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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O Teaser Trailer de Homem-Formiga e a Vespa

A Marvel prometeu, e cumpriu.
Agora há pouco foi disponibilizado na rede o teaser de Homem-Formiga e a Vespa, dando sequência às aventuras de Scott Lang e Hope Van Dyne.
A prévia mostra Scott precisando lidar com as consequências da Guerra Civil entre Capitão América e Homem de Ferro.
Confira:



Novamente dirigido por Peyton Reed, Homem-Formiga e a Vespa estréia em 5 de julho e além dos retornos de Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Douglas, Michael Peña e companhia, tem as adições de Laurence Fishburne, Walton Goggins, Hannah John-Kamen, Randall Park e Michelle Pfeiffer.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Resenha DVD: It: A Coisa


Eu entrei na locadora no sábado pensando, francamente, em alugar Mãe!, de Darren Aronofski, e tentar descobrir se o filme fora, de fato, injustiçado com suas indicações à Framboesa de Ouro desse ano. Entretanto, ao me deparar com a cara do palhaço Pennywise na caixa de It: A Coisa, acabei cedendo à poderosa campanha de marketing do filme, e alugando a nova adaptação da obra de Stephen King.
Eu não sou, já disse mil vezes, afeito ao cinema de horror por N razões... Desde a má qualidade dos filmes até o fato de eu não acreditar no sobrenatural, o que me impede de temer.
O horror de filmes de horror não me assusta, de modo que assistir longas do gênero geralmente é uma experiência estéril, pra mim. Eu vejo filmes como Invocação do Mal ou O Exorcista provavelmente da mesma maneira que um crítico de cinema de verdade assistiria qualquer filme: Observando, pormenorizando e avaliando o filme, sem ser arrebatado pela história.
Em suma: Eu não sou audiência de filmes de terror.
O ponto aqui é que ontem, após assistir às duas horas e quinze minutos de It: A Coisa, eu percebi que o longa do diretor argentino Andy Muschietti, o mesmo de Mama, não é, de fato, um terror. Claro, há gore, alguns sustos e, por Odin, um palhaço-demônio no filme, mas essas coisas não são a força motriz por trás de It.
Nem de longe.
Na cidade de Derry, no estado do Maine, crianças desaparecem com estranha frequência sem deixar rastros, todas vítimas do palhaço Pennywise (Bill Skarsgård), uma criatura que vive secretamente nos esgotos da cidade e se alimenta de crianças.
Um dos desaparecidos é o pequeno Georgie Denbrough (Jackson Robert Scott), que se tornou uma refeição de Pennywise em meados de 1988, quando, numa tarde chuvosa, brincava na sarjeta com um barquinho feito por seu irmão mais velho, Bill (Jaeden Lieberher, de Um Santo Vizinho), que jamais superou o trauma da perda do irmão.
Um ano após a tragédia, Bill passa a maior parte de seu tempo com os amigos Eddie (Jack Dylan Grazer), um jovem hipocondríaco com uma mãe super-protetora, Stanley (Wyatt Oleff), filho do rabino local que não consegue atingir as expectativas do pai, e Rich (Finn Wolfhard, de Stranger Things), o boca-suja que não encontra nenhuma situação onde lhe falte uma piadinha ou comentário grosseiro (é o Teddy Duchamp do grupo...).
