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terça-feira, 3 de abril de 2018
Resenha Cinema: Jogador N° 1
Literalmente ontem, eu falava com meu irmão a respeito de diretores de cinema, e de como nós dois concordamos que, apesar de Martin Scorsese ser o sujeito do qual nós gostamos de todos os filmes, nossa referência em se tratando de cineastas topo de linha, era Steven Spielberg.
Conjecturei que isso provavelmente se deve ao fato de que Spielberg foi o sujeito que ajudou a moldar os anos oitenta, a década do qual eu sou filho, com seu cinema.
É impossível ter crescido nos anos oitenta e gostar de cinema sem ter assistido a filmes dirigidos ou produzidos por Spielberg, e se nas décadas seguintes o diretor de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Os Caçadores da Arca Perdida e E.T. - O Extraterrestre "cresceu", dirigindo grandes filmes para adultos como A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan, ele jamais deixou de, volta e meia, brindar as audiências com retornos ao seu eu nerd, embora, eles se tornassem menos recorrentes com o passar dos anos, conforme a aura de cineasta sério de Spielberg foi tomando conta e suas escapulidas de volta à diversão descompromissada não fossem mais tão eficientes.
Ainda assim, eu resolvi ir ao cinema para assistir a Jogador Nº 1 sem ter visto um único trailer do filme sequer (embora tivesse uma ideia básica da premissa por ter lido a respeito), e ver a quantas anda a nerdice de Spielberg. Na pior das hipóteses, pensei, seria uma oportunidade de exercitar minha própria nerdice.
Jogador N°1 se passa em 2045.
A Terra é um lugar basicamente com os mesmos problemas de hoje, mas pior.
O mundo ainda não é uma distopia, mas está no caminho. Há breves explicações de como isso ocorreu, mas a escassez de comida e a falta de tecnologia para todos são mencionadas na "seca do xarope de milho" e nas "passeatas por banda-larga", enfim, é um mundo que não é difícil de imaginar para daqui há 27 anos, infelizmente. As super-corporações tornaram os ricos super ricos, e os pobres tão pobres que as empresas podem usar as dívidas das pessoas para prendê-las em campos de trabalho virtual conhecidos como Centros de Lealdade.
Todavia, em meio a esse futuro sombrio e miserável há um lugar onde todos são iguais: O OASIS.
OASIS é um game de realidade virtual que permite ao seu jogador ter a aparência que ele quiser e fazer o que tiver vontade em um universo artificial onde tudo é permitido. De enfrentar monstros em mundos vulcânicos com cara de Mustafar, a fazer apostas em cassinos do tamanho de planetas, a escalar o monte Everest com o Batman, tudo é possível, até mesmo apenas andar por aí com seus amigos, como faz Parzival.
Parzival é o avatar com pinta de personagem de Final Fantasy de Wade Watts (Tye Sheridan, o Ciclope de X-Men), um jovem órfão que vive nas "Pilhas", favelas verticais formadas por trailers empilhados na periferia de Columbus, Ohio, a cidade que mais cresce no mundo.
Wade, como a maioria das pessoas, passa a maior parte de seus dias na Oasis, escondido da tia com quem mora e do seu namorado abusivo, na companhia de seu amigo Aech, um gênio da mecânica e customização virtual com a aparência de um orc com próteses biônicas catando moedas para usar no jogo.
As coisas no OASIS, porém, mudaram há algum tempo.
James Halliday (Mark Rylance), o gênio tecnológico que criou o OASIS, anunciou, em seu leito de morte, que daria início a uma competição para encontrar seu sucessor.
Dentro da OASIS haveriam três chaves, e a primeira pessoa que fosse capaz de encontrá-las, iria se tornar o herdeiro de Halliday, comandando o reino virtual e seu império de negócios multi-trilionário.
Isso, porém, foi há cinco anos. E nesse período ninguém encontrou sequer uma chave.
Não que não haja pessoas tentando. De rastreadores solitários como Art3mis (Samantha Cooke) a caçadores corporativos como Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), CEO da IOI, companhia de tecnologia rival de Halliday, disposto a investir uma fortuna na busca pelas chaves, pagando times de funcionários para passar 24 horas por dia no ambiente virtual em busca de pistas que possam levá-lo ao controle da OASIS, mas a verdade é que a maioria dos jogadores meio que já abandonou a busca.
