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sexta-feira, 31 de março de 2017

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1 Episódio 6: Immortal Emerges From Cave


Punho de Ferro vinha de dois bons episódios, os capítulos quatro e cinco haviam sido os pontos altos da série nessa primeira temporada mas foi no sexto episódio, sob a batuta do rapper The RZA, óbvio amante de filmes de Kung Fu (além de ter dirigido os dois O Homem Com os Punhos de Ferro, seu grupo de hip-hop, Wu-Tang Clan era batizado em homenagem a um antigo filme de artes marciais chinês), que Punho de Ferro deu um salto de qualidade, alcançando o patamar dos melhores episódios de suas séries-irmãs Luke Cage e Jessica Jones (mas ainda abaixo do patamar de Demolidor, um parâmetro aparentemente inalcançável).
Em Immortal Emerges From Cave, Danny Rand recebe um sinistro convite do Tentáculo, para uma luta pela alma das Empresas Rand e pela vida de Sabina, a filha do químico Radovan, responsável pela heroína sintética que Gao está jogando nas ruas.
Enquanto Claire e Colleen tentam manter Radovan vivo e Ward parece finalmente sucumbir à pressão dos segredos de Harold, e cumpre todos os itens do manual do viciado após jogar suas pílulas no lixo ao ser confrontado por Joy, o Punho de Ferro chega ao endereço do convite para encontrar Gao e seus três desafios, três combates contra os irmãos açougueiros Veznikov, e os egressos dos quadrinhos Noiva das Nove Aranhas e Scythe, que, por sinal, tem uma apresentação maneiraça.
Isso leva a três das lutas mais bacanas da série até aqui, com Danny desfilando todo o seu repertório de artes marciais e relembrando os ensinamentos de Lei Kung (Hoon Lee), seu mentor em K'un-Lun, que surge primeiro com um voice over, mas logo aparece envergando o verde e amarelo do traje do herói nos quadrinhos em uma visão recorrente que não sabemos se é uma memória, alucinação ou comunicação estilo Jedi.
Além de tudo isso, ainda tivemos sinistras revelações sobre Madame Gao que, na verdade, apenas suscitaram mais dúvidas sobre sua verdadeira origem: Ela tem super-poderes? Quão velha ela realmente é? Como ela sabe sobre K'un-Lun? Qual era a natureza de sua relação com Wendall Rand?
Enquanto a audiência matuta sobre essas questões, Danny precisa pesar suas decisões e como elas se conectam ao seu destino como o Imortal Punho de Ferro.
Chegando à metade da temporada, Punho de Ferro encontra o caminho. Tomara que mantenha o nível.

"-Você quer escolher uma arma?
-Eu sou a arma."

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1 Episodio 5: Under Leaf Pluck Lotus


Aparentemente Punho de Ferro encontrou seu ritmo após o quarto episódio, uma vez que o quinto capítulo manteve o ritmo.
Após um começo algo exagerado com promotoras gatas vendendo a heroína sintética da organização de Gao (as maletas trazem o símbolo da serpente que vimos nas caixas do depósito de Gao na primeira temporada de Demolidor), descobrimos graças a pancadaria de Danny com os carrascos no episódio anterior que a droga está chegando a Nova York pelo píer Red Hook, que a Rand acaba de negociar.
Danny não gosta nada dessa descoberta, e, uma vez que Ward não parece particularmente interessado nas histórias sobre dragões de K'un-Lun, é o próprio herdeiro da empresa quem resolve verificar a situação na mais nova aquisição da Rand.
Mas Danny precisa de ajuda, e ele vai atrás da mais capacitada artista marcial que ele conhece em Nova York, Colleen Wing.
Por sinal, a forma que Rand escolhe pra abordar Colleen é graciosa, com uma tentativa de almoço romântico chique que esbarra numa seguradora de vela danada chamada Claire Temple. Isso mesmo, Rosario Dawson surge para sua quinta temporada na Marvel/Netflix. Aparentemente após quatro temporadas de encontros fortuitos com super-heróis urbanos a enfermeira noturna resolveu aprender a se defender e buscou a sensei Wing no dojo Chikara para ser sua tutora.
O encontro segue para a dupla espiando o píer em busca de um possível carregamento de heroína sintética, mas ao invés disso, Danny acaba fazendo outra descoberta que culmina com a melhor cena de ação da série até aqui, e com mais um turno de trabalho para Claire.
Enquanto isso, Joy e Ward são novamente confrontados com a ingenuidade de Danny, que cai numa arapuca armada por um advogado colocando a Rand em uma posição deveras desconfortável, e madame Gao finalmente descobre com quem está lidando, e não parece particularmente nervosa.
Under Leaf Pluck Lotus manteve o bom ritmo e dá impressão de que Punho de Ferro achou seu passo, se os Meachum seguem algo aborrecidos, Danny finalmente se torna um.personagem mais ativo e sugere que pode se tornar, de fato, o protagonista de sua própria série, com Colleen melhor integrada à trama, mais os retornos de Claire e Gao, o futuro da série parece promissor.

"-Ele arrebentou metal sólido com as mãos.
-Com suas mãos? Tem certeza de que não foi com seu... Punho?"

quinta-feira, 30 de março de 2017

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1: Episódio 4: Eight Diagram Dragon Palm


O terceiro episódio de Pu ho de Ferro havia terminado com um daqueles desnecessários cliffhangers onde a vida do protagonista é ameaçada de maneira absolutamente inócua (como o tiro na cabeça do Demolidor na segunda temporada, ou Luke Cage lutando pela vida tanto em Jessica Jones quanto em sua série solo). Nesse caso um literal cliffhanger, com Danny pendurado pelo lado de fora de um arranha-céu em Manhattan após seguir Ward até o covil de Harold.
Danny, claro, não morreu, ele foi resgatado por Ward e Harold que conta a história de como teve sua vida salva pelo Tentáculo mas pagou um alto preço pelo "presente": Foi obrigado a se tornar um recluso afastado de tudo e quase todos, e viu a organização criminosa se entranhar na empresa que ajudou a fundar.
SContando com a ajuda do "inimigo jurado do Tentáculo", Harold pede que Ward retire o litígio contra Danny para que o jovem possa começar a tomar parte nas atividades da companhia. E, rapaz, Danny chega metendo o pé na cara da diretoria ao derrubar os lucros do setor farmacêutico da Rand ao exigir que uma nova medicação seja comercializada a preço de custo.
Essa chegada brusca do herdeiro coloca os irmãos Meachum e Danny novamente em lados opostos, mas ao menos todo esse papo empresarial leva à primeira cena de luta realmente memorável de Danny, quando a tríade, injuriada após a Rand adquirir um píer usado para contrabando, resolve atacar Joy.
Aparentemente os espaços urbanos de Nova York sempre levam os heróis a lutarem em corredores, e depois das duas memoráveis sequências sem cortes de Demolidor e da invasão de Luke ao depósito do Boca de Algodão, chega a vez do Punho de Ferro enfrentar um bando de vagabundos num espaço exíguo.
E falando em porradaria, Colleen volta à gaiola para enfrentar não um, mas dois oponentes simultaneamente, garantindo o dobro de grana para pagar seu aluguel, e outra boa sequência de luta no episódio, ainda que, pra fins práticos, as brigas de Colleen na gaiola não sirvam em nada pra trama.
No episódio ainda tivemos os retorno de Madame Gao (Wai Ching Ho), que depois de roubar a cena nas duas temporadas de Demolidor surge pra encrespar a vida do Punho de Ferro.
No quarto capítulo, Punho de Ferro finalmente engata uma marcha, indo além do rocambole novelesco dos três primeiros episódios ao trocar a trama de reivindicação da herança e pelo retorno do Tentáculo, inevitavelmente mais interessante, demorou um pouco, mas a série parece ter achado seu caminho.