A eles, juntam-se Ben (Jeremy Ray Taylor), gordinho novo na cidade e fã de New Kids On The Block, Beverly (Sophia Lillis), menina com pai abusivo e fama de vadia que é alvo das afeições de Ben, e Mike (Chosen Jacobs), órfão negro e pobre que trabalha no abatedouro local com o avô.
É durante as férias do verão de 1989 que esse grupo de pré-adolescentes conhecido como O Clube dos Perdedores, se vê frente à frente com o medo encarnado quando são forçados a encarar Pennywise e seus próprios pavores.
Conforme eu disse antes, o terror de It: A Coisa, é bem farofa.
Há os tradicionais "jump scares", onde alguma coisa aparece de repente junto com a trilha sonora pra fazer a audiência pular (o que talvez funcione com adolescentes no cinema, mas é inócuo pra marmanjões acomodados no sofá de casa), o gore de membros decepados, leprosos mutilados e rios de sangue jorrando de um ralo de pia, e mesmo um palhaço desfigurando-se conforme sua boca se abre mais e mais revelando todos os dentes pontiagudos do mundo...
Essa parte de It é bastante aborrecida, como é a praxe de filmes do gênero que optam por mostrar ao invés de sugerir.
Por sorte, o que de fato move o remake, é o elenco infantil repleto de talento cujas ótimas interações imediatamente trazem à mente uma das melhores adaptações de King para o cinema, o excelente Conta Comigo.
A amizade da molecada é o que faz It funcionar, oferecendo-lhe muito mais cara de filme de aventura do que horror, e é o que mantém a audiência interessada, ainda que falte desenvolvimento à maioria deles.
À exceção de Bill, cuja tragédia familiar meio que move a trama, os demais, na melhor das hipóteses, têm seus backgrounds jogados na tela rapidamente, como Beverly e Mike, vagamente sugeridos, como Eddie e Stanley, ou solenemente ignorados, mesmo, casos de Rich e Ben.
Por mais que isso seja um incômodo, haja vista que os moleques são muito mais interessantes que o palhaço-monstro, parece uma decisão calculada, uma vez que os personagens mais carismáticos são justamente os menos desenvolvidos, oferecendo algum equilíbrio na hora de o espectador escolher seus favoritos.
Há boas sacadas na direção de Muschietti e na edição de Jason Ballantine, mas a verdade é que, enquanto filme de terror, It: A Coisa naufraga. A despeito dos esforços de Bill Skarsgård na pele de Pennywise, que faz careta, se sacoleja e anda todo torto de um lado pro outro, não existe nada que genuinamente amedronte no roteiro de Gary Dauberman, Chase Palmer e Cary Fukunaga. Palhaços dentuços mordendo fora o braço de um gurizinho, ou figuras macabras escapulindo de quadros são coisas bem bobinhas, mas a alegoria de deixar a infância pra trás encarando os próprios medos na forma de um palhaço-demônio, é simpática, tem apelo e faz It funcionar a despeito de um terceiro ato que se alonga além do necessário e apresenta situações redundantes.
Eu não entendo todo o incenso que o longa recebeu da crítica especializada, mas certamente sei reconhecer uma sessão divertida de cinema, e isso, It: A Coisa, certamente oferece.
Pode locar sem medo.

