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segunda-feira, 30 de março de 2015

Resenha DVD: Operação Big Hero


Operação Big Hero, o primeiro longa em que a Disney mesclou sua especialidade em animações com o recém adquirido cartel de personagens Marvel, era um desses eventos que eu adoraria ter ido assistir no cinema, mas acabei deixando pro home video já que, se assistir filmes dublados por dubladores profissionais já não é do meu agrado, imagine assistir a um filme dublado por pseudo celebridades como Marcos Mion com "xua dicxão privilerriada"?
Uma pena. Assistir ao filme numa TV de 42" certamente é uma experiência bem diferente do que teria sido assistí-lo em 3D na telona do cinema, mas, como vivemos numa ditadura de retardados, animações só passam dubladas, mesmo nas sessões das dez da noite, e nomes reconhecíveis no elenco de vozes aparentemente chama público... De qualquer forma, eu tinha grande curiosidade a respeito de Operação Big Hero, mesmo sem ser um fã de animações.
Na animação (muito, muito, horrores vagamente) baseada no quadrinho Big Hero 6, da Marvel, o jovem prodígio da engenharia Hiro Hamada, de apenas 14 anos, passa suas noites disputando lutas entre robôs, arrancando dinheiro de valentões incautos que desconhecem seu talento para construir pequenas máquinas de destruir.
Seu irmão mais velho, Tadashi, também um engenheiro, cursa a universidade e deseja que o jovem Hiro use seu talento para mais do que fazer dinheiro fácil. Por isso, ele leva o moleque para conhecer a faculdade onde estuda, um glorioso consórcio de gênios de especialidades distintas trabalhando livremente em um ambiente de liberdade individual ímpar.
Impressionadíssimo, Hiro resolve aceitar o desafio de Tadashi e criar um projeto que convença o diretor da instalação, Dr. Callaghan, a aceitá-lo na equipe.
O jovem cria um espetacular sistema de "microbôs" individualmente minúsculos, mas que se combinam seguindo os pensamentos de seu manipulador através de interface neural, um trabalho tão impressionante que garante a Hiro um convite para se juntar à "Escola dos Nerds".
Porém, na noite de seu triunfo, um incêndio e uma explosão acabam causando a morte de Tadashi, jogando Hiro em uma profunda depressão.
É durante seu luto que o moleque acidentalmente ativa a grande invenção do irmão mais velho, Baymax, um enorme robô-enfermeiro inflável com aparência de marshmallow programado para reconhecer sintomas e oferecer tratamento.
Baymax percebe que Hiro está doente após a morte do irmão, e não desistirá de tentar ajudá-lo até que o moleque reconheça estar satisfeito com o tratamento oferecido.
O tratamento, no caso, acaba se tornando algo totalmente diferente quando Hiro e Baymax descobrem que os microbôs não foram destruídos no incêndio que matou Tadashi, mas sim roubados e multiplicados, e que agora são usados por um misterioso vilão que emerge em San Fransokio (um amálgama de São Francisco e Tóquio) com propósitos pérfidos.
Com a ajuda de Baymax, mais os colegas de Tadashi Go Go, uma especialista em eletro magnetismo, Wasabi, estudioso de lasers, Honey Lemon, engenheira de polímeros, mais Fred, o fã de quadrinhos/mascote da universidade, Hiro se prepara para tentar superar a morte do irmão encontrando seu assassino, ao mesmo tempo em que forma uma relação profundamente especial com a criação máxima de Tadashi.
Não dá pra negar que a Disney manja de fazer desenhos. Operação Big Hero é um testemunho desse expertise. A animação, com sua premissa absolutamente previsível, em colorido e acelerado movimento, empolga.
A combinação de aventura e ação com momentos realmente tocantes e outros, de fato, muito engraçados é tudo o que um longa animado deveria ser. Se Hiro e os demais membros do Big Hero 6 são todos meio água com açúcar em seus clichês, se o vilão de roupa preta e máscara kabuki é mais genérico que os medicamentos da Farmácia Popular, não importa nem um honorável pouquinho, pois a verdadeira estrela do filme é o robô gorducho Baymax.
A fofíssima criação de Tadashi é uma extremante polida combinação de guarda-costas, pai, irmão mais velho, enfermeiro e cúmplice, tudo o que um moleque precisa na vida. Pra melhorar, ainda é hilário quando tenta se espremer por espaços de tamanho exíguo, andando miudinho, desviando de coisas, e se desinflando parcialmente enquanto derruba tudo com sua bundona branca.
Ainda que o robozão seja apenas um agente da cura de Hiro, o por vezes irritante protagonista da história aprendendo uma lição enquanto se reconecta ao mundo após uma tragédia, é por Baymax que nós nos apaixonamos e por quem torcemos.
Ao contar uma história bastante banal, de uma maneira que ainda consegue arrancar lágrimas e risadas (e até um, talvez imerecido, Oscar), a Disney dá outra aula de domínio da matéria, angaria alguns milhões, e cria outro personagem duradouro para a galeria da cultura pop.
Vale demais a locação.