"Ninguém deveria lucrar com a miséria dos outros. É errado."

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1 Episódio 3: Rolling Thunder Cannon Punch


O segundo episódio de Punho de Ferro terminou com Danny mostrando toda a extensão do poder que adquiriu em K'un-Lun, arrancando uma porta de aço da parede com um único soco. Mas sair do hospital psiquiátrico onde fora preso por Ward é apenas metade do trabalho, já que Danny precisa provar sua identidade de maneira legal.
Quem melhor para ajudá-lo nessa empreitada do que um advogado?
Mas não. Infelizmente Danny não contratou Matt Murdock pra empreitada, e sim a egressa de Jessica Jones Jeri Hogarth (Carrie Anne-Moss), que se prontifica a aceitar o caso do jovem em nome dos velhos tempos (e de um contrato de representação para a Rand enterprises).
Enquanto Danny e Jeri procuram uma forma de provar sua identidade os Meachum têm tempo de sobra na tela, o que ainda não é um ponto alto pra série. Enquanto Harold segue amaldiçoando seu pacto com o Tentáculo, que o tornou um prisioneiro pelos últimos treze anos, Joy vem e vai em suas disposições para com Ward e Danny.
Eu não me surpreenderia se acontecesse aos irmãos Meachum o mesmo que aconteceu a Boca de Algodão e Black Mariah em Luke Cage, com a parte feminina da dupla sendo a mais perigosa.
Por falar em moças perigosas, Colleen Wing volta a ser o ponto alto do programa ao se apresentar na gaiola de luta ilegal onde mandou seu pupilo Darryl (Marquis Rodriguez, egresso de Luke Cage) não voltar. Lá, sob a alcunha de "A Filha do Dragão", Colleen mostra que tem habilidades de luta aparentemente superiores às de Danny que, de maneira bastante broxante, leva um laço federal de um capanga nos arquivos de um hospital onde fora procurar por provas de sua identidade.
Com três capítulos, começa a ficar a desconfortável sensação de que, a exemplo de Jessica Jones, Punho de Ferro será um programa pra acompanhar apesar da chatice do protagonista.
Finn Jones se esforça, e sua atuação é superior a de, por exemplo, Mike Colter, mas ele simplesmente não tem presença de super-herói, e até o momento, suas cenas de luta têm sido algo sonolentas, incapazes de rivalizar com as de Demolidor, indiscutivelmente a melhor série da parceria Marvel Netflix.
Punho de Ferro está custando a engrenar, partilhando mais em comum com os problemas de Jessica Jones e Luke Cage (séries com coadjuvantes mais interessantes que os protagonistas), mas com uma trama demasiado folhetinesca para seu próprio bem.
É melhor Danny colocar aquele imortal punho de ferro pra trabalhar e começar a chutar umas bundas logo.

"-Eu errei em recusar os cem milhões?
-Essa talvez tenha sido a única coisa certa que você fez desde que chegou a Nova York, além de me procurar. Você vale bilhões."

quarta-feira, 29 de março de 2017

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1 Episódio 2: Shadow Hawk Takes Flight


O primeiro capítulo da série do último Defensor não foi exatamente empolgante, mas, a exemplo de Jessica Jones carregava suas promessas a despeito de, como Jessica Jones, ter um protagonista insosso, e a exemplo de Luke Cage, ter um ritmo bem lento.
O segundo episódio não faz maravilhas pelo protagonista.
Trancafiado por Ward em um hospital psiquiátrico contra a sua vontade, Danny é chapado de medicamentos que o impedem de concentrar seu chi e invocar o poder do Punho de Ferro, o herdeiro do império Rand é tratado como um falsário, já que entrou nos Estados Unidos com um passaporte canadense forjado, e um maluco, já que conta histórias sobre a cidade interdimensional de K'un-Lun, o que, sejamos francos, não é uma ideia muito inteligente pra quem está sob observação psiquiátrica.
Enquanto isso, nas empresas Rand, Joy e Ward debatem sobre a verdadeira identidade do maltrapilho que afirma ser Danny. Se Ward está convencido de que Danny é um impostor (ou de fato, não liga), Joy tem suas dúvidas, e sua forma de tirar a prova é enviar um pacote de M&Ms para o hospital.
Enquanto Danny recebe a visita de Harold Meachum, cuja morte, aparentemente foi forjada, já que o co-fundador da Rand vive recluso em uma luxuosa cobertura em Manhattan usando Ward como fantoche para suas aspirações, e parece particularmente interessado em Danny ao ouvir que o imortal Punho de Ferro, defensor dos portões de K'un-Lun é o "inimigo jurado do Tentáculo", a organização criminosa que atucanou o Demolidor na sua segunda temporada e parece estar se infiltrando na Rand.
Se o episódio novamente não foi suficiente pra melhorar a imagem do protagonista (a capacidade de luta de Danny não chega aos pés da do Demolidor, por exemplo), ou aprofundar a personalidade dos coadjuvantes, ao menos nos ajudou a entender as razões para Ward ser perturbado a ponto de beber durante o dia e ter comprimidos o suficiente pra abrir uma farmácia.
Não deve ser fácil ser a marionete do pai "morto" para comandar uma empresa ao lado da irmã que nada sabe.
De qualquer forma Shadow Hawk Takes Flight serviu pra estabelecer Colleen como a personagem mais gostável e proativa do seriado, chegando a negar a ajuda financeira de que obviamente necessita por respeito a um homem que mal conhece, e na falta de um grande desenvolvimento da trama, ao menos pudemos ver o Punho de Ferro em ação.
Fica a torcida para que o terceiro capítulo encaminhe um pouco a história que segue morna.

"Eu me tornei um na longa linhagem de imortais Punho de Ferro. Arma viva. Inimigo declarado do Tentáculo."

