com Kim (Rhea Seehorn), mas com o irmão mais velho, Chuck (Michael McKean).
Ao longo do ano dois, tanto Jimmy quanto Mike seguem seu inexorável caminho rumo à ruína moral, trilhado tanto por força das circunstâncias quanto por sua própria volição.
Mike, que simplesmente não consegue dizer não à sua nora destrambelhada, vai se aprofundando em suas relações criminosas com resultados tão dolorosos física quanto emocionalmente.
Quando seu caminho se cruza de maneira mais veemente com o de Tuco Salamanca (Raymond Cruz) e Nacho Varga (Michael Mando), ele percebe que talvez tenha enfiado o pé no vespeiro errado, especialmente após a chegada de Hector (Mark Margolis) e seus sobrinhos.
Enquanto isso, Jimmy dava pinta de ter chegado, já no segundo episódio da temporada, ao lugar onde gostaria de estar.
Seu trabalho na firma de Clifford Main (Ed Bagley Jr.), com direito a apartamento funcional e carro da empresa, despertando a inveja dos promotores com quem costumava duelar no tribunal, parecia o ápice da carreira legal de Jimmy, mas o conselheiro legal deixou claro que é incapaz de agir estritamente dentro das regras, o que, ao longo da temporada, chegou a colocar o protagonista de volta onde ele havia começado, aparentemente sem nenhum arrependimento de sua parte, enquanto ele precisava lutar, não apenas contra seus instintos, mas também contra Chuck, que o perseguia como um perdigueiro.
Chuck, por sinal, está conseguindo, em apenas duas temporadas, igualar a aversão que eu tinha à Skyler White lá pela metade de Breaking Bad.
O brilhante do seriado é que, a exemplo de Skyler, Chuck também é um personagem com lastro para suas atitudes odiosas.
Se nós somos capazes de torcer por Jimmy tanto quanto torcíamos por Walter, não é menos verdade que, a exemplo do personagem de Bryan Cranston em Breaking Bad, Jimmy é, de fato, culpado por todos os crimes de quê Chuck o acusa.
A polaridade entre os irmãos, que começa na carreira profissional escolhida pelos dois, onde Jimmy já se mostrou um advogado incrivelmente esperto e competente, mas sem o lastro moral que Chuck considera essencial para a profissão, tem sua origem na vida pessoal, onde nós descobrimos, através de flashbacks, que Chuck, a despeito de sempre ter sido um bom filho, foi preterido nas afeições de seus pais por Jimmy, que sempre foi um malandro.
Nós simplesmente não conseguimos ficar do lado de Chuck, porque além de Jimmy McGill ser um personagem interpretado de maneira encantadora por Odenkirk, ele parece ter colocado o bem-estar do irmão mala em primeiríssimo plano, enquanto Chuck não parece disposto a oferecer ao caçula sequer uma chance de crescer na carreira, nem que, para proteger a advocacia dos métodos de Jimmy, seja forçado a usá-los ele mesmo.
Apesar de Jimmy ter tido a melhor linha narrativa durante a temporada, o cliffhanger do season finale de Mike foi mais saboroso.
Enquanto nós sabemos no décimo episódio, que Jimmy terá que continuar lidando com a obstinação do irmão em vê-lo fora do jogo legal, Mike acena com a possibilidade de reencontrarmos um velho conhecido da indústria do fast-food, conforme o anagrama dos títulos dos episódios sugeriu.
Já no primeiro ano, eu fiquei com a sensação de que Better Call Saul poderia seguir indefinidamente contando as histórias do passado de Jimmy e Mike e encontrar, de fato, Breaking Bad apenas no seu último capítulo.
Os personagens são divertidos, a série é bem escrita, conseguindo equilibrar momentos de tensão como a internação de Chuck no décimo episódio com outros de chorar de rir como a explicação de Jimmy para a fortuna que Wormald tinha escondida na parede no capítulo 2.
Se o fan service precisa ser feito, que venha, mas que não se apresse as coisas. A jornada de Jimmy McGill e Mike Ehrmantraut pré-Walter White, é demasiado saborosa para ser consumida ás pressas.
Que venha o ano 3.

"Não há recompensa no final desse jogo."

Transbordante


O mendigo, trajando andrajos encardidos sob o sol inclemente do verão que não acaba emparelhou comigo na rua, e me sorriu.
Antevi, um cínico que sou, o pedido por um trocado, como acontecera outras mil vezes nas ruas da cidade. Sorriso de sem teto, geralmente é prenúncio de pedido. Não sou dessas pessoas que se indignam ante o que chamam de achaque. Poucas vezes na vida tive a sensação de estar sendo "achacado" ao ser abordado por um pedinte. Talvez seja porque eu sou um sujeito muito tranquilo e não me enerve frente à abordagem, talvez seja por eu ser um sujeito de dimensões avantajadas e receber um tratamento menos agressivos dos pedintes, não sei. De toda a sorte, não me sinto ofendido ou agredido quando me pedem na rua. Eu sou pobre, sempre fui, e, se sou capaz de reconhecer a diferença entre um desesperado e um vagabundo, pois os dois tipos já me pediram dinheiro na rua, também sei compreender o tipo de desespero que leva uma pessoa a abdicar de seu orgulho, vencer a vergonha, e suplicar a um estranho até que isso se torne um hábito.
De qualquer forma, quando o mendigo me sorriu, eu de imediato me pus a fazer a contabilidade mental do parco conteúdo de minha carteira, tentando lembrar se havia lá dentro uma cédula de dois reais de que eu pudesse dispôr para aplacar, ainda que parcialmente, a fome, sede ou necessidade de um outro ser humano em apuro.
Mas o mendigo, não me fez a esperada pedida.
Sorrindo, ele me cumprimentou com um oi, e me contou ter achado vinte reais na rua. Mostrou-me a cédula suja, dobrada na mão, e me disse como era bom, de vez em quando, "dar um pé-quente".
Eu sorri de volta, dizendo-lhe que era bom ter sorte na hora da necessidade, ao que ele aquiesceu, apertando o passo e seguindo seu caminho, ainda sorridente.
Foi bonito, eu confesso, ser abordado por alguém que não conseguiu resistir à vontade de partilhar sua alegria, que de ter tão pouco, sentiu-se impelido a alardear a medida de boa sorte a que tivera acesso, pois é do homem sentir orgulho do que lhe acontece de bom, e talvez, esbarrar com aquela nota de vinte na calçada, tenha sido o que de melhor acontecera àquele sujeito em um bom tempo.
Em um mundo tão desagradável, tão repleto de gente vil que se locupleta do sofrimento alheio, ser alvo de uma felicidade tão intensa que transbordava, foi um bálsamo agridoce. É bom ver alguém alegre, mas triste saber que eu vivo em um mundo onde para muitos desafortunados, reles vinte reais são tão extraordinários.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Retrato do Brasil


