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quarta-feira, 10 de junho de 2015
O Intruso Noturno
A Janaína, morena brejeira, cabelos castanho-escuros encaracolados lá pelo meio das costas bem desenhadas, pele morena, olhos escuros, bela estampa.
Moça bonita, e, poderia-se dizer, moça direita.
Estudava, trabalhava, maior de idade e vacinada. Sabia o que queria da vida, e se estava sozinha, meu filho, era por livre e espontânea vontade, pois pretendentes havia, e havia vários.
Como não haveriam, quando além da morenice descontraída e do rostinho de menina sapeca, com aquela bolsinha sob os olhos risonhos como têm a Larissa Riquelme e a Emanuelle Araújo, ela ainda tinha corpo de rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel?
Tudo no lugar, tudo no tamanho ideal, tenra e deliciosa?
Pretendentes havia, meu querido, apenas nenhum que despertasse na Janaína a mais remota vontade de se desfazer de sua rotina. De seu trabalho e de seu estudo e de seus planos para o futuro.
Janaína não se importava de dormir sozinha depois de um dia estafante por, muito melhor só do que mal acompanhada.
E era o que fazia, dormia. Dormia gostoso na cama de meio-casal sob as cobertas com seu corpo delicioso espremido dentro de um pijaminha feminino sumário, mas confortável.
estava no bom do sono, aquele momento em que nem sonhando a pessoa está, está só dormindo, mesmo. Curtindo a recarga da bateria, ali pelas quatro e meia, cinco da madrugada, quando sentiu um beijinho no pescoço.
Sensação gostosa, aquele teco estalado no pescoço, do ladinho, ali na altura da carótida. Encolheu-se gostoso pra dentro das cobertas.
Novo beijo, esse mais alto, quase onde o pescoço encontra o maxilar. Uma cócega.
Janaína riu, apertando os olhinhos fechados.
Nova investida, dessa vez, uma lambidinha.
Janaína quase sorriu de novo, mas estava, etão, desperta o suficiente para se dar conta de que, fora dormir sozinha. Pior que isso: Morava sozinha.
Pânico!
Abriu os olhos sentindo a respiração de alguém em seu pescoço, olhou, e em meio à penumbra, iluminado parcamente pela luz azulada do televisor ainda ligado, reconheceu a pessoa que se debruçava sobre ela:
Era Boris Casoy!
O septuagenário âncora de telejornais, cujo bordão "Isso é uma vergonha" tornara-se referência na época do SBT.
Boris Casoy estava sobre Janaína, a beijando de maneira sôfrega, esticando a língua pra fora da boca na tentativa de alcançar-lhe o pescoço longo, agarrado aos pulsos esguios da jovem.
Fios dos cabelos brancos e finos do apresentador escapavam de seu penteado conforme ele lutava para vencer a resistência de Jana e beijar-lhe os lábios, e, o horror, ela percebeu que ele estava usando a armadura de músculos transparente do Immortan Joe, e cuecas tipo sunga da Zorba, daquelas com abertura na frente, azul-refrigerador.
O pavor crescia em Janaía, que finalmente encontrou fôlego pra gritar!
E acordou sozinha em sua cama, sem sinal de ninguém ao seu redor. Na TV, Boris Casoy, apresentando o Jornal da Noite, falava sobre o escândalo na FIFA.
Janaína desligou a TV, virou-se para o lado e fechou os olhos.
Talvez, apenas talvez, desse uma chance ao próximo pretendente que lhe cruzasse o caminho.
Ou isso, ou desistiria de dormir vendo Jornal da Noite, pelo menos...
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