Resenha Série: Punho de Ferro Temporada 1: Episódio 1: Snow Gives Way


O Imortal Punho de Ferro era a peça que faltava no tabuleiro dos Defensores, a versão urbana e com menos efeitos visuais dos Vingadores.
Após Luke Cage, Jessica Jones e duas temporadas de Demolidor, a Netflix lançou Punho de Ferro para fechar o quarteto de heróis de rua que partilharão uma temporada no segundo semestre desse ano.
O primeiro episódio de Punho de Ferro abre com um jovem de vinte e poucos anos vestido como um hippie, sujo e descalço (Finn Jones o Loras Tyrrell de Game of Thrones) chegando à sede da Empresas Rand e declarando que é o herdeiro do empreendimento, Danny Rand, dado como morto em um desastre aéreo quinze anos antes.
Obviamente a recepcionista do prédio corporativo não acredita no vagabundo, e chama a segurança para lidar com ele, o sujeito, porém, sabe lutar e não tarda para dar um baile nos guardas e ganhar acesso aos andares dos executivos.
Lá ele confronta Joy e W ard Meachum (Jessica Stroup e Tom Pelphrey), filhos do co-fundador do conglomerado, Harold Meachum (David Wenham), que, como era de se esperar, também não acreditam no quase mendigo, que, nós sabemos, é Rand.
O início de Punho de Ferro não chega a ser empolgante. O primeiro episódio arma um tabuleiro com uma cara danada de novelão ou do recente remake/continuação de Dallas, com herdeiros corporativos ricos, bonitos e bem-vestido brigando por seu quinhão de uma fortuna.
De qualquer forma, os primeiros episódios de uma série, no geral, são o momento de preparar o terreno pra contar sua história, e Punho de Ferro não é diferente.
Um dos problemas da série, além do começo moroso e dos vilões que, de início, não convencem, é o fato de que o ricaço indo buscar conhecimento em algum lugar exótico voltando para reclamar sua fortuna é um elemento re-re-repetido na mitologia super-heróica. De Batman a Tarzan, passando por Arrow e Doutor Estranho, por sorte o primeiro capítulo dá uma respirada graças à presença de Colleen Wing (Jessica Fenwick), a gatinha surge pela metade da estréia e mostra habilidades marciais, beleza e carisma que ajudam a audiência a aguentar o tranco conforme o cerne do episódio não é o treinamento de Rand em K'un-Lun, nem suas habilidades marciais, ou qual será sua missão de volta a Manhattam, mas sim um reencontro com um passado de privilégios que não parece disposto a recebe-lo de volta.
O começo de Punho de Ferro não é dos mais inspirados, mas o de Jessica Jones e Luke Cage também não foram exatamente maravilhas, então não custa ficar ligado já que a Netflix ainda não nos desapontou.

"Oi, eu sou Danny Rand."

Resenha Cinema: T2 Trainspotting


Em 1996 Danny Boyle, Ewan McGregor, Ewen Bremner, Johnny Lee Miller, Robert Carlyle e John Hodge se uniram para transformar a coleção de histórias curtas do escritor Irvine Welsh em um dos mais memoráveis filmes underground dos anos 90.
Trainspotting: Sem Limites contava a história dos amigos Renton, Spud, Sick-Boy e Begbie e seus vícios em heroína, álcool, sexo, ou apenas violência.
Aclamado sucesso de crítica e um daqueles longas discretos que se transformam em cult ao longo dos anos, Trainspotting gerou uma legião de fãs, e eu ainda me lembro de quando um amigo me disse que o filme iria passar na Band, e que eu devia ver porque era "foda".
E fato era.
Mais do que isso, era tão bem fechado em si mesmo que eu me lembro de ter ficado um tano apreensivo quando foi anunciado que a sequência do livro, intitulada Pornô, seria adaptada.
Todos sabemos como anda o cinema, e todos já vimos sequências caça-niqueis de filmes memoráveis sendo lançadas direto pra vídeo com elencos alterados sob a batuta de diretores duvidosos, de Dragão Vermelho a O Pagamento Final - Rumo ao Poder.
Mas fiquei mais tranquilo ao saber que Boyle, McGregor, Bremner, Miller, Carlyle e Hodge estariam de volta, e fiquei extremamente ansioso quando vi o primeiro teaser o longa.
Voltando de férias minha primeira incursão ao cinema só podia ter sido pra me reunir a Renton e companhia.
No longa reencontramos Renton (McGregor) vivendo em Amsterdã.
Vinte anos se passaram e ele está na academia correndo na esteira, um homem adulto e bem ajustado com um emprego estável que em nada lembra o magricela raivoso que roubava para sustentar o vício aos vinte e poucos.
Mas algo leva Renton de volta a Edimburgo. Talvez culpa por ter roubado seu melhor amigo e de Begbie anos antes, talvez uma crise de meia-idade precoce...
Mas Mark Renton volta pra casa, uma Escócia que ele mal reconhece, e quando Spud (Bremner), que colheu mais má sorte do que é capaz de contabilizar ou suportar, após anos sofrendo com idas e voltas da heroína está a dois passos de dar cabo da própria vida é o retorno de Renton a Edimburgo que o salva no último instante.
O reencontro com Spud o leva a um reencontro com Simon, ex-Sick Boy (Miller), que toca o pub da tia e mantém um negócio de prostituição/chantagem com a namorada búlgara Veronika (Anjela Nedyalkova) enquanto planeja montar um bordel.
Sick-Boy não recebe muito bem o retorno de Renton e sua oferta de paz, as quatro mil libras que Renton roubou dele.
"O que eu vou comprar com quatro mil? Uma máquina do tempo?", pergunta Simon.
Os anos passaram pra todos os rapazes.
Mais lentamente para Begbie (Carlyle), que está encarcerado desde a manhã seguinte ao golpe de Renton, ao menos até perceber que não vai conseguir a condicional, resolver executar uma fuga da prisão e descobrir, com a habitual excitação psicopata que Renton retornou.
Esses quatro personagens à solta em Edimburgo inevitavelmente se reencontrarão para uma última dança.
T2 é exatamente a sequência que Trainspotting precisava depois de duas décadas.
É assustador, excitante, triste e engraçado de uma maneira equilibrada e embalada na sensacional edição de Jon Harris, a esperta fotografia de Anthony Dod Mantle, e a excelência do trabalho de Boyle e um elenco talentoso que amadureceu tanto quanto seus personagens e tira de letra o retorno à pele desses homens apavorados pela idade que parecem só perceber ao olhar para os rostos marcados uns dos outros ou para os filhos crescidos conforme trocam um vício pelo próximo.
T2 é uma ode à emasculação do homem de meia idade preso ao passado por medo do futuro.
Muito do sucesso do longa passa pelo trabalho do elenco.
McGregor está ótimo em seu retorno a Renton, trocando a antiga rebeldia juvenil por disfarçada irresignação. Lee Miller também volta com naturalidade ao papel de Sick-Boy, e sua relação de amor e ódio com Renton é muito divertida. Carlyle nasceu para envergar a pele de Begbie, a despeito do rosto mais cheio e dos cabelos mais grisalhos, Francis Begbie ainda é uma ameaça ambulante e seus olhos cheios de desdém e ódio sempre são assustadores ou pelo menos desconfortantes. Mas surpreendentemente é Ewen Bremner quem mais oferece em termos de dramaturgia.
Seu Spud é uma figura tão cômica quanto trágica, e seu corpo encurvado e a expressão de olhos esbugalhados e boca contorcida num sorriso triste é de partir o coração seja fazendo um discurso a respeito das mazelas do horário de verão, seja relembrando os amigos que se foram.
Não me entenda errado, T2 não é tão bom quanto Trainspotting foi vinte e um anos atrás, e talvez para gostar de T2 tu precise ter visto e amado Trainspotting e sua pegada de bebês mortos e mergulhos em latrinas podres, e assim, talvez, T2 não seja pra todo mundo, mas para aqueles de nós que cresceram com Renton, Spud, Sick-Boy e Begbie, e que agora se olham no espelho ou reencontram velhos amigos e percebem os cabelos branqueando e as marcas ao redor dos olhos, talvez seja para aqueles que são, nas palavras de Sick-Boy, turistas no próprio passado. É um file para se assistir sentindo uma melancolia agridoce, por vezes melodramática ou excessivamente auto-referente, mas ainda assim repleto da energia, e daquele pessimismo visceral, quase desafiador, do original.
Por tudo isso, T2 consegue escapar de diversas armadilhas que arma para si próprio, e entregar um filme que oferece a oportunidade, mas felizmente, sonega a traição.
Assista no cinema.
Renton, Spud, Sick-Boy e Begbie certamente valem o preço do ingresso.

