Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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sexta-feira, 29 de junho de 2018
Resenha Série: Luke Cage, Temporada 2, Episódio 3: Wig Out
Atenção para os spoilers!
O terceiro episódio da temporada de Luke Cage resolveu dar uma acelerada nas coisas tanto no quesito drama, quanto na ação.
Após espicaçar Cockroach na porrada, Luke precisou chamar Claire pra manter o bandido vivo. Obviamente a enfermeira não ficou satisfeita tanto com a violência do ataque de Luke ao criminoso quanto com seus pedidos de segredo a respeito de sua intervenção.
Após um breve sermão, Claire chama uma ambulância para Cockroach, e Misty para Luke.
Apesar de a detetive não prender Cage, fica claro que a relação entre o herói do Harlem e a enfermeira noturna não vai bem. Após um par de discussões, Luke grita com Claire e esmurra um buraco na parede do apartamento dela.
Apesar de entender a necessidade de colocar um pouco de drama na mistura, me parece que apenas dois episódios é muito pouco tempo pra fazer Luke ir de sujeito cuca-fresca e boa-gente a vigilante violento e namorado abusivo.
Por mais que a fama e o poder possam subir à cabeça de qualquer pessoa, é difícil não considerar estranho que, de repente, Luke tenha toda essa raiva fervendo dentro de si.
De qualquer forma, ao menos essa raiva serviu pra embalar uma boa sequência de luta entre Luke e os capangas de Bushmaster (não. Eu não vou chamá-lo de Surucucu e nem de "Cobra Mestra"), embora, eu não possa deixar de me perguntar por que, à essa altura do campeonato, as pessoas seguem dando tiros em Luke Cage... Será possível que os bandidos de Nova York ainda não tenham entendido que não adianta?
Uma cena envolvendo uma granada, porém, é bem bacana. Com direito, até, a uma expressão de dúvida na cara de Cage antes de o artefato explodir.
Enquanto Luke estava distribuindo porrada e destruindo seu relacionamento, Misty estava destruindo sua carreira.
Na primeira temporada da série, em diversas ocasiões, Simone Missick carregou o programa nas costas. Sua linha narrativa era dinâmica e, por vezes, mais interessante do que a de Luke, por isso é um pouco desapontador ver a personagem fazendo tanta bobagem.
Por mais que a audiência consiga entender que Misty conhece as intenções de Luke como herói, e que ela seja uma veterana condecorada da polícia, fica difícil conceber que uma detetive experiente fosse fazer besteira o bastante pra ser rebaixada à bedel de escola dias depois de ser reintegrada à força. A quantidade de atos impensados e insubordinações puras dela são de amargar.
Por sorte as neuras da personagem, que tem, provavelmente, o arco mais sem-graça até aqui, garantiram uma excelente participação especial:
Colleen Wing (Jessica Henwick), a melhor parte de Punho de Ferro deu as caras em uma divertida sequência de pancadaria em um bar evocando As Filhas do Dragão dos quadrinhos e mostrando que:
A) Jessica Henwick merecia uma série melhor, e B) que eu quero muito me casar com ela.
Enquanto os heróis patinam, a bandidagem manda bem.
Mariah Dillard e Shades seguem com uma boa linha narrativa. O segmento do estranho casal de vilões é um ótimo drama criminal, e poderia render, por conta própria, uma boa série. A dinâmica de Theo Rossi e Alfre Woodard é divertida e cheia de uma química insuspeita. A forma como a balança de poder dos dois oscila é sempre dinâmica e as cenas dos dois jamais parecem encheção de linguiça.
O encerramento do capítulo, com um novo encontro entre Luke e Bushmaster, agora com o vilão carregado de energia graças às suas ervas (É. O jamaicano se recarrega com ervas. Enfim...), promete dar uma sacudida na arrogância que parecia ter tomado conta do protagonista após o recente aumento de seu poder.
Outro momento digno de nota no episódio foi a interação entre Claire e James Lucas, onde pudemos ver um lado totalmente diferente do pastor demonizado por Luke. Na cena, o pai do protagonista parece um homem gentil e até divertido, bem diferente da carranca que usa ao tratar com seu filho.
Enfim, Wig Out se destacou em diversos aspectos dos demais capítulos da temporada até aqui, e, apesar de alguns tropeços, mostrou que o segundo ano de Luke Cage, tem potencial de melhora.
Vamos esperar pra ver...
"-Você sabe quem eu sou?
-Você é Luke Cage. Se acha mais rápido que Usain Bolt.
-Eu nunca disse isso..."
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quinta-feira, 28 de junho de 2018
Vantagem
Ela e ele, deitados lado a lado no sofá.
Estavam espremidos, os dois, mesmo ela sendo bem pequenininha. Ele não se importava. Ficar espremido com ela significava que eles estavam totalmente em contato, corpos colados dos pés à cabeça. Ou ao menos que ele estava em contato com ela, inteira. Ela, por sua vez, ficava lhe devendo uns trinta centímetros de diferença.
Ele comentou isso. Que era mais vantajoso pra ele ter ela assim, colada em si, do que para ela, por conta da diferença de altura.
-Trinta centímetros de vantagem pra mim. - Ele sorriu.
Ela suspirou e resmungou:
-Mais, até... Eu estou encolhendo com a idade...
Ele riu da ideia:
-Como assim, "encolhendo"? - Quis saber, divertido.
-Eu estou. Tô te falando. Minhas roupas estão ficando mais compridas... Meus sapatos estão largos... Eu tô encolhendo.
Ele riu, abraçado nela:
-Tu tá é ficando mais assanhada, por isso as roupas parecem compridas. Tu *gostaria* que elas estivessem mais curtas pra tu poder mostrar mais as pernas. - Ele disse, enfatizando o "gostaria".
Ela não respondeu à maldosa provocação. Continuou:
-E meus sapatos? - Perguntou.
-Estão velhos e alargaram. "You need new clothes". - Ele disse, imitando o Chandler, de Friends, em um episódio onde Monica menciona sutiãs rasgados e calças manchadas.
Ela riu, mas ficou séria novamente, e, colocando a mão pra trás para tocar no rosto dele disse:
-Eu não sou mais aquela guria de vinte e poucos anos que tu conheceu... Eu tenho rugas...-
Ele a interrompeu:
-Rugas? Onde?
Ela não especificou:
-Eu tenho... Ruga... Cabelo branco... E tô encolhendo. Tu ainda vai querer ficar comigo quando eu for uma velhinha pequena?
Ele riu de novo. Estava, de fato, se divertindo, senão com a conversa, com os termos que ela usava. Ela continuou, muito solene:
-Eu sei que tu te apaixonou por mim por quem eu era em meu interior, mas-
Ele interrompeu de novo:
-Não. Não, foi. Lamento a franqueza, mas a verdade é que se fosse só teu interior, nós seríamos apenas melhores amigos, e pronto. Eu sou raso assim. Eu não me apaixonei só pela tua mente e o teu coração, eu me apaixonei pelo conjunto todo. Não teria, provavelmente, me apaixonado só pelas tuas pernas, pelo teu rosto, mãos e ombros... Não. Mas... Olha, tu te lembra de mim, lá atrás, quando já estávamos juntos, secando teu decote e olhando a tua bunda...
