Pesquisar este blog

sábado, 30 de janeiro de 2021

Resenha Série: WandaVision, Temporada 1, Episódio 4: Interrompemos Nossa Programação

 


WandaVision passou seus primeiros três episódios intrigando (e irritando levemente) a audiência com sua proposta doida de inserir dois Vingadores em uma quase inofensiva sitcom que saltava uma década a cada capítulo adquirindo o visual e a linguagem do tipo de programa que desejava emular, dos cenários às gags, enquanto deixava claro que havia alguma coisa de estranho acontecendo por trás do idílio parcial de que a Feiticeira Escarlate e o sintozoide Visão partilhavam. Havia diversas pistas de que algo estava errado naquele mundo em algum nível, mas nós só chegamos perto de descobrir o quanto no capítulo passado, Agora em Cores, quando Wanda expurgou "Geraldine" de sua vizinhança.
O quarto episódio da série, finalmente começa a nos dar respostas, e o faz de uma das melhores maneiras que o MCU é capaz:
Mostrando o quanto esse universo é genuinamente compartilhado (ao menos quando convém).
Interrompemos Nossa Programação abre durante o "Blip", o momento em que o Professor Hulk estalou os dedos e trouxe todas as pessoas que Thanos apagara da existência de volta à vida. Nós acompanhamos a confusão de Monica Rambeau (Theyonah Parris) despertando de um cochilo na cadeira do hospital onde acompanhava sua mãe, Maria Rambeau (Lashana Lynch) que passara por uma cirurgia para extrair um tumor, cinco anos após ter pegado no sono.
A vemos ser inteirada da situação e a acompanhamos voltar ao trabalho na E.S.P.A.D.A. (que, nos quadrinhos é uma agência especializada em Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Alienígena, mas no MCU é uma Equipe de Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Armada), onde o diretor Hayward (Josh Stamberg) a ajuda a recebe e envia de volta a campo para um caso de desaparecimento.
No caso, o desaparecimento de uma cidade inteira, Westview, Nova Jersey.
Chegando ao local, Monica é recebida pelo agente Jimmy Woo (Randall Park, que, eu gosto de pensar, realmente saiu pra jantar com Scott Lang e aprendeu aquele truque do cartão) que mal termina de explicar o que sabe a respeito do caso antes de vê-la ser tragada pelo campo energético que cerca a cidade.
Não demora para que um enorme perímetro de segurança seja montado ao redor de Westview com agentes de todos os ramos do governo e especialistas das mais diversas áreas sendo convocados para contribuir com a pesquisa em andamento, incluindo a astrofísica doutora Darcy Lewis (Kat Dennings, que finalmente terminou seu estágio e concluiu seu PHD).
Juntos eles descobrem a sitcom sendo encenada dentro do campo de força, a verdadeira identidade do "elenco", e tentam contatar Wanda (parte das perturbações que vimos nos três primeiros capítulos) e resgatar Monica.
Interrompemos Nossa Programação é, de longe, o melhor episódio de WandaVision até agora, não apenas por começar a responder perguntas da audiência, mas por fazê-lo através de dois personagens que são titanicamente carismáticos, no caso Woo e Darcy (que além de carismática ainda tem a pele de alabastro os lábios de rubi e os cabelos de noite de Kat Dennings), que trazem a série de vez para o MCU como conhecemos e amamos.
Está lá, na presença desses dois, o falatório sci-fi que é a espinha da Marvel nos quadrinhos, o alto risco dos eventos para o nosso mundo, a comédia polvilhada por cima de toda a trama, tudo o que fez o Universo Cinemático Marvel ser o gigante que é hoje, além de, de lambuja, ainda nos dar um vislumbre do que está se passando com a protagonista.
E, encerrando o episódio, nós temos a mesma cena que encerrou o capítulo anterior, mas dessa vez, com tempo para que Monica seja capaz de nos contar o que todos já suspeitavam...

