WandaVision passou seus primeiros três episódios intrigando (e irritando levemente) a audiência com sua proposta doida de inserir dois Vingadores em uma quase inofensiva sitcom que saltava uma década a cada capítulo adquirindo o visual e a linguagem do tipo de programa que desejava emular, dos cenários às gags, enquanto deixava claro que havia alguma coisa de estranho acontecendo por trás do idílio parcial de que a Feiticeira Escarlate e o sintozoide Visão partilhavam. Havia diversas pistas de que algo estava errado naquele mundo em algum nível, mas nós só chegamos perto de descobrir o quanto no capítulo passado, Agora em Cores, quando Wanda expurgou "Geraldine" de sua vizinhança.
O quarto episódio da série, finalmente começa a nos dar respostas, e o faz de uma das melhores maneiras que o MCU é capaz:
Mostrando o quanto esse universo é genuinamente compartilhado (ao menos quando convém).
Interrompemos Nossa Programação abre durante o "Blip", o momento em que o Professor Hulk estalou os dedos e trouxe todas as pessoas que Thanos apagara da existência de volta à vida. Nós acompanhamos a confusão de Monica Rambeau (Theyonah Parris) despertando de um cochilo na cadeira do hospital onde acompanhava sua mãe, Maria Rambeau (Lashana Lynch) que passara por uma cirurgia para extrair um tumor, cinco anos após ter pegado no sono.
A vemos ser inteirada da situação e a acompanhamos voltar ao trabalho na E.S.P.A.D.A. (que, nos quadrinhos é uma agência especializada em Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Alienígena, mas no MCU é uma Equipe de Supervisão, Pesquisa, Avaliação e Defesa Armada), onde o diretor Hayward (Josh Stamberg) a ajuda a recebe e envia de volta a campo para um caso de desaparecimento.
No caso, o desaparecimento de uma cidade inteira, Westview, Nova Jersey.
Chegando ao local, Monica é recebida pelo agente Jimmy Woo (Randall Park, que, eu gosto de pensar, realmente saiu pra jantar com Scott Lang e aprendeu aquele truque do cartão) que mal termina de explicar o que sabe a respeito do caso antes de vê-la ser tragada pelo campo energético que cerca a cidade.
Não demora para que um enorme perímetro de segurança seja montado ao redor de Westview com agentes de todos os ramos do governo e especialistas das mais diversas áreas sendo convocados para contribuir com a pesquisa em andamento, incluindo a astrofísica doutora Darcy Lewis (Kat Dennings, que finalmente terminou seu estágio e concluiu seu PHD).
Juntos eles descobrem a sitcom sendo encenada dentro do campo de força, a verdadeira identidade do "elenco", e tentam contatar Wanda (parte das perturbações que vimos nos três primeiros capítulos) e resgatar Monica.
Interrompemos Nossa Programação é, de longe, o melhor episódio de WandaVision até agora, não apenas por começar a responder perguntas da audiência, mas por fazê-lo através de dois personagens que são titanicamente carismáticos, no caso Woo e Darcy (que além de carismática ainda tem a pele de alabastro os lábios de rubi e os cabelos de noite de Kat Dennings), que trazem a série de vez para o MCU como conhecemos e amamos.
Está lá, na presença desses dois, o falatório sci-fi que é a espinha da Marvel nos quadrinhos, o alto risco dos eventos para o nosso mundo, a comédia polvilhada por cima de toda a trama, tudo o que fez o Universo Cinemático Marvel ser o gigante que é hoje, além de, de lambuja, ainda nos dar um vislumbre do que está se passando com a protagonista.
E, encerrando o episódio, nós temos a mesma cena que encerrou o capítulo anterior, mas dessa vez, com tempo para que Monica seja capaz de nos contar o que todos já suspeitavam...
"-É Wanda... É tudo a Wanda..."