Eu gosto de política.
Realmente gosto. Acho importante que as pessoas gostem de política, ainda que a maioria não goste e sequer entenda. Eu mesmo, apesar de gostar, não entendo ás vezes, mas me esforço nesse sentido.
O que eu não gosto, é dos políticos.
Eu desprezo os políticos, tenho ojeriza aos políticos.
E generalizo, mesmo.
Pra mim, não é um ou outro.
São todos.
Eu não conheço nenhum político honesto.
Nenhum político que valha o preço dos ternos bem cortados que usa no palanque. Que valha o preço da refeição luxuosa que come num restaurante, ou mesmo que valha o que deixa na privada horas após essa refeição.
Porque o político, mesmo aquele que não é pego com a boca na botija no escândalo de corrupção A, B, C, D ou E, é um ente desonesto.
É um crápula, a seu modo. Um calhorda e um canalha.
Pois ele está sugando o meu dinheiro (e o teu, e o de todo mundo mais que tu conhece), recebendo um polpudo salário, assistência médica, auxílio moradia, até auxílio paletó, para fazer, na imensa maioria do tempo, absolutamente nada.
Quando se pesquisa os projetos apresentados pelos deputados federais, a casa política mais diversa e mais ampla do nosso país, com quinhentos e treze eleitos em atividade, percebe-se que esses sujeitos basicamente não trabalham no período entre terça e quinta que passam em Brasília.
Eles tramam.
Eles apenas articulam esquemas ardilosos de apoio ou repúdio uns contra ou a favor dos outros, e participam de uma votação aqui ou acolá, para na quinta-feira, antes das três da tarde, estarem tomando aviões (com passagens pagas por mim, por ti, e por todo mundo que tu conhece) de volta à sua terra natal para "se reunir às bases", o que farão até a terça-feira seguinte, quando retornam à Brasília.
Isso não é novidade, todo mundo sabe que os políticos não trabalham e nem prestam.
Mas ontem, em particular, nós tivemos uma demonstração mais veemente do ridículo triste e perverso que é a câmara dos deputados, a Casa mais representativa e numerosa da política de nossa nação.
E, por favor, não me entenda errado.
Eu não ando por aí gritando que não vai ter golpe. Não sou petista, nem Dilmista, me recuso a usar a palavra "presidenta" e sei que a Dilma e sua catrafa de cúmplices é tão ruim quanto qualquer outro político. Não sou, sequer contra o impeachment, até mesmo porque, francamente, não sou capaz de distinguir entre Dilma e Temer, diferenças que justifiquem a paúra pela troca de presidente, e nem sou capaz de distinguir entre Temer e Cunha, diferenças que justifiquem a paúra pela troca de vice.
Pra mim, já disse, são todos iguais, e substituir uma peça ruim da engrenagem por outra igual, simplesmente não faz diferença alguma.
Mas com relação à votação de ontem...
Nossa.
A fase da vergonha alheia foi superada em poucos minutos das seis horas da votação que decidiria se o processo de impeachment contra a presidente seguiria rumo ao senado federal.
Os nossos parlamentares apareciam no púlpito fazendo discursos inflamados, entrando em modo criançada no Xou da Xuxa e mandando beijo pro pai, pra mãe, pros filhos, netos e cachorro. Dando urros ufanistas em nome do Brasil e dos seus estados e cidades de origem, conclamando fantasmas de políticos há muito mortos, e reincidindo naquela incompreensível dicotomia de adjetivos que só o circo que é a política brasileira consegue harmonizar com o "sua excelência" e o "canalha" na mesma frase, dirigindo-se à mesma pessoa.
A bancada ruralista votava em nome do agro-negócio, a bancada evangélica em nome de Deus, da paz de Jerusalém e dos pastores neo pentecostais larápios que lhes garantiram quatro anos de mandato, enquanto os milicos votaram em nome dos militares e os que apoiavam Dilma votavam "contra o golpe e a corrupção de Cunha e Temer" (que estranhamente só se tornou corrupto após romper com a presidente, com quem foi eleito não uma, mas duas vezes...), houve ainda os deputados de partidos que, conchavados com o governo atrás de cargos, votavam timidamente em nome do partido "voto pelo partido, mas contra a minha consciência", diziam, fazendo bico, e iam todos se acotovelando ao redor do palanque, tratando de ficar de frente para a câmera que transmitia a votação para todo o país, inclusive xingando e fazendo gestos quando além obstruía a imagem.
Quando o voto era contrário ao da maioria, vaiavam, xingavam, gritavam e entoavam cânticos, deixando claríssimo o despreparo emocional e intelectual de uma turba de mal-educados que se comportam como fedelhos da quinta série.
Houve os que fizessem piadinhas na hora de emitir o voto, os que erguessem cartazes com frases jocosas contra o governo, os que surgissem enrolados na bandeira do Brasil, ou de seus estados natais, e até os que jogassem confete pro ar, ou acusassem Cunha de não ter envergadura moral para presidir tal sessão.
Cada um dos mais de quinhentos deputados que votou, aproveitou cada segundo do tempo para fazer um pequeno show. Para jogar pra torcida, tentando se entranhar na memoria de seu eleitor, e sugar até a última gota daquele instante na ribalta a qualquer custo.
Enquanto faziam seu teatro de defensores da lei, da justiça e da moral da família brasileira, cada um dos quinhentos e onze deputados que votaram ontem (no que deve ter sido um recorde absoluto de presença de legisladores em Brasília num domingo, e um marco de presença em uma votação que não fosse a do aumento dos próprios salários), foram, mais do que nunca, um retrato dos brasileiros que os elegeram:
Apedeutas e poltrões pouco dotados intelectualmente, grosseiros, mal-educados e bufões sem a menor noção da seriedade e da importância da matéria que discutiam, transformando o que deveria ser um momento sério de reflexão para com os rumos da política brasileira em um circo vil e bisonho.
Eu ainda gosto de política, mas mais do que nunca, tenho asco dos políticos.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Resenha Cinema: Ave, César!


Com dois meses de atraso com relação à estréia americana chegou aos cinemas brasileiros Ave, César!, novo filme dos irmãos Coen, cada vez mais, cineastas fundamentais da sétima arte contemporânea.
Após um drama que foi, fácil, o melhor filme do ano de seu lançamento (2013 nos EUA, 2014 no Brasil), o excepcional Inside Llewyn Davis, e o roteiro do ótimo Ponte dos Espiões, os irmãos que escrevem, produzem, dirigem e editam filmes sempre acima da média resolveram deixar as coisas mais leves, e partiram para a comédia franca, e realizaram uma que consegue ser boba e esperta ao mesmo tempo.
O longa acompanha um dia conturbado na vida de Eddie Mannix (um maduro Josh Brolin, sem medo de encarar um papel de protagonista em um filme estrelado por uma constelação), um executivo de cinema, que em um período não especificado entre as décadas de 40 e 50 ocupa o posto de "Chefe de Produção Física" no Capitol Pictures, um grande estúdio que produz filmes que vão de faroestes cheios de acrobacias sobre o cavalo, a dramas românticos e épicos bíblicos.
A despeito de ser um executivo, Mannix mete a mão na massa como um autêntico representante da classe operária. Seu trabalho consiste em uma série extremamente ampla de obrigações que vão de apanhar atrizes em festinhas de moral duvidosa a pedir o consenso de religiosos para o roteiro de filmes bíblicos do estúdio e garantir a paz entre astros, estrelas e os diretores e produtores do Capitol.
No dia em que acompanhamos Eddie, ele está com o prato bastante cheio.
Enquanto precisa procurar um pai para o filho da estrela Dee Anna Moran (Scarlett Johansson), cada vez mais grávida dentro de sua fantasia de sereia durante um musical aquático, para desespero do departamento de relações públicas incumbido de cuidar da inocente imagem da rabugenta diva, ele força, a mando do presidente do estúdio, a transição do ingênuo e dramaticamente pouco dotado caubói cantor Hobie Doyle (Alden Ehrenreich), em um ator dramático na fita "Felizes Dançamos", para desespero do diretor Lawrence Lorentz (Ralph Fiennes, em ponta brilhante), enquanto um par de colunistas de fofocas de Hollywood (irmãs gêmeas vividas por Tilda Swinton, excelente) ameaça levar a público uma história desabonadora a respeito do passado de Baird Whitlock (George Clooney, ótimo no papel do galã mezzo burro mezzo charmoso), grande astro do estúdio que acaba de ser sequestrado por um grupo de roteiristas comunistas.
Não bastasse tudo isso, o devotado católico Mannix, que se confessa diariamente, está sendo tentado por um executivo a trocar seu emprego no Capitol por uma posição na Lockheed, fabricando jatos, trabalhando em um horário fixo normal e fazendo parte, não de um circo, mas de um empreendimento tão sério quanto a bomba de hidrogênio.
Por cerca de 27 horas nós adentramos o mundo de Eddie (uma versão light de um executivo de estúdio verdadeiro, que chegou a aparecer no longa Hollywoodland - Bastidores da Fama, interpretado por um sinistro Bob Hoskins) enquanto ele decide seu futuro, e trabalha para fazer o estúdio funcionar, resgatar Baird, e manter seu sequestro, e seu passado nebuloso, fora dos jornais.
Ave, César! é um filme adorável.
Engraçado, divertido e repleto de homenagens e referências ao cinemão de antigamente embrulhado em uma trama com cara de farsa que é, em seu íntimo, uma declaração de amor a um tipo de cinema, ainda que guarde uma nada sutil crítica aos estúdios estrangulando autores na ilha de edição.
Das cenas épicas em que o Baird Whitlock de Clooney recita seus textos repletos de canastrice diante de cenários pintados em painéis, ao número do balé aquático de Johansson, passando pelo inacreditavelmente homoerótico ato "Sem Damas" de Burt Gurney (Channing Tatum) e seus colegas marinheiros, a trama do astro sequestrado por comunistas infiltrados em Hollywood e iniciado na ideologia por um professor Marcuse que é a cara do sociólogo alemão Herbert Marcuse, nada em Ave, César! pede para ser levado a sério.
Com sequências simplesmente hilárias (as instruções de Lorentz a Doyle são de doer a barriga de tanto rir, ponto alto do filme onde Fiennes e Ehrenreich fazem o ingresso se pagar em poucos minutos, e a reunião de Mannix com representantes religiosos é sensacional), um trabalho excepcional de um elencão que ainda inclui Jonah Hill, Veronica Osório, Frances McDormand, Alison Pill, Clancy Brown, Christopher Lambert e Wayne Knight sob a condução de Joel e Ethan Coen, dois realizadores espetaculares cobrindo de dialética e espetáculo uma história bastante simples:
O caubói e o proletário contra os comunistas.
Nas mãos de outros diretores, poderia ser ridículo, nas mãos dos Coen, é obrigatório. Assista no cinema.

