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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Casa do Capita: Game of Thrones - Temporada 5


Eu ando muito azedo ou GoT está muito ruim?
Como eu ainda vejo algumas coisas muito boas por aqui e por ali, vou ter que tirar o meu da reta e apostar na segunda opção.
Cuidado, esse texto contém alguns spoilers.
A quinta temporada de Game of Thrones foi muito ruim. Tivemos dez episódios onde dois se salvaram, o oitavo, Durolar, e o décimo, Misericórdia da Mãe, este, por sinal, sequer comparado com o outro, mas bem acima de uma temporada que, no geral, arrancou mais bocejos do que unhas.
Ao longo dos dez episódios da temporada, a série ultrapassou os livros, e, infelizmente, o fez tomando atalhos em algumas ocasiões, e indo em outra direção completamente em tantos outros... Muitos personagens foram solenemente ignorados, eventos importantes dos livros, alterados de maneira catastrófica, e momentos que prometiam-se memoráveis, transformados em mais do mesmo.
Por mais que Game of Thrones seja uma adaptação, e compreenda-se a necessidade de alterações para que o programa funcione, Game of Thrones se afastou tanto d'As Crônicas do Gelo e Fogo que mais parece um fanfic ligeiramente baseado nos livros.
O mais graves dos defeitos talvez seja alterar completamente o comportamento de alguns personagens para justificar o corte de outros.
O que fizeram com Stannis Baratheon nessa temporada, por exemplo, foi imperdoável. Não apenas por adulterar o pretenso rei dos livros e todo o destino de sua família, mas também por que seu arco acabou ficando extremamente tortuoso em termos de escrita, transformando um personagem de determinação pétrea num zelota claudicante.
O encontro de Daenerys e Tyrion teve alguns bons momentos, entretanto, o preço para que ele ocorresse foi amargo.
Além da infundada morte de Sor Barristan Selmy, os Imaculados, cantados e decantados como a mais fodaça força militar dos sete reinos e além se transformou num monte de garotinhos juvenis criados a leite com pêra, ovomaltino e sanduíche de mortadela que não são capazes de suportar dez minutos de porrada com alguns playboys mascarados.
Sério, depois de toda a propaganda, chega a ser castrador (rá) ver a facilidade com que os Filhos da Harpia massacram o exército treinado desde o berço da mãe dos dragões.
Enquanto isso, no Norte, Mindinho, o único cara que parece saber o que está fazendo na série, entregou a Sansa de mão beijada pra ser currada e surrada por Ramsey Bolton.
Os estupros na série, diga-se de passagem, se tornaram até cansativos, de tão banalizados.
Pra piorar, no caso de Sansa, pegaram uma personagem que crescia e ganhava importância nos livros, e a ancoraram num papel de vítima de onde simplesmente parece não haver saída, ao menos não sem ajuda.
Enquanto isso, o núcleo Lannister em Porto Real se divide. Enquanto Cersei segue quase à risca o caminho da rainha nos livros, com suas maquinações se voltando contra ela na forma do Alto Pardal, a caminhada peladinha, e até mesmo sor Robert Strong, Jaime, um personagem que, na literatura, se encaminha para um ato de redenção brilhante, numa série de capítulos que dava gosto de ler em O Festim dos Corvos, se transforma em garoto de recados da irmã/amante e vai pra Dorne com Bronn (e não com Ilin Payne).
Dorne, aliás, merece troféu.
O que prometia ser um núcleo fodelão após a excepcional participação de Oberyn Martell na temporada quatro se mostrou um porre, cheio de personagens xaropes (As serpentes da areia, por exemplo, foram de amargar), intriguinhas de vingança infantis, e sequências de luta de dar sono.
Enquanto isso Arya Stark vai se transformando em ninja na Casa do Preto e Branco. Tutelada por Jaquen H'gahr (que nem deveria estar lá, já que nos livros, supõe-se, tem um papel importante a cumprir em outras partes numa subtrama interessantíssima deixada de lado na série), mas, ao invés de cumprir suas tarefas conforme ocorre no livro, fica obcecada com a presença de um visitante de Westeros, em outra alteração de comportamento de um personagem que não acrescenta nada.
Provavelmente o único núcleo que não deixou a desejar ao longo do ano 5 foi o de Jon Snow, na Muralha.
O Senhor Comandante da Patrulha da Noite fez bonito, e o grande episódio da temporada (e certamente um dos melhores da série) foi protagonizado por ele, enfrentando o Inverno como nós jamais havíamos visto antes.
Infelizmente, parece que em Game of Thrones nenhuma boa ação fica impune, e o melhor personagem da série junto com Tyrion, exalou seus últimos suspiros no season finale.
Com muito mais baixos do que altos ao longo do quinto ano, Game of Thrones mostra que, infelizmente, a tendência de piorar à cada temporada parece ter se tornado regra, uma faceta perigosa em um programa que acaba de encontrar seu ponto mais baixo após dez episódios onde oito foram mornos ou menos.
Se Game of Thrones teve algum mérito em 2015, foi o de me encorajar a assistir Better Call Saul, para a qual eu estava um tanto quanto displicente, mas que é, essa sim, excelente.

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