-Eu lembro... - Ela disse, rindo.
-Pois é. Era a coisa toda. Nunca foi só uma parte. Foi o conjunto. A coisa toda, junta e misturada.
Ela sorriu, virando a cabeça, e ele também fez uma contorção para conseguir beijá-la. No meio do beijo, porém, ela estacou, descolando seus lábios dos dele:
-Mas peraí! - Ela disse -Isso quer dizer que, comigo ficando velha e feia, tu não vai me amar pra sempre!
Ele parou de sorrir e respondeu:
-É... Eu não vou te amar pra sempre. Eu já te amo pra sempre.
Resenha Série: Luke Cage, Temporada 2, Episódio 2: Straighten It Out
Atenção! Pode haver spoilers!
O primeiro capítulo da nova temporada de Luke Cage terminou com o herói do Harlem dando risada na cara de uma bala Judas, tu sabe, aquelas que meio que matavam ele dois anos atrás.
Luke foi explodido e baleado com a bala assassina, mas não ficou sequer arranhado, ainda fez pose para o seu relações públicas, D.W. (Jeremiah Craft) e prendeu Arturo Rey (Otto Sanchez), tudo isso fez Luke perceber que ele está mais indestrutível e forte do que antes.
Claire tem a teoria de que o banho químico que ela deu nele para salvá-lo na primeira temporada pode ter reforçado as conchas de abalone da pele impenetrável de Luke, e quer testá-lo.
Essa é a deixa para uma montagem de treino com algumas personalidades esportivas que devem ser importantes nos EUA mas que eu não conheço, mostrando Luke correndo, saltando, jogando pneus bem pesados à grandes distâncias...
Eu cresci nos anos 80, então sei admirar uma boa "training montage", mas a verdade é que o "teste" de Luke foi bem meia-boca. Todo mundo sabe que Luke consegue jogar coisas longe, praticamente todas as cenas de ação de Jessica Jones envolvem ela jogando coisas ou pessoas longe, e Luke, ao menos em teoria, é mais forte que ela. Não seria legal ter visto quanto peso Luke consegue erguer antes de sentir dor nos joelhos? Que tipo de impacto é necessário pra tirar ele do lugar? Que temperatura até ele começar a sentir uma queimadura?
Enfim, nós descobrimos que ele pode arremessar um pneu de 200 quilos através de um campo, saltar três metros além do recorde mundial de salto em distância e correr mais rápido de Usain Bolt, sem saber quanto ele podia arremessar, saltar ou correr antes, mas enfim...
Enquanto Luke tira selfies e mais ou menos testa seus super-poderes, Shades e Mariah veem os planos de se tornarem limpos serem atrasados pela prisão de Arturo.
Shades, que não via Arturo como a melhor opção de comprador para as armas Hammer, aproveita o desrespeito de El Tercero, e o mata, reduzindo a lista de potenciais interessados na mercadoria que ele e Mariah têm para negociar.
Aliás, é difícil não supôr que Shades está tramando contra os planos de Mariah. Assistindo Straighten It Out eu tive a nítida impressão de que a bala Judas que ele ofereceu a Arturo era sabotada. O ex-capanga de Cascavel já deixou claro que não vê com tanto entusiasmo a ideia de Mariah de se tornar uma empresária legítima, e eu não me surpreenderia se ele desse um golpe em algum momento da trama...
Falando em Mariah e em golpes, a ex-vereadora parece decidida a retomar sua carreira política e, seguindo a orientação de uma marketeira, resolve se reaproximar de uma filha de que nunca ouvíramos falar, Tilda Dillard (Gabrielle Dennis), médica que toca uma loja de produtos fitoterápicos...
Mariah não é a única genitora tentando se reaproximar de sua prole, porém. James Lucas volta a tentar falar com Luke, e novamente é rechaçado pelo filho.
Isso leva Luke a ter uma discussão com Claire a respeito da família. O casal têm problemas no tocante a esse assunto, e, devo confessar, eu também tenho um pouco. Problemas familiares do tipo "meu pai não me entende" à essa altura do campeonato, especialmente após ter suportado uma temporada inteira de Jessica Jones baseada na mesma premissa e com Demolidor surgindo (com sorte) no final do ano sugerindo que a Ma~e de Matt pode estar de volta... É drama familiar demais pra séries de super-heróis...
De qualquer forma, o novo vilão da vez, Bushmaster, aparece cuspindo balas. Pra fora do próprio peito.
O bandidão jamaicano não é tão à prova de balas quanto Luke, e após ouvir falar sobre Luke Cage, parece tão decidido a derrubar o herói do Harlem quanto Mariah Dillard. Para isso, porém, ele parece precisar de um composto de ervas chamado "Sombra da Noite", que supostamente é a fonte de suas habilidades. Um jamaicano ganhando super-poderes graças a erva? Soa como uma piada ruim, mas vejamos. Pouco vimos de Bushmaster até o momento, e, pelo pouco que vimos, ele é um personagem consideravelmente menos interessante do que Cornell era, mas parece menos exagerado e caricato do que Willys Striker.
O episódio se encerra com Luke rastreando e encontrando Cockroach (Dorian Missick), que ataca o vigilante do Harlem com a característica espingarda de seis canos dos quadrinhos, e leva uma surra homérica diante dos olhares assustados da família do bandido, mostrando que toda a situação, da pressão de ser uma celebridade quebrada de grana, até a reaproximação do pai e os atritos com Claire, podem estar afetando Luke mais do que ele poderia supôr.
Após o começo seguindo a cartilha, o segundo episódio de Luke Cage cobriu um bom terreno em menos de uma hora de capítulo. Ainda houve tempo para mostrar Misty lutando pra se reintegrar à polícia após seu gravíssimo ferimento, e Claire atendendo a um sermão do pastor Lucas.
Longe de empolgar, ao menos Straighten It Out mostrou um pouco de intenção.
Que seja boa.
"-Você quer um pouco disso?
-Eu quero."
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quarta-feira, 27 de junho de 2018
Resenha Série: Luke Cage, Temporada 2, Episódio 1: Soul Brother #1
A primeira temporada de Luke Cage fora irregular.
O herói de pele impenetrável era maneiro, socialmente relevante, e tinha um elenco bacana encabeçado por Mike Colter, com bons coadjuvantes, mas careceu de um grande antagonista.
Após matar Boca de Algodão o programa perdeu seu antagonista mais interessante, e, com um caricato Cascavel fazendo caretas pra câmera, perdeu muito de sua qualidade.
Ainda assim, após os eventos de Os Defensores, uma série igualmente irregular, Carl Lucas estava pronto pra voltar pra casa.
A segunda temporada de Luke Cage começa exatamente de onde Os Defensores havia parado, assumindo que a audiência acompanhou a última incursão do herói do Harlem na Netflix, e retomando daí.
Agora uma celebridade no bairro, Cage segue lutando contra a injustiça de forma microscópica, tentando fazer a diferença em uma vizinhança. Sua popularidade aumentou tanto que há papelotes de heroína sendo vendidas nas ruas com seu nome estampado, e o correto Luke obviamente odeia essa ideia.
