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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Resenha Cinema: Whiplash: Em Busca da Perfeição


Ainda ontem estava pichando o trailer do novo Quarteto Fantástico nesse mesmo espaço, achincalhando em especial, o elenco, encabeçado por Miles Teller, que viverá Reed Richards no reboot.
Pois algumas horas mais tarde, tive a oportunidade de ver Miles Teller no que, pra mim, é o melhor filme do ano até o momento, este Whiplash: Em Busca da Perfeição, do jovem (e quase estreante na direção) Damien Chazelle, que tinha a direção de um único longa metragem no currículo.
Na trama de Whiplash, conhecemos o jovem Andrew Neimann (Teller), um dedicado e talentoso baterista de 19 anos que cursa o prestigioso conservatório musical de Schaffer, em Nova York.
Lá, Andrew é o baterista reserva da Banda Nassau, quando é chamado para participar da Banda de jazz Studio, turma do temido e respeitado professor Terence Fletcher (J. K. Simmons, um capítulo à parte), um regente implacável que não tem o menor pudor em vilipendiar, humilhar e até mesmo esbofetear seus músicos na sua busca por perfeição e sua absoluta intolerância a qualquer tipo de erro.
Enquanto ensaia e pratica de maneira obstinada para alcançar o nível de excelência proposto por Fletcher, Andrew, cego pela ambição de se tornar grande, deixa sua vida pessoal degringolar.
Assim que recebe o convite para a Studio, ele começa a sair com a bela Nicole (Melissa Benoist, de Glee), a moça que atende na bomboniére do cinema que ele frequenta periodicamente com seu pai, Jim (Paul Reiser, muito bem), mas a rotina de ensaios extenuantes sob a tutela cruel de Fletcher logo começam a afastá-lo de todos que ama, ao mesmo tempo em que ele sua e sangra sobre a bateria conforme seus esforços seguem insuficientes para agradar ao professor.
Tremendo filme.
Há muito mais em Whiplash do que "J. Jonah Jameson atormenta Reed Richards", o longa, escrito pelo próprio Chazelle (que, como roteirista, tem no currículo coisas como O Último Exorcismo Parte 2 e Toque de Mestre) e rodado em apenas 19 dias é uma genial obra sobre a relação entre professor e aluno transformada em um thriller sobre até onde alguém está disposto a se violentar em busca de sucesso, e até onde alguém está disposto a brutalizar outros de modo a empurrá-los na direção correta.
Miles Teller está ótimo no papel principal. Seu retrato de Andrew Neiman consegue equilibrar a insegurança e a apreensão de um quase adolescente criado pelo pai amoroso e a fagulha de confiança que o prodígio não lapidado que conhece o caminho que deseja trilhar necessariamente deveria mostrar.
E J. K. Simmons?
Simmons está monstruoso. Seu personagem, repleto de armadilhas que poderia facilmente se tornar um pastiche, uma mistura de Dr. House e Sargento Foley com professor Holland é interpretado com tanto acuro que, por mais abusivo e vilanesco que Fletcher eventualmente seja, nós não podemos negar o fundamento de seu discurso.
Em um mundo onde reprovar um aluno é considerado errado porque "expô-lo ao fracasso" pode ser "traumático" não é difícil partilhar a apreensão do músico com a possibilidade de deixar passar o "próximo Charlie Parker" porque não o impulsionou o suficiente, e sua máxima de que não existem duas palavras mais nocivas do que "bom trabalho".
Não bastasse o argumento bem sacado, as excelentes atuações, a boa fotografia (de Sharone Meir) e a brilhante edição (de Tom Cross), Whiplash ainda tem fôlego pra se encaminhar para um final feliz água com açúcar e, de repente, virar tudo rumo a um final tenso de deixar os músculos da barriga contraídos, numa performance espetacular dos dois atores e de seus personagens.
Bravo!


"Você estava correndo ou atrasando? Se você deliberadamente sabotar a minha banda, eu te fodo feito um porco. Oh, meu Deus... Você é uma dessas pessoas de lágrima solitária? Você é um veadinho inútil que agora está chorando e babando em cima da minha bateria feito uma menininha de nove anos de idade."

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