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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Resenha DVD: Jumanji: Bem-Vindo à Selva


Quando Jumanji: Bem-Vindo à Selva estreou no Brasil no começo desse ano já como um sólido sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, eu ainda não tinha certeza se o filme era uma sequência, remake ou reboot do longa original lançado em 1995 que adaptava o livro homônimo de Chris Van Allsburg a respeito de um peculiar jogo de tabuleiro que implementa suas regras, bem como uma vasta gama de animais da selva, ao mundo real de maneiras consideravelmente perigosas.
O que eu sabia é que as caras de Dwayne "The Rock" Johnson e Kevin Hart em um poster eram a certeza de que, fosse o que fosse, o filme era um esforço da Sony para capitalizar.
A receita de uma bilheteria segura estava toda ali, da propriedade intelectual conhecida do público aos atores carismáticos que, via de regra, atraem fãs ao cinema, deixando bem claro que quaisquer que fossem as ideias por trás do novo Jumanji, elas estavam soterradas sob toda a salvaguarda corporativa que um grande estúdio pode tentar aplicar sobre um longa metragem, incluindo um diretor com alguma rodagem mas sem nome o suficiente para querer transformar o filme em algo demasiado "seu", no caso, Jake Kasdan, que tem algumas comédias meia-boca em seu currículo de cineasta e cujo grande mérito na carreira provavelmente é ser filho de Lawrence Kasdan, o roteirista dos melhores Indiana Jones e de alguns dos melhores Star Wars de que eu sou capaz de lembrar.
De qualquer forma, tal pacote não me levaria ao cinema, e eu obviamente ignorei o novo Jumanji e sua bilheteria quase bilionária nos cinemas. Mas na sexta, com um feriado pelo caminho, resolvi dar um pulo na locadora e ver as possibilidades disponíveis, e, com o filme dando sopa na estante de lançamentos, pensei que não seria mau ver uma bobagem na tarde de domingo. Após pesar prós e contras, "Melhor do que assistir ao Inter", pensei, e, ontem à tarde, de fato me aconcheguei no sofá pra ver o longa após um almoço tardio imaginando que, na pior das hipóteses, teria um forte candidato à lista de piores do ano.
Jumanji: Bem Vindo à Selva abre com um prólogo no ano de 1996, onde o tradicional jogo de tabuleiro, após ser esnobado por um adolescente viciado em Playstation One, se transfigura em um cartucho de vídeo-jogo que, ao ser ligado em um console, suga o guri, que se transforma no Alan Parrish da vez, o rapaz desaparecido cujo pai atormentado se tornou uma espécie de bicho-papão local vinte anos após o sumiço do filho.
É após esses vinte anos que conhecemos Spencer (Alex Wolff, que eu jurei que fosse seu irmão, Nat Wolff), um jovem nerd retraído e solitário agora que seu ex-melhor amigo, Fridge (Ser'Darius Blain) entrou pro time de futebol americano e ficou popular. O único vínculo remanescente entre Fridge e Spencer, é que o nerd faz trabalhos e redações escolares para o atleta, mas mesmo esse vinculo se rompe quando a professora nota as óbvias similaridades entre os papéis de Fridge, e os antigos trabalhos de Spencer, encrencando a dupla.
Pegos no ato, os dois são encaminhados para a detenção, onde serão punidos junto com Bethany (Madison Iseman), uma completa idiota que passa seus dias tirando selfies preocupada com a própria popularidade nas redes sociais, castigada por usar o telefone na sala de aula, e Martha (Morgan Turner), uma jovem antissocial que se recusou a participar da aula de educação física.
Os quatro são incumbidos de preparar uma grande quantidade de revistas para reciclagem num depósito da escola, mas, uma vez lá, se deparam, numa caixa de doações, com um console de videogame e um único cartucho: Jumanji.