"-É Wanda... É tudo a Wanda..."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 3: Ashes and Demons

 


Mais uma semana se passa e a terceira temporada de Deuses Americanos segue tentando reencontrar o caminho ao seguir, de maneira mais opaca, os passos da sua temporada inicial. Ashes and Demons abre novamente com uma boa sequência do passado, mais especificamente do ano de 1765, no oeste da Pennsylvania, quando uma fazendeira desesperada decide oferecer um sacrifício aos velhos deuses na esperança de salvar as filhas da inanição.
Eu sempre gosto desses pequenos recortes que temos tido nos últimos episódios, e ainda que eles não tenham, nem de longe o mesmo brilho dos "Chegando à América" da primeira temporada, eles contribuem para a mitologia do seriado.
O recorte em questão nos apresenta a deusa das colheitas Deméter (vivida por Gwynne Phillips em 1765), que, conforme eu supunha, surge na história para ocupar o lugar de Ostara, limada da trama junto com os desastres ecológico/agrários que haviam sido prometidos no primeiro season finale da série.
Após encontrar o cartão postal com o endereço de sua velha paixão, Quarta-Feira e Cordelia (Ashley Reyes) descobrem que Deméter (agora Blythe Danner) está internada em uma casa de repouso onde sua insistência em se auto intitular uma deusa é tratada como um delírio pelos médicos e enfermeiros, mas encontra algum eco entre os outros internos, dando-lhe a fagulha de adoração de que ela precisa para viver.
Enquanto isso, em Lakeside, Shadow e os demais habitantes da idílica cidadezinha começam a fazer buscas por Allison, que segue desaparecida após 48 horas. Nosso protagonista ainda tem tempo para curtir um momento de constrangimento do xerife Mulligan e um momento de aproximação com Marguerite antes de um sonho levá-lo a procurar por Bilquis.
Bilquis, por sinal, está tendo uma tremenda crise de consciência. Se antes ela devorava homens inteiros e dormia como uma deusa logo depois, o fato de sua última refeição ter uma família preocupada com seu paradeiro a fez embarcar em uma guilt trip pesada, interrompida por uma invasão súbita a seu apartamento.
E, por fim, após ser pulverizada no primeiro episódio ao tentar devolver a moeda de Sweeney, nós reencontramos Laura às voltas com o pós-vida.
Nós vemos a Sra. Moon visitando o mais modorrento e burocrático purgatório desde que Geena Davis e Alec Baldwin morreram em Os Fantasmas se Divertem, onde há filas sem fim, funcionários mandando os recém chegados lerem os panfletos, fichas, portas, guichês e lâmpadas fluorescentes por todos os lados, além de uma exposição em VHS da vida do falecido que, por sinal, dá à Laura uma nova perspectiva de sua própria existência...
Ashes and Demons foi um grande escorregão em uma temporada que, até aqui, vinha funcionando. 
Não apenas porque não acontece praticamente nada que faça a trama se movimentar adiante, mas também porque a divisão de foco entre três núcleos (quatro, se contarmos as breves aparições de Bilquis e Technical Boy) acaba dispersando uma história que, se não estava exatamente sendo um primor de dinâmica nos dois episódios anteriores, ao menos estava acertadamente centrada em Shadow.
Não bastasse isso, todo o segmento com Laura, ainda que tenha algum mérito em sua tentativa de desvelar um pouco dos elementos de sua personalidade, vão na contramão da muito mais sombria e melhor primeira passagem da personagem pelo além vida, quando ela se sentou junto com Anúbis para ver o que seria a sua eternidade... Ainda assim, houveram breves prenúncios de que tanto Shadow quanto Quarta-Feira terão coisas com que lidar no futuro próximo.
Vamos torcer para que esse capítulo tenha sido apenas um tropeço, e não uma queda.

"-Eu sou a arquiteta de todas as merdas na porra da minha vida."