"-Bem-vindo ao Clube dos Perdedores, cuzão."

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Resenha DVD: Feito na América


Desde os trailers eu tinha ficado com a impressão de que Feito na América, um dos dois filmes estrelados por Tom Cruise lançados em 2017 (o outro tendo sido A Múmia, o pior filme do ano...), era um subproduto de O Lobo de Wall Street com mais ação e menos putaria. Como não ando particularmente inspirado pra frequentar o cinema em meses recentes, acabei pulando o longa dirigido por Doug Liman (A Identidade Bourne, No Limite do Amanhã) na telona.
Sábado, porém, dei uma passada na locadora, e em busca de algo que assistir no final de semana, acabei resolvendo dar uma chance ao filme.
Feito na América apresenta Barry Seal (Cruise) um piloto da TWA que em 1977 é abordado por Monty Schaefer, um operativo da CIA (Dohmnall Gleeson), que deseja usar as habilidades de Barry para espionar guerrilhas possivelmente apoiadas pela União Soviética durante a Guerra Fria.
Um piloto habilidoso, impulsivo e impetuoso, Barry logo percebe que arriscou sua carreira e o sustento de sua família por uma recompensa insuficiente. Na mesma época em que pleiteia um aumento junto à CIA, Barry é cooptado pelo cartel de Cali.
Os narcotraficantes estão cientes das rotas de Barry e de suas costas quentes com a inteligência dos EUA, e lhe oferecem dois mil dólares por quilo transportado para fazer o treslado da cocaína entre a Colômbia e os EUA.
Imediatamente Barry está servindo fielmente a dois senhores, Ronald Reagan e Pablo Escobar (Mauricio Mejia), simultaneamente. Ele continua fotografando guerrilheiros e traficando cocaína, se aprofundando em suas relações criminosas e nas revoluções na América Central, e ao longo dos anos vai de piloto comercial, a espião, traficante de drogas e contrabandista de armas, montando um pequeno império multi-milionário de lavagem de dinheiro na pequena cidade de Mena, no Arkansas, enquanto leva sua vida dupla até as últimas consequências em nome do dinheiro que não pára de jorrar.
Agora, Tom Cruise é um autêntico astro de Holywood...
Ele pode não ser o melhor ator. Nem o sujeito mais bonito. Mas tem charme, presença de tela, e talento pra carregar franquias inteiras nas costas. Doug Liman sabe disso, e usa e abusa de todo o carisma do astro para dar lastro a Feito na América. Há, porém, dois grandes problemas aqui:
O primeiro, é que Barry Seal é um tremendo escroto, e pintá-lo com a cara de Tom Cruise com um grande sorriso e todo o carisma do mundo não o torna menos escroto, apenas o glorifica.
Aliás, glorificar Seal parece a única vontade do diretor Doug Liman e do roteirista Gary Spinelli, que não se arriscam a ter nem dez minutos de filme sem o protagonista em cena (reduzindo praticamente todo o resto do elenco, que inclui Caleb Landry Jones, Jesse Plemons e Lola Kirke, à mera figuração) .
O segundo problema é que, em última análise, não sabemos quem é Barry Seal.
Não sabemos porque ele aceitou tão prontamente se tornar um espião aéreo. Não sabemos porque ele aceitou tão prontamente se tornar um traficante. Não sabemos de onde saiu toda essa impulsividade de um pai de família com uma carreira na aviação comercial que, de repente, arrisca tudo, inclusive a vida da esposa (Sarah Wright) e dos filhos, pra ganhar dinheiro, e continua arriscando para ganhar mais dinheiro, e mais, e mais chegando a ter dinheiro demais para conseguir gastar...
O filme simplesmente esquece de fazer qualquer tentativa de desenvolver Barry Seal como um personagem, e apenas o mostra agindo feito um maluco na tentativa de seduzir a audiência.
Não dá certo.
À certa altura a coisa toda está simplesmente cansativa, e as montagens de missões e lavagem de dinheiro regadas à músicas dos anos oitenta começa a arrancar bocejos. Mesmo na óbvia virada do roteiro, quando a derrocada de Barry inevitavelmente começa, ele continua sendo demonstrado como um sujeito charmoso que vai usar todo o seu potencial para chegar onde deseja, e, francamente, após meia hora de filme já sabemos que isso é uma forçação de barra de um roteiro tão apaixonado pelo personagem que parece incapaz de lhe fazer qualquer crítica por mais merecida que seja, e aí, talvez mais do que em todo o resto, Feito na América falha.
Se Liman e Spinelli tivessem a coragem de mostrar Barry Seal como um ser-humano de verdade e não como um garoto-propaganda da "Vida-Loka", talvez Feito na América fosse mais como O Lobo de Wall-Street, ou O Senhor das Armas, sem isso, torna-se uma estranha ode a um personagem amoral embrulhada em um conto moral.
Distrai por uma hora e cinquenta e cinco minutos, mas está longe de ser um programa obrigatório mesmo por mais devotado fã de Tom Cruise...

"Eu sou o gringo que sempre resolve..."

