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sábado, 23 de dezembro de 2017
Resenha Filme: Bright
Após tomar o maior banho de água fria de todos os tempos ao assistir o primeiro Star Wars verdadeiramente ruim e desalmado da existência, eu fiquei alguns dias assistindo a trilogia setentistas pra me recuperar, e ontem, sem nada pra fazer, resolvi ver esse Bright, novo blockbuster da Netflix estrelado por Will Smith e dirigido por David Ayer do horroroso Esquadrão Suicida porque, afinal, nada mais esse ano iria pisotear minhas paixões cinematográficas como Os Últimos Jedi.
Logo, Bright não seria capaz de fazer mais estragos que outras bombas que eu já tinha assistido esse ano, então resolvi comprometer duas horas da minha vida e ver o blockbuster do serviço de streaming mais bacana do mundo (tô com vocês Netflix).
Bright mostra uma realidade onde criaturas de fantasia como fadas, centauros, elfos e orcs coexistem com seres humanos em um mundo contemporâneo.
A polícia de Los Angeles tem, inclusive, o primeiro oficial de polícia Orc, Nicholas Jakoby (Joel Edgerton), cuja nomeação parece uma imposição do escritório de integração muito mal aceita pelos demais policiais em geral, e por seu parceiro em particular, Daryl Ward (Smith).
Ninguém quer ter o orc como parceiro, Ward inclusive. Especialmente porque há pouco tempo Ward foi baleado por outro orc que escapou em circunstâncias nebulosas após ser perseguido por Jakoby. As tensões crescem entre os dois tiras quando a Assuntos Internos surge procurando por uma desculpa para dar fim à carreira de Jakoby na força policial, e pedem que Ward grave a confissão de seu parceiro e o entregue à corregedoria para ser expurgado.
As coisas se complicam quando ao responder um chamado na periferia de L.A. Ward e Jakoby encontram uma jovem elfa, Tikka (Lucy Fry) de posse de uma varinha mágica.
Varinhas mágicas são itens de extremo poder, que, se empunhadas por um bright (arrá!) são capazes de realizar o impossível (mas explodem qualquer outra pessoa que a segure). Quando Ward e Jakoby colocam Tikka sob custódia, e chamam reforços, não tarda para que a notícia de uma varinha na vizinhança atraia a atenção de todo mundo.
De policiais corruptos, de gangues latinas, de gangues orcs, do bureau federal de magia, e dos Inferni, um grupo de elfos renegados que tentam usar o poder de varinhas para trazer de volta à vida o senhor do escuro Saur... Não, peraí, é só Senhor das Trevas, mesmo.
Enfim, a líder dos Inferni, Leilah (Noomi Rapace), dona da varinha, torna impossível que o artefato se afaste dela além de certo ponto, o que força Ward e Jakoby a colocarem duas diferenças de lado e permanecer em território inimigo para proteger Tikka e a varinha por uma noite infernal onde eles estão cercados de inimigos por todos os lados.
Enfim, quando O Senhor dos Anéis encontra Marcados para Morrer e Dia de Treinamento, o resultado só podia ser essa meleca que é Bright.
David Ayer só sabe fazer um filme, e ele é a respeito de gangues latinas norte-americanas e policiais. Se não acredita em mim, reveja a filmografia de Ayer. Tempos de Violência é sobre um membro de gangue que quer ser policial, Os Reis da Rua, Marcados para Morrer, Sabotagem, todos sobre policiais.
Aí temos Corações de Ferro, que é sobre uma gangue à bordo de um tanque na Segunda Guerra, e depois temos Esquadrão Suicida que é sobre uma gangue de super(?) vilões, e agora Bright, sobre policiais ilhados em meio a gangues...
Outra coisa que sempre acontece em filmes de Ayer é a noite definitiva, elemento presente em vários dos filmes escritos e/ou dirigidos por Ayer, o diretor mais sem imaginação do cinemão hollywoodiano que, de modo geral, faz filmes meia-boca ou piores.
Bright não é exceção. O roteiro de Max Landis, mesmo de Dirk Gently: Holistic Detective Agency, Poder sem Limites e American Ultra foi escrito sob medida para Ayer.
Durante toda a sua duração o longa chafurda vigorosamente em lições rasas de aceitação do diferente, de amizade e companheirismo, traçando paralelos rasos com o racismo de nosso mundo através dos orcs de Los Angeles, diálogos absolutamente constrangedores e no desperdício de um bom elenco que conta ainda com Edgar Ramirez, Jay Hernandez e Ike Barinholtz, de onde ao menos Joel Edgerton escapa com a dignidade intacta (talvez por estar mascarado o filme inteiro).
Bright parece o resultado de um estúdio tão desesperado por ter um grande blockbuster que aprovou um conceito sem ter lido o roteiro, porque não há explicação para alguém ter lido o script de Landis e ter imaginado que se tornaria um grande filmes, especialmente nas mãos de Ayer.
Uma hora e cinquenta e sete minutos de sua vida que não vão voltar. Assista por sua conta e risco.
"-Isso é uma arma nuclear que realiza desejos."
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