sábado, 23 de janeiro de 2021

Resenha Série WandaVision, Temporada 1, Episódio 3: Agora em Cores

 
Com seu terceiro episódio devidamente lançado e assistido, WandaVision deixou bastante claro o que, pra mim, é seu principal problema na noite de ontem:
A metragem mais do que econômica de cada capítulo.
Os, em média vinte e cinco minutos de história de cada episódio não são o suficiente para dar à audiência o verdadeiro escopo do que está acontecendo, e se na semana passada o lançamento duplo de episódios mitigou esse problema, ontem ficou claro que, se WandaVision não emplacar como poderia, parcela de culpa vai para a Disney+ e a estratégia (furada) de lançar os episódios a conta-gotas (algo que eu já havia apontado em The Boys, lançada da mesma maneira pela Amazon).
Maratonados ao longo de uma tarde de sábado ou domingo, a sensação de coito interrompido deixada por cada episódio da série não existiria, e seria possível admirar a história proposta pela Marvel como ela deseja ser: Um filme de várias horas de duração.
Mas enfim, agora que eu já fiz meu pequeno protesto, vamos ao episódio:
Agora em Cores (os episódios, inclusive os dois primeiros, só ganharam títulos essa semana), ambientada e gravada como uma sitcom familiar dos anos 1970 ao estilo The Brady Bunch abre com Wanda e Visão sendo visitados pelo médico local, Dr. Stan Nielsen (Randy Oglesby) que atesta que, de fato, a feiticeira escarlate está grávida, e, mais que isso, está grávida de quatro meses a despeito de sua barriga ter surgido apenas há umas doze horas.
E, conforme o casal se prepara para a iminente chegada do bebê, e a gestação segue em velocidade extremamente elevada, os poderes de Wanda começam a ameaçar sair de controle, espalhando o caos não apenas pela residência dos dois, mas por toda Westview.
Apesar de repetitivo, não dá para não mencionar a estética do episódio. Agora em Cores, dos cenários ao figurino, do tema de abertura à maquiagem/cabelo emula à perfeição o visual dos seriados dos anos 1970 (acredite, eu sei, era só o que passava na TV aberta nos anos 1980). Outro ponto positivo é que o episódio finalmente parece oferecer à audiência pistas mais claras do que está ocorrendo em Westview, e da extensão do controle (ou da falta de controle) que Wanda exerce sobre essa realidade, como os cochichos acusatórios divididos entre Agatha e Herb (David Payton), que parecem saber mais a respeito do que está acontecendo do que deixam transparecer, ou a forma como Geraldine sai da residência Maximoff após questionar a perfeição da vida criada pela Feiticeira Escarlate...
A despeito da estratégia de lançamento besta, WandaVision tem lenha pra queimar, e abriu espaço para explorar o lado mais assustador dos poderes da Feiticeira Escarlate e permitir que a audiência saiba o que está acontecendo nos subúrbios de Westview.
Agora é esperar mais uma semana pelos próximos vinte minutos da história.

"-Wanda? Onde está Geraldine?
-Ela saiu, querido. Ela teve que correr pra casa."

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 2: Serious Moonlight

 