"Escolha a vida."

terça-feira, 28 de março de 2017

O Trailer 2 de Homem-Aranha: De Volta ao Lar

E saiu hoje o novo trailer de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, filme que enfoca no novo Homem-Aranha dividindo o MCU com heróis como Capitão-América, Homem de Ferro e Thor.
A prévia mosra mais da elação entre Peter Parker (Tom Holland) e Tony Stark (Robert Downey Jr.), a ameaça do Abutre (Michael Keaton),que parece ter um problema pessoal com Stark, e a amizade de Peter e Ned Leeds (Jacob Batalon), além de ação megalômana pra mais de metro, confira:



Dirigido or Jon Watts, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é escrito por John Francis Daley e Jonathan Goldstein ainda tem no elenco Marisa Tomei, Zendaya Coleman entre outros, o filme estréia no Brasil em 6 de Julho.

sábado, 25 de março de 2017

O Trailer Oficial de Liga da Justiça

E conforme prometido ao longo da semana o sábado chegou com o novo trailer de Liga da Justiça.
A prévia segue o modelo do vídeo apresentado na Comic Con ano passado, com a maior cara de filme de Super-Herói, e nada daquela sisudez quase depressiva de Barman Vs. Superman.
Confira:



Bacana, né? Aparentemente os erros de BvS e Esquadrão Suicida foram assimilados e com Mulher-Maravilha e Liga da Justiça, a DC pode estar encontrando seu caminho. Que venha novembro.



quinta-feira, 16 de março de 2017

Resenha Game: Horizon - Zero Dawn


Eu tomei conhecimento de Horizon - Zero Dawn meio ao acaso.
Acho que foi em janeiro que meu irmão me enviou um vídeo de gameplay do YouTube, e eu achei o jogo muito bonito.
Não me aprofundei muito no game, já que estava ocupado tentando matar os Baker em Resident Evil 7: Biohazard, e foi muito por estar às portas de minhas férias na semana passada que eu resolvi comprar o jogo que prometia uma campanha extensa em um mapa grandão.
E deixe-me confessar que, inicialmente, achei o game meio chato.
A primeira hora e pouco de jogo, com a protagonista Aloy bebê, e depois criança, caindo em uma ruína (na verdade um laboratório de ciências extremamente avançado parcialmente fossilizado), não chegou a me impressionar.
Mas isso muda assim que a ruiva cresce.
A trama de Horizon - Zero Dawn se pasa em uma Terra em um futuro longínquo pós-pós apocalíptico.
A hecatombe que destruiu a humanidade já aconteceu e foi (mais ou menos) superada, a humanidade se organizou em tribos que estão em estágios distintos de domínio de tecnologia.
O que todos esses povos têm em comum é a presença das máquinas, criaturas artificiais hostis que se espalham pela natureza representando perigo constante para todos os seres humanos.
Aloy começa o jogo como uma exilada, párias da tribo Nora proibidos de conviver nos assentamentos do povo, mas não tarda a, tentando descobrir suas origens, passar em testes da tribo, e se tornar uma Valente, e, após um violento ataque aos Nora, uma Emissária, com liberdade absoluta para ir e vir para além das fronteiras das Terras Sagradas de seu povo.
Aloy é uma jovem de grande proeza física e perícia adquiridos ao longo de anos de treino com seu guardião adotivo, Rost, turbinados por um dispositivo chamado "Foco", um aparato tecnológico do mundo antigo que permite a Aloy uma espécie de segunda visão.
Com suas habilidades e o Foco, a menina Nora é uma formidável lutadora, rastreadora e caçadora, mas acima de tudo, uma boa pessoa.
A ruivinha está sempre disposta a estender a mão à pessoas que estejam em necessidade, mesmo a seus inimigos, ela pode mostrar compaixão (dependendo de como o player aborda momentos-chave, onde as decisões da protagonista recaem sobre quem segura o controle).
Mas a aventura de Nora se inicia porque ela deseja saber mais a respeito de si própria, de sua origem, e do mundo onde vive.
É o enigma por trás de tudo isso que impulsiona a personagem e o jogador a explorar esse admirável mundo novo, e a Guerrila Games fez um trabalho espetacular para garantir que o jogador se mantenha interessado a cada passo do caminho.
Começando pelo que entra no páreo como um dos mais belos gráficos de um game em qualquer plataforma, tanto dos personagens quanto das criaturas e os cenários, passando por um lore inspirado, que estimula a exploração do (imenso) mapa do game, e, ponto chave em um game desse tipo, um sistema de combate sensacional.
O jogo oferece a possibilidade de abordar a luta de acordo com a preferência de cada jogador. A liberdade é tamanha que é difícil encontrar dois combates iguais ao jogar Horizon - Zero Dawn.
Isso é uma tremenda bola dentro.
Com inimigos variados apinhando o mapa, fica muito mais interessante cair na porrada com as máquinas e ganhar experiência para continuar descobrindo os segredos de como o mundo chegou onde chegou com o combate dinâmico e livre que Horizon proporciona.
Se o jogador quer atuar em estilo berseker, bater no peito e gritar que é muito macho correndo pra cima dos inimigos de lança em punho, pode, inclusive com alguma chance de sucesso (remota, dependendo do inimigo).
Se quiser entrar numas de Solid Snake e se esgueirar pela grama alta eliminando a manada inimiga monstro por monstro, usando armas elaboradas como lançadores de cordas, armadilhas e bombas de proximidade, manda bala, se preferir ficar à uma distância segura (um termo relativo se levarmos em conta que há criaturas voadoras, que lançam ataques projetados ou as duas coisas simultaneamente) disparando flechas do arco que é a arma primária de Aloy, também pode.
Fica inteiramente a critério do jogador.
Claro, normalmente é um negócio mais interessante apostar na furtividade, haja vista que os inimigos espalhados pelo mundo são máquinas poderosas, em sua maioria hostis, e Aloy é uma mocinha, durona e bem preparada, mas ainda assim...
Por isso o sistema de evolução RPGístico com árvores de talentos independentes que privilegiam facetas distintas da progressão de Aloy são tão úteis.
As árvores de furtividade, combate e saque, se bem administradas, são uma mão na roda pra manter o player saudável durante a exploração.
Por sinal, a exploração é incrivelmente convidativa em Horizon.
Assim que o mapa se torna livre, após o prólogo do game, é quase irresistível sair andando por cada vale e pico do mapa, praticamente todos acessíveis a pé, e muitas vezes revelando cenários belíssimos e acachapantes num mundo tão pujante visualmente, que tornam a viagem rápida um recurso dispensável.
Com tanta qualidade de execução e uma história sólida, impulsionada por um mistério excitante em um universo ricamente povoado de personagens, criaturas e lore empolgantes, nós somos capazes de perdoar algumas missões secundárias manjadas ao estilo encontre A e leve para B, ou a falta de desafio da maioria dos inimigos humanos que Aloy usa como pano de chão.
A qualidade de seu cerne posiciona Horizon confortavelmente entre os melhores games lançados para PS4, e abre possibilidade para o surgimento de uma nova e formidável franquia.
Aloy e seu mundo, mesmo após o desfecho de Horizon: Zero Dawn, ainda têm muita lenha pra queimar e mistérios pra desvelar.
Vale horrores a pena.

