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segunda-feira, 23 de março de 2015

Resenha Cinema: Mortdecai: A Arte da Trapaça


Olha só que interessante, após uma rápida olhada nos últimos filmes de Johnny Depp, cheguei à conclusão de que o astro da série Piratas do Caribe parece estar ansioso por seguir os passos de outro ator de nível elevado, indicado a prêmios e que, no início, parecia capaz de equilibrar blockbusters e filmes autorais sem perder o rebolado:
Nicolas Cage.
Calma... Calma que a coisa ainda não está tão feia pro capitão Jack Sparrow, mas é melhor o ex-anjo da lei começar a avaliar melhor seus projetos, porque encarreirar O Cavaleiro Solitário, Transcendence - A Revolução, e terminar em Mortdecai não é exatamente um plano de carreira... E olha que eu me perfilo à minoria que não achou O Cavaleiro Solitário perda total (embora Transcendence não valha a película em que foi filmado...).
Isso significa que Mortdecai é puro lixo?
Não... Bom... Não exatamente.
Em Mortdecai: A Arte da Trapaça, Johnny Depp é Charles Mortdecai, um decadente lorde inglês com um inexplicável bigode recém cultivado, que usa sua posição de art connoisseur para trabalhar como corretor e contrabandista de obras e peças de valor tanto no mercado formal, quanto no mercado negro.
Quando o conhecemos, Mortdecai e seu fiel valete Jock (Paul Bettany) colocam a perder um negócio de três milhões de libras envolvendo um vaso milenar chinês. O percalço na negociação, coloca Mortdecai à beira da falência, com uma dívida de mais de oito milhões de libras para com o tesouro inglês.
Ameaçado de perder todas as suas posses, Mortdecai e sua esposa Johanna (Gwineth Paltrow)já começam a vislumbrar a possibilidade de vender alguns de seus bens quando são aproximados pelo inspetor Martland, do MI-5 (Ewan McGregor), um antigo rival de Mortdecai pela afeição de Johanna, e investigador chefe em um caso de assassinato envolvendo uma restauradora de arte, um extremista médio-oriental e um legendário quadro de Goya desaparecido há anos e que atrai atenção, não apenas por ser uma famigerada obra de arte, mas também por, supostamente ocultar um código que leva à uma fortuna em ouro nazista.
Devido ao bom trânsito de Mortdecai entre contrabandistas de arte em geral, ele é a melhor alternativa de Martland para descobrir o paradeiro da pintura sem alardear o envolvimento do serviço secreto inglês no caso.
Daí pra frente, começa uma série de viagens, sequestros, fugas e confrontos envolvendo Mortdecai e Jock, enquanto Johanna, visando o bem-estar de seu marido, passa a conduzir sua própria investigação em busca da pintura, na esperança de resolver os problemas financeiros que assolam a propriedade Mortdecai.
Então... É puro lixo?
Não.
Mortdecai - A Arte da Trapaça é um filme ruim, mas não é terrível, em parte porque não se leva a sério (nada é pior do que um filme ruim que se leva a sério), em parte porque algumas das piadas, embora re-re-re-repetidas à exaustão durante o longa, ainda funcionam em alguma medida. Outro elemento que ajuda Mortdecai a não afundar totalmente de imediato, é o elenco. Se Johnny Depp está exagerado demais no papel principal, Paul Bettany manda bem como o incrivelmente fiel e prestativo servo Jock Strapp, Ewan McGregor é digno no papel de Martland, e Gwineth Paltrow não está enjoadinha no papel de lady Johanna Mortdecai, mas meio que é isso. A tesuda Olivia Munn não tem muito o que fazer, e Jeff Goldblum mal e mal aparece em cena.
Com um roteiro preguiçoso de Eric Aronson e uma direção discreta de David Koepp, Mortdecai certamente garante algumas risadas, mas dificilmente vale uma ida ao cinema.
Espere sair em DVD.

"-Jock?
-Sim, senhor?
-Tudo vai ficar bem no final?
-Eu não saberia dizer, senhor."

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