Quando deixamos Shadow na semana passada, ou melhor, Mike Ainsel, na semana passada, ele estava sob a desconfortável mira de uma espingarda que, nós descobrimos, é manuseada pela "gerente da propriedade", Marguerite (Lela Loren). Não é o único desconforto pelo qual o protagonista passa enquanto se estabelece em Lakeside. Ele ainda precisa ficar em um apartamento que não tem calefação e cuja lareira tem um cartaz dizendo, em letras grandes e com ponto de exclamação, "não usar", mas, se Marguerite é uma tremenda escrota (e, aparentemente, meio racista), o resto da população de Lakeside parece bastante amigável. Da dona da loja de conveniência local, Ann-Marie (Julia Sweeney), ao xerife Chad Mulligan (Eric Johnson), todos parecem dispostos a abraçar Shadow e fazê-lo se sentir em casa, incluindo Alison (Andi Hubick), a gatinha que achou Shabow bonitão quando ele desembarcou em Lakeside e que o ajuda a escolher um casaco para suportar o frio polar da cidadezinha.
Mas Shadow não fica em Lakeside.
Ele recebeu um convite para o velório de uma antiga conhecida, e deve rumar a Chicago para atender ao evento, uma rota que o levará a um novo encontro com Quarta-Feira que, embora não tenha recebido o mesmo convite, resolve aparecer assim mesmo, para a ira do Czernobog (Peter Stormare).
Falando em Quarta-Feira, o memorial de Zorya Vechernyaya não é a única parada do Pai de Todos nessa semana. Antes disso ele passa pelo consultório de Tyrell (Denis O'Hare), o deus da guerra nórdico Tyr, convertido em um dentista que reduziu sua dieta ao moderado derramamento de sangue da cadeira do consultório. Tyr, apesar de generosamente jurar lealdade à causa de Odin, é apenas um degrau para garantir que o Pai de Todos chegue à sua próxima recruta...
Ainda há tempo para reencontrarmos Zoraya Utrenyaya (Martha Kelly) e Zorya Polunochnaya (Erika Kaar), que novamente faz um truque com a lua para Shadow, além de Salim (Omid Abtahi), que segue procurando pelo jinn, e Sr. Ibis (Demore Barnes). Também vemos Bilquis se alimentando à sua maneira toda particular de um magnata do T.I. (vivido por Gil Bellows), e Shadow ser acusado de um crime...
A despeito disso tudo, Serious Moonlight não chega a realmente avançar a trama de Deuses Americanos, e novamente dá a impressão de que a série está tentando reencontrar o ritmo e a voz de seu excepcional primeiro ano. 
Há até um card ao estilo Chegando á América no começo do episódio, narrado por Whiskey Jack e mostrando os colonos europeus massacrando os nativos americanos, além do retorno daquele claro subtexto racial que permeava a série em seu começo... Parece uma demonstração de que Deuses Americanos está tentando voltar à velha forma, e isso é louvável, mas até o momento, eu só consigo ver boas intenções, das quais, nós todos sabemos, o inferno está cheio.
Os Novos Deuses ficaram totalmente de fora do episódio, o que, francamente, não chega a me incomodar haja vista como esses "vilões" são chatos e modorrentos, e foi bom ver novamente o Czernobog e as irmãs Zorya, vamos esperar que o terceiro episódio nos dê um pouco mais para avaliar e faça a série parar de claudicar e andar pra frente.

"Metade da arte da guerra é saber quando trocar de lado."


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Resenha Série WandaVision, Temporada 1, Episódio 2: Não Mude o Canal

 


O segundo episódio de WandaVision, disponibilizado em uníssono com o primeiro na última sexta, é, a exemplo do primeiro capítulo, uma homenagem a um tipo muito específico de série de décadas passadas com algumas pistas eventuais do pano de fundo, ainda oculto, dos eventos que levaram o casal até essa idílica existência na cidadezinha de Westview.
Mas se o primeiro episódio fora econômico em suas pistas à exceção da sequência de pesadelo do jantar, o segundo capítulo ousa um pouco mais, e, se não chega a dar muitas explicações, abriu um leque de possibilidades para os fãs especularem a respeito.
A ambientação se moveu dos anos 1950 para a década de 60, e a inspiração deixa de ser The Dick Van Dyke Show (que aparentemente foi a grande inspiração do episódio de estreia, incluindo o cenário e a abertura) e passa a ser sitcoms como Jeannie é um Gênio e A Feiticeira.
Na trama, após uma sequência inicial onde, em meio a alguma piadas inofensivas, Wanda e Visão são acordados durante a noite por um ruído misterioso, apenas para descobrirem que se tratava simplesmente de um galho batendo em sua janela, o casal se prepara para apresentar um espetáculo de ilusionismo.
A vizinhança onde vivem está organizando um show de talentos para arrecadar fundos para a escola local, e, desejando se integrar à comunidade, eles farão uma apresentação como o casal de mágicos Ilusão e Glamor.
Antes disso, porém, Wanda irá conhecer Dottie (Emma Caulfield Ford), chefe do comitê de organização do evento beneficente, e Visão vai até a reunião da vigilância do bairro, na verdade uma fachada para os homens da vizinhança fofocarem. Enquanto Wanda encontra dificuldades para se encaixar no grupo de Dottie, que não fica impressionada com a nova moradora, Visão acaba tendo problemas ao acidentalmente engolir um chiclete, e quando o casal se reencontra para sua apresentação, o sintozoide está "bêbado" por conta da goma de mascar em suas engrenagens internas, o que coloca sua apresentação, e seu segredo, em risco diante de seus novos vizinhos, a menos que Wanda possa intervir.
Novamente WandaVision acerta na pinta ao recriar, ipsis litteris, a ambientação, clima, cenários e valor de produção do tipo de seriado que homenageia. Um desavisado poderia acreditar, realmente, que estava vendo um seriado dos anos 60, tamanha a fidelidade de WandaVision para com o tipo de programa que deseja emular. 
A grande diferença do primeiro capítulo para esse é que as perturbações que Wanda experimenta são mais frequentes. O ruído na janela do início do episódio, o rádio durante seu encontro com Dottie, até um invasor misterioso que surge no desfecho do capítulo... Tudo começa a dar pistas de que Wanda e Visão estão presos em um tipo de ilusão sobre a qual a Feiticeira Escarlate tem (ao menos algum nível de) controle, mas que frequentemente é invadida pela realidade, além de trazer à baila novos jogadores como a organização E.S.P.A.D.A, e Geraldine (Teyonah Parris, que, nós sabemos, foi escalada para viver Monica Rambeau no MCU)...
Como? Por que? De que modo isso tudo está conectado?
Só saberemos conforme a série avançar. 
E eu estarei plantado na frente da TV para ver.