"Em uma escala de um a dez, como você classificaria sua dor?"

sexta-feira, 27 de março de 2015

Rapidinha do Capita

E depois de Ryan Reynolds mostrar em seu instagram (ou foi no twitter?) o primeiro vislumbre do uniforme de Deadpool no filme solo do mercenário boquirroto, agora ele libera a primeira imagem oficial, que dá uma boa ideia do que esperar do tom do filme:


Ryan Reynolds volta a viver o personagem que interpretou no desastroso X-Men Origens: Wolverine, agora em um filme solo. O longa que estréia em fevereiro do ano que vem é dirigido por Tim Miller e escrito pela dupla de Zumbilândia Retth Reese e Paul Wernick.
Com base nessa primeira e sedutora foto, e no curta animado que serviu de argumento para a Fox dar o sinal verde ao longa, Deadpool promete ser, ao menos, uma tentativa de fazer um filme divertido e irreverente, indo ao encontro da carreira do personagem nos quadrinhos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Na Solidão do Mar


Tinha seis dias de vida quando, pela primeira vez, chegou à beira do mar.
Foi no colo do pai, num início de manhã de um distante primeiro de março mais de trinta anos atrás.
Por alguma razão, dali pra frente, o mar sempre exerceu sobre ele uma influência estranha. Quase sempre benéfica, revigorante...
Passou anos e anos de sua infância e adolescência indo à praia todos os anos, passando lá dias e dias... Um mês, dois...
Mas a vida aconteceu, e por um longo período ele ia à praia apenas para não dizer que não foi. Chegava na sexta à noite, voltava no domingo pelo início da tarde... Um único dia de praia de fato. Um único banho de mar no período de um ano.
Muito pouco.
Sentindo a falta de seu ambiente, de seu elemento, aproveitou-se das férias, apanhou sua mochila e, em pleno março, foi-se rumo ao litoral.
Chegou à sua praia numa quinta à noite. Oito e tanto, quase nove horas. Largou sua bagagem na casa, e andou até a beira da praia como sempre fazia. Lá, percebendo a praia deserta, o lugar ermo, e a escuridão, ouviu o chamado do mar e despiu-se.
Andou nu até a água lamber-lhe as canelas com sua língua gélida, e seguiu andando após acostumar-se com a temperatura. Quando tinha água à altura do peito, mergulhou.
Na manhã seguinte, repetiu o ritual, mas cedo, muito cedo, quando ainda não eram cinco e meia da manhã e o dia ainda não havia surgido no horizonte. Dentro do mar, viu as nuvens atrás de si tingirem-se de rosa e púrpura, e diante o céu tornando-se laranja e as nuvens douradas conforme o sol emergia do mar.
Molhado, viu o sol refletir nas gotas que trazia no peito, no cabelo e na barba como se fossem faíscas, e ele, que não gostava do sol, agradeceu pela luz, e sentiu-se vivo como há muito não se sentia.
Nos nove dias seguintes, saboreou o silêncio, a solidão e o mar.
Leu livros, correu, caminhou, fez pequenos reparos que se tornaram choques elétricos de 220 volts que se tornaram gargalhadas. Fez coisas que não gostava de fazer pelo simples prazer de fazer algo quando não havia ninguém por perto, e percebeu que não sentia falta de falar com ninguém.
Exceto, talvez, um único alguém.

Rapidinha do Capita: Trailer de Missão: Impossível - Nação Secreta

E depois de um breve teaser no final de semana, o quinto filme da franquia de Tom Cruise ganhou um novo trailer, mais longo e dando detalhes sobre a "nação secreta" d'O Sindicato.