Sem mais nada pra fazer exceto tentar não cumprir a tarefa, o quarteto resolve jogar ao menos um pouco, mas assim que escolhem seus personagens, os adolescentes são sugados pra dentro do jogo, agora na forma dos avatares que escolheram. Assim, Spencer ganha a cara e os músculos do Doutor Smoulder Bravestone (The Rock), Fridge se transforma no pequeno especialista em zoologia e valete de armas Moose Finbar (Kevin Hart), Martha ganha a carinha mimosa e o corpinho gostoso de Ruby Roundhouse (Karen Gillan) enquanto Bethany se torna Prof. Shelly Oberon, que ela supunha ser uma personagem feminina mas na verdade tem as feições e "curvas" de Jack Black.
Não demora para o quarteto ser visitado por Nigel (Rhys Darby), um personagem não-jogável, e descobrirem que a única forma de voltar para o mundo real é terminar o game. Eles devem pegar o Olho do Jaguar, uma joia mágica que Nigel roubou de John Van Pelt (Bobby Cannavalle), vilão que planeja usar a gema para clamar domínio sobre Jumanji, e devolvê-la à estátua de onde foi roubada, mas para isso, os quatro jovens terão que trabalhar juntos, e, mais importante, confiar uns nos outros, e em Hidroavião McDonough (Nick Jonas), avatar de Alex, o rapaz desaparecido do prólogo, para chegar ao fim do jogo, gritar "Jumanji" e voltar pra casa.
Eu não sei se foi pelo fato de ter baixíssimas expectativas com relação ao longa, mas Jumanji: Bem-Vindo à Selva funcionou pra mim.
Dentro de sua proposta o longa poderia ser um filme nota quatro, com uma produção de nível decente, cenas de ação geograficamente corretas, e momentos de comédia em profusão dos quais nem todos funcionam, mas a verdade é que, a despeito do roteiro de Chris McKenna, Scott Rosenberg, Jeff Pinkner e Eric Sommers não ter lá nada de muito novo a oferecer, ameaçando até mesmo esgotar a piada do nerd magricelo se transformando em The Rock, e da gostosinha popular virando Jack Black, etc... bem cedo, há um comprometimento bacana do elenco com esses personagens. A sinceridade com que Dwayne Johnson, Kevin Hart, Karen Gillan e Jack Black interpretam adolescentes inseguros e/ou socialmente ansiosos é legal, e eleva o filme além da premissa. Se a comédia nem sempre funciona, por vezes tem um elemento cartunesco óbvio, e sequência como Bethany, na pele de Jack Black, ensinando Martha, com as formas longilíneas de Gillan a ser sedutora, são simplesmente engraçadas, provavelmente porque os atores estão se divertindo em cena.
Há uma leveza inerente ao filme, uma despreocupação desencanada por sabermos de antemão que nenhum daqueles personagens corre risco real, que tornaria outro filme quase descartável, mas o novo Jumanji acaba sendo salvo pelo seu elenco (que ainda conta com Missi Pyle, Marc Evan Jackson e Colin Hanks), pela sua franca benevolência, e por um final água-com-açúcar que não é, de forma alguma, forçado.
Jumanji: Bem-Vindo à Selva está longe de ser uma grande obra, ou sequer um filme vagamente memorável, mas é inofensivo, divertido, e certamente preenche uma tarde de domingo muito melhor do que qualquer programação dominical da TV.
Vale a locação.

"Um jogo para aqueles que querem encontrar/Uma forma de deixar seu mundo para trás."

2 comentários:

  1. A crítica do filme é interessante, obrigado por compartilhar. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, é maravilhoso, divertido e eu desfrutei muito. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio. Não tem dúvida de que The Rock foi perfeito para o papel de protagonista. Você gosta de filmes com the rock? Adorei como fizeram a historia por que não tem nenhuma cena entediante. É um bom filme para ser visto num sábado, garantida a diversão ao espectador.

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    1. Que bom que tu gostou, Paulina. Sim, eu gosto de filmes com o The Rock, mas não de todos. Até porque ele anda fazendo filmes demais, e isso chacoalha um pouco a qualidade, mas achei Jumanji bacana.

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