"-Quisera que fosse tão 'simpre'."

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Rapidinhas do Capita


E a Marvel/Sony oficializou:
O longa que rebootará (novamente) o Homem-Aranha no cinema, o colocando como parte do universo cinemático Marvel se chamará, de fato, Spider-Man: Homecoming.
O anúncio formal do título ocorreu na CinemaCon, em Las Vegas, nos EUA, onde os exibidores de cinema são apresentados aos futuros projetos dos estúdios, e contou, também, com a apresentação do logo oficial do filme:


O longa, cujo título faz referência à uma história do Aranha dos anos oitenta, após as Guerras Secretas do Beyonder, e que tinha participações de Thor, Homem de Ferro e Capitão-América estréia em julho de 2017, e será dirigido por Jon Watts com roteiro de John Francis Daley e Jonathan Goldstein. O personagem título será interpretado por Tom Holland, que estréia no colante azul e vermelho em Capitão-América: Guerra Civil ainda este mês.
Além de Holland, o elenco contará com Marisa Tomei como a tia May, e a cantora Zendaya em papel não revelado.
O site Birth.Movies.Death informou que o vilão do longa deve ser o Abutre, embora ele não deva ser o único. O Abutre quase apareceu no cinema quando Homem-Aranha 4 estava sendo idealizado por Sam Raimi que queria John Malkovich no papel.

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Na quinta série, em uma aula de artes sobre surrealismo, na hora de produzir minha peça no estilo, escolhi uma ilustração reproduzindo um anúncio fictício para um embate jamais visto.
Sob a frase "O homem morcego finalmente encontrou um inimigo que não pode vencer", eu desenhei o Batman enfrentando o Pica-Pau.
Não me lembro da reação da professora, mas sei que meus colegas acharam a ideia muito engraçada e riram bastante.
Aparentemente eu poderia, com meus onze anos de idade, ter sido executivo da Sony.
Na CinemaCon, o estúdio oficializou a produção de MIB 23, longa que fará o crossover das franquias Homens de Preto (MIB no original) e Anjos da Lei (23 Jump Street).
A Sony, que aparentemente está desesperada pra conseguir uma franquia de alto rendimento (também foi anunciado pela empresa uma sequência para Zumbilândia, um reboot de As Panteras, dirigido por Elizabeth Banks, a sequência de Blade Runner a ser dirigida por Dennis Villeneuve, Bad Boys 3, de Joe Carnahan e Anjos da Noite 5!), terá Phil Lord e Chris Miller (dupla que dirigiu 22 Jump Street) produzindo o longa que pode ter James Bobin, de Os Muppets na cadeira do diretor.
Espera-se que Jonah Hill e Channing Tatum retornem aos papéis de Schmidt e Jenko e participem da produção do longa, mas nada foi oficializado.

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E falando em futuros lançamentos e super-heróis, X-Men: Apocalipse ganhou um novo pôster repleto de mutantes à sombra do vilão onde se destaca a careca de Jame McAvoy, o Professor Xavier:


O longa que dá continuidade aos eventos de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido mostrará o confronto da equipe de mutantes da Escola Xavier para Jovens Superdotados tendo de enfrentar o primeiro mutante de toda a história: Apocalipse (Oscar Isaac).
Retornam, além de McAvoy, Jennifer Lawrence (Mística), Michael Fassbender (Magneto), Nicholas Hoult (Fera), Rose Byrne (Moira McTaggart), Lucas Till (Destrutor), a eles juntam-se Sophie Turner (Jean Grey), Alexandra Shipp (Tempestade), Tye Sheridan (Ciclope), Lana Condor (Jubileu), Olivia Munn (Psylocke) e Ben Hardy (Arcanjo).
O longa se passará em 1983, e será dirigido por Bryan Singer com roteiro de Simon Kindberg com base em uma história de Dan Harris e Michael Dougherty.
X-Men: Apocalipse estréia em 26 de maio.

O Trailer de Doutor Estranho

Pelo Ashanti!
E caiu na rede a prévia de Dr. Estranho, longa que levará as telas o mago supremo da terra. O teaser de cerca de dois minutos mostra o acidente que custa a Strange o uso das mãos, sua busca pela cura e o encontro com o Ancião. Além disso, ainda temos dimensões paralelas, o plano astral e feitiçaria pra encher o olho de Agamotto. Confira:



Dirigido por Scott Derrickson, Doutor Estranho chega aos cinemas em três de novembro, estrelado por Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Tilda Swinton, Rachel McAdams e Mads Mikkelsen. Por Cyttorak, essa será uma longa espera.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Resenha Cinema: Invasão a Londres