Ao mesmo tempo em que tenta descobrir a origem dessas drogas, Luke precisa lidar com o lado negativo da fama. Todos o conhecem. Todos querem saber o que ele faz. Logo, não há nada comparado a uma vida tranquila em seu futuro imediato, e no daqueles que o cercam.
Isso significa, principalmente, Claire Temple (Rosario Dawson), Bobby Fish (Ron Cephas Jones) e Misty Knight (Simone Missick).
Enquanto Claire tenta mostrar a Luke que não é apenas sua mulher, mas também seu apoio, e Bobby tenta convencer Luke a aceitar pagamento por seus serviços, Misty parece ter superado o trauma da perda de seu braço, e estar pronta para resolver a bagunça que a exposição de Scarfe como um policial corrupto causou, com dezenas de condenações de casos de seu ex-parceiro sendo canceladas.
Não são apenas os aliados de Luke que retornaram, porém...
Mariah (Alfre Woodard) e Shades (Theo Rossi) estão de volta, e, aparentemente, dispostos a limparem seus negócios. A ideia da herdeira de Mama Mabel é legitimar tudo, deixando de lado a necessidade de lavar dinheiro no Harlem's Paradise. Shades, por sua vez, não parece tão convencido, o amante e confidente de Mariah quer espremer a coisa toda para conseguir o máximo de dinheiro possível com os negócios da família Stokes.
E, pra fechar os retornos, James Lucas (o falecido Reg. E. Cathey) pai de Luke (que eu achava que estava morto...) ressurge na vida do filho sabe Deus por que.
Enquanto Luke corre com sua investigação sobre a origem da heroína com seu nome, e Mariah e Shades leiloam o armamento Hammer em seu poder, um novo jogador surge no tabuleiro.
John McIver, o Bushmaster (traduzido como "Cobra Mestra" porque "Surucucu" provavelmente não era um nome maneiro pra um vilão...).
O chefão jamaicano interpretado por Mustafa Shakir aparece com sede do sangue dos Stokes e mostrando que Luke Cage não é mais o único homem à prova de balas do Harlem.
O primeiro capítulo da segunda temporada de Luke Cage começou de maneira convencional. Passeando pelo momento atual dos personagens remanescentes e apresentando algumas caras novas o episódio jogou na segurança. Se a apresentação de Bushmaster foi OK, a chegada de James Lucas à trama pareceu um pouco com um tiro no pé. Por melhor ator que Reg E. Cathey seja, já não tivemos (e temos) drama familiar o suficiente em Luke Cage?
Muito mais interessante seria centrar fogo no conflito do protagonista a respeito de tentar lucrar com sua condição de herói no Harlem. De qualquer forma, foi apenas o primeiro episódio, e ainda há quase doze horas de Luke Cage pela frente.
A propósito: A melhor sacada do capítulo? A cena de amor entre Luke e Claire ao som de Night Nurse.
"-Qual é o meu nome?"
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Presque Parfait...?
Tudo correu tranquilamente. Sem percalços ou mazelas.
Tudo como deveria ser... ?
Mas era?
Era assim que era pra ser?
Ou era pra ter sido diferente?
Era pra ter tido... Sei lá. Mais drama... Uma sogra de cara amarrada... O noivo com um sabre de luz pendurado na cintura... Não... Não depois de Os Últimos Jedi...
Uma noiva sorrindo muito! ... Nah. Isso definitivamente não faltou. Te conhecendo... Certamente aconteceu, pessoa de sorriso fácil.
O que pode ter faltado... Um quarteto de cordas tocando By Your Side? Ou isso seria brega demais não importa o contexto?
Faltou um raio na cabeça do noivo? Não... Não poderia ter desejado isso.
Ou poderia...? Um pouquinho só, talvez... Não. Melhor, não.
Faltou, então... Completude?
Seria isso o que faltou?
Eu não vou mentir. Me agrada que tenha te faltado algo. Me agrada porque eu senti um eco de amargor na minha língua toda a vez que te procurei e achei que tu estavas demasiado feliz...
Desculpe a franqueza.
Deve ser porque eu estou funcional, estou bem, mas "feliz" é um pouco de exagero.
Então é por isso que saber que te faço falta, me traz satisfação. É baixeza de minha parte, admito. Mas traz.
Entender que tu te sente como eu me sinto... É mais uma coisa que me acalenta.
Por mais que não tenha havido um penetra dizendo um "eu te amo" definitivo de última hora... Um "encontre-me em Montauk" num providencial último segundo... Não houve chegada de última hora quando o padre dizia "fale agora ou cale-se para sempre", ou moça bonita correndo de vestido de noiva pela rua que nem a Mary Jane em Homem-Aranha 2.
Não teve nada disso.
Tudo correu perfeitamente. Sem percalços nem mazelas.
Tudo conforme o figurino.
Seguro e tranquilo...
Como deveria ser...
Não é?
Tudo bem. Um dia a gente vai se encontrar de novo. Eu não vou à parte alguma.
segunda-feira, 25 de junho de 2018
O Galã dos Anos 50
Eu sempre fiz um grande sucesso entre as velhinhas.
Sério.
Vovozinhas, titias...
Velhinhas sempre me acharam um pão. Sempre me acharam bonito, é isso que "pão" significa no dialeto das pessoas idosas, ou ao menos era o que significava quando essas pessoas idosas eram jovens.
Acho que eu tenho essa aparência de galã dos anos cinquenta... Lembra dos galãs dos anos cinquenta? Tu viu filmes o suficiente pra lembrar... Eles eram caras como Robert Mitchum, Dean Martin, Cary Grant, James Stewart, John Wayne... Todos esses sujeitos altos, de físico quadradão, que pareciam paizões e que, em sua imensa maioria, não eram nem remotamente bonitos.
Acredito que na década de 50 era melhor ter aparência de confiável, de bom provedor, do que ser fisicamente bonito. Victor Mature era um camarada meio gordo que fazia papel de homem forte, William Holden parecia vendedor de seguros, Clark Gable tinha as orelhas de um chimpanzé... Eram todos homens longe do que se pode considerar bonitos.
Acho que eu evoco esse tipo de aparência, e daí advém a admiração das velhinhas.
Isso, e o fato de eu ser educado.
Eu sou polido demais pro meu próprio bem.
Me custa ser mal-educado. E esse é outro traço que as velhinhas admiram em um mundo onde a maioria das pessoas perdeu contato com a polidez de outrora.
É possível que tu gostasse dessa característica minha... Ou, que talvez, ela te irritasse de vez em quando.
Eu sei que me irrito com a minha educação. Mesmo quando tento dar passa-fora em alguém, tento fazê-lo, se não de forma agradável, ao menos maneirosa; e nas poucas vezes em que sou, de fato, mal-educado, o faço, de modo geral, por mera distração, e depois fico me recriminando...
Eu sempre ouço as pessoas se referirem a isso como "boa criação", e eu não sei o quanto a criação tem a ver com quem somos quando crescemos.
Eu cresci cercado tanto por pessoas extremamente educadas quanto por pessoas muito mal-educadas. Gente grosseira e rude que gritava e se exasperava com facilidade, e esse tipo de comportamento sempre me causou desconforto. Então não sei quanto da educação é boa criação e quanto é mera empatia.
