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quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Resenha Game: Call of Duty - Advanced Warfare
Call of Duty - Ghosts foi, facilmente, o pior jogo da história recente da franquia. Se salvavam algumas ambientações interessantes no single player, um par de modos de multi-player (o infected era bem bacana), o cachorro Riley, e meio que era isso. No geral, o game desapontou na geração anterior tanto em termos de jogabilidade quanto de visual, e eu confesso que cheguei a flertar com a ideia de comprar Battlefield 4 pra PS4 ao invés de CoD - Advanced Warfare. Acabei sendo dissuadido por causa do Kevin Spacey.
A cara digitalizada de um dos meus atores preferidos me fez comprar um game que, a bem da verdade, me parecia cada vez mais uma ideia idiota.
Sejamos francos, alguém imagina uma ideia mais pueril pra revitalizar uma franquia do que colocar umas armaduras cabulosas e umas armas laser nos soldados?
Mas após uma noite de Call of Duty - Advanced Warfare, posso dizer que os exoesqueletos deram uma refrescada muitíssimo bem vinda à jogabilidade da série, oferecendo uma variação de movimentos e possibilidades que vão fazer a alegria dos viciadinhos de plantão no multiplayer e que começam a ser explorados ainda na campanha.
Aliás, à ela:
Na campanha de CoD-AW o jogador personifica o soldado Jack Mitchell (Dublado por Troy Baker, que parece ter se tornado onipresente após seu brilhante trabalho em The Last of Us), durante uma missão em Seul, Coréia do Sul em 2054, Mitchell é gravemente ferido, e perde seu melhor amigo, Will Irons.
Afastado do exército, Micthell é cooptado pelo pai de seu amigo, Jonathan Irons (Kevin Spacey), fundador e presidente da empresa de operativos militares privados Atlas.
Um grupo mercenário com acesso aos mais poderosos e avançados armamentos à disposição do mundo, e força armada mais poderosa do planeta que terceiriza seu poder de fogo à qualquer nação que for capaz de pagar seu preço.
Ao mesmo tempo em que Mitchell se une à Atlas, o grupo terrorista KVA, liderado pelo tecnofóbico Joseph Hades Chkheidze inicia uma série de ataques pelo mundo, o que torna a empresa de Irons, mais prestigiosa organização militar do planeta, a única resposta à altura da escalada assassina do KVA.
Conforme lutam contra a organização durante anos, acumulando sucessos e fracassos, Mitchell e seus companheiros acabam encontrando evidências de que, na guerra entre a Atlas e a KVA, discernir aliados e inimigos pode ser mais difícil do que eles imaginavam a princípio.
Ainda que absolutamente previsível, a história de Call of Duty - Advanced Warfare é coerente, bem amarrada, e bem interpretada. Ajuda o fato de termos Kevin Spacey, renderizado à perfeição, declamando parte dos textos. Um ator do calibre do "Keyser Soze" é convincente até declamando receita de bolo de batata, então, qualquer clichê ganha veracidade na boca digital do intérprete de Jonathan Irons.
Alie-se a isso uma bem sacada viagem ao redor do mundo dividida em capítulos (como a Atlas trabalha por contratos, nunca a divisão em capítulos dos games de CoD fez tanto sentido na campanha) com (alg)uma variedade de missões a cumprir, algumas delas oferecendo liberdade sem precedente na série, sem aquele oficial comandante com um reluzente "follow me" amarelo em cima da cabeça, mais a adição dos exo-trajes, que existem no game em três versões, cada uma delas com suas próprias especificações e vantagens oferecendo ao jogador a possibilidade de experimentar força, velocidade e resistência ampliados, a capacidade de planar por curtos períodos, clipar-se à paredes ou aeronaves inimigas com um lançador de gancho, e até pequenos períodos de invisibilidade, e de novíssimas armas que incluem granadas inteligentes, projéteis teleguiados e armas de energia direta (yeah, armas laser, motherfucker...), e a campanha do game se segura bem por suas 6 a 10 horas de jogo.
Se os exo-trajes refrescam a campanha, o que fazem pelo multiplayer é ainda maior. Com uma jogabilidade intuitiva e divertida, os exoesqueletos especializados abrem uma inacreditável leque de possibilidades já nos death matches tradicionais, nos modos como capture a bandeira ou os novos Uplink e CTF são a alma da festa, que recebeu de volta a possibilidade de personalizar seu soldado e não oferece poucas recompensas práticas ou cosméticas para fazê-lo e detonar seus amigos com estilo nos versus, ou ajudá-los em uma partida do modo Exo Survival, uma caótica combinação de objetivos cooperativos para até três tarados por armas e tiros.
Para aqueles que, como eu, odeiam a ideia de passarem horas sendo assassinados por algum adolescente asiático de 1,60m que pesa 92 Kgs, e nunca sai do sofá, existe o Combat Readiness Program, um amistoso ambiente onde os "noobs" podem se encontrar e jogar com seus bonequinhos sem nome, misturados à bots do PC, tudo sem marcação de score, apenas pra pegar a manha do jogo, e, se algum sádico filho da puta aparece e começa a matar às centenas, e excluído da sala, garantindo que novatos não se sintam desencorajados a experimentar uma jogatina on-line mais casual.
Com uma ideia bem sacada otimizada pela engenharia de fases tanto no single quanto no multiplayer, a Sladgehammer conseguiu com Call of Duty - Advanced Warfare dar um necessário respiro à série sem tirar nada daquilo que a tornou o FPS mais vendido dos games.
Nada mau para o primeiro CoD do estúdio. Mal posso esperar pelo que eles farão a seguir.
"-O que você está vendo é guerra avançada."
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