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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Resenha Cinema: Foxcatcher: Uma História que Abalou o Mundo
Foi na sexta-feira que dei o que me pareceu um bom primeiro passo cinematográfico para esse ano de Nosso Senhor de 2015.
O drama baseado em fatos reais Foxcatcher (que, na melhor tradição dos títulos brasileiros de filmes com nomes próprios, ganhou um extenso e desnecessário subtítulo), terceiro longa metragem de ficção do diretor Bennett Miller (O mesmo de Capote, O Homem que Mudou o Jogo e do documentário The Cruise), mostra a história de como, na metade dos anos oitenta, John E. Du Pont (Steve Carell), milionário herdeiro da fortuna Du Pont, uma das famílias mais prósperas dos Estados Unidos, resolveu acolher, em sua fazenda na Pensilvânia, a equipe olímpica de luta greco-romana norte-americana que se preparava para os Jogos Olímpicos de Seul, na Coréia do Sul.
Em 1985, Du Pont se aproxima de Mark Schultz, (Channing Tatum), campeão olímpico de luta greco-romana dos jogos de Los Angeles, em 84, expondo seu projeto de tornar a fazenda Foxcatcher um centro de treinamento de altíssimo nível para os atletas norte-americanos da modalidade.
Mark, que dava palestras escolares por vinte dólares entre um treinamento e outro, é imediatamente fisgado pelo discurso nacionalista de Du Pont e seu alardeado respeito pela modalidade, e aceita de pronto a oferta do magnata, que também surge como uma oportunidade de sair da sombra do irmão mais velho, o também campeão olímpico Dave Schultz (Mark Ruffalo).
Acolhido na suntuosa propriedade, Mark é imediatamente aliciado pelo estilo de vida luxuoso de Du Pont, e, conforme recebe dele uma atenção inédita, passa a vê-lo como uma figura paterna, sem desconfiar que, para John, seu sonho olímpico não é nada além da chance de impressionar sua mãe reprovadora, Jean(Vanessa Redgrave).
Logo, os irmãos Schultz e John Du Pont estão envolvidos em um perigoso jogo psicológico que se estende por anos e impele o trio rumo à uma tragédia.
OK, sendo o mais franco possível, Foxcather é um longa metragem bastante parado, até aborrecido em alguns momentos, muito mais um estudo de personagens do que propriamente um filme, mas não é ruim de modo algum, especialmente para uma audiência interessada e paciente.
Em parte graças ao trabalho do diretor Bennett Miller, que faz escolhas extremamente acertadas em termos de enquadramentos, fotografia (um trabalho quase opressivo de Greig Fraser) e uso (mínimo) de trilha sonora, e, em grande parte, graças ao trabalho do elenco.
Steve Carell é um ótimo ator, e crava os dentes em John Du Pont com vontade, indo fundo na tarefa de retratar esse sujeito da maneira mais asquerosa e bizarra possível, dando um eco dramático à comédia de desconforto que dominava em The Office (a sequência em que ele tenta impressionar sua mãe durante um treino da equipe é constrangedora, uma brilhante e dolorosa sessão de vergonha alheia). Com a ajuda de uma maquiagem protética que não chega a ser das melhores mas que dá seu recado, o comediante entrega um tremendo trabalho, criando um personagem grotesco e cheio de camadas, ao mesmo tempo um provedor e um explorador, e merece sua indicação ao Oscar.
Outro que vai (surpreendentemente) bem é Tatum. O ex-stripper se esforça para dar estofo a seu retrato de Mark Schultz, um sujeito de emoções reprimidas, cheio de traumas e desesperado por encontrar uma figura paterna além do irmão mais velho. Se em inúmeras ocasiões nós temos a impressão de que esse é o papel mais fácil do filme, não é menos verdade que Tatum não desaponta, e seu trabalho duro pode ser notado de imediato nos trejeitos do personagem (seu modo de andar, a cabeça baixa, o queixo projetado como um tipo de troglodita), e em algumas cenas, muito além disso, como nos olhares ora carregados de ternura, ora de desprezo que ele lança a seus "pais substitutos", John e Dave.
Dave, por sinal, é ótimo. O trabalho de Mark Ruffalo é brilhante, e a cena em que ele precisa dar uma declaração a respeito das habilidades de liderança de Du Pont para um documentário, sozinha, já merecia indicação a prêmios de atuação.
Sob a batuta de Miller, os três atores retratam a trágica história de Du Pont e dos Schultz como uma fábula sobre a exploração da classe trabalhadora pela elite multimilionária dos EUA.
Ainda que não seja um novo A Rede Social ou Sangue Negro, como alardeia o poster, Foxcatcher é um filme que merece ser visto, se não pelo simbolismo social, pela história que conta de fato, e o ótimo trabalho do elenco.
"Treinador é um pai. Treinador é um mentor. Treinador exerce grande influência na vida de um atleta."
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O drama que apresenta este filme vai manter atenta do início ao fim. Foxcatcher é uma história que o minuto evoluir para mostrar que a linha tênue entre o sucesso ea derrota: ambição. Sem dúvida, é uma produção que é apreciado até o fim.
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