"-Em um número de mágica de verdade, tudo é falso."

sábado, 16 de janeiro de 2021

Resenha Série: WandaVision, Temporada 1, Episódio 1: Filmado em Estúdio com Plateia ao Vivo

 


Após longo período de trevas o MCU voltou, ontem a fazer parte da vida dos fãs que, ao menos no meu caso, já estavam com saudades desses personagens que têm feito parte do nosso entretenimento por tantos anos nos cinemas. WandaVision, pontapé inicial da Fase 4 do MCU chegou ao Disney+ ontem com os dois primeiros episódios da série que promete preparar o terreno para Doutor Estranho No Multiverso da Loucura e sabe-se lá mais quantos lançamentos da Marvel nos anos vindouros.
No episódio de estreia, sem nenhum tipo de explicação, nós encontramos Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) instalados no subúrbio da cidadezinha de Westview onde o casal pretende levar a vida mais normal possível, uma tarefa que pode ser excessivamente desafiadora para duas das criaturas mais poderosas do MCU, a Feiticeira Escarlate e a inteligência artificial tornada em robô senciente, ambos criados pelo poder da Joia da Alma, especialmente quando os dois se veem forçados a receber o chefe de Visão, Sr. Hart (Fred Melamed), e sua esposa (Debra Jo Rupp), enquanto a enxerida vizinha do lado, Agnes (Kathryn Hahn), fica xeretando o jantar.
O primeiro episódio de WandaVision é extremamente esquisito. Todo o desenvolvimento da trama segue o estilo de uma série doméstica da década de 1950, como The Dick Van Dyke Show e The Honeymooners, da fotografia em preto e branco à decoração do set, passando pelo tema da visita do chefe sem o conhecimento da esposa, os efeitos visuais e a maneira como o texto é entregue...
É surpreendente, em um primeiro momento, a maneira como Jac Schaeffer, a equipe de roteiristas e o diretor Matt Shakman estão comprometidos em fazer com que o primeiro episódio seja, até a raiz da alma, igual a uma sitcom da metade do Século XX, mas apenas até começar a contrabandear pequenos glitches na inocente perfeição suburbana do seriado, com o casal incerto a respeito do desenrolar de sua história de amor ou de sua mudança para Westview, a propaganda da torradeira Stark denunciando Visão como um robô, ou o incidente à mesa de jantar que fazem com que a atmosfera idílica do episódio comece a ganhar os contornos de um pesadelo...
Em apenas vinte e sete minutos, a Marvel chega ao Disney+ com uma série inquietante e original, que levada a cabo por uma equipe claramente comprometida com a proposta e dois atores que parecem estar se divertindo demais com a possibilidade de viver esses personagens em um cenário totalmente alienígena, mostra que, bem conduzido, o MCU ainda tem lenha pra queimar.
Vamos torcer para que a série mantenha o ritmo...

"-Minha esposa e seus discos voadores...
-Meu marido e sua cabeça indestrutível..."

