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segunda-feira, 20 de junho de 2016
Resenha DVD: Goosebumps: Monstros e Arrepios
Na minha infância eu era um fã declarado e descarado de filmes de horror. Não pagava imposto para passar na locadora e apanhar o mais asqueroso espetáculo de gore disponível na prateleira e me deleitar com duas horas de sangue, tripas e gosma no vídeo-cassete da minha avó, batia palmas quando era sexta-feira 13 e eu sabia que a Globo exibiria um filme de horror depois do Jornal da Globo, e minha mãe chegou a ser chamada na escola porque eu enchia meus cadernos com desenhos de machados ensanguentados, corpos desmembrados, olhos arrancados e tripas empilhadas.
Para meu azar, meu gosto pelo horror gore desvaneceu-se antes mesmo do advento do "Cine Trash", da Bandeirantes, onde meu eu dos sete aos doze anos certamente teria encontrado um lugarzinho muito especial para saciar sua sede de sangue cenográfico, e eu passei a ver cinema de horror com maus olhos, de modo que excetuando-se raras exceções, eu não guardo praticamente nenhum terror da época na memória.
Entretanto, guardo com alguma afeição um filme de monstros que estava longe de ser de terror:
Deu a Louca nos Monstros, fita de 1987, dirigida por Fred Dekker (do atroz RoboCop 3) e co-escrita por Shane Black (de Duro de Matar e Homem de Ferro 3), onde um grupo de crianças aficionadas por monstros precisava defender a cidadezinha onde moravam do conde Drácula, do Lobisomem, da Múmia e do monstro de Frankenstein. Talvez houvesse uma criatura da lagoa negra, mas eu não tenho certeza... O filme está guardado nas minhas afeições, mas acho que a última vez que o assisti foi num domingo qualquer na casa da minha avó paterna entre fatias de bolo mármore e copos de suco de uva.
Bom, esse Goosebumps: Monstros e Arrepios que eu deixei passar nos cinemas devido à impossibilidade de encontrar uma cópia legendada em exibição, é um longa da mesma estirpe de Deu a Louca nos Monstros. Um filme que consegue se equilibrar entre a comédia e os sustos infantis, mais ou menos como faz a muitíssimo bem sucedida série literária de mesmo nome escrita por R. L. Stine, que já vendeu mais de 400 milhões de cópias no mundo inteiro.
No longa do diretor Rob Letterman (do meia-boca As Viagens de Gulliver e do bacana Monstros vs. Alienígenas), conhecemos o jovem Zach (Dylan Minnette).
Zach acaba de seu mudar com sua mãe Gale (Amy Ryan) para uma cidadezinha de Delaware após uma vida em Nova York.
Zach não está feliz com a mudança para uma cidade pequena após crescer na metrópole mais cosmopolita do mundo, mas não tem muita opção. Depois da morte do pai, a pequena Madison foi o lugar onde Gale conseguiu trabalho como vice diretora, e é pra onde ela vai.
A sequência de azares de Zach é amenizada por conta da descoberta de que, na casa ao lado, vive uma menina linda da mesma idade que ele: Hannah (Odeya Rush).
Hannah é um sonho. Engraçada, aventureira e divertida, um bálsamo para Zach e sua luta para se ajustar na nova cidade.
O pai dela (Jack Black), porém, não é assim.
O sujeito sinistro deixa bem claro que não quer Zach perto de sua filha, e chega a fazer ameaças bastante claras de que coisas terríveis acontecerão se o guri continuar tentando invadir o espaço de Hannah.
Entretanto, sem muitos amigos além do nerd local Champ (Ryan Lee, de Super 8), não tarda para que Zach volte a procurar Hannah, e, quando o pai da gatinha descobre, e ela desaparece, o moleque imediatamente pensa no pior.
Junto com Champ, Zach invade a casa do sujeito, apenas para descobrir que não, ele não matou a própria filha, mas que outras coisas sinistras, e muito mais fantásticas acontecem na casa.
O pai de Hannah, na verdade é R.L. Stine, autor da série Goosebumps, e os monstros de sua imaginação permanecem trancafiados dentro de manuscritos selados que, quando abertos, liberam as criaturas em nosso mundo.
Quando a investigação de Zach e Champ acidentalmente libera O Abominável Homem das Neves de Pasadena na cidade, isso dá início a um efeito cascata que segue com a libertação de Slappy, o sinistro boneco de ventríloquo que odeia Stine, e se põe a libertar todas as criações do escritor no mundo real para matá-lo.
Sem alternativas, Stine e Hannah se juntam a Zach e Champ para tentar devolver criaturas tão variadas quanto Louva-a-Deuses gigantes, gnomos de jardim assassinos, lobisomens, zumbis e alienígenas às páginas da série antes que eles destruam a cidade de Madison inteira.
Olhando por cima, não parece uma premissa das mais promissoras, mas há que se ter em mente a fonte do roteiro de Darren Lemke, Larry Karaszewski e Scott Alexander na hora de avaliar a fita.
Goosebumps é feito pensando em arrepios juvenis, não em traumas perenes e noites sem dormir, nesse sentido, o longa encontra aquele equilíbrio entre sustos e risos de que eu falei lá no início e, amparado em um elenco raçudo e talentoso que veste a camisa e segura a onda mesmo quando a história se apressa para encher logo a tela de monstros em detrimento do desenvolvimento da trama.
Sem gerar pavor autêntico ou risadas honestas o bastante para virar um "terrir" de estirpe Sam Raimi, como a série Evil Dead ou Arraste-me para o Inferno, Goosebumps se sustenta sendo um prato cheio para seu público alvo, crianças e jovens adultos, e trazendo um sorriso nostálgico aos mais velhos com uma bela mensagem sobre o poder da imaginação em seu final (pouco antes do obrigatório e descabido gancho pra uma eventual sequência).
Talvez, daqui vinte e tantos anos, algum cinéfilo olhe para Goosebumps com a mesma ternura que caras da minha idade olham para Deu a Louca nos Monstros.
A locação vale totalmente a levinha viagem à alameda da nostalgia que o filme oferece.
Assista.
"-Sabe como as pessoas falam que adolescentes não têm medo de morrer? Que eles nunca vão se machucar? Bem, eu, não, OK? Eu nasci com o dom do medo!"
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Não é o melhor, mas eu realmente gosto da proposta. Descobriu-se melhor do que eu esperava! Goosebumps monstros e arrepios é uma boa combinação de aventura e comédia é divertida e consegue agradar tanto que sabem o que vai ver e aqueles que nem sequer sabem da existência de livros ou série. Não é um filme perfeito, mas tem vários elementos em seu favor, também aproveita os monstros apresentados para inclusão em situações engraçadas.
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