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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Resenha Cinema: Ted


Seth McFarlane é um comediante grosseiro. Quem já assistiu Uma Família da Pesada, American Dad e The Cleveland Show sabe que o tipo de comédia que McFarlane faz não tem como principal meta fazer amigos. Ele avacalha geral, sem se preocupar em ofender a quem quer que seja.
Talvez por isso seu humor funcione tão bem.
É difícil assistir a uma temporada de Uma Família da Pesada sem ver um episódio em que se pense "Putz. Esse cara não tem noção...", pois ele de fato não tem. McFarlane e sua equipe não levam ninguém livre e fazem piada de tudo e de todos.
Na TV isso não chega a ser novidade. Os Simpsons já fazem isso a anos, de uma forma mais simpática e comedida, é verdade, mas ainda assim... De qualquer forma, a grosseria de McFarlane aparentemente já não cabia mais na TV, e o sujeito resolveu roteirizar, dirigir e co-estrelar esse Ted.
Na trama, o pequeno John Bennett pede, na noite de Natal, que seu urso de pelúcia ganhe vida. Para espanto de todos, seu desejo é atendido, e o seu ursinho Ted, agora vivo, se torna seu melhor amigo. O que inicialmente se transforma em notícia mundo afora, tornando Ted uma celebridade, que, com o passar do tempo perde relevância como quase tudo na vida.
Após mais de vinte anos de amizade, John (Mark Wahlberg, que finalmente encontrou seu nicho e deveria fazer só comédias de agora em diante) e Ted (Seth McFarlane), agora adultos, ainda vivem juntos, ao lado da namorada de John, Lori (Mila Kunis, acostumada à Seth McFarlane, já que dá voz à Meg de Uma Família da Pesada).
O problema foi que Ted cresceu e deixou de ser aquele simpático ursinho de pelúcia respondão de vinte e sete anos antes, e se tornou um desagradável e grosseiro bicho de pelúcia viciado em drogas que não quer fazer nada da vida exceto comer, assistir TV e fumar maconha.
Não seria um problema se Ted não tivesse o dom de influenciar John, e fazer o amigo acompanhá-lo em todas as suas ideias de diversão. Isso fica evidente pra Lori, que planeja um relacionamento a longo prazo com John, mas não vê como isso será possível enquanto seu namorado não se desvencilhar da influência nociva de Ted, e amadurecer.
Lori dá um ultimato a John, que tem que escolher entre seu melhor amigo e a mulher que ama.
O elenco funciona muito bem, além de Wahlberg, que vai bem nas comédias, McFarlane, mestre na matéria, e Kunis, que é uma gata e sabe rir de si mesma, ainda tem Giovanni Ribisi, com direito a número de dança, um amnésico Patrick Warburton, Joel McHale e Patrick Stewart na narração além de pontas de Norah Jones, Tom Skerritt e Ryan Reynolds.
Ted trabalha dentro de uma estrutura de comédia romântica, também tem elementos de "bromance" e tudo isso embalado no humor surreal e grosseiro que McFarlane e seus colegas de roteiro dominam com maestria, é hilariante, repleto de referências nerds (Star Wars, Hasbro e Flash Gordon, com direito à hilária participação especial de Sam J. Jones) e que ainda acha espaço pra um pouquinho de doçura em meio à toda a acidez.

"Quando ouvir um trovão/Não tenha medo, não/Apenas agarre seu amigo do trovão/E diga essas palavras mágicas:/Foda-se trovão/ Pode chupar meu piruzão!/ Você não pode me pegar, trovão/Porque você é só o peido de Deus!"

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