Independente da origem, após anos de prática, torna-se reflexo. Torna-se natural e parte de quem somos.
É parte de quem eu sou, provavelmente porque é o que eu acho que um homem deve ser.
Outra parte do que eu acho que um homem deve ser, é responsável.
Eu me sinto na obrigação de arcar com as consequências dos meus atos. Outro traço característico dos galãs cinquentistas, ao qual as velhinhas provavelmente se referem como "hombridade", e que a cultura atual provavelmente vai taxar de "masculinidade tóxica" a qualquer momento... Mas desculpe, estou me desviando do assunto... O ponto é que, eu acredito que colhemos o que plantamos, e, quando eu semeio determinada situação, não me cabe espernear sobre o quanto é injusta a colheita.
Entender os porquês sempre me ajudou a lidar melhor com más situações. Acho que já falei disso... É a razão pela qual eu me condoo mais pelas mazelas de crianças e animais do que pelas de outrem, porque crianças e animais não têm ferramentas cognitivas pra compreender por que sofrem. Eu tenho.
E eu sei porque sofro. Não é injustiça. É matemática.
E muito pior do que meu próprio sofrimento, é aquele que impingi a quem eu amo...
E assim, acho que além de polidez e hombridade, também tem um pouco de pretensa expiação nos meus bons modos. Uma forma de me certificar, ou ao menos tentar me convencer, que eu não causei nenhum estrago irreversível na vida de quem é tão importante pra mim...
E, claro, um pouco de amargura.
Ninguém foi um galã dos anos 1950 tão típico quando Humphrey Bogart e no final das contas Ilsa tomou aquele avião com Victor Laszlo...
Here's looking at you, kid.
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Alternativas
Estão Han Solo e a princesa Leia na ponte de comando da Enterprise.
O contrabandista sentado na cadeira do capitão, Leia em seu colo, eles olhavam um nos olhos do outro. Ela sorri. Leia fica linda quando sorri. O sujeito que vez a volta de Kessel em menos de doze parsec sorri de volta, aquele sorriso torto pro lado que Leia aprendeu a amar, mesmo sendo algo pretensioso.
A líder da Aliança Rebelde fala:
-As vezes eu acho que tu não me ama mais.
O melhor piloto da galáxia maneia a cabeça, de cenho franzido como quem ficou ultrajado ao ouvir a declaração, ele olha o painel que mostra que eles estão entrando em espaço Illithid, e responde:
-Eu sei... Mas tá errado. Eu sempre vou te amar.
Ela afaga o rosto dele, e, esticando a mão delicada para Chewbacca, sinaliza para que o co-piloto coloque os propulsores em velocidade de dobra.
Ou, ou:
Estão o Homem-Aranha e Chloe Frazer explorando a Fortaleza da Solidão.
Chloe, com sua figura atlética e movimentos calculados, vasculha o console de gelo onde se depositam os cristais que comandam a herança kryptoniana do Superman enquanto o Homem-Aranha observa do teto. O cabeça de teia tem suas dúvidas se é uma boa ideia roubar aqueles relíquias, mas Chloe está decidida.
Ele pergunta, hesitante, se ela tem certeza. Ela responde em seu pesado sotaque britânico:
-As vezes eu acho que tu não se lembra mais de mim.
O alter-ego de Peter Parker desce do teto por um único fio de teia, de ponta-cabeça, fica cara a cara com Chloe:
-Admite, gatona... Não passa um dia sem eu me lembrar de ti.
Ou, quem sabe:
Estão a Mulher-Maravilha e Scott Pilgrim em Lórien. O ambiente cheira a cedro e baunilha, e ao longe se pode ouvir o som dos violinos dinamarqueses vindo de Rohan, tamanho o silêncio. Os dois dividem um divã de veludo verde-musgo, têm as pernas entrelaçadas e as caneleiras armaduradas de Diana nem mesmo incomodam Scott, tamanho seu contentamento por estar ali, ao lado dela.
A princesa amazona vira o pescoço e olha para o moleque idiota atrás de si dizendo:
-As vezes acho que tu se lembra de mim como lembra de qualquer outra pessoa. E achar isso é ruim.
Scott engole em seco, passando a mão nos cabelos desalinhados, e hesitante responde:
-Mas... Mas como é que eu poderia pensar em ti como qualquer outra pessoa...? Tu nunca... Nunca, vai ser "qualquer pessoa", morena. Tu é "A" pessoa.
A semi-deusa sorri, puxando Scott pra si, e eles se beijam.
Ou, ainda...
Estavam ela e ele sentados na sala do apartamento que alugavam juntos. Era um sábado de tarde, e estavam ambos em casa. Ela, usando um pijaminha, pantufas de pelúcia e um gorro por conta do frio, num conjunto que lhe caía divinamente bem. Ele de calção, regata e pantufas, num conjunto que não fazia sentido por si só, e muito menos à temperatura de onze graus daquele dia ensolarado e gélido.
Dividiam o sofá. Ela com as pernas por cima dele, lendo um livro sobre a expedição de um jornalista à bordo do navio do Sea Shepherd para tentar abalroar navios baleeiros japoneses, ele, assistindo Cosmos na Netflix, um episódio a respeito de realidades alternativas interessante, mas nem de longe tocante como aquele que falava sobre Isaac Newton e Edmond Halley.
Ela tirou o focinho do livro, olhou pra TV, bem na parte que falava a respeito de inúmeras versões da nossa realidade, umas diferentes das outras. Ela olhou atenta pra TV durante esse tempo, e então pra ele. Fez cara de intrigada:
-Nossa... Imagina isso, Etê... Uma realidade onde a gente não ficou junto... Onde tu acha que eu não te amo, que eu te esqueci, que eu não penso em ti umas 300 vezes ao longo do meu dia…
Ele estava olhando pra ela com um sorriso. Adorava essas elucubrações súbitas dela. Riu:
-Não te preocupa, meu anjo... Se existe essa realidade paralela onde a gente não terminou junto, eu te garanto que, a menos que minha versão alternativa seja um completo e absoluto apedeuta, ele jamais pensaria uma coisa dessas.
Apanhou as pernas dela de seu colo e beijou-lhe as canelas e os joelhos. Continuou:
-Ele ia imaginar ter algum significado na tua vida, só pelo tamanho do teu significado na vida dele. E, em qualquer situação, ele estaria sempre torcendo por ti, e pensaria em ti todos os dias, com um sorriso no rosto e sempre com saudade.
Ela sorriu de volta:
-Tu acha mesmo?
Ele se inclinou pra frente e a beijou:
-Eu sei.
terça-feira, 19 de junho de 2018
Nem Precisa
Talvez seja saudade.
Pura e simples.
Só saudade, sem intenção nem agenda. Uma lembrança cálida que surge e aquece o coração, traz um sorriso ao rosto e uma boa lembrança à mente. Uma pequena brasa, inofensiva e controlada sob pilhas de cinzas de uma fogueira de outrora... Por mais brega que pareça a analogia.
Eu sei como é...