Jeremy Renner, Ving Rhames e Simon Pegg, todos veteranos da franquia retornam junto com Tom Cruise.
Só eu senti falta da deliciosa Paula Patton?

Resenha Cinema: Mortdecai: A Arte da Trapaça


Olha só que interessante, após uma rápida olhada nos últimos filmes de Johnny Depp, cheguei à conclusão de que o astro da série Piratas do Caribe parece estar ansioso por seguir os passos de outro ator de nível elevado, indicado a prêmios e que, no início, parecia capaz de equilibrar blockbusters e filmes autorais sem perder o rebolado:
Nicolas Cage.
Calma... Calma que a coisa ainda não está tão feia pro capitão Jack Sparrow, mas é melhor o ex-anjo da lei começar a avaliar melhor seus projetos, porque encarreirar O Cavaleiro Solitário, Transcendence - A Revolução, e terminar em Mortdecai não é exatamente um plano de carreira... E olha que eu me perfilo à minoria que não achou O Cavaleiro Solitário perda total (embora Transcendence não valha a película em que foi filmado...).
Isso significa que Mortdecai é puro lixo?
Não... Bom... Não exatamente.
Em Mortdecai: A Arte da Trapaça, Johnny Depp é Charles Mortdecai, um decadente lorde inglês com um inexplicável bigode recém cultivado, que usa sua posição de art connoisseur para trabalhar como corretor e contrabandista de obras e peças de valor tanto no mercado formal, quanto no mercado negro.
Quando o conhecemos, Mortdecai e seu fiel valete Jock (Paul Bettany) colocam a perder um negócio de três milhões de libras envolvendo um vaso milenar chinês. O percalço na negociação, coloca Mortdecai à beira da falência, com uma dívida de mais de oito milhões de libras para com o tesouro inglês.
Ameaçado de perder todas as suas posses, Mortdecai e sua esposa Johanna (Gwineth Paltrow)já começam a vislumbrar a possibilidade de vender alguns de seus bens quando são aproximados pelo inspetor Martland, do MI-5 (Ewan McGregor), um antigo rival de Mortdecai pela afeição de Johanna, e investigador chefe em um caso de assassinato envolvendo uma restauradora de arte, um extremista médio-oriental e um legendário quadro de Goya desaparecido há anos e que atrai atenção, não apenas por ser uma famigerada obra de arte, mas também por, supostamente ocultar um código que leva à uma fortuna em ouro nazista.
Devido ao bom trânsito de Mortdecai entre contrabandistas de arte em geral, ele é a melhor alternativa de Martland para descobrir o paradeiro da pintura sem alardear o envolvimento do serviço secreto inglês no caso.
Daí pra frente, começa uma série de viagens, sequestros, fugas e confrontos envolvendo Mortdecai e Jock, enquanto Johanna, visando o bem-estar de seu marido, passa a conduzir sua própria investigação em busca da pintura, na esperança de resolver os problemas financeiros que assolam a propriedade Mortdecai.
Então... É puro lixo?
Não.
Mortdecai - A Arte da Trapaça é um filme ruim, mas não é terrível, em parte porque não se leva a sério (nada é pior do que um filme ruim que se leva a sério), em parte porque algumas das piadas, embora re-re-re-repetidas à exaustão durante o longa, ainda funcionam em alguma medida. Outro elemento que ajuda Mortdecai a não afundar totalmente de imediato, é o elenco. Se Johnny Depp está exagerado demais no papel principal, Paul Bettany manda bem como o incrivelmente fiel e prestativo servo Jock Strapp, Ewan McGregor é digno no papel de Martland, e Gwineth Paltrow não está enjoadinha no papel de lady Johanna Mortdecai, mas meio que é isso. A tesuda Olivia Munn não tem muito o que fazer, e Jeff Goldblum mal e mal aparece em cena.
Com um roteiro preguiçoso de Eric Aronson e uma direção discreta de David Koepp, Mortdecai certamente garante algumas risadas, mas dificilmente vale uma ida ao cinema.
Espere sair em DVD.

