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sábado, 18 de julho de 2015

Resenha Cinema: Um Pouco de Caos


Eis um filme sobre um tema que, francamente, eu não achei que veria no cinema.
Jardinagem no Século XVII.
A (muito) grosso modo, essa poderia ser a síntese de Um Pouco de Caos, segunda incursão do ator Allan Rickman (de Duro de Matar, Simplesmente Amor e Harry Potter) na direção, contando uma pequena história de amor que tem como plano de fundo a construção dos jardins de Versalhes durante o reinado de Luís XIV em 1682.
Sejamos francos.
Ninguém iria ver esse filme no cinema. A menos que houvesse algum grande atrativo oculto nessa premissa sonolenta.
Por sorte há.
A protagonista do longa de Rickman é Kate Winslet, uma atriz anos-luz acima da média, e, de quebra, bonita e gostosona. Ajuda, também, o elenco ainda contar com Rickman, um ator de calibre, e Stanley Tucci, outro sujeito acima da média.
Eles se juntam a Winslet para contar a história de Madame Sabine de Barra (Kate), uma jardineira que acaba contratada para construir um dos elementos do jardim do palácio de Versalhes sob a orientação de mestre André Le Notre (O ator belga Matthias Schoenaerts), renomado paisagista da corte de Luís XIV (Allan Rickman).
Vista com desconfiança pelos demais paisagistas por ser uma mulher solteira trabalhando para si própria, madame de Barra enfrenta diversas adversidades conforme tenta consolidar sua visão.
Ao mesmo tempo, sua competência e tenacidade, atraem a curiosidade dos membros da corte do rei, enquanto uma crescente atração surge entre ela e mestre Le Notre.
Mas enquanto o paisagista real é casado com uma mulher adúltera e manipuladora (Helen McCrory), cheia de contatos na corte, Sabine tem um passado traumático que a assombra, fatos que mantém os sentimentos de ambos em segundo plano enquanto eles trabalham para trazer o paraíso à Terra e realizar os desejos do rei.
Sendo cem por cento franco, Um Pouco de Caos é tão chato quanto um filme sobre jardinagem na corte do rei Luís VIV poderia ser.
Falta um pouco de conflito à fita de Alan Rickman, e o roteiro, de autoria do próprio mais Jeremy Brock e Alison Deegan, não chega a ser um exemplo de coesão, ainda assim, o filme tem momentos agradáveis.
A manhã que Sabine passa com o rei, tomando-o por um colega jardineiro ao encontrá-lo sem peruca descansando nos jardins, é bastante simpática, e todas as sequências com Stanley Tucci, interpretando Filipe, duque de Orleans, irmão do rei, um pederasta festivo e afetado, são ótimas, com o ator roubando a cena.
Apesar de Matthias Schoenaerts interpretar um tipo calado e introspectivo, quase reticente, não se pode negar a química entre ele e Kate Winslet (mas fala serio, a Kate exala sensualidade, quem é que não tem química com aquela mulher?), de modo que por mais xarope e bobinho que o romance dos dois eventualmente se torne, a tensão entre os dois convence.
Com uma produção de época convincente, fotografia bonita, e belos figurinos, momentos genuinamente engraçados, mais ao menos três boas atuações (Winslet, Rickman e Tucci), Um Pouco de Caos não é, nem de longe, a tragédia que poderia ser, mas certamente não é filme pra toda a audiência.
Vá ver se for fã de Kate Winslet, romances antigos, ou jardinagem.

"-A senhora acredita em ordem no paisagismo?
-Eu a admiro..."

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