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terça-feira, 28 de junho de 2016

Resenha Cinema: Independence Day: O Ressurgimento


No site de quizzes Jetpunk, há um questionário chamado "Filmes pelo furo do roteiro", onde a pessoa tenta adivinhar, a partir de uma afirmativa sobre o enredo, qual é o longa-metragem em questão.
Uma dessas afirmativas é algo como "Os computadores alienígenas dificilmente seriam compatíveis com os computadores da Terra".
Pra quem assiste um pouco de cinema, não é difícil matar a charada na hora. Independence Day.
David Levinson, o personagem de Jeff Goldblum, conseguia desativar o impenetrável escudo de força das enormes espaçonaves alienígenas usando um vírus de computador que ele desenvolveu em um Apple Macintosh Powerbook e liberava no sistema operacional extraterrestre ao acoplar o caça alien na nave-mãe, que devia ter uma porta USB (e deixa provado acima de qualquer suspeita que o "U", em USB é realmente de universal)...
Mas quem liga?
Independence Day não era um filme realista. Jamais quis ser um filme realista. Ele tinha Will Smith, o maluco no pedaço, interpretando um herói de ação, por amor de Odin... Não... Realismo estava muuuuuito longe das pretensões de Roland Emmerich, e quem é que vai dizer que ele estava errado quando o filme somou mais de oitocentos milhões de dólares em bilheterias, um número que seria expressivo hoje em dia, em 1996, com um orçamento de meros 75 milhões de dólares?
Ninguém disse, claro... Roland Emmerich fez fama como um destruidor de mundos, Will Smith virou um astro e o mundo seguiu seu curso com as tomadas da destruição da Casa Branca e do Empire State Building sendo repetidas por anos a fio quando se falava em efeitos visuais.
E eis que, vinte anos após o longa original ter enchido os cofres da Fox além dos mais selvagens sonhos do estúdio, a crise criativa pegando, produtoras batendo na mãe por uma franquia, e quem é que volta?
Eles...
Os mesmos aliens de 1996, querendo vingança pela derrota daquele distante quatro de julho de 1996.
Em Independence Day: O Ressurgimento o mundo é diferente em 2016. Após a destruição massiva da invasão de vinte anos atrás, os povos da Terra se uniram de maneira nunca antes vista, deixando de lado todas as picuinhas e conflitos e abraçando uma irmandade sem precedentes.
Utilizando a tecnologia dos extraterrestres, os cientistas de nosso planeta deram um salto tecnológico de séculos, tornando viagens espaciais da Terra à Lua uma bobagem que pode ser feita em minutos.
Na lua, aliás, existe uma base da NASA, onde está a primeira linha de defesa de nosso planeta.
É nesta base lunar, que estão dois dos heróis da vez, Jake (Liam Hemsworth, em modo Top Gun) e seu fiel escudeiro Goose... Digo, Charlie (Travis Tope), operando rebocadores que preparam a grande festa de aniversário da vitória terrestre.
Mas enquanto o mundo prepara uma festa, o ex-presidente Whitmore (Bill Pullman) é assaltado por visões ligadas aos invasores, e não é o único...
Na base da Área 51, enquanto após duas décadas catatônicos, os alienígenas prisioneiros começam a chiar feito chaleiras no cio, o comatoso doutor Okun (O Data Brent Spinner voltando ao papel) desperta, e uma misteriosa espaçonave surge do espaço exterior direto à base lunar, sendo prontamente alvejada pelo sistema de defesa terráqueo.
A chegada dessa estranha espaçonave havia sido antevista por Whitmore, Okun e outros, isso desperta a curiosidade de David Levinson (Jeff Goldblum), o grande engenheiro da defesa da Terra, que acompanhado de Jake, do contador Floyd Rosenberg (Nicholas Wright), do senhor da guerra africano Umbutu (Deobia Oparei) e da psiquiatra obcecada com a conexão entre ETs e humanos Catherine Marceux (acredite, ou não, Charlotte Gainsbourg), parte para investigar os destroços do artefato recém abatido.
Enquanto, a funcionária do gabinete presidencial Patricia Whitmore (Maika Monroe) o capitão Dylan Hiller (Jessie T. Usher) e a piloto ás chinesa Rain Lao (Angelababy) se movimentam para a celebração da vitória, uma nova ameaça emerge do espaço profundo na forma de uma abissal nave alienígena de quase cinco mil quilômetros que vem para a Terra, pousando no oceano Atlântico e devastando tudo em seu caminho enquanto começa a perfurar o leito oceânico em busca do núcleo de nosso planeta.
Isso coloca as defesas da Terra em polvorosa, numa desesperada corrida para tirar a espécie humana das raias da extinção.
De novo.
Independence Day: O Ressurgimento não tem nem o peso da novidade do original de 96, óbvio, o primeiro longa inaugurou um tipo de filme, o de desastre de proporções bíblicas, que se tornou regra após seu lançamento, de modo que tudo o que aparece em O Ressurgimento, já foi visto e revisto m filmes que seguiam o modelo do ID4 original. Tirando Will Smith, que praticamente deve sua carreira ao longa de 96, todo o elenco adulto está de volta, exceto pelos filhos do personagem de Randy Quaid, incluindo uma repuxada Vivica A. Fox, um Robert Loggia digitalizado que parece um boneco de cera (o ator morreu em dezembro de 2015), e Judd Hirsch, como Julius Levinson, personagem que parece estar seguindo a cartilha do velho judeu do Brooklyn, juntando-se à Sela Ward (a presidente dos EUA) e William Fichtner (que não é o vilão do filme).
Todos são desgraçadamente rasos e unidimensionais, personagens que poderiam estar descritos no roteiro como o herói boa-pinta e espirituoso, o militar negro durão e correto, as mulheres sensíveis, mas fortes (uma americana, uma oriental), o nerd, o gay, o covarde que cria coragem, o velho biruta que encontra o prumo a tempo de fazer o supremo sacrifício no altar da liberdade...
Enfim, aquela brega salada de estereótipos que fez o sucesso de Independence Day vinte anos atrás embalando um roteiro preguiçoso e apressado escrito por cinco (!!!!!) pessoas, Dean Devlin, Nicholas Wright, James A. Woods, James Vanderbilt e o próprio Emmerich.
Se ele funciona?
Depende imensamente do que a audiência espera de Independence Day: O Ressurgimento.
Pessoalmente, o longa é absolutamente o que eu achei que seria, sem tirar nem pôr. Um Blockbuster descerebrado que garante duas horas de barulhenta pirotecnia, não vai revolucionar o cinema nem mesmo na parte técnica, mas distrai. É entretenimento em estado puro, cheio de bravados, piadinhas, explosões, batalhas, monstros (inclusive monstros gigantes!) e salvamentos no último instante.
Independence Day: O Ressurgimento não é cinema... Nem mesmo é uma montanha russa, pois não traz surpresas, sustos ou adrenalina... É diversão juvenil. O mesmo filme que tu viu aos quatorze anos de idade e adorou, mas ao menos dezoito anos atrasado. Se tivesse sido lançado em 1998, teria sido um sucesso, hoje em dia, é apenas um caríssimo subproduto da crise criativa de Hollywood, recomendado apenas para fãs hardcore de invasões alienígenas e do filme original.

"-Certamente é maior do que a última..."

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