Ao menos até Parzival/Wade entender uma das pistas espalhadas por Halliday em seu reino virtual após uma conversa com Art3mis, e encontrar a primeira chave.
Isso imediatamente dá início a uma corrida da qual as consequências se espalham do OASIS para o mundo real, e Wade logo percebe que, sozinho, não tem grandes chances contra a máquina corporativa de Sorrento, e que sua melhor chance de vencer a IOI nessa competição pelo destino da OASIS, é contar com a ajuda de seus amigos na busca pela herança de Halliday.
A mera oportunidade de ver Spielberg brincar de povoar um gigantesco sandbox virtual renderizado à perfeição com homenagens e referências à cultura pop (oitentista em particular, mas não apenas) já valeria um ingresso.
Logo no começo do filme há uma corrida de automóveis sendo disputada por entre outros, o DeLórean de De Volta Para o Futuro, o furgão de Esquadrão Classe A, a moto de Kaneda em Akira, Christine, o Carro Assassino pilotado pela Lara Croft e o Batmóvel dos anos sessenta. A corrida ocorre em uma Nova York virtual e à certa altura há um ataque do T-Rex de Jurassic Park, e logo adiante King Kong salta do Empire State para impedir os corredores de chegarem ao Central Park...
Mais adiante no filme, há uma batalha lutada por um Gundam, pelo Mechagodzilla, e pelo Gigante de Ferro em um campo tomado pelos Battletoads, pelas Tartarugas Ninja, Spartans de Halo, o Arkham Knight e a Arlequina...
Mas espertamente Spielberg não deixa que o filme se torne apenas um Onde Está Wally de referências nerd digitais.
A despeito de eventuais sessões de exposição ("easter-egg" é um termo relativamente comum para a audiência média de hoje em dia, mas particularidades do game setentista Adventure, do Atari 2600, podem não ser), e do vilão manjado de Mendelsohn (que repete o papel de Rogue One, O Cavaleiro das Trevas Ressurge e Êxodo: Deuses e Reis), o diretor conseguem equilibrar o longa, sabendo a hora de voltar pro mundo real e, mais do que isso, de centrar fogo na relação entre Wade e Samantha, o alter-ego de Art3mis.
Essa relação, por sinal, é um dos pontos altos do filme, com Art3mis sendo uma parceira em pé de igualdade, se não superior a Parzival, tomando parte na aventura, da pancadaria à resolução dos quebra-cabeças.
Sheridan e Cooke são bons juntos, mas todo o "High Five" trocadilho que se perde na tradução do nome do grupo como "Os Cinco do Topo", é bacana, com destaque para Lena Waithe, que se sobressai a Win Morisaki e Phillip Zhao, que têm papéis menores em um elenco que conta ainda com Simon Pegg, T.J. Miller, Hannah John-Kamen e Susan Lynch.
Um diretor menos talentoso poderia se perder na hora de conduzir o roteiro de Zak Penn e do autor do livro, Ernest Cline, e levar a coisa toda pro lado errado, mas Spielberg consegue contrabalançar a nostalgia oitentista que permeia todo o roteiro com suas referências a De Volta Para o Futuro, aos filmes de John Hughes e O Iluminado (uma das mais sensacionais sequências do filme) com uma história envolvente e despida de cinismo que, se não chega a repetir a magia do Spielberg de antigamente, deixa bem claro que ele ainda é um mestre no jogo que criou.
Assista no cinema, e liberte sua criança interior.
Vale a pena.
"As pessoas vêm a OASIS por tudo aquilo que podem fazer, mas ficam por tudo aquilo que podem ser."
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Na verdade sou muito fã de ver filmes de ação, eu adorei Jogador Nº 1. A história é muito boa e original. Eu recomendo, é um de os melhores filmes de ação, acho que o ator principal fez um trabalho excepcional e demonstrou suas capacidades, adoro assistir filmes de ficção! É um filme que vale muito a pena ver. Adorei a participação de Tye Sheridan. Espero poder seguir de pertos seus próximos projetos para a evolução do seu trabalho. Realmente recomendo!
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