Pesquisar este blog

terça-feira, 3 de maio de 2016

Resenha Cinema: O Caçador e a Rainha do Gelo


Foi em 2012 que o espelho mágico da rainha má, precisando de uma consulta oftalmológica urgente, disse à Charlize Theron, que Kristen Stewart era a mais bela do reino.
Esse inegável equívoco de avaliação de um espelho que talvez tivesse trabalhado demais naquele dia, levou a perversa Ravenna (Theron) a trancafiar Branca (Stewart) em uma torre sombria do palácio.
No final do filme, com a ajuda de um caçador de bom coação, de um príncipe encantado que provavelmente não sabia beijar, e de oito (e não sete) anões arruaceiros, Branca de Neve conseguia matar Ravenna e retomar o trono que era seu por direito.
O filme era bastante esquecível.
Entre a performance mono expressiva de Kristen Stewart, o sotaque escocês falso de Hemsworth e as cenas de batalha que emulavam praticamente todos os épicos de fantasia pós-Senhor dos Anéis salvavam-se bons efeitos visuais, uma produção de arte caprichada e uma Charlize Theron linda de morrer aparentemente curtindo a própria maldade.
O longa de 170 milhões de dólares dirigido pelo estreante Rupert Sanders fez uma carreira decente nas bilheterias, faturando quase quatrocentos milhões de dólares e provavelmente foi esse retorno OK, mais o desespero dos estúdios Universal por uma franquia que gerou uma continuação para o longa.
Bom, meio continuação, meio história de origem, meio alguma coisa no meio disso...
O longa abre, com narração de Liam Neeson, contando a história de Ravenna (novamente Theron) antes de Branca de Neve, quando ela estava usurpando um outro trono e cuidava de sua irmã, Freya (Emily Blunt).
Freya, uma jovem apaixonada muito diferente de Ravenna, está feliz com seu papel de irmã caçula da rainha, e seu único desejo é se casar com o duque de Blackwood (o Merlin da TV, Colin Morgan), prometido à outra mulher, mas que vive um romance com ela em segredo.
Ao descobrir a irmã grávida do lorde, Ravenna a adverte sobre as mazelas do amor, mas é apenas após uma tragédia acontecer que Freya desperta seus poderes mágicos, entra em modo Elsa e congela a porra toda.
Freya viaja para o norte, e lá erige uma fortaleza. De sua torre congelada ela envia soldados para todas as partes para que eles lhe tragam crianças que serão treinadas até se tornarem os mais exímios guerreiros do mundo, seu próprio exército de caçadores, que expandirão o reino de Freya por todo o norte.
Os melhores caçadores do exército de Freya são Eric (o Caçador de Chris Hemsworth, ganhando um nome próprio), e Sara (Jessica Chastain), que, á despeito de todos os discursos da rainha do gelo sobre o amor ser proibido, se apaixonam e planejam fugir juntos.
A fuga, claro, é impedida por Freya, Sara morre, e o Caçador é jogado em um rio de águas gélidas para morrer, mas sobrevive.
Sete anos depois, após ter ajudado Branca de Neve e o príncipe William (Sam Claflin, de volta em ponta) a matar Ravenna, o Caçador vive no ermo do reino da Branca em relativa paz, até ser procurado por William que lhe pede ajuda.
Branca de Neve está doente, e, acreditando que a causa de sua enfermidade seja o espelho mágico (míope) de Ravenna pediu que o artefato fosse movido a um santuário. Entretanto, a tropa encarregada de levar o objeto sumiu.
Como o melhor rastreador do reino, o Caçador é a melhor pessoa para procurar pela tropa e sua malfadada carga.
Eric aceita a missão, e junto dos anões Nion (Nick Frost, retornando) e Griff (Rob Brydon) parte para uma missão que o levará aos recônditos mais perigosos do Reino, e a um reencontro com um passado que julgava enterrado.
Sim. É ruim.
O Caçador e a Rainha do Gelo consegue a proeza de ser ainda pior que o antecessor a despeito de trocar a inexpressiva Kristen Stewart pela sanguínea e talentosa Jessica Chastain e adicionar Emily Blunt a mistura.
Acontece que Jessica Chastain e Chris Hemsworth têm zero química, formando um casal tão desparelho que as cenas de amor entre os dois parecem teatro de fantoches. Emily Blunt por sua vez se esforça para dar algum lastro emocional à Freya, mas a piada de Elsa que eu fiz lá em cima se sustenta o filme todo. Sua personagem é basicamente a princesa de Frozen em uma nota malvada, das roupas ao cabelo trançado, passando pela torre congelada, tudo na personagem emula Elsa, eu estava esperando que ela cantasse o "lérigou" em algum momento.
Novamente a produção de arte, o figurino, a maquiagem e os efeitos visuais são todos muito bem feitos, e Charlize Theron está muito bem, funcionando numa toada totalmente diferente do resto do elenco, mas nota-se tanto a falta de jeito do diretor, o estreante Cedric Nocolas-Troyan, quanto a falta de talento dos roteiristas Evan Spiliotopoulos (do chatão Hércules, com The Rock) e Craig Mazin (de Uma Ladra Sem Limites), que transformam o amargurado Caçador do primeiro longa num herói piadista e cheio de sorrisos e enchem o roteiro de alívios cômicos deslocados e monstros inexplicáveis pra contar uma história vazia e desnecessária.
Em suma:
Se estiver muito curioso ou for membro do fã-clube de Hemsworth, Chastain, Theron ou Blunt tenha paciência e espere passar na TV a cabo. Não vai estar perdendo nada.

"-Vivo ou morto, ficarei ao seu lado."

Nenhum comentário:

Postar um comentário