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terça-feira, 17 de março de 2015

Resenha Cinema: Kingsman: Serviço Secreto


Nada como voltar das férias direto pra dentro do cinema. Especialmente quando o primeiro filme após um breve período sabático, quase eremítico, em um afastado balneário do litoral norte é uma divertidíssima peça de entretenimento descompromissado como esse Kingsman: Serviço Secreto.
O longa do diretor Matthew Vaughn, o mesmo de Nem Tudo é o Que Parece, Kick-Ass: Quebrando Tudo e X-Men - Primeira Classe, é uma tremenda ode ao cinemão de espionagem de antigamente, com cavalheiros perfeitamente enfatiotados, vilões absolutamente degenerados, belas e perigosas mulheres, mas tudo isso com a cara dos quadrinhos independentes de Mark Millar, um aficionado por desconstruções, que mistura essa tradicional linha de cinema com um toque de adolescência e anarquia, uma mistura que, nas mãos de Vaughn, já tinha rendido saborosos frutos em Kick-Ass, e dá um passo adiante em Kingsman.
No longa conhecemos a agência de espionagem que dá nome ao filme. Um conluio de aristocratas britânicos iniciado durante os anos 1800, e turbinado na primeira década do Século XX pela fortuna de ingleses abastados que perderam seus herdeiros durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1997, Harry Hart, codinome Galahad (Colin Firth), um exímio veterano da agência comete um erro que custa a vida de um novato na equipe. Abalado pela tragédia, Harry contata a esposa do agente morto, e oferece a ela a medalha de valor dos Kingsmen, e a promessa de que, em um momento de necessidade, aquela medalha poderá resolver os problemas.
Dezessete anos se passam, e o filho do agente morto, Eggsy (Taron Egerton), agora um jovem suburbano desempregado e sem perspectivas, vê sua mãe se sujeitar à uma relação abusiva com um bandidinho.
Após uma peça em um dos cúmplices de seu "padrasto" dar errado, Eggsy acaba preso, e, sem mais ninguém a quem recorrer, utiliza o pedido de ajuda da medalha de seu pai.
Seu pedido de ajuda é atendido por Harry, que convida o jovem a participar do programa de treinamento Kingsman. Enquanto Eggsy tenta sobreviver ao rigoroso processo seletivo, Valentine (Samuel L. Jackson), um multibilionário do ramo da tecnologia, surge das sombras com um pérfido plano para "salvar o mundo" à sua própria maneira.
Eu sei, eu sei. À primeira vista Kingsman parece bastante com aquelas fitas de espiões adolescentes que volta e meia passam nas Sessões da Tarde da vida. Inicialmente, vou dizer que após assistir aos primeiros trailers do longa, partilhava dessa impressão, especialmente porque jamais li o quadrinho no qual Kingsman se baseia (e confesso, envergonhado, que nem sei se foi publicado no Brasil...), mas, acredite, o longa metragem funciona.
Claro, grande parte da diversão se deve a Colin Firth interpretando um herói de ação (a curiosidade de ver o aristocrático vencedor do Oscar por O Discurso do Rei distribuindo tiros, facadas e pontapés foi o que, de fato, me levou ao cinema). Inclusive, devo dizer que a sequência de luta dentro da Igreja (não pergunte, assista ao filme), protagonizada por Firth, é uma das mais sensacionais sequências de ação que eu já vi na vida.
Ajuda o elenco de apoio ser formado por cobras do calibre de Mark Strong e Michael Caine, mas mesmo os novatos, como Sophie Coockson e especialmente Taron Egerton vão bem, conseguindo se manter à tona mesmo entre os fodões do restante do elenco.
Repleto de ação, boas piadas, com uma trilha sonora excelente, e alusões bem humoradas aos filmes de espionagem clássicos (e neo clássicos), Kingsman: Serviço Secreto é uma excelente pedida pra abrir a temporada (brasileira) de blockbusters, e as acusações de machismo do filme são absolutamente infundadas (embora o lance de comer o cu da princesa seja de baixíssimo calão), com personagens femininas fortes e inseridas na ação. Não se deixe levar pelo festival de bobagens que assola a internet, Kingsman é diversão garantida, e uma excelente pedida na hora de escolher o que ver no cinema.

"-Os velhos filmes de Bond. Ah, cara, quando eu era criança, esse era meu emprego dos sonhos: Espião cavalheiro.
-Eu sempre senti que os velhos filmes de Bond eram tão bons quanto seus vilões. Quando criança, eu sempre preferi coloridos megalomaníacos futuristas.
-É uma pena que nós dois tenhamos crescido."

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