Tenho isso ás vezes. De vez em quando uma vez por dia. Normalmente mais...
É a pedra sobre a qual erigi meu templo, por assim dizer.
Donde vêm todas as minhas noções de "nossa história" definitiva. Quase perfeição...
Que quase perfeição é coisa boa. Poucas pessoas experimentam quase perfeição, e ninguém experimenta perfeição, exceto eu, quando estive do teu lado. A maior parte das pessoas abraça as coisas boas e lida com as ruins, trabalha e constrói o melhor que pode e é assim que é.
Não é menos.
Não é ruim.
É real, palpável, discernível e fruto de dedicação de parte à parte.
Quase perfeição chega de supetão chamando a nossa atenção quanto à diferença entre ratazanas e cachorros ou pedindo beijo em frente à janela.
Pode durar pra sempre, como deveria ser, e pode terminar, também de supetão, deixando marcas que não necessariamente são cicatrizes.
Pode ser apenas saudade.
Pura e simples.
E se esse for o caso... Uma saudade passageira, corriqueira, inofensiva...
Eu aceito.
Me acalenta. Apazígua. Conforta.
Saber que eu tenho esse espaço na tua mente e no teu coração... É lisonjeiro, no mínimo.
Mas talvez... Talvez seja medo...
Não pavor. Não terror. Apenas um frio na barriga antes de um grande passo.
Eu sei como tu está. O que anda fazendo... Não que eu seja algum tipo de perseguidor obsessivo medonho, mas a nova posição da tua mobília parece legal olhando da janela...
Enfim... Eu sei o que anda acontecendo. E gosto de imaginar que amadureci o suficiente pra, não apenas não me remoer de ódio e arrependimento, mas pra ficar feliz por ti.
E eu fico.
Realmente.
Tu parece feliz, é a impressão que eu tenho.
E também me acalenta. Apazígua. E conforta. Saber disso.
Mas se for o caso... Um frio na barriga. Uma ponta de insegurança te fazendo pensar antes de a tua vida terminar e começar a vida de vocês, fazendo uma sombra passageira do passado se projetar mais nitidamente na parede... Ou uma ponta de melancolia te fazendo ver o passado sob um filtro cor-de-rosa...
Eu também aceito.
Porque, afinal, nos lembramos de Budapeste de maneiras muito diferentes...
Contanto que tu não pense que esteja fazendo algo de errado, eu aceito de bom grado. E acho que alguém que não sinta uma fagulha de pânico antes de um passo tão definitivo não avaliou a situação com a seriedade devida...
De qualquer forma, não me interprete mal, não estou tentando te afastar.
Estaria mentindo se dissesse que não adoro identificar tua voz por aqui. Se dissesse que não me passaram todos os tipos de clichês românticos pela cabeça, de ser o Alan Alda da tua Ellen Burstyn até voltar pra tua vida que nem o Thor chegando em Wakanda.
E, sendo cem por cento honesto, eu nem preciso saber, de verdade, qual das duas opções, ou qualquer outra que houver, é a resposta.
Eu já disse antes, e repito agora.
Tô dentro.
Sem intenção nem agenda.
Tudo de bom pra vocês.
domingo, 17 de junho de 2018
O Escudo do Novo Star Wars
Fiz uma descoberta terrível essas últimas semanas.
Algo que não teria descoberto se a mídia não tivesse, encarecidamente, me avisado.
Descobri, essa semana, que sou um misógino sexista, racista, e homofóbico.
Coisas que, francamente, desprezei desde que sou capaz de compreender os conceitos. Valores que eu honestamente abomino e, os quais descobri, casualmente, que partilho.
E eu nem imaginava...
Sempre me julguei favorável à igualdade de gênero, raça e opção sexual... Sempre vi a todos como iguais, sempre me esforcei para ter certeza de defender valores humanistas (e seculares) que vissem além de rótulos rasos como gênero, cor da pele ou opção sexual, mas subitamente fui iluminado e ganhei consciência de que sou o tipo de verme preconceituoso que sempre me causou ojeriza, o tipo de pessoas torpes aos quais sempre me referi como "escrotos do caralho".
Foi em meio à celeuma que se formou entre a base de fãs de Star Wars e a Lucasfilm, agora parte do conglomerado da Disney.
Houve, pelo que entendi, um boicote organizado a Solo: Uma História Star Wars nos EUA, e, havendo relação, ou não, o filme tem feito uma carreira extremamente prejudicada nas bilheterias do mundo todo.
Solo estreou em um final de semana prolongado arrecadando abaixo das projeções, e ficou uma única semana na primeira colocação nas bilheterias tornando-se o Star Wars mais pobre da história da franquia em todos os tempos.
Enquanto o filme naufragava nas bilheterias, uma nova celeuma surgiu, com a atriz Kelly Marie Tran, a Rose de Os Últimos Jedi, tendo deletado sua conta no Instagram por conta do assédio dos fãs de Star Wars.
Isso foi suficiente para que uma enorme fatia da mídia assumisse o lado de Tran, e passasse a se referir a todos os fãs de Star Wars como homens brancos gordos e preconceituosos que se desesperam ante a visão de personagens femininas fortes e que são incapazes de aceitar que Star Wars agora é um produto multicultural muito maior do que sua base de fãs.
Deixe-me começar dizendo que, quem quer que tenha resolvido dedicar tempo a atormentar Kelly Marie Tran nas redes sociais é um imbecil.
Mais do que isso, qualquer pessoa que tenha odiado Kelly Marie Tran e Rose Tico, apenas por ser uma mulher asiática, também é um imbecil.
E eu digo isso nos sapatos de alguém que odiou Rose Tico por ser uma personagem mal escrita, irritante, sem nada a agregar ao pior filme da franquia Star Wars em todos os tempos, mas que sabe que Kelly Marie Tran estava ali apenas no exercício de seu ofício, interpretando um papel escrito por um roteirista que, mesmo sendo um péssimo escritor de Star Wars, também não merece ser alvo de ódio (no máximo de desprezo, que é o que sua vindoura trilogia original Star Wars receberá de minha parte).
Posto isso, gostaria de me dirigir às pessoas que acreditam que os fãs de Star Wars que não gostaram do momento da série a partir do episódio VII são caras brancos e gordos machistas, racistas e/ou preconceituosos... Eu sou um branco (Nos EUA eu seria considerado "latino"? É possível... Me chamo Rodrigo Garcia...) gordo.
Mas não sou machista, racista ou preconceituoso.
Se os novos Star Wars fossem estrelados por Rey, vivido por Chris Hemsworth, Finn, vivido por Chris Pine, e Poe Dameron, vivido por Chris Evans, esses filmes continuariam tendo os mesmos problemas narrativos que incomodam até mesmo aos fãs capazes de perdoar George Lucas por A Ameaça Fantasma.
Rey continuaria sendo um personagem subdesenvolvido e com um arsenal de talentos deus ex machina capaz de fazer Galen Marek corar de vergonha, a única diferença é que ele seria chamado de Gary Stu ao invés de Mary Sue.
Finn ainda seria um faxineiro glorificado e a audiência ainda estaria se perguntando como é que o zelador sabe desligar os escudos de proteção da Estrela da Morte III ou como ele consegue usar um sabre de luz com tamanha galhardia.