Em 2013 houveram duas produções cinematográficas lançadas com apenas alguns poucos meses de diferença e que tratavam exatamente do mesmo tema:
Invasão à Casa Branca e O Ataque.
Os títulos em inglês eram muito mais similares entre si, e diziam do que se tratava a trama de ambos os longas. O Ataque, originalmente se chamava White House Down, algo como Casa Branca Tomada, enquanto Invasão à Casa Branca se chamava Olympus Has Fallen, era um lance tipo Olympo (nome-código da residência presidencial norte-americana) Tombou.
Em ambas produções, a casa do Barack Obama era alvo de ataques terroristas e a única coisa entre o presidente e os malfeitores era um único homem que precisaria lutar contra todas as chances para salvar o líder mais poderoso do mundo livre enquanto lidava com seus próprios problemas pessoais.
Em O Ataque, dirigido por Roland Emmerich, Channing Tatum protegia o presidente Jamie Foxx de um ataque de terroristas domésticos, enquanto Invasão à Casa Branca, de Antoine Fuqua, tinha Gerard Butler protegendo o presidente Aaron Eckhart de brutais terroristas norte-coreanos.
A exemplo do que aconteceu com os filmes de Robin Hood nos anos noventa, se deu melhor aquele que tinha Morgan Freeman no elenco.
Invasão à Casa Branca foi lançado primeiro, era um filme mais barato (70 milhões de dólares, menos da metade do orçamento do longa de Emmerich), e caiu no gosto do público médio norte-americano, faturando quase 100 milhões só em bilheterias nos EUA com uma trama que não tinha nada de inovadora e poderia ser resumida a Duro de Matar na Casa Branca. O longa tinha de bacana, além de Morgan Freeman, Gerard Butler fazendo o que sabe, sendo um tremendo de um casca grossa, e sua boa química com seu parceiro de tela, Aaron Eckhart (que eu já disse por aqui, achei que teria uma carreira mais rica em frutos após seu trabalho de mestre em Batman: Cavaleiro das Trevas.).
Além disso, o longa abraçava com prazer sádico a violência desproporcionada e crua, que ficava evidente, até mais do que nas facadas no crânio e tiros no olho, na forma como a Secretária de Defesa era brutalmente espancada pelos vilões enquanto estava à mercê de seus captores.
Longe de ser um grande filme, Invasão à Casa Branca tinha uma trama razoável (pra média dos filmes de ação), e uma ideia sólida de exposição:
Um dos lugares mais seguros do mundo sendo visto de dentro durante um ataque.
Era até divertido.
Três anos se passaram e ontem eu fui ao cinema ver o novo filme de invasão com Butler/Eckhart.
Anos após o incidente em Washington o presidente Benjamin Asher (Eckhart) vislumbra tranquilo a metade de seu segundo mandato no comando dos EUA. Seu fiel agente de segurança Mike Banning (Gerard Butler), por sua vez, vislumbra a aposentadoria.
Com sua esposa Leah (Radha Mitchell) esperando um bebê, o sujeito espera ter mais tempo para passar com a criança sem se preocupar com possíveis ataques terroristas e atentados contra a vida do mandatário dos EUA, já que Banning é o tipo de sujeito que está tenso e alarmado mesmo quando tudo vai bem.
A folga de Banning é interrompida quando o primeiro-ministro britânico morre. Seu funeral será atendido por dignatários e chefes-de-estado de todo o mundo, e Asher não pode ser exceção.
Chegando a Londres para o funeral, porém, não tarda para que tudo vá para o inferno, conforme um ataque de múltiplas frentes é executado matando os líderes da França, Canadá, Alemanha, Japão e Itália enquanto diversos pontos turísticos londrinos são destruídos à vista do mundo inteiro.
O inacreditavelmente bem orquestrado atentado é obra de Aamir Barkawi (Alon Aboutboul, o Dr. Pavel de O Cavaleiro das Trevas Ressurge), sexto nome da lista dos mais procurados dos EUA, e que, segundo o vice-presidente Trumbull (Freeman), já matou mais do que a peste.
Barkawi deseja vingança dos líderes do G-8, que, dois anos antes, mataram sua filha durante um ataque contra o terrorista.
Após falhar em matar Asher graças à presteza de Banning, que alterou a agenda de chegada presidencial, os homens de Barkawi, infiltrados na polícia e no MI-6 britânicos, sitiam Londres, transformando a capital inglesa em um Estado sob lei marcial controlado pelos terroristas, cujo plano se torna capturar Asher e matá-lo ao vivo na internet para que o mundo todo veja.
E enquanto os EUA coordenam uma operação de resgate com a Inglaterra, cabe a Mike Banning proteger o presidente contra centenas de terroristas fortemente armados.
É ruim. Mas é bom.
Invasão a Londres é um daqueles guilty pleasures que a gente tem vergonha de admitir que está curtindo. A fórmula re-re-re-reciclada de man x army oitentista do longa é de deixar Stallone e Schwarzenegger orgulhosos.
Sob certa ótica é até estranho que gente do calibre de Freeman, Angela Basset, Melissa Leo e Robert Forster tenham voltado para participar dessa bobagem onde têm alguns minutos em cena e um par de falas num show de pancadaria, facadas e tirambaços absolutamente despropositado, porque, acredite, Invasão a Londres é completamente despropositado.
Se o longa original ainda tinha a premissa de mostrar a Casa Branca enfrentando uma invasão de dentro pra fora, a sequência mais ou menos ambientada em Londres só mostra, de fato, a capital britânica nos primeiros minutos, conforme explode marcos importantes e metralha civis, daí pra frente, o longa se desenrola por túneis, quartos escuros e ruelas mal iluminadas que mascarem o fato de o longa ser filmado na Bulgária.
Os efeitos visuais são absolutamente risíveis, e as atuações simplesmente não importam pra proposta do longa. O diretor iraniano Babak Najafi, egresso do cinema sueco e da série Banshee faz um serviço decente nas cenas de ação, e consegue arrancar alguma tensão de diversas sequências do roteiro escrito a oito (!) mãos por Creighton Rothenberger, Katrin Benedikt, Christian Gudegast e Chad St. John, que intercala uma violenta sequência de ação e uma piadinha ad eterno pelos econômicos 98 minutos de filme.
Em suma, Invasão a Londres é uma tremenda porcaria, repleta de bravado patriótico ianque proferido com insuspeita canastrice pelo escocês Butler, mas cumpre seu papel de distrair por uma hora e meia de reminiscências de um tempo em que torturar um vilão enfiando-lhe uma faca nas costelas meia dúzia de vezes era ser um herói.

"-Tem mais de cem terroristas lá
-É? Bem, eles deviam ter trazido mais homens."

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Terceiro Trailer de Esquadrão Suicida

Ontem, durante o MTV Movie Awards, a Warner divulgou o terceiro trailer de Esquadrão Suicida, que sai em agosto. Confira a prévia com um pouco mais do Coringa, a participação do Batman e um pouco mais da dinâmica do grupo de super-vilões:



No longa conhecemos o Esquadrão Suicida, grupo formado por super-bandidos encarcerados que aceitam missões impossíveis em troca do perdão de suas penas.
No longa, escrito e dirigido por David Ayer de Corações de Ferro e Reis da Rua, conheceremos o conceito da equipe idealizado por Amanda Waller (Viola Davis) e formada por Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Crocodilo (Adewale Akkiunoye Agbaje), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Magia (Cara Delevigne), Amarra (Adam Beach), Katana (Karen Fukuhara) e El Diablo (Jay Hernandez) sob a liderança de Ricky Flagg (Joel Kinnaman).
O longa, que ainda terá participações do Batman (Ben Affleck) e do Coringa (Jared Leto), estréia em 5 de agosto.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Resenha Cinema: Rua Cloverfield, 10


