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quinta-feira, 1 de novembro de 2018
Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 10: Karen
Atenção! Spoilers abaixo.
Eu sei que, pra quem lê, pode estar ficando chato, a cada episódio eu me desmanchar em elogios a Demolidor, mas eu não posso fazer nada se cada episódio dessa terceira temporada (que, eu repito, não é, até o momento, a minha preferida) dá um show de qualidade.
O décimo episódio do ano nos levou em uma viagem pela alameda da memória ao nos mostrar o passado de Karen Page e mostrar à audiência não-iniciada no mundo dos quadrinhos que a loira é muito, muito, muito mais do que apenas um rostinho bonito (e, se me atrevo, um corpão gostoso).
Eu diria que dois terços desse capítulo são dedicados a nos mostrar que Karen não é apenas uma mocinha em perigo. Sob diversos aspectos, ela é o perigo, e vem sendo desde a juventude na pacata cidade de Fagan Corners, Vermont, onde Karen era uma rata de festas de fraternidade universitárias que namorava o traficante local e brigava para ajudar o pai, Paxton (Lee Tergesen) e o irmão Kevin (Jack DiFalco) a manter o restaurante da família o mais longe possível da falência após a morte da mãe.
O passado sombrio de Karen é a resposta à pergunta que eu ouvi em mais de uma ocasião de detratores da série, sobre como a secretária executiva havia matado o mafioso com tanta facilidade na primeira temporada. Bem, meus amigos, quem lê quadrinhos sabe que Karen Page não é apenas uma secretária executiva. Ela tem um passado sombrio, ela passou muitos anos de sua vida sendo uma vítima, ela é parcialmente responsável pela destruição de sua família e isso despertou nela um desejo de se redimir que supera seu medo e até mesmo seu senso de auto-preservação.
Karen Page é um produto de sua vida lutando por significado.
Deborah Ann Woll dá um show com seu tempo sob os holofotes. Sua versão mais jovem de Karen Page, com má atitude, vício em drogas e o namorado cretino seria fácil tornar a personagem antipática ao lançar essa luz sobre sua vida pretérita, mas Woll e os roteiristas consegue balancear Karen a tornando uma personagem tão dúbia e falível quanto Matt Murdock e Wilson Fisk. Oferecer tantas camadas a personagens em qualquer tipo de mídia já seria digno de elogios, mas em uma série de super-herói, um filão que é compartilhado por coisas como Arrow, Legends of Tomorrow, Inumanos e Agentes da SHIELD é ainda mais sensacional.
Mas nem só de uma grande performance dramática de Deborah Ann Woll é feito esse capítulo.
Matt está no hotel de Fisk disposto a tomar a decisão definitiva a respeito do vilão e realmente matar o Rei do Crime, mas ao ouvir que Karen Page foi localizada pelo vilão na igreja da rua Clinton, e que Fisk quer a cabeça da loira, o Demolidor deixa seus planos para depois.
Segue-se, então, mais uma ótima cena de luta entre o Demolidor e o agente Poindexter na igreja que, sim, é infinitamente superior à luta entre Ben Affleck e Colin Farrell quinze anos atrás.
Dex transforma em arma tudo em que ele coloca as mãos, de contas de rosários à bíblias, passando por velas (o arremesso do prato de coleta é excelente) enquanto Matt tenta cortar a distância para reduzir a vantagem do vilão, uma estratégia que esbarra no traje reforçado construído por Melvin Potter.
A pancadaria é muito boa, carregada de tensão especialmente para quem leu O Diabo da Guarda, de Kevin Smith e lembra como essa luta termina nos quadrinhos, e, também, para quem está habituado ao expediente de dar um grande espaço a um personagem logo antes de matá-lo, seja como for, há um desfecho trágico nessa luta que ainda não é o último round da querela entre Poindexter e Murdock.
Apesar de movimentar pouco a trama no que tange à história que estamos acompanhando no presente da série, Karen se apoiou em um longo e pesado flashback da vida pregressa de Karen Page que contou com uma excepcional atuação de partir o coração por parte de Deborah Ann Woll, ainda assim, encontrou tempo para nos oferecer sacrifícios, decisões importantes e uma baita cena de porradaria num binômio que, em Demolidor, sempre deu certo: Flashbacks e cenas de luta.
Faltando apenas três episódios para o final da temporada de Demolidor a série deixa claro o nível de excelência que é capaz de alcançar.
"-'Tudo ficará bem no final. Se não está bem, não é o final.' John Lennon disse isso. Quem somos nós pra discordar de um Beatle?""
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