Poe ainda seria o melhor personagem da nova série e continuaria tendo razão na discussão com um eventual "almirante Aldo" interpretado por Bruce Dern que não contasse ao comandante de seus esquadrões aéreos qual era o plano de evacuação enquanto, condescendentemente, o taxava de "cabeça quente"...
A agenda ideológica de Kathleen Kennedy, obcecada por multiculturalismo e personagens femininas fortes, não é o principal problema dos novos Star Wars, mas essa agenda se tornou uma bandeira e um escudo para os filmes.
Independente da (falta de) qualidade dos longas, qualquer pessoa que ouse erguer a voz contra o novo momento da franquia agora, o faz por ser sexista e inseguro.
O problema não é a Rey ser uma personagem inexplicavelmente super-poderosa e unidimensional. O problema é ela ser mulher.
O problema não é a linha narrativa de Finn e Rose ser absolutamente tosca e inútil. O problema é essa linha narrativa ser estrelada por um negro e uma asiática.
O problema não é o plano de Holdo e Leia ser inacreditavelmente burro. O problema é os fãs não saberem lidar com mulheres em posições de poder...
Ou ao menos essa é a bandeira erguida pela Lucasfilm. "Os longas são perfeitos, e os fãs estão de má vontade porque são preconceituosos".
Eu não posso falar por todos os fãs de Star Wars no mundo. Não ousaria sequer tentar.
Eu não duvido que haja aí fora gente tão cretina que realmente desgoste desses filmes unicamente por termos um trio protagonista formado por uma mulher, um negro e um hispânico. Mas garanto que não é meu caso.
E nem é o caso de todos os fãs que conheço e não gostaram do filme.
Mesmo que eu me ressinta um pouco do fato de todos os homens brancos dos novos Star Wars serem vilões ou morrerem sem razão nenhuma durante a projeção, eu seria mais do que capaz de amar Rey, Finn e Poe se eles fossem personagens melhor desenvolvidos. Pra ser bem franco, gosto de Finn e gosto muito de Poe. Meu problema é com Rey e a completa falta de justificativa para a imensa extensão de seus poderes.
Eu jamais teria qualquer tipo de problema com a heroína se ela tivesse um arco de desenvolvimento. Se ela aprendesse alguma coisa ao longo de sua trajetória. Mas dois filmes se passaram e Rey é o retrato de Os Últimos Jedi: Ela é especial porque sim.
Porque "a firma" resolveu.
Ela não tem uma jornada, ela nunca está em perigo. Ela não aprende nada exceto que já sabe tudo. E quando eu não gosto dessa personagem preguiçosamente escrita, é porque eu sou sexista.
Se Luke tivesse destruído a Estrela da Morte sem ajuda em Uma Nova Esperança, derrotado Vader sem esforço em O Império Contra-Ataca e partido o imperador Palpatine ao meio em O Retorno de Jedi ninguém gostaria dele, também...
Personagem excessivamente poderosos não são gostáveis. São antipáticos.
E em sua ânsia por mulheres poderosas, Kathleen Kennedy criou uma heroína infalível cuja existência não suporta dois minutos de escrutínio critico de ninguém.
Personagens femininas fortes não são o problema. Nunca foram.
Todos amam a princesa Leia. Todos amam a Mulher-Maravilha, a Viúva Negra e a Imperator Furiosa. Nenhum nerd tem problemas com a posição de poder de Ripley, de Sarah Connor, Éowyn, ou Neytiri.
Talvez porque essas personagens não tenham sido empurradas goela abaixo na audiência. Porque seus conjuntos de habilidades tenham sido justificados ou construídos junto ao público e não fossem simplesmente pipocando conforme a trama pedisse.
Eu não sou machista, sexista, racista ou preconceituoso, nem acho que o grande público nerd seja (que o diga Pantera Negra).
Eu não sabia do boicote organizado nos EUA e não fui assistir Solo apenas porque era uma história de Star Wars que não me interessava e porque Os Últimos Jedi havia sido tão ruim que eu havia resolvido não assistir mais aos longas da série de qualquer forma.
A generalização do preconceito é nada além de um escudo para proteger um produto que não vende. E se essa for a regra para Star Wars daqui pra frente, serem filmes menores que se defendem atacando a sua base de fãs, então veremos muitos outros Solo nos anos vindouros.
segunda-feira, 11 de junho de 2018
Je Ne Regrette...
Sentado no escuro... Tempo úmido. Madrugada fria dentro de casa, abafada na rua... Uma grossa neblina se deitando sobre as ruas, embaçando as janelas.
Olhava as luzes de mercúrio amarelas envoltas em um grosso halo do lado de fora de casa, e pegou-se pensando que, uma vez, naquele mesmo dia, no que parecia ter sido há muitos anos atrás, uma menina bonita lhe pediu um beijo.
Era a deixa da qual ele precisava.
Passara a noite toda querendo beijá-la. O que não era muito, já que queria beijá-la há alguns meses àquela altura.
Ele a beijou, e horas mais tarde, não queria mais nada dessa vida.
No dia seguinte, ao reencontrá-la, sem saber bem o que fazer, mas querendo dar algum tipo de declaração, respirou fundo e tomou sua mão, fazendo-a andar de mãos dadas com ele sem pedir permissão ou saber se ela estava de acordo.
De volta ao presente, apanhou o celular de cima da escrivaninha ao lado da janela, e olhou uma foto em seu banco de imagens.
Sorriu ao acariciá-la com o polegar.
Não se envergonhava de ter-lhe tomado a mão sem pedir permissão.
Podia não ser Edith Piaf, mas no tocante àquela noite... E muitas noites vindouras... Não se arrependia de nada.
terça-feira, 5 de junho de 2018
Com Quem Contar
Quando ela desceu do Monza cinza na esquina ele já estava parado na frente do prédio. Eram seis e onze da manhã, e o frio e a umidade faziam o ar expirado por ele se condensar em uma névoa no ar. Ela andou saltitando em sua direção. Vestia um casaco vermelho vivo, uma saia preta curta e meias de lã pretas. Ao redor do pescoço tinha o que ele supunha ser um cachecol, mas descobriria mais tarde ser uma pashmina, cinza.
Ela sorriu:
-Deixa eu ver.
Ele balançou a cabeça negativamente, e então sorriu mostrando o dente quebrado.
Ela riu enquanto entrava no prédio. Identificou-se com o porteiro, e foram pro elevador.
Alguns minutos mais tarde ele já estava deitado na cadeira do consultório enquanto ela conectava seus instrumentos na bancada ao lado.
Ela disse:
-Eu sei que tu tem agonia com dentista. Mas não te preocupa, Ned. Sou eu. Pensa em alguma coisa que te agrade que em menos de meia hora tu vai estar saindo daqui com o sorriso novinho em folha. - Fez uma expressão de maluca e "acelerou" a broca, fazendo o ruído encher o silêncio do consultório vazio.
Ele gargalhou:
-Tu parecia a "overly attached girlfriend" fazendo essa cara.
-Que é isso? - Ela perguntou.
-Ah, é um meme bem conhecido. Não importa... -Ele deu de ombros.
