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terça-feira, 28 de junho de 2016
Resenha Série: Game of Thrones: Temporada 6 - Parte 1
Eu gostei de Game of Thrones.
Muito. Não foi amor à primeira vista, foi um amor mais complicado... Que demandou tempo até que nos conhecêssemos e pudéssemos estabelecer uma relação significativa.
Pra mim, não foi olhando de esguelha o primeiro episódio da série, que assim, não me chamou a atenção.
Foi assistindo meia-dúzia de capítulos em sequência numa maratona da HBO.
Adorei a primeira temporada, e gostei demais da segunda.
A terceira foi OK, e OK apenas, com eventuais picos de excelência...
A quarta, foi mediana, com ainda menos picos de bom entretenimento, e a quinta... Ugh... A quinta temporada era um amontoado de dez episódios onde se salvavam apenas dois.
A minha relação com a série, por sinal, azedou muito depois de eu ler os livros d'As Crônicas do Gelo e Fogo, e , depois disso, perceber que, ao contrário do que chegou a ser alardeado entre os anos três e quatro, ao invés de a série aumentar seu número de episódios, ou dividir cada livro em duas temporadas, eles apenas diluíram mais informação em um período igual (e apertado) de tempo.
Desvios de rota violentos foram feitos em nome dessa necessidade de enxugar o inacreditavelmente populoso mundo de George R. R. Martin nos livros.
Personagens que ainda estavam vivos no livro morreram na TV, personagens mortos na literatura foram mantidos vivos na série, e personagens interessantíssimos na literatura simplesmente não apareceram.
Eventos pelos quais ansiávamos nos livros foram apressados na TV, e mostrados sem a pompa e a circunstância que mereciam para quem os lera em preto no branco nas páginas de George R. R. Martin enquanto subtramas sem sentido nem graça eram levadas adiante... Perguntas e mais perguntas surgiam sem resposta, e por vezes os dez episódios se arrastavam enquanto a audiência via absurdos como a antiga Valyria ser mostrada como um pântano com umas ruínas daqui e dali, e Jaime Lannister viajando com Bronn à uma Dorne desgraçadamente chata, de onde o único personagem maneiro era Oberyn Martell, já morto.
Eu escrevi sobre o ano 5, que Game of Thrones "parecia cada vez mais com um fanfic vagamente baseado nos livros".
Eu estava sendo sincero.
E o primeiro episódio da temporada seis, The Red Woman, não fez exatamente maravilhas pela minha pretensão do que viria a seguir.
Um episódio apressado, com uma cena de luta mais ou menos entre Brienne e Pod contra os capangas de Ramsey Bolton, e um golpe de Estado de alguns minutos em uma Dorne para a qual absolutamente ninguém liga fez parecer que os nove episódios seguintes seriam uma triste repetição do ano 5, e só me restava torcer para que, em meio às quase nove horas subsequentes de tristeza houvesse um Durolar, episódio mais legal da temporada anterior e um dos mais bacanas da série, perdido no caminho para fazer a viagem toda menos indigesta.
Atenção, a partir daqui, haverá spoilers...
As coisas mudaram bastante no segundo episódio, Home.
Não para todo o episódio, mas em seu desfecho. O capítulo que trouxe Bran de volta após uma temporada sumido, e apresentou o corvo de três olhos (Max von Sydow) tinha, como ponto alto, o flashback mostrando Ned, Benjen, Lyanna e Brandon Stark crianças, e mostrando que Bran podia, agora, acessar a memória de toda a Westeros graças ao seu poder da Visão Verde, enquanto Sansa aceitava o serviço de Brienne.
Fora isso, havia uma chatíssima cena de Jaime Lannister com o alto pardal, intriguinhas familiares entre Cersei e Tommen, mais cenas da Aria apanhando da Criança Abandonada em Braavos e Tyrion tentando se virar com o sumiço de Daenerys após o ataque na arena em Mereen, inclusive arriscando MUITO o próprio pescoço ao entrar no fosso dos dragões. Houve espaço para a malvadeza de Ramsey Bolton chegar a níveis estratosféricos usando seus cachorros, e, finalmente, o que todos esperavam, Davos pedindo para Melisandre realizar um milagre, e a bruxa obtendo sucesso.
Era um episódio incrivelmente cheio, inchado, até, que ainda tinha espaço para os Greyjoy, os dothraki, para Jorah e Daario Naharis em sua missão de resgatar Daenerys, mas que finalmente mostrou que a série poderia engrenar de novo.