"Parece que eu estou sempre onde não devo."

quarta-feira, 8 de março de 2017

Top 10 Casa do Capita: As Mulheres Mais Maneiras da Cultura Pop

Neste dia oito de março, o dia internacional da mulher, a Casa do Capita homenageia as mais poderosas (jamais "empoderadas") representantes do sexo -não tão- frágil na cultura pop.
Vamos, em mais um infame top-10 Casa do Capita listar as dez mulheres mais importantes do universo nerd, capazes de chutar bundas, libertar planetas, e salvar espécies sem jamais perder a feminilidade.
Vamos à lista, e feliz dia internacional da Mulher, meninas:

10 - Neytiri (Avatar)


Neytiri Te Tskaha Mo'at'ite (Zoe Saldaña) a (literalmente) gatona azul é princesa guerreira clã Omaticaya aparece pela primeira vez salvando Jake Sully de uma alcatéia de viperwolves em Pandora, enquanto esculhamba a falta de jeito do humano em pele de Na'vi a quem chama de "bebê barulhento que não sabe o que faz".
Não apenas é Neytiri quem ensina os modos Na'vi a Jake, lhe ensinando os segredos de seu povoe a comunhão com a natureza de Pandora, mas também é ela quem põe ponto final à invasão terráquea ao seu planeta salvando Jake novamente matando o malvado coronel Miles Quarritch.


9 - Hermione Granger (Harry Potter)


Ela nasceu trouxa, mas estudou feito uma condenada para se tornar a ponta mais inteligente da trinca protagonista de Harry Potter.
Ao longo da série literária, a jovem Hermione se mostrou indispensável à luta de Harry para derrotar Voldemort graças ao afinco com que se dedicava aos estudos e à extensão quase enciclopédica de seus conhecimentos.
A menina que jamais teve melindres em deixar claro que era mais inteligente que os dois parceiros, cujo maior medo era repetir de ano em Hogwarts e deixar seus amigos na mão ganha um espaço merecido nessa lista.

8 - Ellie (The Last of Us)


Tu pode te perguntar por que, entre Samus Aran, Chun-Li, senhora Pac-Man, Lara Croft, Claire Redfield e tantas outras, escalar logo Ellie como A representante gamística da lista?
Bem, talvez porque Ellie, ao contrário das outras mencionadas, Ellie pareça uma pessoa de verdade, e não uma super lutadora sintética.
A menina de quatorze anos que nasceu e cresceu depois do apocalipse que destruiu o mundo era dolorosamente real, fosse nos momentos de maturidade além da idade, fosse nos interlúdios de tolice juvenil ou no laço familiar que formou com o calejado Joel.
Além de tudo isso, a "baby girl" ainda era capaz de tomar as rédeas de seu destino, e na hora em que a situação degringolava sabia se virar.

7 - Hit-Girl (Kick-Ass)


O adolescente bobalhão Dave Lizewski se perguntava porque tanta gente queria ser como Paris Hilton, e ninguém queria ser o Homem-Aranha. Ele resolveu tentar a sorte e comeu o pão que o diabo amassou dentro do colante verde de Kick-Ass. Havia, porém, uma dupla que teve aquela mesma ideia algum tempo antes, e a executou com muito mais competencia, Big Daddy e Hit-Girl.
Treinada por seu pai, a pequena Mindy McReary se transformou em uma versão mirim do Batman com vocabulário de estivador e sede de sangue de ninja assassino.
Com sua peruca roxa, sua espada e presença de espírito que só nerd que leu muito gibi consegue ter, Hit-Girl faz por merecer seu espaço no top-10.

6 - Trinity (Matrix)


A hacker com visual de dominatrix vivida por Carrie Anne Moss na trilogia Matrix era um paradoxo ambulante.
A personagem tinha um visual feito sob medida para nerds masturbadores, o público alvo de metade das franquias cinematográficas de nosso tempo. Seu papel, na trama da aventura cyberpunk dos Wachowski era, trocando em miúdos, o de par romântico do mocinho, mas Trinity foi muito mais do que apenas isso. A morena era mestra de artes marciais, piloto de helicóptero e motocicleta, e era parte da Santíssima Trindade de Matrix.
Mais do que isso, Neo só era o Escolhido por causa de Trinity, avisada pelo Oráculo que o homem que ela amasse seria o predestinado, e se não fosse a tenacidade dela, Neo estaria até agora preso na estação de trem onde o Merovíngio o colocou.
Precis mais pra garantir um espaço aqui?