"-Jock?
-Sim, senhor?
-Tudo vai ficar bem no final?
-Eu não saberia dizer, senhor."

sexta-feira, 20 de março de 2015

Resenha Cinema: Para Sempre Alice


Aqueles que, assim como eu, ficaram de certa forma chocados por alguns dias depois de assistir A Teoria de Tudo, imaginando o tamanho do desespero de uma pessoa que, pouco a pouco, vai sendo traída de maneira impiedosa por seu corpo, podem experimentar um novo baque após assistir Para Sempre Alice, longa metragem co-escrito e dirigido pela dupla Rchard Glatzer e Wash Westmoreland baseado no livro de mesmo título de Lisa Genova.
A grande diferença, é que, enquanto o Stephen Hawking de Eddie Redmayne via, de maneira totalmente lúcida, seu corpo parar, aos poucos de funcionar, a doutora Alice Howland de Julianne Moore, vai sendo traída de maneira paulatina por sua mente.
Quando a conhecemos, ela está celebrando seus cinquenta anos em um restaurante fino com sua família, o marido John (Alex Baldwin), a filha mais velha Anna (Kate Bosworth), o genro e o filho Tom (Hunter Parrish).
O cenário é quase idílico. Alice é uma bem-sucedida professora da universidade de Columbia, em Nova York, e autoridade mundial em linguística. Seu marido também é um cientista, seu filho é um médico, sua filha advogada, todos terrivelmente bem-sucedidos.
Alice transpira auto-confiança, é elegante, articulada, tem uma carreira sólida e cuida da casa daquela maneira que todas as mulheres que nós conhecemos acham impossível fazer.
Mas, sem nenhum aviso, Alice começa a ser traída pelas palavras. Esquece de um compromisso daqui... De um nome ali... Até que, durante uma corrida pelo campus da universidade, ela se perde de maneira inapelável. Absolutamente desorientada.
O episódio a leva a um neurologista que, após alguns exames, constata que Alice sofre de uma rara forma de Alzheimer genético, que ataca de maneira precoce.
A partir daí, ela passa a lidar com a doença e suas inevitáveis e progressivas limitações. Alice é uma pesquisadora e uma intelectual extremamente capacitada, que vai criando atalhos e testes para minimizar o estrago da doença em sua vida, mas parte da beleza da tragédia de Para Sempre Alice, é justamente o fato de que a protagonista nem sempre consegue fazê-lo. Humaniza ainda mais a personagem o fato que que ela, eventualmente, se aproveita de sua condição para manipular seus entes queridos, seja para evitar um programa chato, ou condicionar o comportamento de sua filha mais jovem, Lydia (uma surpreendente Kristen Stewart), que abriu mão da segurança das carreiras de seus irmãos mais velhos para tentar ser atriz em Los Angeles.
Juliane Moore dá show. A atriz sapateia, detona e quebra tudo na pele da protagonista. Sua segurança e charme quase fleumáticos do início do filme sendo gradualmente substituídos por uma fragilidade quase infantil são de partir o coração. A abordagem da atriz, que sem arroubos desnecessários, deixa bastante clara a vergonha e o medo que a personagem sente da doença que a assola, é brilhante, e ajuda Para Sempre Alice a escapar das falhas de direção (longe de ser inspirada, usando planos bem convencionais e uma fotografia estática dando ao filme uma cara de novela).
Fica difícil para o restante do elenco acompanhar Moore, mas Alec Baldwin não faz feio, e Kristen Stewart tem alguns ótimos momentos, Kate Bosworth se esforça, e o resto do elenco é pouco mais que um acessório, nenhum problema, já que o show pertence, mesmo, à justa vencedora do Oscar deste ano.
Bom filme que merece ser visto no cinema, Julianne Moore e seu show particular certamente valem o ingresso.

"Eu costumava ser alguém que sabia um bocado. Ninguém mais pede a minha opinião ou meu conselho. Eu sinto falta disso. Eu costumava ser curiosa e independente e confiante. Eu sinto falta de ter certeza das coisas. Não há paz em em estar incerta de tudo o tempo todo. Eu sinto falta de fazer tudo com facilidade. Eu sinto falta de fazer parte do que está acontecendo. Eu sinto falta de ser procurada. Eu sinto falta de minha vida e da minha família."