Ele tirou o agasalho de moletom preto que vestia, e deitou na cadeira com a camiseta de manga curta.
-Tu não tá com frio, criatura? - Ela perguntou, fazendo cara de horror.
Ele respondeu negativamente. Sabia que estava frio, mas a verdade é que o frio não o incomodava tanto, e cumprira a distância entre sua casa e o consultório dela a pé, o que lhe aquecera.
-Que horror. Eu tô congelando. Nem queria tirar o pijama, quando acordei. Aliás, não queria sair debaixo das cobertas. Não há pijama que chegue nesse frio. - Ela disse, esfregando as mãos antes de calçar um par de luvas de látex azuis.
-Meias de náilon... E polainas... - Ele disse, hesitante.
-Meias de náilon e polainas? - Ela perguntou, algo surpresa enquanto colocava uma touca e a máscara. -Esse é o teu pijama ideal nesse frio?
-Não é a versão masculina, claro... - Ele disse. -Mas sim. - Ele confirmou. E continuou:
-Mas não essas meias normais, tipo meia-calça... Meia... Eu não sei a proporção... Sete oitavos? Pode ser? - Inquiriu, fazendo uma careta.
-Daquelas que vão até o meio da coxa? - Ela perguntou, a voz abafada por trás da máscara cirúrgica.
-Ai, é... - Ele confirmou, fazendo uma careta diferente, que contava com um sorriso.
-Não sei se combina. - Ela disse, franca enquanto franzia levemente o cenho.
-Quem liga se combina, ou não. Não é pra atender a um evento. É pra usar em casa... - Ele retrucou.
-Só isso, então? Meias sete oitavos e polainas? - Ela perguntou, se inclinando pra cima dele com a broca em punho.
Ele, ainda deitado na cadeira, boca bem aberta, pensou um pouco enquanto ela usava o aparelho em seu dente quebrado. Respirou fundo e assim que ela terminou, disparou:
-Ah, não! Tem mais coisa... Aqueles chapéus... Chapéu, gorro, não sei... Uns lances, tipo uma boina... São bem grandes...
-Um sombrero? - Ela perguntou, irônica.
-Não, tonta... - Ele disse, afastando a ideia com a mão.
Ela saiu de cima dele, que continuou:
-É tipo... Tipo uma babushka... ushanka... Sei lá. Uns chapéus de pele. Pra lugares muito frios...
-Ah... - Ela assentiu -Tipo aqueles chapéus de russo?
-Isso. - Ele concordou -Como chama aquilo?
-Como é que eu vou saber? Tu já me viu de chapéu na tua vida? - Ela perguntou sem esperar resposta, maneando a cabeça como quem não reconhece a validade da questão enquanto se virava de volta pro balcão atrás de si pra apanhar um frasco.
Ele se apoiou no cotovelo, olhando pra ela que removia um pouco de resina do frasco com uma pequena pá.
-Tu fica muito, muito séria quando tá trabalhando, alemoa...
Ela riu:
-Eu preciso me concentrar, senão teu dente vira uma presa.
-Peraí... - Ela disse erguendo a mão, o que a fez estacar por um momento, e continuou:
-Tu tá querendo dizer que dá pra me fazer presas?
-Cala a boca e deita aí... - Ela disse, se impulsionando na própria cadeira até a dele, e puxando-lhe a cabeça mais pra perto de si.
Momentos de silêncio enquanto ela, cuidadosamente, reconstruía o incisivo frontal quebrado.
-Fica bem paradinho. - Disse, enquanto se inclinava de volta pra trás, apanhando um aparelho com cara de arma futurista, e segurava apontado pro dente recém reconstruído: -Abre bem a boca e inclina a cabeça pra trás.
Ele obedeceu.
Ela começou:
-Pra mim... Pra mim seria regata e cueca boxer cinza... Tipo agasalho de mescla, sabe? Não gosto de branco. Tem guria que tem tesão em cueca branca... Eu não gosto. Tinha um louquinho, bonito, que nadava no clube lá em Dois Irmãos, ele era todo sarado... Abdome de Paulo Zulu, as gurias babavam nele... Mas o cara ia de sunga branca pro clube. Ai... Era o ó. Não tinha como. Homem de sunga branca, Deus que me perdoe, mas parece tudo viado.
Ele riu tanto quanto conseguia, com a boca escancarada e a cabeça jogada pra trás. Ela continuou:
-Preto... Eu acho bonito, cueca preta. Mas quem é que dorme de regata e cueca preta, sabe? Cueca preta, até conheço. Mas regata preta, só quem usa é marombeiro, pra andar na rua. Aqueles guris suburbanos ou playboyzinho metidos a fortinho... Regata preta e calça jeans desbotada, não tem como levar a sério. E o cara de cueca preta e regata de outra cor, branca, cinza... Não teria o mesmo efeito pra mim. As duas peças têm que combinar pra ter cara de pijama, saca? - Deteve-se:
-Deixa eu ver uma coisa.
Apanhou uma fina lâmina plástica e começou a cavoucar vigorosamente entre o dente reconstruído e o vizinho do lado.
-Firma a cabeça - Recomendou, enquanto parecia serrar com força os dentes dele. Esguichou-lhe água na boca e disse:
-Cospe.
Ele se inclinou pro lado e cuspiu dizendo:
-Não fala assim comigo que eu sou de família.
Ela não riu:
-Tua gengiva tá sangrando um pouco. Isso é começo de gengivite. Tu usa fio dental?
-Não posso - Ele respondeu. -Minha bunda é peluda.
Ela fez uma cara que dizia "eu não precisava ouvir isso". Ele riu:
-Não. Meus dentes são muito juntos. O fio dental me incomoda.
-Usa fita. - Ela disse.
-E existe isso? - Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça em sinal de descrença:
-Na próxima vez que tu morder uma azeitona e quebrar o dente da frente eu vou te cobrar integral.
-Eu disse que te pagava integral! - Ele protestou.
-Tô brincando, orgulhoso. Deita aí.
Ele obedeceu. Ela se inclinou novamente por cima dele enquanto regulava a altura da cadeira onde ele estava deitado, baixando os óculos sobre os olhos azuis.
-Morde. Deixa eu ver se ficou certo...
Ele cerrou os dentes:
-O dente torto tá pegando aqui - Ele disse, apontando a parte de trás do dente reconstruído com a língua.
Ela apanhou a broca e esculpiu a resina.
-Agora?
Ele rilhou os dentes e ergueu o polegar afirmativamente:
-Perfeito.
Ela esguichou-lhe água na boca, ele bochechou e cuspiu. Ela lhe deu alguns guardanapos pra ele secar o bigode e o cavanhaque, molhados, e disse:
-Vou te dar uma receita de bochecho. Compra na farmácia. Eu quero ver esse dente de novo daqui duas semanas.
Ele ergueu as sobrancelhas:
-Não tá pronto?
-Ai, tá, mas não tá. Eu reconstruí quase tudo, mas a parte mais perto da gengiva eu tive que usar um material provisório por causa do sangramento. Faz o bochecho com o remédio, usa o fio dental e volta pra eu poder trocar essa partezinha.
