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segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Resenha DVD: Despedida em Grande Estilo
Eu me lembro de ter visto o trailer de Despedida em Grande Estilo no cinema, no começo do ano e pensar que, a despeito do talento acumulado em uma tela partilhada por Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin, aquele longa sobre velhinhos planejando um assalto a banco, era material de DVD sem tirar nem pôr.
A prévia do filme cheia de gags sobre a terceira idade, incluindo uma fuga em alta velocidade em um daqueles carrinhos elétricos com cesto de compras certamente não acenava com um produto à altura da biografia desses três atores oscarizados, e saber que a direção era de Zach Braff, o eterno JD de Scrubs (aliás, será que a Netflix jamais vai colocar Scrubs em seu catálogo?), que migrou para trás das câmeras no ótimo Hora de Voltar mas não engrenou com o meia-boca Lições em Família, não era exatamente um convite à bilheteria do cinema.
Foi pesando tudo isso, e mais a minha crescente aversão pelo mal-educado público médio do cinema atual, que me fez boicotar o lançamento em tela grande de Despedida em Grande Estilo em meados de abril.
Mas, passando pela locadora, no sábado, vi o filme pendurado na estante, e resolvi dar uma chance ao longa.
No filme, conhecemos Joe Harding (Caine), Willie Davis (Freeman) e Albert Garner (Arkin), três septuagenários, aposentados de uma indústria siderúrgica que moram em Nova York e são amigos há décadas.
Joe vive com sua filha e neta em uma pequena casa no Brooklin, mesmo bairro onde Albert e Willie dividem um apartamento. Os três frequentam um café onde o café é ruim mas a torta é passável, frequentam o clube dos Cavaleiros de Hudson e jogam bocha.
A vida mundana que os três amigos levam é sacudida quando Joe descobre que sua hipoteca triplicou de valor após um reajuste súbito que fora vagamente mencionado na assinatura do contrato, deixando-o próximo de ser despejado.
Willie está doente, e precisa de um novo rim, mas por conta de sua idade e do seu plano de saúde, quase certamente irá para o final da fila. Ele não tem dinheiro sequer para ver a filha e a neta mais de uma vez por ano, imagine para pagar pela cirurgia do próprio bolso.
Albert mal consegue pagar o aluguel, precisando completar o orçamento tocando saxofone em bares noturnos e dar aulas de música a crianças que não têm nem talento e nem interesse em aprender.
Quando a empresa onde trabalham resolve fechar suas portas nos EUA, tornando-se oficialmente isenta de pagar as pensões dos funcionários aposentados, e com o congelamento das pensões, repassadas ao banco, devido a débitos da empresa, os três, e todos os funcionários da empresa, ficam às margens da bancarrota.
É quando Joe está no banco verificando a situação de sua hipoteca que um grupo de homens armados com metralhadoras invade o estabelecimento para realizar um assalto que, sem vítimas, exceto a dignidade do gerente, rende mais de um milhão de dólares em pouco menos de dois minutos.
Vendo-se sem nenhuma outra alternativa para manter um teto sobre a cabeça de sua família, Joe começa a planejar um assalto ao banco que tomou posse do dinheiro que ele e seus amigos trabalharam duro para merecer na velhice, mas para fazê-lo, precisará da ajuda de seus velhos camaradas, e de algum apoio profissional, a questão é saber se boa-vontade e consultoria especializada serão o suficiente para fazer três anciãos se tornarem assaltantes no intervalo de algumas semanas.
Há uma inocência com sabor de Sessão da Trade de antigamente em Despedida em Grande Estilo, provavelmente fruto do carisma do elenco principal e de sua química absolutamente inegável em cena.
Acredito que poderia-se fazer um filme de duas horas apenas com Alan Arkin, Michael Caine e Morgan Freeman sentados na cafeteria falando bobagens enquanto tomam café e comem torta, e ainda assim, ter um resultado agradável. Despedida em Grande Estilo, claro, vai além disso, dividindo bem o tempo entre os três protagonistas, e povoando o pequeno microcosmo de cada um de modo a que saibamos que eles têm uma vida além uns dos outros, o que é bacana.
Também ajuda que o roteiro de Theodore Melfi (baseado em um roteiro original de Edward Cannon) trate os personagens com dignidade, sem apelar para piadas de disfunção erétil, incontinência urinária ou dentaduras, nem com personagens que não entendem nada de tecnologia e parecem viver no passado como frequentemente ocorre com filmes estrelados por personagens mais velhos.
Não é o caso aqui. Willie conversa com a filha e neta pelo Skype, Albert mantém uma relação saudável com Annie (Ann Margret), e Joe é perfeitamente capaz de manusear o cronômetro do telefone celular (além de revisitar seus dias de maconheiro em Filhos da Esperança em uma divertida sequência sequência).
Há piadas mais físicas, claro, que brincam com a idade dos assaltantes de primeira-viagem, como a sequência em que eles ensaiam seu roubo praticando furtos no super-mercado local, ou as frequentes aparições de Christopher Lloyd (Grande Scott!) como Milton, o velhinho absolutamente senil do clube, mas, por sorte, elas não viram uma muleta para o filme que se sustenta como uma versão açucarada do excelente A Qualquer Custo.
O elenco de apoio é sólido, contando com nomes como Matt Dillon, John Ortiz, Joey King, Peter Serafinowicz, Siobhan Fallon Hogan e Kenan Thompson, enquanto a direção de Braff é operária, ele apenas conduz a história deixando que seu trio protagonista brilhe.
Uma decisão acertada.
Sem arroubos nem exageros o longa anda tranquilamente pelos seus econômicos 96 minutos, fazendo com que a audiência torça pelos três veteranos de quem é quase impossível não gostar, e garante que, se não chega a ser memorável, Despedida em Grande Estilo certamente não é ofensivo ou desagradável.
Certamente vale a locação.
"Esses bancos praticamente destruíram esse país. Eles esmagam os sonhos das pessoas e nada nunca acontece com eles. Nós, três velhos, nós assaltamos um banco. Se conseguirmos sair limpos, nos aposentamos com dignidade. Se o pior acontecer e nós formos pegos, ganhamos cama, três refeições por dia e um plano de saúde melhor do que o que temos agora."
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É uma história divertida e muito engraçada. Seguramente o êxito de Despedida em Grande Estilo deve-se a participação Morgan Freeman no filme, porque tem muitos fãs que como eu se sentem atraídos por cada estréia cinematográfica que tem o seu nome exibição. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno.
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