A ressurreição de Jon Snow marcou um novo momento em Game of Thrones.
No capítulo seguinte, Oathbraker, nos mostrou o que parecia um passo atrás do programa, com Daenerys novamente no deserto sendo tratada feito escrava pelos Dothraki, e descobrindo que seria largada em Vaes Dothrak para assumir seu posto de viúva de Khal, enquanto Arya seguia sendo surrada pela criança abandonada, agora, dentro da Casa do Preto e Branco, sendo preparada para virar uma Mulher sem Rosto. Enquanto Ramsey, o novo protetor do Norte, recebeu de Smalljon Umber a cabeça do Cão Felpudo (eu fico puto quando os lobos morrem), mais Osha e Rickon Stark, houve, ainda, espaço para Jon punir seus assassinos, e, um dos pontos altos da temporada, e, que diabos, da série toda:
O flashback de Bran na Torre da Alegria, onde um jovem Ned Stark chegou com Rowland Reed e outros quatro homens para resgatar sua irmã, Lyanna, o que terminou num arranca-rabo de Ned e companhia contra sor Gerold Hightower e o espadachim mais fodelão da história de Westeros: Sor Arthur Dayne, a Espada da Manhã.
Antes do desfecho, porém, Jon entregou o comando da Patrulha da Noite à Edd, e deu sua vigília por encerrada.
No episódio seguinte, The Book of Strange, fomos bombardeados com uma série de reencontros de irmãos.
Theon chegou a Pyke para apoiar Yara Greyjoy como sucessora de Ballon, contra o tio (fratricida) dos dois Euron. Além disso, Margaery Tyrell conseguiu permissão com o alto pardal para rever Loras, e, claro, a mais esperada por todos:
Sansa e Jon.
Eu sei. Os dois nem sequer haviam tido muito tempo juntos na série, até onde me lembro, nem nunca tinham trocado uma fala, mas mesmo assim, foi provavelmente o primeiro momento genuinamente caloroso em seis anos de programa.
Além disso, enquanto Tyrion tentava fazer as pazes com as outras cidade da Baía dos Escravos, Daenerys resolvia seus problemas em Vaes Dothrak à maneira Targaryen, com fogo e sangue.
Em The Door, tivemos Petyr Baelish saindo do prumo. O manipulador mestre de Westeros pareceu finalmente ter feito uma cagada épica ao perder a confiança de Sansa por causa da sua falta de informação sobre Ramsey (ou ele simplesmente esperava quebrar o espírito da jovem Stark ao deixá-la na mão do psicopata, quem é que pode ter certeza? Seja como for, o plano falhou.). Daenerys tendo uma calorosa despedida de Jorah, e as Ilhas de Ferro levando adiante sua eleição, com Euron Greyjoy sendo coroado por aclamação com base em seu plano de casar com Daenerys e tornar os Homens de Ferro senhores dos Sete Reinos.
Enquanto Tyrion assumia uma posição duvidosa com relação aos sacerdotes do Senhor da Luz em Yunkai, e Arya recebia uma nova chance de se tornar uma autêntica assassina, Bran e o Corvo de Três Olhos davam início a uma espetacular sequência com o Rei Noite. A Visão Verde do jovem Stark sendo usada pelo líder dos andarilhos brancos para levar um exército de mortos-vivos aos portões da caverna de Leaf e, o momento de explodir o crânio com a origem de Hodor sendo contada em tempo real, conforme a causa dessa origem estava diretamente ligada à sua morte e aos poderes de Bran sendo utilizados enquanto tudo acontecia.
Com o jovem Stark precisando fugir por sua vida conforme Leaf e o Corvo de Três Olhos morriam nas mãos do exército de zumbis, Hodor ficou para trás, segurando a porta enquanto era comido vivo, e os gritos de Meera de "hold the door" se transformando, lentamente, no "Houdôr" que o grandalhão proferiu nos últimos anos.
O sacrifício de Hodor (e a morte de Verão, de novo, eu odeio quando os lobos morrem) foram um encerramento tocante para esse momento da trama, e a sexta temporada chegava à sua metade como a melhor do programa desde sua estréia.
A parte mais bacana?
O melhor ainda estava por vir.
"-É o que eu faço. Eu bebo e sei coisas."
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