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quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Resenha Game: The Elder Scrolls V: Skyrim
Taldur Cleanor, um selvagem nórdico de longos cabelos e barba vermelhos e o rosto coberto de cicatrizes escapou do ataque do dragão à fortaleza no vilarejo de Helgen e foi até Riverwood, onde aceitou um trabalho para recuperar uma relíquia roubada de Lucan Valerius por bandidos. Após isso, andou até Whiterun, onde, na fortaleza de Dragonsreach, relatou o ocorrido à autoridade local, o Jarl Balgruuf o maior. Imediatamente, foi enviado em missão junto com a guarda-costas do Jarl para averiguar um possível ataque da fera à uma torre de vigia próxima, e, após matar a besta, foi nomeado Thane da cidade por Balgruuf.
Mas poderia ter sido o refinado Leragon Herufainaö, de cabelos negros e olhos plácidos, a escapar do ataque do dragão, lá no início, e ele poderia ter escolhido se unir aos Stormcloaks, e lutar contra o império. Ou poderia ter sido o cerebral mago élfico Dheogar Sealerïn a roubar os segredos de magia de Farengar Fogo-Secreto. Ou poderia ter sido uma personagem feminina, ou poderia ter sido um guerreiro reptiliano chamado Bossk, ou um felino humanóide chamado Vincent, ou... Não há limites, eles dependem unicamente de ti, e das escolhas que tu fizer enquanto joga.
Trata-se de The Elder Scrolls V: Skyrim, mais recente capítulo do RPG The Elder Scrolls, dos estúdios Bathesda Softworks, e, cujos quatro capítulos anteriores eu ignorei solenemente.
Não menti jamais a respeito da minha opinião sobre RPGs eletrônicos, se eu quiser jogar combate por turnos com estratégia eu pego o meu tabuleiro de xadrez e não um joystick. Lamentei muito essa minha aversão na época dos games da franquia Neverwinter Nights, que reproduziam em detalhes as aventuras RPGísticas que se passavam em Faerûn, cenário de campanha mais famoso do Dungeons & Dragons, RPG de mesa que eu jogo desde os quinze anos, ainda assim, a morosidade dos combates em turnos, a chatice de escolher um ataque, realizá-lo, e esperar que o adversário faça o mesmo, sempre me afastou dos RPGs tradicionais. Nem mesmo Star Wars - Knights of The Old Republic, narrativa épica do corustante passado do universo Star Wars, eu quis jogar, e estava bem satisfeito assim.
Entretanto, já desde o meio do ano, a promessa de lançamentos de games para novembro e dezembro desse 2011, que já vinha me fazendo cogitar os conselhos de adotar uma carreira paralela de garoto de programa, eu estava namorando esse Skyrim. Vou ser franco, nem sabia que se tratava e uma série de games. Achei que era um jogo isolado, e ignorantemente supus que o "V" do título, era a letra, mesmo, e não o numeral romano referente a cinco. De toda sorte, o trailer do game que foi divulgado em fevereiro mostravam uma ação em tempo real, com uma arma em cada mão e eventos acontecendo de maneira aleatória em meio a um gigantesco e detalhado cenário de mundo aberto. Mais o meu estilo de jogo. Foi por isso que, ao invés de investir em Call of Duty: Modern Warfare 3, eu resolvi aplicar uns pilas no RPG da Bathesda, e ver no que dava.
Não me arrependi.
O jogo é excelente. E imenso. Eu sequer sei por onde começar a descrevê-lo, e mesmo que soubesse, uma descrição que não contenha a experiência imersiva do jogo, não lhe fará justiça. O que se pode dizer é que em Skyrim, quem manda é quem está segurando o joystick. A partir do momento em que passa a sequência de abertura, onde o personagem (incrivelmente customizável) do jogador escapa de uma execução no fio do machado de um carrasco, o game te dá liberdade absoluta pra fazer o que quiser, na hora em que tiver vontade.
Quer seguir as dicas que os NPCs dão e ir avançando na história principal do game? Vai firme.
Quer vasculhar o cenário (infinito) de Skyrim procurando por dungeons onde realizar pilhagens pra aumentar a tua fortuna?
É plausível.
Ou prefere vagar pelo ermo caçando e coletando raízes e plantas e descobrindo os efeitos que as combinações criam?
Também pode.
O personagem pode ter praticamente qualquer aparência ou ser qualquer coisa. Guerreiro feroz? Mago poderoso? Ladrão sagaz, com direito a assaltos e períodos na cadeia? Tudo é possível. E, por incrível que possa parecer, as escolhas que tu faz em prol de uma carreira, não necessariamente impossibilitam que tu cresça em outra. Uma magia na mão esquerda e uma espada na direita? Pode.
Um escudo na mão esquerda e um machado na direita, também, uma magia em cada mão idem, e uma arma em cada uma, também.
O mago pode usar arco-e-flecha. O ladrão pode usar uma espada de duas mãos, o guerreiro pode lançar feitiços. Conforme sobe de nível o jogador tem possibilidade de melhorar qualquer habilidade ou domínio de ramo de magia, criando um personagem que seja medíocre em tudo, ou excelente em uma coisa e infâme nas demais, mas sempre com potencial de crescimento. Esse potencial de crescimento, inclusive, e a riqueza de detalhes são o que tornam o fator replay (ou apenas "play", já que, por mais que algumas situações se pareçam, tu pode jogar quase indefinidamente sem fazer a mesma coisa duas vezes.) quase infinito.
Os gráficos não são nenhum espetáculo, tecnicamente, eles não lambem as botas de uma infinidade de outros games da safra recente, mas, considerando o tamanho do mapa e a riqueza de detalhes dos cenários e personagens (Tu pode, literalmente fazer a limpa nos teus inimigos.), isso fica perdoado.
A música é excelente, tanto a música incidental, com batidas e ritmos fortes que dão o tom épico que o game pede e lembram a excelente trilha sonora de Basil Poledouris para os filmes originais de Conan, quanto as canções recheadas de história de Skyrim entoadas por bardos nas tavernas do mundo enriquecem a experiência de maneira ímpar.
A jogabilidade é bastante intuitiva, e embora eu tenha apanhado dos comando algumas vezes, embainhado minha arma ao tentar me esquivar de ataques (Ainda reflexo da minha recente campanha como Batman em Arkham City.), é fácil de pegar o jeito após apenas alguns minutos na frente da tela. Há alguns defeitos, tanto gráficos quanto em termos de sincronização de dublagens, eu cheguei a ficar preto numa quebra de polígonos em uma dungeon, mas são defeitos menores com relação à grandiosidade do game e tudo o que ele oferece. Jogue, só tome cuidade com a possibilidade, muito palpável, de abandonar a sua vida social no mundo real pra confraternizar com o povo de Temriel.
"Os pergaminhos dos anciãos anteviram seu retorno..."
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