Pesquisar este blog

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Excelsior


Stanley Martin Lieber, um jovem novaiorquino de origem romeno-judaica provavelmente pensou que seu emprego como assistente na Timely Comics nos anos 40 era apenas um trabalho.
Ele dificilmente imaginou que o serviço que incluía apagar o lápis de páginas desenhadas pelos artistas e manter os frascos de nanquim cheios seria o primeiro passo de uma longeva carreira que o levaria a tocar milhões, quiçá bilhões de pessoas ao redor do mundo.
Stanley Martin Lieber provavelmente jamais anteviu o impacto que, o que ele considerava apenas um bico temporário enquanto se preparava para uma "carreira literária séria", teria na indústria em que atuava e na vida dos fãs ao redor do mundo.
Ele mudou a forma como olhamos para os super-heróis.
Ele os tirou de um patamar de pura idealização e os trouxe para o nível dos leitores.
Ele humanizou arquétipos habitualmente idealizados e fez com que cada um de nós fosse capaz de se reconhecer em alguma faceta dos personagens nas páginas.
Ele deu aos seus personagens preocupações além do cientista louco sequestrando a mocinha, do déspota tentando dominar o mundo, ou do ente alienígena tentando obliterar o universo. Ele deu a eles famílias. Doenças. Preocupações com contas, e com isso deu a cada leitor um amigo imaginário com aflições semelhantes às suas próprias.
É fácil ler seus trabalhos sessentistas, hoje, e considerá-los infantis, mas é bem provável que, sem aquelas páginas coloridas cheias de recordatórios de então, nós não tivéssemos visto Thanos chorar a morte de Gamora em Vingadores: Guerra Infinita.
Heróis não choravam nos anos sessenta, até Peter Parker derramar lágrimas ao descobrir que seu tio fora assassinado...
Heróis eram celebrados pela sociedade até os X-Men serem vítimas de preconceito...
Heróis não se descontrolavam até Bruce Banner ser banhado por radiação gama...
Heróis eram solitários até o Quarteto Fantástico ser uma família...
Heróis não tinham deficiências até Matt Murdock ser cego...
De qualquer forma, tudo o que pode ser dito a respeito do trabalho de Stanley Martin Lieber e seu impacto, vem sendo dito há anos, e foi repetido ontem. O que eu posso adicionar a isso, é o impacto que o trabalho dele teve em minha vida.
É o fato de que, talvez, sem as criações de Stanley Martin Lieber, eu não fosse o homem que eu sou hoje.
É o fato de que sem o contato com seus personagens não-idealizados, que cometiam erros, tinham falhas de caráter, mas que tentavam sempre fazer o bem, eu talvez fosse um ser humano pior.
Ontem, Stanley Martin Lieber morreu, aos noventa e cinco anos de idade...
Mas sua verdadeira identidade, Stan Lee... Essa viverá para sempre em cada um dos personagens que ele co-criou, e no coração de cada fã tocado por eles.
Excelsior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário