De férias longe de tudo e de todos. Quase sem internet, só TV aberta, ou o mesmo que sem TV, assistindo apenas um eventual noticiário e os DVDs do Seinfeld. De constante, mesmo, só o rádio.
De súbito, a propaganda do Ministério da Saúde declara, ufanista, que um mosquito não pode ser mais forte que um país.
O comercial se refere, claro, ao Aedes Aegypti, mosquito que espalha a dengue, a chikungunya e o Zika vírus, e ao Brasil.
Mesmo na beira da praia, sentado na areia com o cachorro do lado sentindo a brisa marinha diante de um mar quase irreconhecível no litoral gaúcho, de tão limpo e calmo, percebo a gordona de biquíni rindo enquanto sua prole joga um saco de salgadinho no oceano.
O mosquito não precisa ser mais forte.
Ele vence a guerra sendo mais inteligente.
Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
O Trailer Final de Batman vs Superman: A Origem da Justiça
Saiu a prévia final (eu duvido, vamos ser inundados de spots de TV nas próximas semanas, mas vá lá...) de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, filme que colocará frente a frente os maiores pesos pesados do universo DC. Entre os grandes momentos da prévia, que incluem um ataque do homem-morcego à bandidagem recheado de ossos quebrados, nenhum supera o Alfred de Jeremy Irons falando "master Bruce", nem mesmo o bloqueio "olhe só como sou fodão" do morcego ao final.
Confira:
Pode começar a roer as unhas. Batman vs Superman: A Origem da Justiça, dirigido por Zack Snyder a partir de roteiro de Chris Terrio é estrelado por Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gadot, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Laurence Fichburn, Diane Lane e outros. O filme que marca o início do universo cinematográfico DC estréia em 24 de março.
Confira:
Pode começar a roer as unhas. Batman vs Superman: A Origem da Justiça, dirigido por Zack Snyder a partir de roteiro de Chris Terrio é estrelado por Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gadot, Jesse Eisenberg, Amy Adams, Laurence Fichburn, Diane Lane e outros. O filme que marca o início do universo cinematográfico DC estréia em 24 de março.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Resenha Cinema: O Regresso
O nome de Leonardo DiCaprio no pôster de um filme é garantia de qualidade.
O astro de Titanic simplesmente não sabe escolher maus roteiros pra estrelar.
Parece um poder mutante de alguma espécie, mas a presença de DiCaprio, sozinha, vale a deferência da ida ao cinema, a qualquer filme.
Esse, sozinho, já era motivo para estar na fila do cinema pra ver O Regresso, que estreou ontem.
Mas O Regresso tem ainda mais a oferecer.
O longa é dirigido por Alejandro Gonzáles Iñarritu, vencedor do Oscar de melhor diretor do ano passado com Birdman, um filme que, para esse humilde blogueiro, não é, nem de longe, o melhor da carreira do cineasta por trás de Amores Brutos, Babel e Biutiful, mas abocanhou prêmios e mais prêmios em 2015, de modo que aí já temos dois bons motivos pra conferir o longa que conta a tenebrosa história de sobrevivência e vingança de Hugh Glass (DiCaprio).
Glass é um homem da fronteira selvagem dos EUA na década de 1820. Ele e seu filho mestiço Hawk (Forrest Goodluck), guiam um grupo de peleiros por uma região inóspita sob domínio indígena. Após um ataque de índios que mata três quartos do grupo, e do qual os restantes escapam por muito pouco em um barco, o líder da expedição, capitão Andrew Henry (Domhnall Gleeson) resolve seguir o conselho de Glass, abandonar a embarcação, e seguir por terra de volta à base. Um forte perdido no meio da imensidão nevada.
A decisão desagrada a alguns membros do grupo, em especial John Fitzgerald (Tom Hardy).
Fitzgerald mal segue as ordens de Henry, não gosta de Glass e despreza Hawk. E, mais do que isso, faz questão de deixar tudo muito claro.
Enquanto seguem viagem por terra, Glass é atacado de maneira brutal por um urso. O violento ataque do animal deixa o guia entre a vida e a morte, e o torna mais um fardo para a combalida expedição.