Em 2008, a produtora Bad Robot de JJ Abrams lançou o que foi um dos primeiros bons filmes do tipo "filmagem encontrada" a fugir do gênero de horror sobrenatural.
O longa Cloverfield (que no Brasil ganhou o mentecapto subtítulo ":Monstro".), de Matt Reeves era um longa de filmagem encontrada de monstro gigante. Um Godzilla encontra Bruxa de Blair, acertadamente mais apoiado nas reações dos personagens ao cataclismo por onde passavam do que no monstro em si, tudo registrado por um dos personagens (interpretado por T. J. Miller, de Deadpool), que, naquela noite, por acaso, estava com sua câmera.
O longa que ainda tinha as gatíssimas Odette Annable e Lizzy Caplan no elenco, foi um filme razoavelmente barato, custando 25 milhões de dólares, e faturou pouco mais de 170 milhões em bilheterias, sendo bem recebido pela crítica em geral.
Agora, oito anos após Cloverfield, a Bad Robot de Abrams nos leva de volta ao universo da gigantesca criatura que arrasou Nova York, mas em outro lugar, contando outra história, e mais importante, de uma maneira completamente diferente.
Mantido em segredo até ter seu trailer divulgado (ninguém sequer sabia que o longa estava sendo realizado até a prévia ser lançada), Rua Cloverfield 10 abre com Michelle (Mary Elizabeth Winstead, a Ramona Flowers de Scott Pilgrim Contra o Mundo) fazendo suas malas apressadamente.
Ela coloca suas roupas e seus esboços de fashionista em uma mala, e sai de casa levando consigo uma boa garrafa de uísque e deixando pra trás sua aliança e as chaves do apartamento.
Enquanto dirige por estradas vicinais tentando ignorar as ligações de seu noivo, Ben (voz de Bradley Cooper), Michelle ouve no rádio notícias sobre apagões no litoral até sofrer um violento acidente de carro, capotar pra fora da estrada, e cair inconsciente.
Ao acordar, sem saber por quanto tempo dormiu, recebendo soro intra venoso e acorrentada à parede de um quarto com cara de prisão, Michelle se desespera ao perceber que não tem sinal de celular.
As coisas só pioram quando surge seu captor, um sujeito enorme chamado Howard (John Goodman), dizendo à ela que a salvou, e que não há mais ninguém para quem ligar.
Howard revela que houve algum tipo de ataque. Ele não sabe precisar de que tipo, se nuclear ou químico, e nem sua fonte. Podem ter sido os russos. Podem ter sido os norte-coreanos. Podem ter sido os marcianos.
Tudo o que Michelle tem é a palavra de Howard de que o mundo lá fora está terminado. E que em um ou dois anos, com sorte, eles poderão sair novamente.
Mais do que isso, Howard lembra à Michelle o quão afortunada ela é, já que foi salva por ele, e levada ao bunker que ele construiu e preparou exatamente para esse tipo de eventualidade.
Michelle logo descobre que não está sozinha no abrigo de Howard. Além deles, há Emmett (John Gallagher Jr.), um jovem que corrobora a versão do anfitrião, e, mais do que isso, lutou para poder entrar no bunker de Howard.
Enquanto é apresentada às regras da vida subterrânea com Howard e Emmett, Michelle não consegue deixar de pensar no que realmente está ocorrendo, uma vez que Howard é controlador em um nível muito além do aceitável, e vigia seus hóspedes mantendo a dinâmica da relação de Michelle e Emmett dentro de um padrão que lhe parece aceitável e jamais além disso, e, pra piorar, Michelle eventualmente ouve a aproximação de carros e helicópteros da propriedade, a levando a pensar se Howard é, de fato um salvador, ou apenas um maluco com quem ela e Emmett estão presos em um calabouço com filtragem de ar e água?
É muito bacana.
O diretor Dan Trachtenberg, estreante em longa-metragens não chega a fazer um trabalho de gênio, mas sua condução do roteiro de Josh Campbell e Matthew Stueken (com participação de Damien Chazelle, de Whiplash) é correta e esperta, se segurando constantemente no menos é mais, e levando a audiência por um passeio de cem minutos em uma pequena, porém honesta, montanha-russa de adivinhações e perspectivas sendo frustradas e confirmadas, mistérios e revelações com pequenos e grandes picos de tensão daqui e dali.
Muito do que funciona em um longa com a dinâmica de Rua Cloverfield 10, porém, é o trabalho do elenco.
Maru Elizabeth Winstead manda muito bem nesse quesito. A gatinha segura a onda com desenvoltura, servindo de peão à audiência, já que nós só podemos ter certeza daquilo que ela sabe, e nada mais, mas o fazendo sem parecer uma vítima bovina frente ao mistério de seu cativeiro. Michelle tem dúvidas e está disposta a agir para saná-las, mostrando-se uma mocinha engenhosa e viva.
John Gallagher Jr. segura a onda no papel de Emmett, um personagem algo inssosso no início, que ganha estofo e se torna mais gostável conforme a trama se desenrola, John Goodman, por sua vez, é um capítulo à parte.
O ator consegue equilibrar Howard de modo a não torná-lo um maníaco, interpretando-o de uma forma que, em diversas ocasiões, ele parece de fato um salvador, em outras tantas, em especial quando assistem filmes ou jogam partidas de Monopólio, um pai ou tio duro, mas bonachão, dando-lhe nuances que ajudam a manter o clima de mistério do filme sem fazê-lo se perder na rotina manjada do "aponte pra um suspeito óbvio" o tempo todo.
Com três atores trabalhando muito bem com o que lhes é oferecido e contando uma história sólida por si só, o momento em que o thriller de Rua Cloverfield 10 deságua na ficção científica de Cloverfield: Monstro pode parecer um pouco abrupto, mas não inesperado, e mesmo então, os personagens sequem funcionando na mesma toada, garantindo que o longa não se perca e seja coerente tanto com o que vinha sendo apresentado nos últimos oitenta e poucos minutos, quanto com o Cloverfield original.
Mudando completamente fórmula e proposta, a Paramount e a Bad Robot de JJ Abrams conseguem mostrar, não um segundo capítulo, mas outra história de uma antologia, de uma maneira digna e divertida.
Se forem sempre boas assim, que venham outras tantas.

"-Meu objetivo na vida era estar preparado... E eu estava."

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Trailer de Rogue One: A Star Wars Story

E saiu o trailer de Rogue One: A Star Wars Story, filme estrelado pela gatinha Felicity Jones sobre a missão que obteve a planta da Estrela da Morte I, possibilitando o ataque rebelde da Aliança Rebelde à estação orbital bélica que era o clímax de Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança:



O climão e a promessa de um longa sem Jedi dá a impressão de um filme todo protagonizado por vários Han Solos. A protagonista feminina da vez é agente rebelde Jinn Erso (e não Lyra, conforme se especulou inicialmente) que se apresenta logo nos segundos iniciais deixando claro seu passado criminoso e sua veia de anti-heroína após uma bela versão do main theme de Star Wars apenas no piano introduzir e prévia recheada de ação, stormtroopers, AT-ATs e destróieres estelares imperiais.
Além da protagonista, vemos uma jovem Mom Mothma, Forrest Whitaker, Diego Luna, Donnie Yen, chutando bundas e Ben Mendelsohn com a farda branca de um grão-almirante.
Também no elenco, mas fora do trailer, estão Alan Tudyk e Mads Mikkelsen.
O longa será dirigido por Gareth Edwards, de Godzilla e pode contar com a presença de Darth Vader.
Dezembro vem aí, gurizada. Que a Força esteja conosco até lá.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Resenha Blu-Ray: Olhos da Justiça