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Dúvida


Não se passou um dia sem que eu tenha sentido a tua falta, meu amigão.
Nenhum dia sem que eu tenha saído do trabalho pensando que era nossa hora de dar uma volta. Nem vez em que eu tenha ido ao mercado sem pensar em te comprar uma guloseima.
Não houve noite em que eu não tenha sentado no sofá, olhado pro teu canto, e te visto deitado ali.
Não teve madrugada em que eu não tenha entrado no banheiro cuidando meus passos pra não pisar num xixi eventual.
Também não teve vez em que eu não tenha lembrado de ti e pensado se eu fiz a coisa certa. Em que eu não tenha questionado se eu não espichei inadvertidamente o teu sofrimento. Ou na implicação moral de ter, de fato, pagado a veterinária pra te matar enquanto eu te afagava.
É difícil pra mim olhar pra trás e não ter a impressão de que eu não soube cuidar de ti. De que eu te deixei na mão quando tu precisou.
O fato de que eu vou continuar pagando até abril as despesas com as duas clínicas veterinárias onde tu esteve internado não diminuem a minha dúvida...
Eu continuo pensando, não se eu falhei contigo. Mas o quanto eu falhei.
Te deixando longe de todo mundo que tu amava e de tudo o que tu conhecia por tanto tempo. Com apenas dois períodos de visita diários dos quais eu só conseguia estar presente por um. Da forma como tu tentava te levantar toda a vez que eu chegava na clínica, talvez na esperança de voltar pra casa... E em como eu te deixei lá por dez dias, em uma gaiola, esperando o fim...
É tão estranho que eu já tenha perdido tantas coisas e tantas pessoas a quem eu amava, e minha maior dor seja por tua causa.
Um cachorro...
E eu suponho, quando penso a respeito, que seja por causa do peso da minha responsabilidade com relação à tua vida. Ao contrário de todas as outras pessoas que eu perdi, onde as decisões eram tomadas por outrem e eles que arcassem com suas consciências e eu ficava apenas com a saudade, no tocante ao meu felpudo camarada amarelo, no final das contas, as decisões foram minhas. Todas elas. E por mais que eu tenha pensado, racionalizado e pesado as decisões que tomei, eu continuo sem saber se eu fiz a coisa certa durante todo o caminho da tua doença e eventual morte.
Eu nem sei porque estou escrevendo isso.
Nem porque estou publicando aqui.
Eu não acredito em vida após a morte, nem em céu, nem nada do tipo. E mesmo se acreditasse, tu não sabia ler.
Eu acho que é apenas uma forma de desabafo... De pleitear a absolvição da posteridade porque eu não sou capaz de pesar minhas decisões como boas ou ruins e sigo me sentindo dolorosamente culpado.
Eu sem dúvida fiz o melhor que eu pude. E obviamente não foi o suficiente. Meu cachorro sofreu e morreu e eu e outras pessoas que o amavam testemunharam esse sofrimento. O viram definhar, perder peso e qualidade de vida até precisar ser carregado de um lado para o outro incapaz de sustentar o próprio peso... Eu o carreguei nos braços o sentindo cada vez mais leve em pouco mais de dois meses que pareceram anos até o fim sentenciado por mim, quando liguei pra veterinária e disse "tudo bem, vamos fazer" após passar uma noite pensando na recomendação dela sobre a eutanásia.
Talvez eu devesse ter feito antes...
Talvez eu devesse tê-lo levado pra casa e esperado, junto com ele, pela chegada do fim ao natural.
Talvez eu tenha deixado de fazer alguma coisa em algum momento que poderia tê-lo poupado da doença e do sofrimento que ela trouxe. Quem sabe? Todas as decisões passaram por mim... Menos guloseimas. Uma ração diferente. Uma vacina a mais, uma vacina a menos...
Eu não sei.
O que eu sei é que eu continuo com saudades do meu camarada. E não consigo passar dez minutos sozinho sem pensar que eu posso ter sido o responsável pelo sofrimento dele. E esse pensamento me assombra, pois ele foi o melhor cachorro que alguém poderia querer. E eu não sei se fui o dono que ele merecia.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Casa do Capita - Filme Imaginário: Quarteto Fantástico da Marvel