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 1: A Winter's Tale

 


Quando de seu lançamento, no agora distante ano de 2017, Deuses Americanos me pegou de surpresa por diversas razões. A principal, talvez, tenha sido a qualidade do piloto, provavelmente um dos melhores primeiros episódios que eu já assisti em uma série.
The Bone Orchard era uma aula de criação de expectativa que, de maneira geral, a primeira temporada da série atendeu bem pra mais de metro.
Mas então veio a segunda temporada, em 2019. Amaldiçoada pela saída dos showrunners Bryan Fuller e Michael Green, de peças importantes do elenco (Gillian Anderson e Kristin Chenoweth), e brigas internas dos produtores com o canal Starz, que financia a bagunça toda, Deuses Americanos se tornou uma sombra do que havia sido, uma série que teve severos problemas narrativos e de desenvolvimento e que viveu de lampejos (como o ótimo Treasure of the Sun) e da excepcional química entre Emily Browning e Pablo Schreiber, e Deuses Americanos se tornou a série que mais havia decaído da primeira para a segunda temporada. Um tombo tão violento que eu francamente não sabia se valia a pena assistir ao terceiro ano da história sobre deuses do mundo levados até os Estados Unidos por seus fiéis...
Mas ei, é janeiro. Há poucas opções de entretenimento nos serviços de streaming, e eu resolvi dar uma nova chance à adaptação em nome do autor do material-fonte e agora showrunner Neil Gaiman.
Um cara que escreveu Sandman merece essa deferência, não é?
A Winter"s Tale começa três meses após os eventos de Moon Shadow, o capítulo que encerrou a segunda temporada. Shadow (Ricky Witthle) agora é Mike Ansel, ele se desvencilhou de Quarta-Feira (Ian McShane) e trabalha em um metalúrgica em uma cidadezinha no interior de Milwaukee onde as coisas estão indo surpreendentemente bem para o ex-condenado.
Ele tem uma oportunidade de promoção no emprego, tem amigos e até um interesse amoroso em potencial na colega Sadie (Zarrin Darnell Martin). Mas aparentemente três meses é mais tempo do que Quarta-Feira pode dispor para seu homem de confiança, e o Pai de Todos ressurge no caminho de Shadow exatamente no instante em que tudo começa a dar errado para "Mike" e os dois voltam à estrada na nova versão de Betty, agora um motorhome.
Enquanto isso, Laura (Emily Browning) está na Louisiana tentando fazer com que Mad Sweeney volte à vida através das artes do Barão Samedi, mas descobre que ressuscitar um deus não é tarefa fácil, e que, para trazer o leprechau de volta, ela talvez precise abrir mão de algo que possui...
Do lado dos vilões, Sr. Mundo resolve que "caras brancos não estão com nada", e troca a cara de Crispin Glover pela de Dominique Jackson e vira a Sra. Mundo, e a Sra. Mundo não está satisfeita com a modorrice de seu complexo tecnológico-industrial, e nem com a lerdeza de Quantum (Quantum? Tecnical?) Boy (Bruce Langley) em trazer Bilquis (Yetide Badaki) para o lado dos Novos Deuses.
Se há um grande acerto em A Winter's Tale foi retomar a estrutura de road movie da primeira temporada com Shadow e Quarta-Feira viajando pelos EUA e conhecendo velhos deuses como Whiskey Jack (o sumidão Graham Greene) enquanto Odin oferece algumas poucas e evasivas respostas sobre a verdadeira origem de Shadow e seu papel na Guerra que se avizinha.
Outra das boas sacadas é devolver a Shadow o protagonismo da série. Na primeira temporada o senso de assombro e estranheza justificavam a perene cara de confuso de Ricky Witthle, e na segunda ele foi relegado à uma dolorosa posição de acessório durante quase que a integralidade dos oito capítulos. Nesse primeiro episódio do novo ano, porém, ele parece mais decidido a agir por si próprio, e mesmo quando vê seus planos serem melados por Quarta-Feira, ainda parece estar disposto a tentar andar com as próprias pernas.
Fora isso, há muito pouco o que realmente avaliar nesses primeiros 56 minutos da temporada (além de uma ponta de Marilyn Manson e uma trilha sonora excelente), mas na semana que vem eu provavelmente vou acessar o Prime Video para descobrir se Deuses Americanos reencontrou seu passo, ou está fadada ao esquecimento.

"-Eu preciso de você, Shadow."