O norte-americano médio tem preguiça de ler legendas da mesma forma que o brasileiro médio. Enquanto aqui, nós temos uma longa tradição de dublagens (já tivemos as melhores dublagens do mundo, até o final dos anos noventa), nos EUA existe uma onga tradição de remakes em língua nativa.
De Os Sete Samurais de Korosawa se tornando o bangue-bangue The Magnificent Seven a B-13: 13º Distrito virando Brick Mansions, toda a vez que o cinemão americano vê um filme com potencial de venda em território americano falado em outro idioma, eles vão lá e refazem o filme com diretor, elenco e roteiro nativos.
O resultado por ser tão bom quanto Os Infiltrados, baseado no policial coreano Infernal Affairs, ou tão ruim quanto O Turista, baseado no thriller francês Anthony Zimmer. Entre uma coisa e a outra podem haver produtos que não ofendem, mas são apenas desnecessários como o fofinho terror sueco Deixe Ela Entrar, que virou o fofinho terror norte-americano Deixe-me Entrar, ou o pesadão suspense escandinavo Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, que virou o pesadão suspense norte-americano Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres... A lista vai e vai.
De qualquer forma, não chegou a ser surpreendente que o excelente suspense argentino O Segredo de Seus Olhos, de Juan Jose Campanella entrasse na fila pra virar filme hollywoodiano.
O vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 provavelmente foi tão ignorado na terra do tio Sam quanto qualquer outro filme sul-americano, de modo que havia uma potencial mina de ouro no suspense escrito por Campanella e Eduardo Sacheri apenas esperando por um estúdio que bancasse a empreitada.
Infelizmente tal estúdio surgiu. E também um diretor/roteirista. Billy Rai, responsável pelo script indicado ao Oscar de Capitão Phillips assumiu a adaptação e a cadeira do diretor, e logo o elenco ganhou as caras de Julia Roberts, Nicole Kidman e Chiwetel Ejiofor, todos atores laureados com indicações e prêmios de atuação no ue parecia um grande time para tentar repetir a densidade do original portenho.
Mas não rolou.
No longa, o ano é 2002. E meio à histeria pós 11/09, uma força tarefa anti-terrorismo formada pela polícia, o FBI e a promotoria pública trabalha arduamente em Los Angeles acreditando que a cidade deve ser o próximo alvo de um atentado engendrado por extremistas islâmicos.
Em meio à investigação, o corpo de uma jovem não identificada é encontrado com sinais de estupro em uma lixeira próximo à uma mesquita. Chamados para investigar o local em busca de conexões com a possível célula terrorista local, o investigador Ray Kasten (Ejiofor) descobre que a jovem assassinada é Carolyn Cobb (Zoe Graham), filha de sua colega Jessica Cobb (Roberts).
Em meio ao luto, Ray começa uma obstinada investigação em busca do culpado, descobrindo que o principal suspeito é um informante da equipe anti-terrorismo, e uma fonte vital para a investigação em andamento, Ray é obstruído por todos os seus superiores à exceção da assistente da promotoria Claire Sloane (Nicole Kidman), com quem partilha um amor platônico.
Treze anos mais tarde, Ray Kasten retorna a Los Angeles trazendo consigo uma pista do paradeiro do principal suspeito do crime, reabrindo velhas feridas enquanto se reaproxima de Claire em sua busca obsessiva pela verdade.
Não... Não funciona.
Na verdade o filme de Billy Ray, a despeito dos esforços de um bom elenco que ainda conta com Dean Norris (o Hank Schrader de Breaking Bad) e Michael Kelly (o Doug Stamper de House of Cards), simplesmente não há nada em Olhos da Justiça que faça justiça ao filme original.
O longa de Campanella era um thriller investigativo com uma terna história de amor em seu cerne que visivelmente se estendia por anos, cozinhando tanto a investigação quanto o relacionamento dos personagens de Ricardo Darín, Soledad Villamil e Guillermo Francella enquanto marinava tudo em frustração e becos sem saída, tudo contribuindo para que a audiência fosse capaz de entender a justificada obsessão de Benjamin Esposito com o caso.
Na versão americana, a fixação do protagonista é justificada através de sua ligação pessoal com o caso, o que, ao invés de fortalecer a trama, a enfraquece. A sombra da corrupção da ditadura militar argentina, um elemento importantíssimo no longa original, se desvanece no batido tema da guerra ao terror, que também não cumpre seu papel com a mesma batida, e a história de amor, essa consegue ser a parte da história que mais foi vilipendiada na nova versão.
Ray Klasten olha para Claire Sloane como se fosse um gurizinho apaixonado pela professora, e com a química zero de Ejiofor e Kidman, a coisa toda soa mais constrangedora do que romântica (conforme diz o personagem de Alfred Molina à certa altura), pra piorar, o roteiro de Billy Ray parece ignorar a passagem do tempo exceto pelo intervalo de 13 anos entre as duas partes da história, o que presta mais um desserviço à relação do casal, de modo que, mesmo mantendo a história bastante próxima do filme original, com cenas que são, literalmente, idênticas à produção portenha de 2009, Olhos da Justiça simplesmente não consegue sair da sombra de O Segredo de Seus Olhos, e nem mesmo andar com as próprias pernas, tornando-se apenas outro filme policial que lembra remotamente um filme muito bom que tu viu há um tempo atrás.
Não chega nem mesmo a ser uma pena. Tava na cara que seria assim.
Ignore e reveja o original argentino.

"-Prisão perpétua.
-Pra você também..."

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Rapidinhas do Capita


As filmagens de Doutor Estranho chegaram a Nova York nessa semana e de sábado pra domingo a internet explodiu de imagens de Benedict Cumberbatch e Chiwetel Ejiofor, respectivamente Stephen Strange e Barão Mordo, correndo pelas ruas da Grande Maçã:


Tem direito até a imagem com os tradicionais gestuais de conjuração do Mago Supremo da Terra:


Maneiro, né?

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Mas não foi tudo. As filmagens do final de semana também revelaram Mads Mikkelsen, o misterioso vilão do longa, que finalmente apareceu com seu visual pro filme, que inclui uma maquiagem cabulosa que dá a impressão de que seus olhos estão passando por uma erupção vulcânica que estilhaça sua pele:



Quem será que Mikkelsen interpretará? Será essa a forma humana do demônio Dormammu?
Saberemos em breve.
Escrito por John Spaiths e dirigido por Scott Derrickson, Doutor Estranho estréia em novembro de 2016 contando a história de Stephen Strange, um arrogante neurocirurgião que, após um acidente de automóvel perde o uso das mãos. Em sua jornada para recuperar os movimentos ele descobre um templo no Tibete onde é iniciado no mundo da magia.
O elenco conta ainda com Tilda Swinton como O Ancião, Rachel McAdams, em papel não revelado, Michael Stuhlbarg e Scott Adkins.

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E a Sony pode ter deixado escapar o título do novo filme solo que irá rebootar, de novo, o Homem-Aranha nos cinemas:
O domínio SpiderManHomecomingTheMovie.com foi registrado pelo estúdio, e pode ser o título do filme que será dirigido por Jon Watts e estrelado por Tom Holland que estreará no colante azul e vermelho em Capitão América: Guerra Civil.
Homecoming pode fazer referência à uma história do Homem-Aranha da década de 80 que conta com participações de Capitão-América, Thor e Homem de Ferro logo após as Guerras Secretas (um indício de relação com essa história pode ser o fato de que tanto Chris Evans quanto Robert Downey Jr. declararam que estariam trabalhando em Atlanta, locação do filme do Aranha nas próximas semanas.), ou pode apenas ser uma forma de colocar a presença do amigão da vizinhança no universo cinemático Marvel como uma "volta pra casa" do personagem.
Não é garantido, porém, que esse será, de fato, o título do longa, não é incomum estúdios registrarem diversos domínios antes de oficializar o nome de um filme.
O novo filme do Homem-Aranha estréia em 2017, o roteiro está atualmente sendo escrito por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein, dupla do atroz Férias Frustradas.