Com a vida de todo o grupo pendendo por um fio, e a animosidade dos homens para com Glass aumentando a cada percalço, Henry fica sem alternativas, e promete uma pequena fortuna em bônus aos homens que ficarem pra trás, garantindo algum conforto a Glass no que devem ser suas últimas horas, e um funeral digno quando o momento chegar.
Hawk, obviamente fica. Além dele o jovem Bridger (Will Poulter), e, assim que os dois prometem abir mão de seus bônus de cem dólares para o homem que ficar com eles, Fitzgerald se oferece para o serviço.
Enquanto Henry e os demais sobreviventes seguem viagem, Hawk, Bridger e Fitzgerald montam acampamento para cuidar do moribundo Glass.
Obviamente Fitzgerald não demora a se impacientar com a teimosia de Glass em permanecer vivo a despeito de seus extensos ferimentos. Após tentar sufocar o guia, Fitzgerald e Hawk entram em uma discussão que termina no assassinato do jovem, apunhalado diante do pai imobilizado.
Após enganar Bridger com a presença de índios, e mentir sobre o paradeiro de Hawk, Fitzgerald abandona Hugh parcialmente enterrado, e parte.
Enquanto o algoz de seu filho se vai, Glass se arrasta pra fora do túmulo, e inicia a jornada para encontrar vingança.
Com o corpo dilacerado, ossos partidos, sem comida ou abrigo, Glass conta apenas com seus conhecimentos de sobrevivência, determinação e ódio para se arrastar adiante, inexoravelmente, por um terreno hostil por sua própria natureza, recusando-se a ceder ou desistir enquanto não cumprir seu objetivo, e vingar a morte de Hawk.
É muito bom.
O roteiro, co-escrito por Iñarritu e Mark L. Smith (egresso de filmes de terror bem porcarias) livremente baseado no livro The Revenant - A Novel of Revenge, de Michael Punke é bem construído, redondinho, quase prosaico. Todos nós já vimos faroestes de vingança antes. Não é, porém, o plot que faz diferença em O Regresso, mas a forma como ele é retratado.
Nas mãos de Iñarritu e de seu diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, a natureza se torna a maior de todas as ameaças.
Lindamente filmadas, arvores, neve, rios, tudo parece conspirar contra o protagonista. Mesmo os índios Arikara, que dividem com Fitzgerald o posto de "vilões" do filme, não aparecem como oponentes tradicionais, mas como mais uma faceta da natureza impiedosa que se opõe a Glass.
Falando nisso, o termo "vilão", não faz sentido sequer para Fitzgerald. A despeito de eventuais exageros da direção, Tom Hardy entrega uma ótima atuação, e consegue se manter por muito tempo sobre o fio da navalha, como um personagem que é difícil de categorizar como "mau", já que ele age e vive dentro de uma esfera moral que, com mil demônios, pode ser muito particular, mas dado seu estilo de vida, não é gratuita ou sem sentido. Domhnall Gleeson é outro que manda bem como o capitão Henry, e dá sequência a um luminoso ano de 2015 (sim, O Regresso é um filme do ano passado, inexplicavelmente estreando no Brasil mais de um mês após sua estréia nos EUA), e Will Poulter também faz um bom trabalho, ainda que o filme pertença, claro, a DiCaprio.
A atuação visceral do ator é um dos pontos altos do filme, enquanto seu personagem luta pela vida rosnando e babando enquanto come carne crua e cauteriza as próprias feridas com pólvora, DiCaprio convence como um ser humano levado além do limite unicamente por ódio e teimosia.
Mas não.
Não é a melhor atuação da carreira de DiCaprio.
É tão boa quanto outras atuações dignas de prêmio que ele apresentou em filme como O Aviador, e O Lobo de Wall Street, e Diamante de Sangue, de modo que, se ele ganhar o Oscar, não será uma injustiça (embora eu ainda não tenha visto A Garota Dinamarquesa), mas tampouco será porque DiCaprio entregou algo que ainda não tinha mostrado em sua vasta e excelente filmografia.
O Regresso não a grande atuação da carreira de DiCaprio, não é o grade filme da carreira de Iñarritu e nem é um filme perfeito.
Os elementos sobrenaturais da trama, que como parece obrigatório à qualquer história de índio envolve um quê de "magia da terra", fazem uma oposição algo desajeitada à crueza do restante da história, e soam como se conduzidas com algum constrangimento pelo diretor. Essas inserções místicas arrastam um pouco o filme, tornando suas mais de duas horas e meia algo inchadas, ainda que jamais se tornem cansativas por conta da sucessão de momentos tensos e empolgantes.
