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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Resenha DVD: Os Incríveis 2


À essa altura, acredito que mesmo as pessoas que partilham meu desdém por animações (Que diminuiu muito nos últimos anos, devo dizer) já devem ter se rendido à Pixar.
O estúdio mudou as animações de patamar com sua fórmula de criar tramas simples o suficiente para agradar às crianças (tal minha sobrinha de quatro anos de idade), mas ao mesmo tempo sofisticadas o bastante para manter os adultos (como eu...) emocionalmente engajados. Filmes como Up - Altas Aventuras, Divertida Mente e Viva: A Vida é uma Festa são, para este humilde nerd que vos escreve, o ponto mais alto desse equilíbrio entre comédia infantil e debulhador de adultos, e se o leitor ou leitora estranhar a ausência de Toy Story nessa relação, perdoem-me, mas Toy Story é um dos filmes da Pixar que eu jamais assisti (Os outros são Carros, Vida de Inseto e O Bom Dinossauro).
Seja como for, a Pixar já se tornou uma marca muito maior do que o rótulo de "animação" é capaz de comportar. Não são meras animações, são "Filmes da Pixar", e, em seus melhores momentos, são apostas certas para o Oscar de sua categoria, afagados pela crítica e estrondosos sucessos de bilheteria, nos piores, são apenas uma dessas coisas.
Os Incríveis, longa de 2004 que eu jamais tive em altíssima conta, foi um representante do primeiro caso. O filme de Brad Bird mostrava um mundo de super-heróis e vilões onde o governo tornara os super-humanos ilegais por conta da destruição causada por suas intervenções contra o crime, forçando ex-super-heróis a esconderem suas identidades e levarem vidas simples ocultando seus poderes.
Uma divertida comédia de super-herói que lidava, à maneira da Pixar, com temas mais complexos abaixo da superfície, de crises de meia-idade à rotina de um casamento desgastado aos problemas da adolescência até o que torna uma pessoa especial, o longa de Brad Bird fez uma legião de fãs, concorreu a quatro Oscars, vencendo em duas categorias e se tornou o filme Pixar favorito de muita gente.
Por isso surpreende que tenha levado longos quatorze anos para que uma sequência fosse lançada, mas, considerando-se o histórico do estúdio, poderia-se supôr que tanto tempo foi necessário para que os escritores encontrassem uma história que justificasse a sequência...
Mas não é bem o caso.
A trama de Os Incríveis 2 se inicia imediatamente de onde o primeiro longa terminara.
Após destruir o robô assassino do Síndrome, a família de heróis é confrontaram pelo vilão Escavador e imediatamente parte para o combate tentando impedir que o bandido leve a cabo seu plano de assaltar bancos com resultados severamente danosos à infraestrutura da cidade.
Pior, embora os Parr tenham aceitado sua vocação heroica, o ponto é que as atividades super-humanas seguem ilegais e como desgraça pouca é bobagem, o programa governamental que amparava e ocultava os super-heróis está sendo encerrado pelo governo e Bob (Craig T. Nelson) está desempregado após sua saída da companhia de seguros e de seu emprego dos sonhos como super-herói remunerado ser parte dos planos de vingança do Síndrome.
Quando Helen (Holly Hunter) e ele se põe a pesar suas opções para o futuro, eles recebem o chamado de Lucius Best, o Frozone (Samuel L. Jackson) que os informa de uma nova chance para os super-humanos saírem da ilegalidade na forma do magnata Winston Deavor (Bob Odenkirk), que, apaixonado por super-heróis, deseja ajudá-los a retornar à ribalta e planeja fazer isso através de uma campanha de marketing encabeçada, não pelo Senhor Incrível, cujo modus-operandi é considerado demasiado destrutivo, mas pela Garota-Elástica, que tem poderes mais controláveis e uma personalidade mais comedida.
Com a ajuda da Garota Elástica e das invenções de sua irmã, Evelyn (Catherine Keener), Winston quer mostrar ao mundo o ponto de vista dos super-heróis na hora de combater ao crime, forçando as autoridades a perceberem quanto bem os super-heróis podem fazer pelas pessoas.
Isso deixa Bob com a tarefa de tomar conta do lar, e dar um jeito de cuidar das crianças, uma tarefa que nem toda a força do Senhor Incrível poderá tornar mais fácil.
Enquanto Helen se vê ás voltas com o trabalho heroico que inclui a caça ao vilão Hipnotizador, Bob precisa ajudar Dash com a lição de casa, Violet a lidar com o fato de sua paixonite do colégio, Tony, ter tido a memória apagada após flagrá-la sem máscara, e Jack-Jack estar manifestando um bocado de poderes de forma aleatória.
Eu não sou um dos maiores fãs de Os Incríveis de modo que o porquê de o filme ser tão cultuado, francamente, me foge um pouco.
Por mais que eu entenda o sub-texto do primeiro longa e sua mensagem para a audiência mais velha, eu acho que muito do hype de Os Incríveis é excessivo, da mesma forma, eu não entendo toda a excitação do público para com esse segundo filme e sua monstruosa bilheteria.
Os Incríveis 2 é uma boa aventura. Um filme divertido e movimentado com o habitual desfile de boas sacadas de Brad Bird na hora de conduzir sequências de ação, um grande trabalho do elenco de vozes e uso esperto dos avanços da computação gráfica nos últimos quatorze anos, mas meio que é isso...
A história praticamente repete a trama do primeiro filme, apenas invertendo os papéis do Senhor Incrível, que dessa vez fica em casa à beira de uma crise de nervos, e da Garota Elástica que é quem sai para se aventurar como nos velhos tempos e aprende uma lição. Violeta meio que precisa repetir seu arco do primeiro filme, Dash segue sendo um pé no saco em alguns momentos e engraçadinho em outros, e Jack-Jack é o minion da vez, com seus poderes aleatórios brotando para dar graça à qualquer momento em que o roteiro precise de uma solução fácil ou um momento cômico. Além disso as tramas narrativas paralelas são tão importantes cada uma à sua maneira que temos a impressão de estar assistindo mais de um filme ao mesmo tempo, o que, ao menos, nos dá a certeza de que eventualmente o filme retomará a nossa linha narrativa preferida (pra mim foi a desventura de Bob em sua luta para ser um dono de casa. Digam o que quiserem, mas eu sou capaz de me compadecer por um homem removido do papel de provedor da família).
Apesar de seus defeitos, Os Incríveis 2 ainda é uma bela sessão de entretenimento, e dá uma surra na maioria das outras matinês despretensiosas semelhantes. Não é qualquer animação, é um "filme da Pixar", e isso é garantia de, no mínimo, um pouco de diversão.

"-Eu perdi o primeiro poder do Jack-Jack?
-Na verdade perdeu os primeiros dezessete..."

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