Se ali embaixo eu coloquei uma lista dos melhores filmes baseados em games já feitos, e falei que a missão era difícil, não é menos desafiador fazer a lista dos piores, ainda que, por vezes, seja mais divertido já que algumas dessas pérolas fazem neguinho rir ao lembrar de ter pagado pra assistir tal qualidade de película.
Após algum escrutínio, eu reuni aqueles filmes que, dentre os que assisti (ou tentei assistir. Alguns deles me venceram pelo cansaço antes do final da projeção), obtiveram lugar de honra na galeria. A créme de la créme do lixo. O pior do pior.
O infame top-10 Casa do Capita dedicado aos piores filmes feitos com base em um videogame de todos os tempos:
10 - Street Fighter - A Última Batalha (Steven E. de Souza, 1994)
As tropas da coalizão sob o comando do coronel do exército norte-americano Guile (o belga Jean Claude Van Damme) chegam a Shadaloo para impedir os planos de domínio global do ditador Bison (último papel do ótimo Raul Julia).
O que se poderia esperar desse filme além de uma tremenda bomba? Van Damme, no auge do seu vício em cocaína não facilitou a vida do diretor/roteirista Steven de Souza, que já tinha rebolado tentando (e falhando em) transformar o jogo de luta em uma história coerente de duas horas de duração. Com cenas de luta meia boca, atuações canhestras e frases de efeito dolorosas, chega a ser surpreendente ver que gente como a cantora Kylie Minogue, a atriz Ming Na e o próprio Julia tenham embarcado nessa canoa furada que, hoje em dia, serve apenas pra rir um pouco das coisas que o cinema já foi capaz de produzir.
9 - Street Fighter - A Lenda de Chun-Li (Andrzej Bartkowiak, 2009)
Quando jovem, Chun-Li viu seu pai ser sequestrado pelo temerário senhor do crime M. Bison (Neal McDonough). Quando adulta, com o corpinho gostoso e a carinha mimosa de Kristin Kreuk, ela parte em uma jornada de vingança contra o vilão.
Se o filme de 94 era ruim, ele ao menos servia pra umas risadas, a versão de 15 anos depois, nem isso. Os únicos risos possíveis no longa são de nervoso, ou de vergonha alheia pelo festival de bobagens que se desenrola na tela com um elenco porcamente escolhido e cenas de ação de dar sono. Nem a bonitinha Kreuk, um coringa étnico dos filmes de baixo orçamento que faz papel de índia, indiana e chinesa, torna o martírio da hora e meia de filme mais suportável.
8 - Super Mario Bros. (Annabel Jankel, Rocky Morton, 1993)
Dois encanadores do Brooklyn, os irmãos Mario (Bob Hoskins) e Luigi (John Leguizamo) precisam viajar à outra dimensão e resgatar a princesa Daisy (Samantha Mathis), impedindo que o terrível tirano rei Koopa (Denis Hooper), domine o mundo.
Parece ruim na descrição? Acredite, é ainda pior quando se assiste. Pra te dar uma ideia de o quanto esse Super Mario Bros. é equivocado, Bob Hoskins assinou contrato pro filme sem sequer fazer ideia de que existia um game com esse nome.
O filme tem alguns efeitos razoáveis para a época, e tenta ser uma comédia de ação e fantasia. Há alguns risinhos aqui e ali, geralmente à revelia da vontade do roteiro. Para criancinhas pequenininhas que gostam de dinossauros, talvez seja um programa razoável, para qualquer pessoa com mais de cinco anos de idade e algum resquício de senso crítico, é muito, muito ruim.
7 - Mortal Kombat - A Aniquilação (John R. Leonetti, 1997)
Após vencer o Mortal Kombat a Terra deveria ter uma geração de paz garantida com o Outworld, mas, como o final do primeiro filme deixava claro, a derrota no torneio não havia deixado o Imperador Shao Khan (Brian Thompson) feliz. Mandando as regras do tratado às favas, Khan e seus generais começam tentar invadir a Terra, deixando a Liu Kang e Kitana (Robin Shou e Talisa Soto, únicos remanescentes do elenco do filme original) apenas seis dias para salvar o mundo de uma fusão forçada com o Outworld.
Infinitamente pior do que o primeiro filme, que ainda tinha algumas boas ideias, como um Goro animatrônico razoável e algumas sequências de luta francas (o duelo de Johnny Cage com Scorpion, por exemplo...), esse segundo filme tinha uma produção canhestra, efeitos visuais de fazer os filmes originais do canal Sify corar de vergonha, e algumas das piores atuações jamais vistas em um filme na tela grande. Se duvida, procure no Youtube a cena em que Sindel (Musetta Vander) ameaça sua filha Kitana de morte.
Quando uma atuação tão medonha que arranca risos é o único ponto memorável de um filme, tem-se uma ideia da qualidade da película...