Em suma?
O Regresso merece a visita ao cinema sem o menor questionamento. É um ótimo trabalho de produção, direção e elenco, merece a láurea das premiações a que concorre e que venceu, mas não é a última bolacha do pacote, e não é melhor que Mad Max - Estrada da Fúria, mas é um ótimo filme.
O nome de DiCaprio no pôster assegura isso.
"-Enquanto puder tomar fôlego... Você luta."
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Resenha Cinema: Joy - O Nome do Sucesso
Há atores e atrizes que se tornam fetiches de diretores. Como se fossem musas que os cineastas parecem enxergar em qualquer papel, em qualquer filme e que se tornam parcerias recorrentes.
É fácil nomear algumas dessas relações sem sequer precisar pensar muito.
Robert De Niro e Martin Scorsese, Denzel Washington e Tony Scott, Diane Lane e Woody Allen... São todas relações entre cineastas e seus atores-fetiche.
E, olhando em perspectiva, poucos diretores se entregam com tanta volúpia ao rótulo quanto David O. Russell, o realizador de filmes como O Vencedor, O Lado Bom da Vida, e Trapaça.
Nem mesmo a recente (e excelente) série de trabalhos de Scorsese com Leonardo DiCaprio é tão assumidamente fetichista quanto a do realizador de Três Reis com Jennifer Lawrence. A atriz de 25 anos é escalada por Russell em papéis de toda a ordem, sempre dando conta do recado como testemunham seus três Globos de Ouro e seu Oscar.
Russell enxerga Lawrence em qualquer papel, e a atriz de Jogos Vorazes e X-Men se sente à vontade e tem talento de sobra pra encarar qualquer parada.
Eu não sei, porém, se essas parcerias todas têm data de validade e eventualmente estão fadadas a terminarem, mas Joy - O Nome do Sucesso, é facilmente o pior filme de Russell em muito tempo, o que não quer dizer que o filme seja ruim, não é o caso, ele apenas empalidece ante os recentes trabalhos do cineasta.
Joy é uma biografia romanceada da inventora norte-americana Joy Mangano, criadora do Miracle Mop.
No longa de Russel, a biografia de Joy se torna uma fábula com direito a "Era uma vez" narrado pela avó da protagonista, Mimi (Diane Ladd).
Joy é apresentada como uma menina de oito anos que adora criar coisas. Joy tem uma casa, uma fazenda, árvores e animais de papel, seu maior poder, nem era sua criatividade, mas sim o fato de não precisar de um príncipe encantado.
Corta pra dezessete anos mais tarde.
Joy é a mãe divorciada de dois filhos pequenos. Ela luta feito uma fera para manter a casa onde vive com os filhos, a avó, a mãe (Virginia Madsen), e o ex-marido Tony (Edgar Ramirez).
Enquanto Mimi passa o tempo todo soprando frases inspiradoras no ouvido de Joy, sua mãe jamais sai do quarto onde assiste novelas 24 horas por dia, e Tony, um cantor venezuelano fracassado ensaia sem cessar no porão da casa na tentativa de se tornar o novo Tom Jones, embora apenas cante de graça em um bar local.
Não fosse o suficiente, Joy ainda recebe o pai, Ruddy (Robert De Niro), "devolvido" pela namorada que não o aguenta mais, e, como desgraça pouca é bobagem, a moça ainda recebe a notícia de que seu trabalho como bilheteira de uma companhia aérea está ameaçado já que ela vai ser transferida para o turno da noite, algo impensável para alguém com tantas atribuições, que acumula a função de contabilista da oficina de seu pai, e de faz-tudo da casa onde vive.
Joy se pega prestes a vergar sob o peso da responsabilidade quando, durante um passeio de barco com a endinheirada nova namorada de seu pai, Truddy (Isabella Rossellini), tem uma ideia potencialmente inspirada ao cortar as mãos limpando vinho tinto do convés:
Um esfregão hiper-absorvente e que pode ser torcido sem utilizar as mãos.
Joy aposta alto na sua ideia, tentando a todo o pano evitar que tenha o mesmo destino de outras ideias suas que jamais foi capaz de patentear e viu se tornarem produtos sem sua participação.