Resenha Blu-Ray: Aliança do Crime


Eu vou confessar que não me lembro ao certo porque eu não fui ao cinema assistir Aliança do Crime, mas também confessarei que provavelmente foi por causa da filmografia recente de Johnny Depp.
O talentoso ex-galã transformado em ator top de linha de Hollywood que entrou em modo Nicolas Cage de alguns anos pra cá fez tantas escolhas absolutamente duvidosas em termos de roteiros para filmar que, depois de coisas como O Turista e Transcendence acabou minha vontade de arriscar com ele.
Ainda assim, Aliança do Crime era um filme dirigido por Scott Cooper, o mesmo cineasta dos ótimos Coração Louco e Tudo por Justiça. O elenco tinha outros nomes além de Depp que recomendavam uma olhada, como Benedict Cumberbatch e Joel Edgerton e Kevin Bacon, de modo que nesse final de semana resolvi assistir ao longa no conforto do meu sofá, e decidir se cometi um erro ou um acerto ao deixar passar a chance de ver o filme no cinema.
Aliança do Crime conta a história de Jimmy "Whitey" Bulger (um Johnny Depp enterrado sob pesada maquiagem), gângster de southie Boston que, durante a década de setenta e oitenta, erigiu um império criminoso ao se tornar informante do FBI, e de como a sua paranoia e irascibilidade tanto o evaram ao topo da cadeia alimentar, mas também o isolaram quase por completo durante os mais de vinte anos em que viveu à margem da lei cometendo crimes que foram da mera contravenção ao homicídio.
O longa, estruturado em flashbacks, com a história sendo contada por ex-associados de Jimmy a investigadores do FBI durante a investigação de seus crimes, abarca o período em que Jimmy foi procurado pelo agente do FBI John Connoly (Edgerton), um rapaz criado na mesma vizinhança que Whitey e seu irmão, o senador Billy Bulger (Benedict Cumberbatch), com uma proposta:
Connoly quer que Withey se torne um informante do FBI na guerra dos federais contra a máfia italiana em Boston. Se o criminoso aceitar ajudar no combate aos italianos, o bureau facilitará sua vida de crimes, a única condição, é que Whitey e seus homens não matem ninguém.
Inicialmente resiliente à ideia de se tornar um delator, Jimmy acaba vendo a inegável vantagem que o acordo oferece, e, sendo pressionado pelas constantes invasões dos italianos ao seu território, aceita a proposta.
O acordo funciona particularmente bem para Jimmy, que amplia sua área de atuação de maneira exponencial enquanto manipula o FBI para varrer a concorrência e estende seus domínios até o mundo do jogo na Florida e à guerra civil do IRA na Irlanda do Norte.
Com o passar dos anos porém, eventos alteram o comportamento do gângster que dividia seu tempo entre a administração de máquinas de vendas e dinheiro de proteção e sua família, mais especificamente o filho Douglas (Luke Ryan), fruto de sua relação com Lindsey Cyr (Dakota Johnson), e de sua mãe a adorável velhinha que trapaceia jogando canastra a dinheiro, o tornando gradativamente mais frio e implacável, numa escalada de violência que pode colocar todo o seu império criminoso a perder, fazendo-o ruir de dentro pra fora.
Aliança do Crime está anos luz à frente da filmografia recente de Depp. É muito mais filme do que qualquer longa estrelado pelo ator desde Em Busca da Terra do Nunca, ainda assim, é um filme mais falho em sua execução do que os outros longas de Scott Cooper.
O longa trabalha dentro de uma estrutura bastante formal de filme de gângster, com a violência, os palavrões e a camaradagem algo tensa que encerra o gênero, mas oferece um viés diferente, mostrando o mal florescendo através da inação do bem, que se torna responsável por esse mal.
Essa faceta é bastante clara à medida em que o império criminoso de Bulger só se erige sobre o apoio do FBI de Connoly, que age de maneira tão óbvia para proteger seu amigo de infância que chega a ser difícil acreditar que seus colegas de investigação Robert Fitzpatrick e John Morris (Adam Scott, David Harbour) e seu superior Charles McGuire (Kevin Bacon) não sejam capazes de enxergar o que está acontecendo até a chegada do promotor Fred Wyshak (Corey Stoll).
Essa abordagem ajuda Aliança do Crime a ser um pouco mais do que filmes de gângster passados em Boston, mas não a se sobressair frente longas como Os Infiltrados, ou mesmo Atração Perigosa.
A interpretação de Depp, que, maquiado até a medula, faz um gângster estilo monstro no armário, se justifica à medida em que a estrutura narrativa opta por mostrar o Bulger conforme ele era visto por seus comparsas. Ele frequentemente é mostrado nas sombras, contra a luz, ou com câmeras que o pegam em ângulos que fazem com que seus olhos mortos por conta das enormes lentes de contato fiquem em evidência, e o deixem com aspecto de criatura, com sua pele esbranquiçada e cabelos grisalhos lambidos o fazem parecer um monstro expressionista estilo conde Orlok de Nosferatu, isso se justifica porque, na maior parte do tempo, não vemos Bulger, mas sim a forma como os outros o veem.
Claro, há breves vislumbres de um Whitey mais humano, em suas interações com a namorada, o filho, a mãe, uma velhinha que rouba na canastra, e com seu irmão mais novo, mas mesmo esses momentos, não deixam de ser a visão dessas pessoas sobre o personagem.
Isso fica particularmente claro na forma como, por vezes, o foco da ação sai de Bulger em determinadas cenas, e a câmera foca a testemunha do que está acontecendo fora da tela. É interessante e bem sacado, mas ao mesmo tempo, nega à audiência o conhecimento do verdadeiro Jimmy Bulger. Do homem sob a fachada cartunesca de Whitey.
Com um bom trabalho de um elenco que ainda inclui Jesse Plemons, Juno Temple, Julianne Nicholson, Peter Sarsgaard, Rory Cochrane e W. Earl Brown, Aliança do Crime é uma visão mais interessante do que um bom filme, mas, dessa vez, não podemos culpar Johnny Depp pela escolha.
É uma boa ideia. Apenas mal executada.

"Vá em frente, mas faça valer a pena. Porque se eu me levantar eu acabo contigo."

sábado, 2 de abril de 2016

Resenha Cinema: Casamento Grego 2


Em meados de 2002, enquanto o cinemão mainstream era sacudido por filmes monstruosamente grandes fazendo fortunas nas bilheterias, casos de Star Wars: Episódio II - O Ataque dos Clones e Homem-Aranha, um filme independente muito menor, com um modesto orçamento de cinco milhões de dólares, alcançaria a impressionante marca de quase 370 milhões em bilheterias.
Era o primeiro Casamento Grego.
Escrito e estrelado por Nia Vardalos baseado no monólogo criado pela própria para o teatro, Casamento Grego se tornou filme após ser assistido por Rita Wilson, atriz casada com Tom Hanks que se identificou com o material por também ter origem grega. Wilson e Hanks viram potencial na peça de Vardalos e através da produtora de Hanks, Playtone, resolveram bancar a versão cinematográfica de Casamento Grego, que viria a se tornar a maior bilheteria de uma comédia romântica na história do cinema ao contar a história de Toula Portokalos, uma mulher de trinta anos que sofre uma crise de meia-idade precoce conforme se torna balzaquiana sem ter realizado o sonho familiar de se casar com um bom rapaz grego em ter filhos e mais filhos com ele.
Toula eventualmente abandonava o emprego no restaurante do pai e começava a trabalhar na agência de viagens de sua tia, onde conhece o professor Ian Miller, se apaixona por ele, e, quando os dois resolvem se casar, viviam as desventuras do casamento grego do título.
O longa tinha uma cara danada de sitcom, mas Vardalos, dona do material, conseguia ser uma protagonista identificável e gostável para a audiência, além de ter uma inegável química com John Corbett, intérprete de Ian. O roteiro tinha algumas boas piadas, a tia Voula, vivida por Andrea Martin era particularmente engraçada e Vardalos chegou a receber uma indicação ao Oscar pelo trabalho na categoria de roteiro original.
O sucesso de Casamento Grego foi tão grande que gerou uma série de vida curta chamada My Big Fat Greek Life, que tinha praticamente todo o elenco do filme, à exceção de John Corbett, e dava sequência aos eventos do longa com alguns ajustes daqui e dali. A despeito do sucesso do filme, a série durou apenas uma temporada de sete episódios.
Todo mundo seguiu a vida e ninguém jamais experimentou novamente sucesso semelhante ao do longa, especialmente o casal protagonista, Vardalos e Corbett.
Com isso, não era de se estranhar que uma sequência do hit de 2002 fosse ser aventada. À essa altura, quase quinze anos após o lançamento do original, ninguém estava em condições de negar a validade da tentativa, e My Big Fat Greek Life deixara bem claro que Vardalos e equipe não estava com vergonha de sugar o filme até a última gota.
E ali estava eu, ontem, assistindo Casamento Grego 2.
Novamente escrito e estrelado por Nia Vardalos e produzido por Rita Wilson e Tom Hanks, com Kirk Jones assumindo a direção no lugar de Joel Zwick, o longa traz de volta todo o elenco original.
Os anos passaram e Toula andou para trás.
Ela continua casada com Ian Miller (Corbett), que agora é diretor do colégio onde a filha de dezessete anos do casal, Paris (Elena Kampouris) estuda.
Toula só não é mãe em tempo integral porque seu pai, Gus (Michael Constantine) e sua mãe, Maria (Lainie Kazan) não conseguem tomar conta do restaurante sozinhos por conta dos problemas de saúde. Esses problemas colocaram Toula de volta na gerência do Dancing Zorba's.
Sua relação de co-dependência com a família, porém, não afeta apenas sua vida profissional. O fato de passar o tempo todo correndo de Herodes para Pilatos com a mãe e o pai, afeta também seu casamento com Ian, com quem não tem nem sombra da velha chama, e a intrusão recorrente de todos os tios, tias e primos em todos os âmbitos de sua vida, incomodam particularmente Paris, que sente vergonha da presença constante dos barulhentos gregos.
Como se Toula já não tivesse o suficiente para se preocupar, remexendo registros de família para provar que é um descendente direto de Alexandre da Macedônia, Gus acaba descobrindo que sua certidão de casamento jamais foi assinada pelo padre da vila de onde ele e Maria vieram, de modo que os dois não são oficialmente casados.
Para reparar o caso, os dois decidem se casar novamente(ó o casamento grego 2 do título), mas, como tudo na vida dos Portokalos, esse casamento não será realizado sem uma boa dose de conflito e confusão, tudo isso enquanto Paris decide para qual universidade pretende ir, apavorando Toula e Ian com a ideia de se afastar deles.
Bom... Casamento Grego 2 é, novamente, um filme com cara de sitcom que usa e abusa da premissa do estranhamento de um grupo étnico inserido na cultura norte-americana.
O longa praticamente se vale de repetir a maioria das piadas do filme de 2002, mas presta um desserviço à Toula de Nia Vardalos.
A personagem destrambelhada e divertida do primeiro longa desaparece, sendo reduzida à uma sombra que faz o que lhe mandam fazer o tempo todo.
Além do desserviço à protagonista e a reprise de trocentas piadas, o roteiro da sequência ainda traz algumas incongruências, como o fato de Maria (uma Lainie Kazan tão cheia de plásticas que parece o Dr. Pig de Arkham Knight), que passou o primeiro filme inteiro querendo que Toula se casasse, e passa a primeira metade do segundo querendo que Paris se case, não queira se casar e questione se quer passar a vida toda como esposa de alguém.
Tia Voula ainda tem as melhores piadas, e o Gus Portokalos de Michael Constantine é terno e divertido com sua mania de dizer que todos são gregos.
Há ainda a participação de Mark Margolis como o tio de Toula (sem nenhuma sineta), e de Rita Wilson e John Stamos, absolutamente despropositados como um casal de descendentes de gregos que frequentam a mesma igreja dos Portokalos.
De qualquer forma, o filme não é ofensivo, e certamente vai agradar às fãs do primeiro longa, mas duvido que chegue sequer perto do êxito comercial do longa original.
Há limite pra tudo nessa vida, inclusive para chutar um cachorro morto.