terça-feira, 17 de março de 2015

Resenha Cinema: Kingsman: Serviço Secreto


Nada como voltar das férias direto pra dentro do cinema. Especialmente quando o primeiro filme após um breve período sabático, quase eremítico, em um afastado balneário do litoral norte é uma divertidíssima peça de entretenimento descompromissado como esse Kingsman: Serviço Secreto.
O longa do diretor Matthew Vaughn, o mesmo de Nem Tudo é o Que Parece, Kick-Ass: Quebrando Tudo e X-Men - Primeira Classe, é uma tremenda ode ao cinemão de espionagem de antigamente, com cavalheiros perfeitamente enfatiotados, vilões absolutamente degenerados, belas e perigosas mulheres, mas tudo isso com a cara dos quadrinhos independentes de Mark Millar, um aficionado por desconstruções, que mistura essa tradicional linha de cinema com um toque de adolescência e anarquia, uma mistura que, nas mãos de Vaughn, já tinha rendido saborosos frutos em Kick-Ass, e dá um passo adiante em Kingsman.
No longa conhecemos a agência de espionagem que dá nome ao filme. Um conluio de aristocratas britânicos iniciado durante os anos 1800, e turbinado na primeira década do Século XX pela fortuna de ingleses abastados que perderam seus herdeiros durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1997, Harry Hart, codinome Galahad (Colin Firth), um exímio veterano da agência comete um erro que custa a vida de um novato na equipe. Abalado pela tragédia, Harry contata a esposa do agente morto, e oferece a ela a medalha de valor dos Kingsmen, e a promessa de que, em um momento de necessidade, aquela medalha poderá resolver os problemas.
Dezessete anos se passam, e o filho do agente morto, Eggsy (Taron Egerton), agora um jovem suburbano desempregado e sem perspectivas, vê sua mãe se sujeitar à uma relação abusiva com um bandidinho.
Após uma peça em um dos cúmplices de seu "padrasto" dar errado, Eggsy acaba preso, e, sem mais ninguém a quem recorrer, utiliza o pedido de ajuda da medalha de seu pai.
Seu pedido de ajuda é atendido por Harry, que convida o jovem a participar do programa de treinamento Kingsman. Enquanto Eggsy tenta sobreviver ao rigoroso processo seletivo, Valentine (Samuel L. Jackson), um multibilionário do ramo da tecnologia, surge das sombras com um pérfido plano para "salvar o mundo" à sua própria maneira.
Eu sei, eu sei. À primeira vista Kingsman parece bastante com aquelas fitas de espiões adolescentes que volta e meia passam nas Sessões da Tarde da vida. Inicialmente, vou dizer que após assistir aos primeiros trailers do longa, partilhava dessa impressão, especialmente porque jamais li o quadrinho no qual Kingsman se baseia (e confesso, envergonhado, que nem sei se foi publicado no Brasil...), mas, acredite, o longa metragem funciona.
Claro, grande parte da diversão se deve a Colin Firth interpretando um herói de ação (a curiosidade de ver o aristocrático vencedor do Oscar por O Discurso do Rei distribuindo tiros, facadas e pontapés foi o que, de fato, me levou ao cinema). Inclusive, devo dizer que a sequência de luta dentro da Igreja (não pergunte, assista ao filme), protagonizada por Firth, é uma das mais sensacionais sequências de ação que eu já vi na vida.
Ajuda o elenco de apoio ser formado por cobras do calibre de Mark Strong e Michael Caine, mas mesmo os novatos, como Sophie Coockson e especialmente Taron Egerton vão bem, conseguindo se manter à tona mesmo entre os fodões do restante do elenco.
Repleto de ação, boas piadas, com uma trilha sonora excelente, e alusões bem humoradas aos filmes de espionagem clássicos (e neo clássicos), Kingsman: Serviço Secreto é uma excelente pedida pra abrir a temporada (brasileira) de blockbusters, e as acusações de machismo do filme são absolutamente infundadas (embora o lance de comer o cu da princesa seja de baixíssimo calão), com personagens femininas fortes e inseridas na ação. Não se deixe levar pelo festival de bobagens que assola a internet, Kingsman é diversão garantida, e uma excelente pedida na hora de escolher o que ver no cinema.

"-Os velhos filmes de Bond. Ah, cara, quando eu era criança, esse era meu emprego dos sonhos: Espião cavalheiro.
-Eu sempre senti que os velhos filmes de Bond eram tão bons quanto seus vilões. Quando criança, eu sempre preferi coloridos megalomaníacos futuristas.
-É uma pena que nós dois tenhamos crescido."