Com a ajuda dos trabalhadores da oficina de seu pai e de um investimento inicial de Truddy, Joy consegue produzir algumas peças, lutando para vendê-las em pequenas lojas ou no estacionamento do supermercado, tudo sem sucesso.
Joy tem uma chance de mudar isso quando Tony consegue uma reunião para ela numa rede de TV de anúncios 24 horas.
O gerente de programação Neil Walker (Bradley Cooper) gosta do produto de Joy, e tenta vendê-lo em sua grade de programação, inicialmente, sem efeito.
As coisas tomam outro rumo quando a inventora convence Neil a deixá-la anunciar seu esfregão ela mesma.
Mas conseguir vender seu produto acaba não sendo o suficiente quando Joy percebe que, mau orientada pelos advogados de Truddy, e sem o apoio de sua família, está prestes a perder seu negócio, e que cabe à ela, sozinha, lutar contra tudo e todos em nome de seus sonhos.
"Irregular" é uma palavra usada de maneira quase indiscriminada para fazer de filmes que não funcionam, mas têm alguma qualidade. E é a palavra que serve à perfeição para ilustrar Joy - O Nome do Sucesso.
O longa de David O. Russell é irregular. Algumas coisas funcionam, outras simplesmente, não.
Há uma característica algo largada no longa. Coisas que simplesmente parecem mal acabadas. A narração em off da avó, por exemplo, que ali pelas tantas simplesmente some, para voltar mais adiante quando a audiência quase havia esquecido que ela estava lá, é uma delas. Outra, ainda mais problemática, é a família de Joy. Enquanto os núcleos familiares de O Vencedor, Trapaça e especialmente de O Lado Bom da Vida eram críveis mesmo dentro desse universo exacerbado e histérico onde os filmes de Russell se passam, o mesmo não se pode dizer da família de Joy.
Tudo no longa soa algo artificial, casual, mal acabado, sem que nenhuma das personagens femininas tenha a profundidade de Jackie Weaver como Dolores Solitano em O Lado Bom da Vida, por exemplo.
A irmã da protagonista, Peggy (vivida por Elizabeth Rohm, de Trapaça) é um exemplo. Ela aparece sempre como um poço de ressentimento, sem praticamente jamais dar uma palavra de suporte à irmã, e nem qualquer tipo de background. Igualmente vazia, mas menos antipática, é a melhor amiga de Joy, Jackie (Dasha Polanco de Orange is the New Black), que é o extremo oposto da irmã, sempre apoiando e ajudando a inventora.
Os personagens masculinos não são muito melhor acabados. O Ruddy de De Niro é um personagem que se apresenta promissor mas que não se sustenta dessa forma quando a história avança, e Bradley Cooper faz quase uma ponta de luxo.
Melhor sorte tem Edgar Ramirez, que consegue assinar seu fracassado Tony Miranne com uma nota de ternura que o torna até simpático.
Após listar todas essas características ruins, tu pode estar se perguntando "mas o que diabos funciona em Joy pra tornar o filme regular e não uma bomba?".
A resposta é Jennifer Lawrence.
Russell acerta a mão ao centrar fogo na sua protagonista. A história não anda sem Lawrence na tela, e isso tanto pode ser o maior defeito do filme (já que os outros personagens simplesmente não têm lastro pra fazer o filme andar) quanto sua maior qualidade já que Lawrence tem talento e estampa de sobra pra carregar o filme nos ombros.
Mesmo mal escalada por conta de sua idade (a atriz de vinte e cinco anos interpreta uma personagem quase dez anos mais velha), Lawrence se adona do papel. Sem esforço ela torna a gata borralheira do roteiro uma personagem humana e magnética, ela simplesmente convence.
Com isso em mente, fica fácil entender porque ela é a atriz-fetiche de David Russell, mas difícil entender porque ele fez um filme tão meia-boca para servir-lhe de veículo.
Não fosse pela protagonista, Joy seria um filme com uma sólida nota cinco. Jennifer Lawrence, porém, o eleva bem acima disso, e a interpretação dela, sozinha, já faz valer a ida ao cinema.
"-Jamais pense que o mundo te deve alguma coisa, porque ele não deve. O mundo não te deve nada."
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