6 - Double Dragon (James Yukich, 1994)
No futuro, no ano de 2007 (pra tu ver...), após um grande terremoto, as cidades de Los Angeles e San Diego acabaram sendo unidas em uma só megalópole semi-destruída e habitada por tribos urbanas. Nesse cenário punk/pós-apocalíptico, os irmãos Billy e Jimmy Lee (Scott Wolf e Marc Dacascos) se tornam alvo do chefão do crime Koga Shuko (o T-1000 Robert Patrick) por conta de um misterioso medalhão cuja metade os dois possuem, e que, na verdade, é um poderoso talismã chinês que dará poderes absolutos àquele que o possuir.
Se já é complicado transformar um game de luta com histórias individuais como Street Fighter e Mortal Kombat em um filme coerente, imagine tentar fazer isso com um side scrolling de porradaria incessante como o clássico absoluto do arcade Double Dragon? Empreitada difícil por si, só, que piorou horrores com a abordagem de comédia juvenil dada ao filme que é, na melhor das hipóteses, uma curiosidade.
5 - House of the Dead: O Filme (Uwe Boll, 2003)
Começa aqui o reinado de terror de Uwe Boll, facilmente o diretor que mais adaptou videogames em filmes inassistíveis:
Um grupo de estudantes universitários viaja à uma ilha misteriosa para atender à uma rave. Chegando no lugar eles ficam presos pois a ilha foi dominada por zumbis sedentos de sangue.
O que poderia ser mais um filme de zumbis razoável, igual cem outros que se vê de madrugada na TV a cabo, se torna um espetáculo de risadas não-intencionais entrecortado por diálogo pobre, trama mal-ajambrada e atuações tão ridículas que transformam o filme em uma comédia não-intencional.
4 - Far Cry: Fugindo do Inferno (Uwe Boll, 2008)
Um ex-operativo das forças especiais alemãs, Jack Carver (Til Schweiger) leva a vida tranquilamente como barqueiro. As coisas mudam quando a jornalista Valerie Cardinal (Emanuelle Vaugier) o contrata para levá-la até uma ilha próxima, onde uma base secreta guarda terríveis experimentos engendrados por um cientista louco criando um exército de soldados geneticamente modificados e sem inteligência.
Apesar de não parecer, o filme de Uwe Boll é baseado na série de games da Ubi Soft, e talvez, não fosse por isso, fosse apenas um filme de ação muito ruim. Como o longa ainda consegue a proeza de arrastar o nome da franquia gamística no chão enquanto gera bocejos, ganha um upgrade na sua torpeza, e um lugar na lista.
3 - BloodRayne (Uwe Boll, 2005)
No Século XVIII, a meio-humana, meio-vampira Rayne (Kristanna Loken) foge do circo de aberrações no qual cresceu para descobrir que é fruto do estupro de sua mãe pelo perverso rei dos vampiros Kagan (Ben Kingsley, de aluguel atrasado).
Decidida a se vingar, ela junta forças com dois caçadores de vampiros e parte em busca de justiça.
Uwe Boll ataca novamente em um filme que poderia ser do tipo "tão ruim que é bom", mas nem isso consegue. O longa é apenas ruim, mal escrito, mal dirigido, com a edição das cenas de ação sendo uma completa baderna e conseguindo fazer Ben Kingsley parecer um idiota com uma peruca estilo Drácula de Bram Stoker enquanto ronca suas falas.
2 - Em Nome do Rei (Uwe Boll, 2007)
Um pacato fazendeiro chamado Farmer (Jason Statham) tem sua esposa (Claire Forlani) sequestrada e seu filho morto por uma raça de guerreiros bestiais chamada Krugs. Sua busca por sua esposa e sua vingança o coloca no meio de uma guerra entre as forças leais ao rei Konraid (Burt Reinolds) e o cruel mago Gallian (Ray Liotta).
Baseado no game Dungeon Siege mas sem nenhuma preocupação em ser fiel à fonte, Em Nome do Rei virou um filhote anencéfalo de O Senhor dos Anéis, misturando atores das listas B, C e D de Hollywood com efeitos especiais ruins e uma direção medíocre para uma história genérica e cheia de personagens esquecíveis em subtramas vazias.
1 - Alone in the Dark - O Despertar do Mal (Uwe Boll, 2005)
Edward Carnby (Christian Slater) um detetive do paranormal e do inexplicável investiga a morte de um amigo quando esbarra com mistérios envolvendo uma antiga seita de adoradores do mal. Com a ajuda de sua ex-namorada, a antropóloga Aline Cedrac (Tara Reid), Carnby vai desvelando uma tenebrosa rede de horrores que o coloca em oposição à forças do próprio inferno.
Baseado nos games da série Alone in the Dark, o filme de Uwe Boll desperdiça o plot lovecraftiano dos jogos em um show de gore absolutamente ridículo, amparado em um roteiro confuso e cheio de problemas técnicos que parece ter sido feito a toque de caixa sem se preocupar em dar aos personagens qualquer profundidade além de nome e ocupação antes de matá-los de maneira sangrenta após alguma cena de ação embalada em um techno grotesco. Alone in the Dark - O Despertar do mal deveria ser a aula prática de como não se dirigir um filme, mas isso forçaria pessoas a assisti-lo, o que, convenhamos, é maldade demais.
meio atrasado, mas feliz 11 de junho.
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