5 - Viúva Negra (Os Vingadores)


Scarlett Johansson com seus generosos atributos físicos espremidos dentro de um traje preto mais justo que o rebaixamento do Inter não parece exatamente a figura da força feminina. Apesar de ter uma boa cena de luta em Homem de Ferro 2, a verdade é que Scarlett era pouco mais do que um acessório muito gostoso no longa estrelado por Robert Downey Jr., mas as coisas mudaria dali a pouco.
Em Os Vingadores, a Viúva Negra era essencial à ação e à trama, sendo um dos personagens fundamentais do longa. Ela foi ainda melhor em Capitão América: O Soldado Invernal, onde a visão de mundo pragmática da ex-espiã russa era elevada à enésima potência. Talvez, se ela não houvesse sido vítima do romance com o Hulk, que acabou diluindo muito da força da personagem, ela pudesse estar ainda melhor colocada nessa lista.

4 - Mulher-Maravilha (DC Comics)


A princesa amazona de corpo e mente perfeitos que saiu da ilha de Themyscira para conhecer o mundo dos homens é um ícone absoluto do poder feminino.
A personagem criada nos anos quarenta pelo psicólogo William Molton Marston foi parcialmente inspirada em diversas feministas fundamentais, como a pioneira do controle de natalidade Margaret Sanger para ser a contraparte feminina de heróis como Superman, Batman e Fantasma.
Várias de suas histórias iniciais a mostravam escapando após ser amarrada, rompendo com o mais tradicional clichê das donzelas em perigo de então, ou carregando homens em seus braços após salvá-los.
Apesar da extensão de seus poderes, a personagem sempre preferiu a paz e o entendimento ao conflito.
Talvez um dos maiores testemunhos em favor da personagem tenha vindo de um detrator:
Em seu livro A Sedução do Inocente, do psiquiatra Fredric Wertham disse que a personagem era uma lésbica (nos anos cinquenta, uma afirmação grave contra um personagem de gibi), uma conclusão à qual Wertham chegou por conta de sua força e independência.
Precisa mais alguma coisa pra estar nessa lista?

3 - Éowyn (O Senhor dos Anéis)


Numa Terra Média onde as mulheres,na melhor das hipóteses, eram bruxas como Galadriel, ou costureiras como Arwen (sim, nos livros, a grande contribuição da filha de Elrond para a Guerra do Anel é bordar as velas do navio de Aragorn. O resgate de Froddo no topo do vento, nas páginas, cabe a Glorfindel), Éowyn temia apenas uma gaiola, de onde veria, aprisionada, as chances de glória serem levadas pelos anos.
Mas Éowyn jamais aceitou as imposições sociais de que guerra era seara dos homens.
Tanto que Éowyn se disfarçou e cavalgou como homem em meio aos eorlingas, e, mais do que isso, coube à princesa de Rohan ir ao campo de batalha no Pellenor e cruzar espadas com o Rei-Bruxo de Angmar, e matar o inimigo que homem algum podia vencer.
Palmas pra loura.


2 - Ellen Ripley (Alien)


A figura longilínea de Sigourney Weaver, com seus traços fortes e expressão flutuando da dureza ao blasé com seus cabelos desgrenhados e o macacão de operário, não surgia em Alien: O Oitavo Passageiro como uma protagonista típica de filmes de ficção científica. Na verdade, a tenente de primeira classe Ripley não tinha nada a ver com as tradicionais mocinhas do sci-fi, com seus trajes sumários, maquiagem e penteado gritando por ajuda a espera de um herói parrudo para o resgate.
Ripley era uma sobrevivente tão feroz quanto o xenomorfo espacial que eliminava a tripulação da Nostromo.
Ainda mais sensacional, Ripley não era um Exterminador de saia, mas uma mulher com instinto maternal, formas femininas em uma calcinha de algodão branca, e que não perdia nada disso ao entrar em um traje empilhadeira pra enfrentar a rainha Alien ou andar com roupa de astronauta e lança chamas em punho por corredores sombrios.
Uma das figuras fundamentais da ficção científica, Ripley merece lugar de destaque em qualquer lista do gênero, e ganha merecido pódio nesta aqui.


1 - Princesa Leia (Star Wars)


Não tem pra ninguém. Quando se trata de feminilidade e força, não há quem seja capaz de bater a princesa transformada em rebelde que tinha uma queda por salafrários.
Leia Organa foi a princesa durona definitiva, a mulher que não tinha medo de Darth Vader e Wilhuff Tarkin, que tomava as rédeas do próprio resgate ao achar que a coisa estava muito bagunçada, que fazia chefões do crime pagarem com a vida por objetificá-la e que liderava uma revolta contra a máquina de guerra do imperador Palpatine e que mostrou para toda uma geração de meninas que uma princesa poderia fazer qualquer coisa que quisesse, inclusive deixar de ser princesa para ser jedi, diplomata ou general só pode ser a personagem feminina mais bacana da cultura pop.
Que a Força esteja sempre com ela.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Resenha Cinema: Logan


