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quarta-feira, 21 de março de 2018
Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 2, Episódio 6: Facetime
Atenção para pesados spoilers adiante!
Jessica Jones vinha fazendo um trabalho bastante competente em manter sua verdadeira trama oculta, a série, afinal de contas, tinha apenas o fiapo de investigação a respeito do IGH como sua mola propulsora e, todo o resto, era apenas purpurina e falatório sem destino.
A segunda temporada do programa estava chegando à metade com uma sensível sugestão a respeito de um antagonista no que parecia unicamente um esforço de roteiro para garantir que todos os personagens se tornassem insuportáveis como a protagonista a qualquer custo ao longo dos arrastados capítulos.
Nesse sexto episódio as coisas mudaram sensivelmente.
Não me entenda errado, os coadjuvantes seguem se esforçando para se tornarem menos e menos gostáveis, e o falatório é intenso, mas finalmente nós temos alguma reviravolta e um elemento que faz a trama andar.
A mulher misteriosa que Jessica vinha perseguindo é, na verdade, sua mãe!
Alisa Jones foi retirada dos escombros do acidente que ceifou a vida da família de Jessica da mesma forma que a protagonista, mas com lesões muito mais graves, necessitou de um período mais longo de tratamento nas mãos do doutor Karl Malus e teve sequelas consideravelmente mais graves, nominalmente, as explosões de ira descontrolada que acompanham sua super-força, um par de problemas curiosos pra quem tem DNA de polvo em si. Talvez Alisa devesse apenas disparar jatos de tinta do umbigo, ou algo que o valha... Enfim, conhecendo essa surpreendente revelação, Jessica, inicialmente, não está impressionada. Ela não vê a revelação de Alisa e Karl como uma chance de reclamar sua família perdida. Como poderia, afinal?
Pra uma pessoa normal já seria estranho reencontrar um parente dado como morto há vinte anos, imagine pra uma pessoa tão mentalmente perturbada quanto Jessica, que afasta tudo e todos de maneira quase patológica, reencontrando uma mãe que mudou de rosto e agora é uma homicida super-poderosa?
Nesse caso, especificamente, devo dizer que entendo as reservas de Jess totalmente.
A personagem-título, por sinal, tem tanta coisa em seu prato nesse momento, que está completamente ignorante ao fato de que todas aquelas pessoas aparentemente normais que orbitavam ao seu redor, subitamente estão se tornando ainda mais fodidas do que ela própria.
Jeri Hogarth começa a manipular de maneira descarada o sistema legal ao tomar conhecimento de um paciente do IGH que pode curar com as mãos (que raio de efeitos colaterais de tratamento são esses?), o que seria uma grande conquista para a advogada prestes a perder tudo em sua luta contra a esclerose lateral amiotrófica, enquanto Trish...
Bem, Trish foi da personagem mais bacana da primeira temporada (atrás de Kilgrave, claro.) à viciada problemática bem rapidamente.
A obsessão da ex-estrela infantil com o inalador de Simpson andou ligeirinho até a nóia pura e simples, com a personagem cheia de tiques nervosos e crises de abstinência bem óbvias além de nenhum constrangimento em mentir e manipular seus amigos para dar mais um teco no bagulho. Com Jessica enterrada até o pescoço na sua própria merda, talvez seja impossível para a investigadora se dar conta dos sinais do naufrágio de sua amiga, e caiba a Malcolm juntar os cacos de Trish, já que, aparentemente, os dois têm a chance de se tornarem um casal.
Jessica Jones chegou ao sexto capítulo e, após seis horas de falatório impiedoso, finalmente fez a trama caminhar reorientando todo o set up estabelecido na temporada até o momento.
"Peixes foram assassinados, cidadãos aterrorizados..."
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