E a Disney resolveu se coçar e meter a mão no bolso pra garantir que o fluxo de dinheiro não fique minguado em anos vindouros.
Prestes a perder alguns de seus principais protagonistas no Universo Cinemático Marvel, nominalmente Chris Evans e Robert Downey Jr., a Disney tratou de abrir a carteira e recuperar alguns de seus principais heróis para o futuro através da compra da Fox, que detinha os direitos cinematográficos de X-Men e do Quarteto Fantástico, dois dos mais importantes super-grupos da editora.
Vou confessar que, de cara, fiquei muito mais empolgado com o retorno do Quarteto ao domínio do MCU. Não que eu não goste dos X-Men, mas os mutantes da Marvel são tão numerosos e têm uma cronologia tão própria que eu considero perfeitamente plausível que eles tenham seu próprio universo independente do restante dos heróis da editora, por mais que saibamos que não permanecerá assim.
Outro ponto é que, os X-Men já tiveram ótimos filmes pela Fox. X-Men 2, Primeira Classe, Dias de um Futuro Esquecido, Deadpool e Logan, são todas excelentes adaptações cada qual com sua proposta, e a fórmula Marvel, não necessariamente faria maravilhas por esses personagens. Na verdade, poderia diluí-los de alguma forma.
O Quarteto, não.
A primeira criação de Stan Lee e Jack Kirby a alcançar as bancas de gibis jamais teve o tratamento merecido nas telonas. Muito antes pelo contrário.
O melhor que o Quarteto conseguiu na vida foi uma comédia família no primeiro filme dirigido por Tim Story em 2005, um longa tão cheio de equívocos que seu maior mérito era não ser horrível.
Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, de 2007, falhou nisso, e foi horrível. E a coisa não parou por aí, já que em 2015 a Fox resolveu chutar o cavalo morto e lançar mais uma terrivelmente equivocada versão do Quarteto dirigida por Josh Trank que, antes mesmo do lançamento do filme já estava xingando a Fox por mexer no teu trabalho. E nem vamos voltar mais no tempo, até o Quarteto Fantástico de Roger Corman, de 1994, marco do cinema trash feito a toque de caixa para evitar uma multa e tão horrível que a Marvel se viu na obrigação de esconder do mundo.
É...
Se alguém precisa de um tratamento decente no cinema, é o Quarteto.
Então, enquanto as agências reguladoras norte-americanas decidem se a compra da Fox pela Disney não ofende o sistema financeiro estado-unidense que tal fazer uma brincadeira que não fazíamos há tempos por aqui, calçar os sapatos de Kevin Feige e imaginar como seria o filme do Quarteto Fantástico no MCU?
Minha versão da Primeira Família da Marvel seria voltada ao lado mais aventuresco do grupo. Eu adoraria vê-los como exploradores do desconhecido, com sua apresentação preparando terreno para a Zona Negativa, viagens no tempo, e, claro, o desbravamento do cosmos culminando com a chegada de Galactus.
Como de praxe no MCU, o diretor e o roteirista são quase acessórios na criação do filme, ainda assim, sejamos abusados e suponhamos que não fosse o caso.
Para escrever o roteiro de uma ficção científica de super-heróis, que tal Drew Goddard?
O sujeito por trás da primeira temporada da espetacular série do Demolidor da Netflix e que adaptou o roteiro do excelente Perdido em Marte para Ridley Scott e Matt Damon seria a minha primeira escolha para inserir o Quarteto no Universo Marvel estabelecido.
Na direção que tal dar um grande orçamento a Jake Schreier, dos bons Frank e o Robô e Cidades de Papel, que já deixou claro que sabe dirigir atores e empregar alma a seus filmes?
Mas e quanto ao elenco, tu deve estar se perguntando. Vamos a ele:

Reed Richards/Senhor Fantástico


Para viver o pesquisador que é uma das três maiores mentes científicas do universo Marvel (junto com Tony Stark e Bruce Banner) e que após um banho de raios cósmicos passa por uma mutação que lhe dá o dom de fluir e se esticar como se fosse feito de borracha, eu pensei, de imediato em Adrien Brody.
O vencedor do Oscar por O Pianista já deixou claro que não tem medo de tentar coisas diferentes, sabe se equilibrar entre comédia, drama e ação, indo de filmes como O Grande Hotel Budapeste até Predadores sem deixar a desejar, não desapareceria contracenando com os pesos-pesado do MCU e, além de ser um ator talentoso e premiado, tem cara de geek.