Hugh Jackman jamais deveria ter sido o Wolverine dos cinemas...
Nos quadrinhos, o Wolverine é um nanico canadense de 1,60m, com cara de furioso e roupas de caubói e em seus momentos de super-herói, veste um colante amarelo e azul que conta com uma máscara que tem o formato do seu cabelo.
Quem, em sã consciência, escalaria um galã australiano com quase um e noventa de simpatia para o papel?
Claro... A verdade é que Dougray Scott havia sido escolhido para ser o Wolverine no X-Men que Bryan Singer dirigiu no ano 2000, mas como o britânico se arrebentou gravando cenas de luta com Tom Cruise em missão: Impossível 2, a Fox precisou correr atrás de um substituto, e Jackman, após um ótimo teste de cena com Anna Paquin, ficou com o papel.
Por estranho que pareça, funcionou.
X-Men era um bom filme de origem e Jackman foi um bom Wolverine.
Ele também foi um bom Wolverine em X-2, um filme bem superior ao antecessor, e no problemático X-Men 3.
Jackman era um Wolverine tão bacana que resolveram que mesmo sem o resto do grupo, ele precisava estar no cinema.
E aí começaram os problemas.
Seu primeiro filme solo, X-Men Origens: Wolverine tinha todos os defeitos de X-Men 3 e mais alguns. Inchado, bobo, equivocado, o longa se salvava apenas pelo carisma do protagonista e pela acertada interpretação de Liev Schreiber como Dentes de Sabre.
Depois de uma ponta em X-Men: Primeira Classe, Jackman voltaria a tentar um filme solo do carcaju em Wolverine: Imortal, que prometia adaptar a história de Chris Claremont e Frank Miller Eu: Wolverine, e mostrar as ligações de Logan com o Japão, sua veia samurai e o conflito entre sua natureza bestial e a vontade de ser um bom homem.
Ficou na promessa.
Wolverine: Imortal foi uma porcaria menor do que X-Men Origens, mas ainda assim, um filme muito aquém do potencial do personagem e seu intérprete.
Eu já me perguntava se a despedida entre ator e personagem não deveria ter sido o ótimo X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, quando anunciaram que Jackman encarnaria o personagem "Uma última vez".
O diretor do longa seria o mesmo James Mangold de Wolverine: Imortal, o que estava longe de ser uma grande notícia. Falar de se inspirar em Velho Logan para a história não queria dizer nada tendo em vista a forma como Eu: Wolverine e Arma X haviam sido desmontadas até o mais básico dos conceitos e transformadas em coisas completamente diferentes nos dois filmes anteriores.
Professor Xavier debilitado, futuro sem mutantes, e X-23...
O terceiro longa do Wolverine se parecia cada vez mais com uma repetição dos erros da série X no cinema ao longo dos últimos dezessete anos.
Mas aí surgiu o primeiro trailer, ao som de Johnny Cash, e a expectativa começou a mudar.
As prévias acenavam com o que parecia um bom filme, mas com a irregularidade do universo X da Fox, nunca se sabe.
Eu precisava ver com meus próprios olhos.
Ontem, estava no cinema, com ingressos comprados há mais de uma semana, pra conferir Logan.
No filme, corre o ano de 2029.
Os nascimentos de mutantes simplesmente cessaram conforme o gene X foi sendo paulatinamente removido da humanidade, a maioria dos mutantes que existiam morreu e os poucos que sobrevivem se mantém na clandestinidade, escondidos do mundo.
Um dos mutantes que se mantém nas sombras é James Howlett, também conhecido como Logan, ou o X-Man Wolverine.
Logan (Hugh Jackman) está vivendo na fronteira entre Estados Unidos e México, trabalhando como chofer de limusine. Ele tenta se manter nas sombras enquanto junta dinheiro e, com a ajuda do mutante Caliban (Stephen Merchant) toma conta do Professor Xavier (Patrick Stewart), que aos noventa anos de idade luta contra a degeneração de sua mente.
O fundador dos X-Men passa seus dias trancado em um galpão, dopado com medicamentos que impedem que ele sofra episódios convulsivos particularmente ameaçadores quando afetam o telepata mais poderoso do mundo, cujo cérebro é considerado pelo governo dos EUA uma arma de destruição em massa.
Logan tenta juntar dinheiro para comprar um barco e viver no mar com Charles, onde ele não será uma ameaça para as pessoas ao seu redor.
Infelizmente, para Logan, a violência parece persegui-lo.
Quando uma mulher chamada Gabriela (Elizabeth Rodriguez) surge pedindo ajuda, o primeiro instinto de Logan é ignorá-la, mas logo fica claro que ele não conseguirá.
A mulher pede que o mutante leve uma menina chamada Laura (Dafne Keen) até Dakota do Norte, na fronteira com o Canadá.
Um serviço pelo qual a mulher está disposta a pagar 50 mil dólares.
Precisando do dinheiro, Logan aceita o trabalho, mas não tarda a descobrir que Laura e Gabriela estão sendo perseguidas por forças soturnas.
Um grupo de mercenários caçadores de mutantes chamados Os Carniceiros, liderados por Donald Pierce (Boyd Holbrook) está no encalço da menina, o que joga Logan, Xavier e Laura em uma perigosa viagem através dos EUA rumo a um lugar chamado Éden, que pode nem sequer existir. Uma jornada à qual o trio talvez não seja capaz de sobreviver.
Eu estou me segurando pra não dizer que Logan é o melhor filme de super-herói já feito, o que soaria leviano, ou mero reflexo de empolgação. Deixem-me então dizer apenas que, independente de gênero ou origem, Logan, é um excelente filme.
Ponto.
O roteiro de Michael Green, Scott Frank e do próprio James Mangold deixa a pirotecnia de lado para se focar nos personagens, que são caracterizados por suas personalidades e não por suas habilidades.
Wolverine e Professor Xavier são pessoas públicas nesse mundo, seus nomes e histórias têm peso, há até gibis contando suas aventuras, mas seus poderes não são mais o que já foram.
O grande vilão de Logan não é Donald Pierce, o doutor Zander Rice de Richard E. Grant ou X-24, mas o tempo.
Tanto Logan quanto Charles sabem que estão nas últimas. Xavier não pode mais confiar em sua mente, tornando-se um perigo para aqueles que ama, e Wolverine perdeu demais. Seus amigos, seus amores, mesmo suas habilidades.
Seu fator de cura não responde mais como antes, suas garras não ejetam com a mesma presteza, seu faro já não é mais tão apurado.
Ele se entregou ao álcool e à rotina e guarda uma bala de adamantium pra eventualidade de cansar dessa merda toda.
Hugh Jackman, em uma soberba interpretação, não vive Wolverine como um super-herói, mas como um homem complicado e calejado no crepúsculo de uma vida de perdas.
Outro que está sensacional é Patrick Stewart, seu Professor Xavier de noventa anos lutando contra a demência senil para tentar manter uma fagulha da luz que norteou a raça mutante por anos é de partir o coração.
A novata Dafne Keen também está ótima como Laura, a X-23, tanto em seu modo bicho-do-mato de interagir com o mundo quanto nas cenas de ação.
Por sinal, por mais que a crítica especializada possa perder horas analisando Logan do ponto de vista filosófico e técnico enquanto desconstrução do gênero de super-heróis, o filme não deixa nada a desejar no tocante à ação.
Finalmente nós vemos a verdadeira brutalidade do Wolverine em sua glória sangrenta e furibunda. Mangold não poupa no sangue, e filma suas cenas de luta enfatizando a coreografia e não na edição ou no CGI para entregar ação visceral em cada confronto. O grande barato, aqui, é que a ação existe para servir aos personagens, pontuar seu caminho, construir suas relações e refletir suas personalidades de uma maneira tão profunda quanto O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan fez em 2008.
Se o segundo filme da Trilogia das Trevas de Batman é O Poderoso Chefão dos filmes de super-herói, Logan é Os Imperdoáveis.
Wolverine, por sinal, é um personagem que guarda uma clara semelhança com os pistoleiros do western, e em Logan, que presta claras homenagens ao gênero em geral, e a Os Brutos Também Amam em particular, ele abraça o tema recorrente do ex-pistoleiro que tenta levar uma vida ordinária mas é arrancado da aposentadoria para uma última cavalgada.
Além dos westerns clássicos, Logan traz à mente filmes como Filhos da Esperança e Mad Max, mas sem jamais esquecer quem é, e de onde veio, independente de se sustentar sozinho.
A exemplo do Superman de 1978, do Cavaleiro das Trevas e do próprio X-Men, Logan ousa, dá um passo além, e aumenta o grau de exigência para filmes baseados em quadrinhos ao mostrar a profundidade que o gênero pode alcançar com a abordagem correta.
Não me entenda errado, eu ainda estou ansioso para ver Guardiões da Galáxia: Volume 2, Liga da Justiça e Homem-Aranha: Volta ao Lar e X-Men: Supernova, mas a desconstrução do gênero oferecida pela última cavalgada do Wolverine é tão profunda que é provável que precisemos de mais do que piadinhas, grandes efeitos visuais e tomadas épicas de super-heróis lutando lado a lado para reconstruir.
Sendo o primeiro filme baseado em quadrinhos capaz de me emocionar, não pela empolgação de um guri que lia gibi na infância, mas sim na posição de adulto que ama cinema, é difícil pra mim não colocar Logan em um pedestal, então deixe-me apenas te sugerir que assista ao filme.
No cinema.
Na pior das hipóteses, a despedida de Hugh Jackman do personagem que o lançou ao estrelado merece essa deferência.

