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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Ennio Morricone


Para a maioria dos nerds iguais a mim, os maiores compositores de trilhas sonoras do cinema provavelmente são sujeitos como Howard Shore, responsável pela magnífica partitura de O Senhor dos Anéis, Danny Elfman, que fez a partitura de quase toda a cinematografia de Tim Burton, mas também de Homem-Aranha e Homens de Preto, e, claro, John Williams, que provavelmente é o autor da música que te vem à mente quando alguém te pergunta a respeito de trilhas sonoras de filmes.
Todos esses sujeitos, além de Hans Zimmer, James Horner e outros papas do gênero são excelentes naquilo que fazem, não há dúvida. Curiosamente, quando alguém me pergunta a respeito de trilhas sonoras de cinema, não é em nenhum desses sujeitos que eu penso, mas em Ennio Morricone.
O compositor de trilhas sonoras que ficou famoso na era dos faroestes espaguete, especialmente por suas colaborações com Sergio Leone, que renderam, por exemplo, a épica trilha de Três Homens em Conflito, que virou sinônimo de faroeste (Quem nunca se imaginou sacando um revólver colt da cintura ao som do assobio que acompanhava Blondie?), além da trilogia dos Dólares, Era Uma Vez na América, Era Uma Vez no Oeste, e Era Uma Vez a Revolução (Leone, aparentemente não era muito imaginativo na hora de batizar os filmes...).
Morricone, porém, não se restringiu aos faroestes espaguete. Em 2009, compôs a partitura de Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, parceria que, em 2016, lhe renderia o Oscar de Melhor Trilha Sonora pelo trabalho em Os Oito Odiados, nove anos depois de ele ter ganhado da academia um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra que incluiu parcerias com Giuseppe Tornatore, Pier Paolo Pasolini, Dario Argento, Bernardo Bertolucci, Terrence Malick, Roman Polanski, Pedro Almodóvar e Roland Joffé, entre outros.
O maestro italiano morreu em Roma ontem, aos 91 anos de idade, segundo o porta-voz de sua família lúcido e digno até o fim.
Quando eu penso em trilhas sonoras, é de Ennio Morricone a melodia que me vem à mente.
O tema de Os Intocáveis, de Brian de Palma, é uma das mais belas e espetaculares trilhas sonoras da História do cinema. Toda a partitura daquele filme é, Morricone foi merecidamente indicado ao Oscar por ela em 1988, mas o tema de encerramento... Uau.
Era particularmente sublime.
Tanto que eu não era um adulto exercendo nenhuma espécie de sofisticado escrutínio quando ouvi a trilha e fui marcado por ela. Eu não devia ter mais de nove ou dez anos quando assisti Os Intocáveis pela primeira vez, e todas as trilhas sonoras que habitavam minha mente infantil eram de John Williams (nominalmente, Super-Homem, Indiana Jones e Guerra nas Estrelas, nessa ordem), mas depois de ouvir os acordes do tema que encerrava o longa, ele se tornou a minha referência para trilhas sonoras. Para música que gera emoções.
Deixemos que o maestro Morricone demonstre o que eu quero dizer.
Descanse em paz, mestre.