Pesquisar este blog

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Resenha Cinema: X-Men - Primeira Classe


Em 1998, um filme estrelado por um herói do terceiro escalão da Marvel mostrou ao mundo que super-heróis podiam ser rentáveis no cinema. Esse super-herói, era Blade, e o filme em questão, era Blade - O Caçador de Vampiros. Sem o super-herói marrento interpretado por Wesley Snipes, nós jamais teríamos tido Homem-Aranha, Homem-de-Ferro, Thor e Capitão-América desembarcando no cinema a cada seis meses, certo?
Quase.
Na verdade, o sucesso de Blade, um flme de orçamento médio, e olhe lá, com um super-herói que era coadjuvante no gibi A Tumba de Drácula e que nem fãs de quadrinhos conheciam direito, não era garantia alguma de que os super-heróis da Marvel poderiam ter vida longa na tela grande. Pra isso, um super-herói mainstream precisava aparecer na tela em um filme de grande orçamento, e fazer bastante dinheiro além de boas críticas (O contrário do que a cine-série do Batman vinha fazendo nas mãos de Joel Schumacher.).
Quem resolveu arriscar foi a Fox. O estúdio da raposa e os produtores Lauren Schuler-Donner e Tom DeSanto ofereceram o projeto de X-Men, filme à ser baseado no gibi hit de vendas criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1963 e que se tornara um estrondoso sucesso nas mãos de Chris Claremont e John Byrne, ao diretor Bryan Singer... ?
Sim, Bryan Singer, o homossexual judeu e adotado (Sem nenhum preconceito, mas são três crachás de pessoa sensível) que dirigira os excelentes Os Suspeitos e O Aprendiz, filmaços, sim, mas que eram muito mais suspenses cerebrais do que filmes de ação.
Singer aceitou o trabalho, e, á despeito da pilha de problemas que foram desde a substituição do ator principal (Dougray Scott, inicialmente seria o Wolverine, mas acabou substituído por Hugh Jackman), passando por orçamento e prazo de conclusão do projeto apertados, ao crivo destrutivo dos fan-boys via web, então uma novidade, o filme foi lançado.
E obteve sucesso.
Sucesso o suficiente pra dar origem ao excelente X-Men 2, novamente dirigido por Singer, e muito melhor do que o antecessor.
Com a franquia estabelecida, Singer trocou os mutantes da Marvel pelo Homem do Amanhã da DC e foi filmar o sem-graça Superman - O Retorno, ao mesmo tempo em que a Fox entregava X-Men 3 nas mãos de Matthew Vaughn, que acabou saltando fora do projeto, que caiu no colo de Brett Ratner. Daí pra frente, a franquia X só piorou. X-3 foi um fiasco, e o spin-off solo do mutante canadense Wolverine, dirigido pelo promissor cineasta sul-africano Gavin Hood, conseguiu a proeza de ser ainda pior.
Não era de se espantar, então, que ninguém levasse fé em X-Men - Primeira Classe. Filme que aparentemente reboota a série recontando a origem da escola Xavier para Jovens Superdotados desde o primeiro encontro de Charles Xavier e Eric Lehnsherr.
O elenco, encabeçado por James McAvoy, de O Procurado, e Michael Fassbender, de Bastardos Inglórios não convenceu ninguém à época de seu anúncio. A direção, novamente entregue nas mãos de Vaughn, que após saltar fora de X-3, fugiu, também de Thor, levantava a questão "será que dessa vez ele fica até o final?".
Tudo isso somado ao fato de o novo longa ser o reboot de uma série que já contava com quatro filmes, sendo dois deles excelentes, não podiam, mesmo, deixar nenhum fã contente.
Mas havia um trunfo na manga da Fox.
Bryan Singer havia voltado. Não como diretor, mas como produtor e roteirista. Eu me lembro que, em 2009, quando se comentava que ele dirigiria X-Men Primeira Classe, eu disse em um fórum, "Singer e os mutantes, parceria das boas.".
Acabei perdendo a esperança conforme iam sendo anunciadas as novidades do filme, e acabou que no sábado, assisti a película quase ao acaso.
Após duas horas e doze minutos de projeção, devo dizer que tinha razão: Singer e os mutantes, são, mesmo, uma parceria das boas.
O longa mostra, na década de sessenta, Charles Xavier e Eric Lehnsherr, dois jovens mutantes com visões e propósitos totalmente antagônicos formando uma aliança em meio a uma crise internacional maquinada por um mutante:
Sebastian Shaw (Kevin Bacon, extremamente à vontade, se divertindo no trabalho.), o líder do misteroso Clube do Inferno, que usa seus poderes, influência e capangas (Azazel, interpretado por Jason Flemming, Maré Selvagem, vivido por Álex Gonzáles, e a Rainha Branca da deliciosa January Jones.) para manipular líderes militares de EUA e URSS e deixar o mundo á beira da terceira Guerra Mundial na famosa Crise dos Mísseis em Cuba.
Para impedí-lo, os dois criam um grupo de jovens mutantes subsidiado pelo governo, que precisam aprender a controlar seus poderes e hormônios antes de ir ao campo de batalha encarar o grupo de Shaw, uma tarefa que se torna mais complicada a medida em que a proposta de Shaw para um mundo de mutantes e a desconfiança dos humanos comuns podem empurrar os jovens para o lado errado do conflito.
Se existem super-poderes, um vilão que quer destruir o mundo, e ação (e tudo isso existe), tudo isso é pano de fundo, e fica em segundo plano.
X-Men - Primeira Classe, é um filme sobre as diferenças, não apenas entre pessoas com aparências e poderes incomuns, algo que fica evidente no arco destinado à Mística (A ótima Jennifer Lawrence) e Fera (Nicholas Hoult, competente), mas também entre pessoas com diferentes backgrounds.
Eric Lehnsherr é obcecado com a ideia de vingança, e quem pode culpá-lo, após crescer sofrendo tormentos ímpares nas mãos de nazistas em um campo de concentração?
Charles Xavier é um jovem divertido e bon-vivant, que nasceu em berço de ouro acreditando que poderia construir pontes entre as pessoas comuns e os mutantes.
As diferenças entre os dois, suas discussões e ideais semelhantes mas diversos, são o ponto alto do filme, e as atuações de Fassbender (raivoso, enfurecido, sanguíneo) e de McAvoy(Não menos brilhante em sua suavidade e charme.) nos ajudam a crer que ali estão os homens que, no futuro, se transformarão no Ian McKellen e no Patrick Steweart da trilogia original.
Claro, não adiantaria estar recheado de boas ideias dos roteiristas e atuações do elenco (Que ainda tem Rose Byrne, Oliver Platt, Calleb Landry Jones, Edi Gathegi, Lucas Till e Zoë Kravitz) se a ação não convencesse. Mas ela convence, é bem coreografada, excitante, e convence como deve, sendo o acessório que é pra um longa onde as ideias não são sobrepujadas pelo hype, e onde as atuações não ficam escondidas sob os efeitos visuais.
Obrigado, Bryan Singer, você conseguiu de novo. Não fique fora tanto tempo da próxima vez.

"-Ouça-me com atenção, meu amigo. Matar não lhe trará paz.
-Paz nunca foi uma opção."

Um comentário:

  1. A cena do magneto arrancando o submarino do mar me dá um frio na espinha só de lembrar. Muito boa!

    ResponderExcluir