"-Quem disse que mulheres devem se casar?
-Você. Nossas vidas inteiras."

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Série: House of Cards


Eu tive, desde sempre, uma relação conflituosa com séries de TV.
Além de minha impaciência - Eu sou incapaz de dar tempo para um seriado se desenvolver. Um programa de TV tem exatamente dois episódios para ganhar minha atenção, e se não fizer isso, eu nunca mais o assisto - havia a agenda.
Jamais consegui ser fiel à um seriado por diversas razões. Mesmo os programas de TV de que eu realmente gostava, como E.R., Friends, Seinfeld, House, The Office.... Todas elas, em algum momento, perdiam minha atenção.
Fosse por causa dos desmandos das emissoras, alterando os horários os dias de exibição ou o idioma dos episódios (The Office foi uma que, quando começou a passar dublado, perto da meia-noite de domingo no FX, perdeu pra sempre minha audiência), fosse porque as séries estavam se alongando obviamente além do tempo que deveriam durar, fosse porque eu, em algum momento, tinha algum compromisso no dia do programa, bastavam um ou dois episódios perdidos e eu abandonava as séries de vez.
Praticamente não assisti E.R. entre a décima e a décima quinta temporada. Abandonei The Office antes da saída de Steve Carell. Parei de ver House antes do sexto ano. Vi Friends inteira apenas em DVD, o que também aconteceu com Seinfeld.
De modo que estava acostumado a ser o sujeito na roda de amigos que não acompanhava séries, num momento em que as séries estavam se tornando um filão cada vez mais poderoso, tanto em termos de abrangência quanto de qualidade.
Embora eu venha assistindo Game of Thrones (não desde o começo, só passei a acompanhar de fato o programa quando peguei, ao acaso, uma maratona da primeira temporada na HBO), o que realmente mudou minha relação com as séries foi Demolidor, e o Netflix.
Antes mesmo de Sílvio Santos alardear as vantagens de ser assinante do serviço de streaming, eu assinei o Netflix unicamente com o intuito de ver se Demolidor valeria alguma coisa.
Tinha sérias dúvidas a respeito da ideia de um seriado sobre o herói já que, historicamente, séries de super-heróis deixam a desejar, haja visto que não consegui assistir Smallville além da segunda temporada, e outras séries do tipo, como Arrow, Flash, Agents of SHIELD e Gotham, não consegui ver além do segundo episódio...
Mas, Demolidor foi um seriado espetaculoso, tão qualificado que eu sabia, de cara, que iria querer ver a segunda temporada, e que iria querer ver Jessica Jones, e Luke Cage e Punho de Ferro, de modo que resolvi manter minha assinatura e não fazer uso apenas do mês grátis oferecido.
O Netflix mudou minha forma de ver seriados.
Eu assisti Sherlock de maneira comedida, um episódio por dia, ao longo de mais de uma semana, Breaking Bad inteira, às vezes vendo quatro ou cinco episódios em sequência, em coisa de um mês e meio. Assisti o primeiro ano de Better Call Saul em uma semana. E após esgotar meu estoque com esses seriados que eu realmente queria ver, comecei a procurar alguma outra coisa pra preencher o vazio de tempo entre a primeira temporada de Jessica Jones e a segunda de Demolidor.
E não foi por mais senão minha admiração pelo trabalho de Kevin Spacey que eu resolvi dar uma chance à House of Cards, um seriado que, confesso, não era exatamente o perfil de programa que eu almejava assistir, ao menos na sua sinopse.
Mas aí, descobri Frank Underwood (Spacey), o improvável deputado democrata de Gaffney, Carolina do Sul, que ao ser preterido no cargo de secretário de Estado pelo recém eleito presidente Garrett Walker começa, ao lado de sua esposa Claire (Robin Wright), uma inexorável marcha rumo ao poder, custe o que custar, doa a quem doer.
Se, em um primeiro momento, o que me manteve assistindo aos episódios foi o talento de Spacey, não demorou para que eu me afeiçoasse à Claire Underwood, Zoe Barnes (Kate Mara), Peter Russo Corey Stoll), Doug Stamper (Michael Kelly) e todos os personagens que orbitam o casal principal.
Confesso que, a quebra de ritmo na terceira temporada, com Francis na presidência e diversas tramas paralelas afastando o foco de Underwood, aliado à minhas férias e ao lançamento da segunda temporada de Demolidor acabaram me afastando brevemente de Frank e Claire, mas após devorar os treze episódios do diabo da guarda de Hell's Kitchen, voltei à House of Cards, terminei de ver a terceira temporada, e, em pouco mais de uma semana, assisti à toda a quarta.
E é bom ver que o programa retomou seu caminho.
House of Cards não é The West Wing. Não é um programa sobre política.
É um programa sobre poder. E sobre a busca por mais poder.
Foi devolvendo Frank e Claire à ribalta e lhes oferecendo desafios de variadas espécies que House of Cards, em sua quarta temporada recuperou a qualidade dos anos um e dois.
Os grandes desafios de Frank e Claire, por sinal, não são as difíceis relações políticas com a Rússia de Viktor Petrov (Lars Mikkelsen, o Napoleão da chantagem Charles Magnussen de Sherlock), nem as dificuldades da campanha democrata contra Heather Dunbar (Elizabeth Marvel), o incrivelmente perfeito candidato republicano, William Conway (Joel Kinnaman), os ataques terroristas da ICO (dublê do EsIs na série) e nem sequer a investigação de Tom Hammerschmidt (Boris McGiver) ou uma tentativa de homicídio.
A única coisa capaz de ferir um Underwood, é outro Underwood.
Abraçando de vez a vilania velada de Frank e Claire, e a levando a lugares novos e sombrios do relacionamento dos dois, e, mais do que isso, tirando a trama do que é politicamente plausível durante a conturbada campanha presidencial, e a levando honestamente para onde é mais interessante, House of Cards reencontrou o caminho, e fechou sua quarta temporada com um gancho excepcional para o quinto ano.
Serão longos meses de unhas roídas até ver onde as maquinações de Francis e Claire os levarão. Por sorte, minha relação com séries, agora, é outra. E eu tenho um bocado de opções para dividir meu tempo até lá.
Obrigado, Netflix. Frank, Claire, nos vemos em 2017.

"-É isso mesmo. Nós não nos submetemos ao terror. Nós criamos o terror."