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sábado, 31 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 13: Playland
Atenção! Zona de spoilers abaixo!
Jessica Jones alcançou o clímax de sua segunda temporada em um episódio que manteve o ritmo lento que foi a marca de todos os capítulos anteriores, mas com alguns arroubos de movimentação que serviram pra colocar um fecho sobre a história contada por Melissa Rosenberg nesse segundo ano.
Jessica foi nocauteada e sequestrada por Alisa. O plano da mamãe Jones para Jess é o mesmo que ela tinha com Karl: Fugir para o Uruguai, onde ela e Jessica viveriam juntas longe de todos aqueles que querem feri-las.
Claro, Alisa não leva em conta que quem mais feriu Jessica recentemente foi ela, mas enfim... Jess, como era de se esperar, aceita a oferta.
Se uma coisa ficou clara nessa temporada foi que a investigadora se ressente da falta da família, e parece estar disposta a topar qualquer parada para recuperar o convívio com a mãe, nem que seja necessário quebrar a lei, obter documentos falsos e se tornar uma fugitiva.
Por mais que Jessica esteja disposta a embarcar nessa com sua mãe, acho que todo mundo, inclusive as duas, sabe que isso não duraria muito tempo. A despeito do discurso sobre as Jones serem as mulheres mais poderosas do mundo (a Feiticeira Escarlate manda lembranças), a verdade é que Jess é uma alcoólatra deprimida e Alisa uma psicótica com super-força.
Não há como elas viverem em paz. Não há final feliz possível.
Após um acidente na estrada, Alisa tem um momento de clareza, e percebe isso. Ela percebe que não seria bom para Jessica tentar andar nesse caminho, e as duas partilham um momento de paz e conexão juntas, mas isso é Jessica Jones, e ninguém pode aproveitar um momento tranquilo por muito tempo, ao menos não sem experimentar as amargas consequências de seus atos.
E uma das pessoas com as consequências mais amargas a experimentar é Trish, que à revelia dos desejos de Jessica assume o papel de vigilante que sempre desejou para si, e arrisca toda a relação com a irmã adotiva em nome de sua arrogante busca por justiça, num movimento que certamente terá trevosas consequências para o futuro das duas.
Novamente houve um esforço dos roteiristas para mergulhar fundo na psiquê de todos os personagens garantindo à audiência a chance de ver como todos eram desagradáveis e problemáticos e merecem o fim que lhes foi reservado, mas, ao menos Jessica Jones deixou de ser a perdedora mais patética do próprio seriado (embora tenhamos descoberto ao longo dos últimos capítulos, que seu principal super-poder é choramingar "mom" quando Alisa estava prestes a matar alguém, a própria Jessica, inclusive.).
Sendo bem franco, se Playland tivesse sido o décimo capítulo da temporada, esse segundo ano de Jessica Jones teria sido bom. Talvez até melhor do que o primeiro, apesar da ausência de um antagonista de verdade.
A série tomou uma decisão interessante ao mostrar que alguns monstros não podem ser enfrentados a socos, e que algumas vezes, a melhor das intenções pode ter resultados catastróficos, a última cena entre Jessica e Alisa é particularmente inspirada. Talvez porque seja um dos raros momentos em que a série se despe do cinismo e do miserê habituais e oferece um respiro aos seus personagens. Lhes permitindo agir como seres humanos, imperfeitos, sim, mas não necessariamente abjetos. É pena que a mesma cortesia não tenha sido estendida aos coadjuvantes, que,no final das contas, sempre soaram como uma bagagem à qual os roteiristas e a showrunner não souberam se dirigir adequadamente.
À exceção de Jeri Hogarth, que teve um arco bem definido ao longo da temporada (ainda que, em última análise absolutamente inútil, já que a personagem não evoluiu em nenhum sentido, começando e terminando seu arco sem mover suas convicções nem um milímetro), os demais coadjuvantes foram apenas esculhambados.
Malcolm sempre fora um xarope de carteirinha, e após ser vilipendiado durante treze capítulos, agora é um xarope mau-caráter.
Trish era a conexão de Jessica com a normalidade ao mesmo tempo em que tentava mirar a amiga em direção ao heroísmo, e agora é uma vigilante sanguinária de fazer Frank Castle coçar a cabeça.
Jessica, por sua vez, finalmente evoluiu, e esse final de temporada foi mais agridoce do que a amargura trágica do décimo terceiro capítulo do primeiro ano. Longe de ser um "felizes para sempre", ao menos houve uma sugestão de paz, e, no mundo estabelecido pela série, parece ser o máximo que a audiência pode almejar para a dona da Codinome Investigações.
"'Herói' não é um palavrão."
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