Susan Storm/Mulher Invisível


Quem melhor do que Katheryn Winnick para viver a Mulher Invisível?
Se a mera ideia de ver a monumental senhora Lothbrok de collant não te convencer, deixe-me lembrá-los que além de linda de morrer a loira canadense versada em artes marciais já deixou claro em Vikings que sabe interpretar uma mãe que não tem medo de cair na porrada. Além de ser um símbolo de força feminina em tempos de inclusão, é uma atriz talentosa, com diversas indicações por sua interpretação de Lagertha, e merece uma chance de brilhar na telona em um papel de mais destaque.


Ben Grimm/Coisa


A coisa de olhos azuis, Ben Grimm é o sujeito mais atormentado por seus poderes na mitologia do Quarteto. Um sujeito rueiro e boa pinta antes do acidente com os raios cósmicos, o sobrinho preferido da tia Petúnia se viu preso na forma grotesca de um monstro de pedra, incapaz de reverter à forma humana.
Para o que seria apenas uma ponta como ator, seguida de uma participação recorrente como dublador, que tal Mark Wahlberg?
O execrável ex-rapper já mostrou que tem amadurecido, e está longe de ser o ator horroroso do início da carreira. Mais do que isso, Wahlberg descobriu uma insuspeita veia cômica, que aliada à sua pose de machão que bate em todo mundo, seriam perfeitas para compôr o retrato do Coisa.


Johnny Storm/Tocha Humana


Pra mim era importante que o ator a dar vida ao Tocha fosse um adolescente com idade semelhante à de Tom Holland, intérprete do Homem-Aranha. Os personagens têm idades semelhantes nos quadrinhos, e são bons amigos, em parte, por causa disso.
O ator Caleb McClure coleciona papéis coadjuvantes em produções australianas, mas tem o visual e a idade certos para interpretar o cabeça-quente que é o galãzinho da super-equipe, além disso, quem era Chris Hemsworth antes de Thor?


Victor Von Doom/Doutor Destino


Poucos personagens foram tão vilipendiados nas produções anteriores quanto Destino.
O antagonista mais fodão do universo Marvel dos quadrinhos foi achincalhado com requintes de crueldade nos dois Quarteto de Tim Story e absolutamente descaracterizado no Quarteto Fant4stico de Josh Trank.
Para finalmente dar vida ao monarca da Latveria, um cientista tão brilhante quanto Reed e um mago quase tão poderoso quanto Stephen Strange, a própria Marvel meio que tomou a decisão nas mais recentes publicações, quando Destino ganhou a cara de Vincent Cassel.
O ator francês é talentoso, estiloso, tem cara de vilão e é um mestre na arte de imitar sotaques leste-europeus.
Com sua figura esguia e atlética de capoeirista e pinta de aristocrata do velho continente, Cassel poderia, finalmente, dar vida ao arqui-inimigo do Quarteto em toda a sua glória.


Norrin Radd/Surfista Prateado


O Zenn-Laniano que trocou a própria vida pela de seu planeta natal, oferecendo-se para assumir o posto de arauto de Galactus em troca da manutenção da vida em Zenn-La, o Surfista Prateado seria apresentado em um filme do Quarteto mas teria potencial para aparecer em diversas outras aventuras de outros heróis e mesmo nas suas próprias.
Será que o oscarizado Mahershala Ali aceitaria o papel?
O ator foi Boca de Algodão em Luke Cage, eu sei, mas Alfree Wooodard também esteve na série do herói do Harlem depois de aparecer em em Capitão-América: Guerra Civil.
Mahershala Ali é um baita de um ator, tem o físico, a voz, e até uma certa pinta de estátua. Fosse digitalizado ou através de maquiagem, ele seria um tremendo Surfista Prateado.