Ele assentiu perguntando:
-Quanto eu te devo?
Ela deu de ombros:
-Vou ver quanto dá de material. Depois tu me paga.
-Eu preferia te pagar agora. Integral. Te tirei de casa seis da manhã pra me dar essa força. Posso te pagar. Prefiro pagar pra ti do que pra um dentista de verdade.
Ela levantou o dedo médio das duas mãos fazendo cara de furiosa. Ele riu e a abraçou:
-Sério, alemoa. Me deixa te pagar. Não quero que tu te incomode com o teu chefe, e além disso, tu trabalhou. Precisa ser paga.
Ela suspirou e assentiu sob condições. Ele entregou o dinheiro, recebeu uma receita e uma nota fiscal. Ela cedo, pouco mais de sete da manhã. Ele perguntou:
-Tu vai ficar aqui?
Ela fez que não com a cabeça.
-Vou pra casa. Hoje trabalho só de tarde.
Ele se aproximou e a abraçou:
-Obrigado, Alemoa. Por ter vindo. Valeu, mesmo.
Ela lhe estalou um beijo na bochecha barbada:
-E tu? Vai pra casa?
-Não. Vou indo pro trabalho devagarinho. Dá tempo de chegar lá e ver uma entrevista do Letterman na Netflix antes de abrir a loja.
Ela sorriu:
-Boa pedida. Eu vou voltar pra casa e dormir até as onze. E te garanto que não vai ser usando só polaina, meia sete oitavos e um chapéu de pele.
Ele fez cara de pouco caso, puxando o elástico da cueca preta pra fora da calça jeans:
-Azar o teu. Pra teu governo, eu durmo com isso e uma regata preta... E também tenho um conjunto cinza.
Ela mostrou os dedos médios pra ele de novo, que acenou com uma piscada enquanto tomava o rumo do trabalho.
Era bom, pensou, ter amigos.
segunda-feira, 4 de junho de 2018
Resenha DVD: The Post: A Guerra Secreta
É difícil não pensar que Steven Spielberg tocou The Post com alguma pressa tendo em vista o delicado momento da política norte-americana e a relação desajeitada de Donald Trump com a imprensa.
É perfeitamente plausível supôr que Spielberg tenha lido o script de Liz Hannah e Josh Singer e pensado em Trump twitando "fake news!" dia sim, dia também, a cada vez que vê alguma coisa a respeito de si próprio com a qual não concorda no noticiário, ou em seus assessores falando sobre "fatos alternativos" quando o presidente é pego na mentira. Dessa forma o drama histórico/biográfico de Steven Spielberg se torna tanto um relato do passado quanto um comentário do presente.
O longa narra a saga dos "Pentagon Papers", quando em 1971 o jornalista Daniel Ellsberg (Matthew Rhys) coloca as mãos em milhares de páginas a respeito da história da guerra do Vietnã, incluindo todas as mentiras que o governo norte-americano contou ao público ao longo do mandato de quatro presidentes. À certa altura, o relatório informa que em 1965, o governo dos EUA já sabia que não podia vencer aquela guerra, e só não se retirava do Vietnã por medo da humilhação.
Após seis anos, o medo do fiasco já ceifara milhares de vidas de soldados americanos na guerra que se alongava, e é nesse momento que o The New York Times começa a publicar reportagens a respeito dos relatórios, desvelando a verdade por trás do conflito.
Ao mesmo tempo em que as cortes julgam que o Times não pode publicar novos documentos, tampouco as informações neles contidas, o Washington Post tem acesso aos papéis quando o repórter Ben Bagdikian (Bob Odenkirk, o Saul Goodman) chega à mesma fonte do Times.
Isso coloca o Post sentado em cima de milhares de páginas de informações sigilosas e confidenciais que tribunais julgaram impublicáveis exatamente no momento em que a dona do jornal, Kay Graham (Meryl Streep)está abrindo o capital da empresa na bolsa de valores.
Kay estava sitiada por todos os lados. Não apenas era uma mulher em um mundo essencialmente masculino, frequentemente escanteada da tomada de decisões pela sua junta diretora, mas também estava em uma situação socialmente delicada à medida em que, sendo uma ricaça de Washington, estava no círculo pessoal de diversas pessoas implicadas no escândalo, como o autor dos relatórios, Robert McNamara (Bruce Greenwood) de quem era amiga pessoal.
Para piorar a situação de Graham, ela estava em uma janela de tempo na qual os investidores podiam desistir da opção de compra das ações do Post, levando o jornal à bancarrota, e se via frequentemente em uma queda de braço moral com seu editor, Ben Bradlee (Tom Hanks), que não tem a mais remota dúvida de que o Post precisa publicar as informações por dever moral de ofício.
Fica difícil não admirar dois personagens interpretados por dois dos atores mais talentosos/amados em atividade no cinema contemporâneo. Ambos estão sensacionais em seus papéis, e enquanto Hanks encontra o tom certo para Bradlee, alguma coisa entre o grave e o turrão, naquela toada de homem comum alçado à situação extraordinária que o vencedor de dois Oscar é capaz de fazer dormindo, Meryl Streep entrega uma de suas melhores atuações em anos recentes, deixando claro que suas indicações anuais aos prêmios da academia não são, de forma alguma injustificadas. Seu retrato de Kay Graham é repleto de nuances, deixando claro o quão acima da média Streep é, e quão longe ela pode chegar quando dirigida com excelência.
Infelizmente, o longa não permite que nenhum dos protagonistas entre em um "tour de force", e isso se deve ao fato de o roteiro jamais deixar que haja verdadeiro suspense no desenrolar da história.
Mesmo quem não sabe absolutamente nada a respeito do escândalo dos Pentagon Papers é capaz de antever com uma boa antecedência como os eventos do longa se desenrolarão, e o que deveria ser um longa sobre o peso da escolha de Kay Graham, que se viu entre a cruz e a caldeirinha com o destino de seu negócio e do legado de sua família em suas mãos, não chega a deixar a audiência na ponta da cadeira ou roendo as unhas.
Por sorte, toda a vez em que The Post parece perigosamente perto de se tornar um melodrama edificante de cartilha, o talento de alguém surge pra elevar novamente o longa.
Do elenco, que conta com gente do calibre de Carrie Coon, Sarah Paulson, Tracy Letts, Bradley Whitford, Jesse Plemons e Michael Stuhlbarg passando pela fotografia de Janusz Kaminski, a trilha de John Williams ou a edição de Sarah Broshar e Michael Kahn, não faltam elementos para tornar o longa memorável, e fazer o espectador se comprometer para com o filme. Afinal de contas, o longa é mais um trabalho de um sujeito que é um dos cineastas fundamentais de nosso tempo.
Conforme eu disse lá em cima, The Post é tanto um relato do passado quanto um comentário do presente, mas acima de tudo, um libelo em favor da liberdade de imprensa, uma instituição que, sim, precisa de escrutínio crítico, mas merece um pouco mais de crédito em um momento onde tanta gente parece tão disposta a aceitar "fatos alternativos" de fontes que não podem ser confirmadas.
Certamente vale a locação.
"A imprensa deve servir aos governados, não aos governantes."
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