"-Não seja o que fizeram de ti."

quarta-feira, 1 de março de 2017

O terceiro trailer de Guardiões da Galáxia: Vol 2

E hoje de madrugada caiu na net o terceiro trailer de Guardiões da Galáxia: Volume 2.
A prévia não apresenta o personagem de Sylvester Stallone, mas mostra mais da divertida dinâmica do grupo, do combate dos guardiões contra o polvo espacial, o flerte entre Quill e Gamora, além de meio que oficializar que Yondu, Mantis e Nebulosa serão parte da equipe, além, claro, do primeiro vislumbre de Kurt Russell como Ego, O Planeta Vivo, confira:



Novamente dirigido e roteirizado por James Gunn Guardiões da Galáxia traz o retorno do elenco original, Chris Pratt, Zoe Saldaña, Dave Bautista, mais Bradley Cooper como a voz de Rocket e Vin Diesel como a voz de Groot, além de Karen Gillian, Glen Close e Michael Rooker, a eles juntam-se Elizabeth Debicki, Kurt Russell, Pom Klementieff, Sylvester Stallone, entre outros.
O longa estréia no Brasil em 4 de maio.

Resenha DVD: A Garota no Trem


É difícil não ver A Garota do Trem como um subproduto de Garota Exemplar...
Os dois filmes são baseados em livros que alardeiam ter "chocado o mundo", têm garotas no título, tratam sobre intrincadas investigações de mulheres desaparecidas, têm narradoras não-confiáveis, maridos como principal suspeito do sumiço, e até uma policial que parece a única pessoa totalmente sã e imparcial na narrativa.
Mais do que isso, ambos tratam de lançar uma luz sobre o lado mais sombrio das vidinhas pacatas da classe média/alta dos subúrbios norte-americanos (ainda que, originalmente, o romance A Garota do Trem, de Paula Hawkins, se passe em Londres).
A história gira em torno de três protagonistas:
Rachel (Emily Blunt), Rachel já teve uma vida feliz e completa, casada e feliz morando nos subúrbios de Westchester em uma bela casa que ela e o marido Tom (Justin Theroux) compraram e decoraram juntos, mas isso é passado.
Rachel jamais superou o divórcio, e sua existência vazia regada à vodka que ela mama incessantemente de uma shakeira é entrecortada pelos seus apagões alcoólicos após tomar seus porres diários e pela obsessão com a vida alheia que ela observa da janela do trem que toma diariamente até Manhattan.
Uma vida que Rachel observa com particular interesse é a de Megan (Haley Bennet), a loira bonita que parece ter um casamento de sonhos com o parrudo Scott (Luke Evans), morando na mesma vizinhança onde Rachel viveu, ela está sempre de agarramento com o maridão, e se torna o alvo primário onde Rachel projeta todos os seus ideais de romance e felicidade.
Megan, porém, não é a criatura angelical que sua aparência e seu trabalho como babá sugerem.
Uma mulher atribulada e inquieta que parece incapaz de se contentar com a vida simples e tranquila que Scott oferece, e seu trabalho cuidando do bebê da vizinha Anna (Rebecca Ferguson), que calha de ser a nova esposa (e ex-amante) de Tom.
Anna parece a mais ajustada das três, mas a verdade é que ela própria luta contra o marasmo da vida de dona de casa, e sente falta dos tempos em que era a outra.
As vidas interligadas dessas três mulheres se interliga ainda mais quando Rachel, casualmente, faz uma descoberta que a enche de fúria pouco antes de Megan desaparecer.
Sem poder confiar na própria memória, Rachel começa a questionar seu papel no desaparecimento de Megan, e quando a polícia surge à sua porta fazendo perguntas, ela precisa começar uma investigação por conta própria para tentar descobrir o que, de fato, há por trás do caso, iniciando uma série de eventos que podem mudar totalmente a vida de todos os envolvidos.
Conforme eu disse lá no início, é difícil não comparar A Garota no Trem e Garota Exemplar, mas a comparação é injusta e desigual.
Ainda que ambos sejam filmes derivados de literatura fast food, Garota Exemplar teve um diferencial gigantesco na comparação, e foi o diretor.
Enquanto David Ficnher deu show no comando da adaptação do romance de Gillian Flynn, em A Garota no Trem Tate Taylor (o mesmo de Histórias Cruzadas) faz um trabalho algo estéril na condução do roteiro de Erin Cressida Wilson, transformando o longa em um suspense sem suspense, algo insípido e modorrento.
Não apenas o crime que move a história carece de intriga (ou de surpresa, a resolução do caso pode ser antevista uns bons quarenta e cinco minutos antes de chegar), as personagens carecem de desenvolvimento.
As três personagens principais são reduzidas a um pequeno conjunto de características que deveriam torná-las interessantes e repelentes em mesma medida, mas devido à falta de profundidade as tornam apenas aborrecidas já que a alternância entre as protagonistas carece de fluidez.
Não falta esforço de parte do trio, e Emily Blunt, a principal das três, faz o que pode, abraçando o material que lhe é oferecido de maneira comprometida. Seus olhos vítreos e expressão vazia são reflexo de sua solidão e constante intoxicação, mas a pressa do longa para fazer a história andar a tornam irritante durante quase todo o filme.
Haley Bennett ganha uma personagem que, bem explorada, poderia ser a vadia que todos amam odiar, mas o longa falha, também, com ela, e suas inserções pontuais a tornam apenas repelente, e Rebecca Ferguson tão pasteurizada que sua personagem precisa dizer, textualmente, que sente falta de seus tempos de amante, outrossim, nós jamais ficaríamos sabendo.
Se esse é o tratamento dispensado às protagonistas, não é difícil adivinhar que o restante do elenco, que conta ainda com Alisson Janney como a detetive Riley (a única pessoa sã do filme, conforme eu disse antes), Edgar Ramírez como o doutor Kamal Abdic, terapeuta de Megan, Laura Prepon, Darren Goldstein e Lisa Kudrow é menos que acessório do roteiro, com nada a fazer além de dizer as falas que fazem a trama andar.
Com muito mais forma do que conteúdo, a Garota no Trem é um filme falho, indicado apenas para fãs hardcore do subgênero do suspense com elencos bonitos, e olhe lá...

"Eu não sei exatamente quando foi... Eu acho que foi mais ou menos um ano atrás que eu comecei a notá-la, e gradualmente, conforme os meses passavam, ela se tornou importante pra mim. Eu não sou a garota que costumava ser. Eu acho que as pessoas conseguem ver isso na minha cara."