Namor McKenzie/O Príncipe Submarino


Namor surge, inicialmente como um antagonista do Quarteto (e da espécie humana) após um longo período amnésico vivendo como um indigente após a Segunda Guerra Mundial.
Após um arranca-rabo inicial com a Primeira Família, porém, Namor é tocado por Sue Storm, com quem mantém um longo flerte até ela se casar com Reed (e mesmo depois...).
Ora surgindo como antagonista, ora como aliado relutante, ora como herói, Namor, a exemplo do Surfista, poderia fazer seu debute acompanhando o Quarteto para, depois, ganhar seu próprio filme.
Eu não consigo imaginar pessoa melhor para interpretar Namor além de Keanu Reeves.
O John Wick já pode estar com 53 anos, mas e daí? Ele parece mais jovem que a maior parte do elenco de Liga da Justiça, amadureceu como ator, e continua sem concorrentes no que tange a ser cool.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

As Coisas Que Perdemos


Estavam os dois esbaforidos andando pela orla do Guaíba. Eram dez e meia, quinze pras onze da manhã de um domingo tão abafado que parecia que havia uma fornalha de proporções gargantuanas encostada em Porto Alegre.
Ela estava suada, claro. Tinha um "V" de suor manchando a regata cinza que vestia, e a munhequeira de tenista que usava no pulso esquerdo estava molhaada de tanto ela secar o suor do rosto durante o trajeto de cerca de três quilômetros que haviam corrido das imediações da Usina do Gasômetro até o estádio Beira-Rio.
Ela estava suada, ele, estava se liquefazendo.
Sempre suara em profusão, de escorrer suor pelos braços, pernas e rosto, de ficar com camisetas ensopadas como se houvera passado por baixo do chuveiro com elas, e ali, era como estava.
Sua camiseta cinza de Star Wars: O Império Contra-Ataca estava quase preta de tão molhada, e se colava em seu corpo desconfortavelmente. As mangas estavam razoavelmente secas, e era ali que ele secava o suor que brotava em abundância de sua testa.
Ela riu ao ver o malabarismo que ele fazia para secar a testa com as mangas curtas e justas da camiseta, e usou a própria munhequeira para secar-lhe o rosto.
Ele agradeceu, algo constrangido.
Ela percebeu seu constrangimento tirou a munhequeira e lhe ofereceu para que ele mesmo secasse o rosto, e fez sinal para que ele ficasse com ela quando tentou devolvê-la.
-Não... Tu continua suando. Agora que a gente tá caminhando eu não vou mais precisar. - Disse.
Voltariam caminhando até o Gasômetro, um caminho que, de repente, parecia extremamente longínquo.
Ele suspirou enquanto colocava a munhequeira no próprio pulso.
-Que foi? - Ela quis saber. -Cansou?
-sim. - Ele respondeu. -Muito.
Ela sorriu.
-Eu imagino. Te arranquei de casa às nove e meia da madrugada pra correr comigo...
-Num domingo! - Ele frisou.
-Carpe diem só de segunda a sábado? - Ela provocou.
-Eu aproveito o domingo. Eu durmo, como, jogo videogame, assisto TV... Hoje mesmo minha agenda incluía dormir até uma da tarde, tomar banho, almoçar, jogar The Witcher 3 e depois fazer uma sessão dupla de Guardiões da Galáxia no Telecine. - Listou.
-Tu ainda pode fazer tudo isso! Protestou ela. -E mais coisas. Não são nem onze horas...
Ele fez uma careta de desgosto.
-Nem onze horas e eu tô na rua, no domingo... Francamente...
Ela riu.
-Tu vai virar um velho muito resmungão...
Ele ficou em silêncio. Andaram mais alguns metros, passando por ciclistas, corredores e caminhantes eventuais.
Ela perguntou:
-Que foi? - Parecia preocupada em tê-lo ofendido. Era uma preocupação que ela parecia ter com alguma frequência, mas a verdade é que quase nunca acontecia. E essa não era uma ocasião diferente. Ele não estava ofendido.
Tentou sorrir pra esclarecer, mas foi um sorriso vago:
-Nada... Eu só... Não tem importância. - Ele tentou despistar.
Não deu. Ela encasquetava com as coisas.
-Fala, criatura...
Ele deu de ombros, fazendo sinal que não importava, mas ela seguiu:
