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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 3, Episódio 3: Ashes and Demons

 


Mais uma semana se passa e a terceira temporada de Deuses Americanos segue tentando reencontrar o caminho ao seguir, de maneira mais opaca, os passos da sua temporada inicial. Ashes and Demons abre novamente com uma boa sequência do passado, mais especificamente do ano de 1765, no oeste da Pennsylvania, quando uma fazendeira desesperada decide oferecer um sacrifício aos velhos deuses na esperança de salvar as filhas da inanição.
Eu sempre gosto desses pequenos recortes que temos tido nos últimos episódios, e ainda que eles não tenham, nem de longe o mesmo brilho dos "Chegando à América" da primeira temporada, eles contribuem para a mitologia do seriado.
O recorte em questão nos apresenta a deusa das colheitas Deméter (vivida por Gwynne Phillips em 1765), que, conforme eu supunha, surge na história para ocupar o lugar de Ostara, limada da trama junto com os desastres ecológico/agrários que haviam sido prometidos no primeiro season finale da série.
Após encontrar o cartão postal com o endereço de sua velha paixão, Quarta-Feira e Cordelia (Ashley Reyes) descobrem que Deméter (agora Blythe Danner) está internada em uma casa de repouso onde sua insistência em se auto intitular uma deusa é tratada como um delírio pelos médicos e enfermeiros, mas encontra algum eco entre os outros internos, dando-lhe a fagulha de adoração de que ela precisa para viver.
Enquanto isso, em Lakeside, Shadow e os demais habitantes da idílica cidadezinha começam a fazer buscas por Allison, que segue desaparecida após 48 horas. Nosso protagonista ainda tem tempo para curtir um momento de constrangimento do xerife Mulligan e um momento de aproximação com Marguerite antes de um sonho levá-lo a procurar por Bilquis.
Bilquis, por sinal, está tendo uma tremenda crise de consciência. Se antes ela devorava homens inteiros e dormia como uma deusa logo depois, o fato de sua última refeição ter uma família preocupada com seu paradeiro a fez embarcar em uma guilt trip pesada, interrompida por uma invasão súbita a seu apartamento.
E, por fim, após ser pulverizada no primeiro episódio ao tentar devolver a moeda de Sweeney, nós reencontramos Laura às voltas com o pós-vida.
Nós vemos a Sra. Moon visitando o mais modorrento e burocrático purgatório desde que Geena Davis e Alec Baldwin morreram em Os Fantasmas se Divertem, onde há filas sem fim, funcionários mandando os recém chegados lerem os panfletos, fichas, portas, guichês e lâmpadas fluorescentes por todos os lados, além de uma exposição em VHS da vida do falecido que, por sinal, dá à Laura uma nova perspectiva de sua própria existência...
Ashes and Demons foi um grande escorregão em uma temporada que, até aqui, vinha funcionando. 
Não apenas porque não acontece praticamente nada que faça a trama se movimentar adiante, mas também porque a divisão de foco entre três núcleos (quatro, se contarmos as breves aparições de Bilquis e Technical Boy) acaba dispersando uma história que, se não estava exatamente sendo um primor de dinâmica nos dois episódios anteriores, ao menos estava acertadamente centrada em Shadow.
Não bastasse isso, todo o segmento com Laura, ainda que tenha algum mérito em sua tentativa de desvelar um pouco dos elementos de sua personalidade, vão na contramão da muito mais sombria e melhor primeira passagem da personagem pelo além vida, quando ela se sentou junto com Anúbis para ver o que seria a sua eternidade... Ainda assim, houveram breves prenúncios de que tanto Shadow quanto Quarta-Feira terão coisas com que lidar no futuro próximo.
Vamos torcer para que esse capítulo tenha sido apenas um tropeço, e não uma queda.

"-Eu sou a arquiteta de todas as merdas na porra da minha vida."

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