-Por favor... Fala. Senão... Olha, tu me conhece. Eu vou ficar toda desconfiada...
Ele a conhecia. Ela ia ficar toda desconfiada.
Respirou fundo...
-Não é nada de grave, é só que... Olha... A verdade - Disse ele. -É que eu percebi que estou envelhecendo, sabe?
-Por causa do que eu disse? - Ela quis saber, francamente preocupada.
-Não... Não. Já tinha percebido antes. - Ele a tranquilizou.
-Que foi? Encontrou um pentelho branco? - Ela perguntou, rindo.
Ele riu de volta:
-Não. Quisera eu que fosse alguma coisa assim... Física. Dor nas costas, cansaço... Até essa dor no meu cotovelo esquerdo que não quer passar... Mas não. Não é nada assim. Nada que minha carcaça cansada esteja me dizendo. É um recado muito mais... - Ele percebeu que ela o estava olhando, e resolveu mudar o rumo da prosa:
-Enfim... Deixa pra lá.
Ela olhou pra ele, perguntando em silêncio. Ele suspirou e respondeu:
-A vida começou a tirar coisas de mim. Muitas... Nos últimos anos eu só tenho perdido. - Disse.
E continuou:
-Acho que esse é o momento em que a gente começa a envelhecer, sabe? Quando a vida passa a tomar de volta as coisas que tinha te dado... E é o que eu estou vendo, agora. A vida está me tirando as coisas.
Passou a munhequeira dela na testa, que gotejava suor:
-Nos dias entre o natal e o ano-novo eu fui acometido por essa melancolia, sabe? Essa sensação de... Sei lá. Foi estranho. Porque, ainda que eu realmente não ligue pro ano-novo, eu adoro o natal. Mas eu estava... Não sei. Estava meio anestesiado pra coisa toda. - Disse ele, parando pra ajeitar as meias.
Ela estava parada ao lado dele, Com os braços finos pendurados ao longo do corpo.
Ele se endireitou e continuaram caminhando. Ele retomou:
-E no sábado antes da véspera, eu tava na rua, e começou a chover e eu percebi que, não fazia muito tempo, eu tinha vivido outro natal em um final de semana, onde eu tinha saído do trabalho, e dado um beijo na minha avó paterna. Depois fui pra casa, saí com o meu cachorro, e à noite, minha avó materna passou o natal na casa dos meus pais com o resto da família. E eu me flagrei pensando nisso... Em quanto tempo fazia... Em como as coisas tinham mudado...
Ele olhou pra ela. Seus olhos não estavam marejados, mas estavam úmidos:
-E... Sabe...? Não foi outra vida, alemoa. Foi essa. Não foi quando eu era criança. Quando eu era adolescente. Foi há pouco. Em menos de cinco, seis anos, olha tudo o que ficou pra trás...
Ele respirou fundo.
Ela não disse nada. Continuava caminhando ao seu lado.
-E eu sei lá... - Ele disse. -Eu me vejo, ás vezes, de noite, sozinho no escuro... Vagando pelo apartamento. E eu percebo isso. Que, daqui pra frente, eu vou perder muito mais do que ganhar. E que é assim que a vida funciona. É assim que as coisas são. Não dá pra mudar o curso da natureza. Eu vou perder pessoas que eu amo. Depois vou perder minha força e minha vitalidade... E com o tempo vou perder minha cabeça. E por fim vou perder minha vida, e provavelmente nem vai fazer diferença porque, então, ela vai ser só uma lembrança vaga, mesmo.
Ela estava andando de cabeça baixa do lado dele. Eles mantinham um passo acelerado, decidido. Mas estavam ambos silenciosos.
Foi ela quem falou:
-Se tu não queria sair pra caminhar de manhã podia só ter me dito, e não arruinado meu domingo com essa conversa deprimente.
Os dois riram e seguiram caminhando e conversando. Eventualmente chegaram até o gasômetro, de onde caminharam mais devagar até a casa dela. Lá, já perto do meio-dia, se despediram com um abraço suado. Antes que ele tomasse o rumo da Marechal Floriano, ela o chamou:
-Ned...
Ele se virou e ela estava com as costas coladas na porta aberta, o olhando:
-Tu sabe que, algumas coisas, tu nunca vai perder, não é? - E sorriu.
Ele sorriu de volta.
Não tinha certeza se era assim que as coisas de fato funcionavam. Mas aquela perspectiva talvez fosse deixar seu coração um pouco mais leve ao longo dos dias vindouros.