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terça-feira, 9 de julho de 2019

Resenha Série: Stranger Things, Temporada 3, Episódio 1: Suzie, Do You Copy?


Nossa, foi bom voltar para Hawkins, Indiana após um agonizante hiato de um ano e meio (sério... Eu odeio cada vez mais os hiatos. Odeio.).
Stranger Things retornou nos levando pela mão até o verão de 1985.
A passagem do tempo foi menor dentro da série, mas seus efeitos podem ser sentidos logo de cara: As crianças estão mais velhas.
O roteiro de Matt e Ross Duffer se concentra justamente nas mudanças da dinâmica entre nossos protagonistas após esse salto temporal. O amadurecimento do elenco, agora adolescente, permite que os irmãos Duffer abordem temas mais complexos e sombrios, que deixam a narrativa um pouco ais sofisticada, o que é uma surpresa agradável.
Não são apenas as crianças que mudaram, a cidadezinha de Hawkins, também viu sua cota de mudanças nos últimos meses, e nosso peão para entender tais mudanças, em boa parte do episódio, é Dustin (Gaten Matarazzo).
Após passar parte do verão em um acampamento para nerds, ele volta sem a compreensão completa das mudanças pelas quais sua cidade natal e seus amigos passaram, e junto com ele nós descobrimos a respeito da evolução do relacionamento de Onze (Millie Bobby Brown) e Mike (Finn Wolfhard) que agora passam o tempo inteiro de agarramento, ou a maneira como o namoro de Lucas (Caleb McLaughlin) e Max (Sadie Sink) é tanto um iô-iô dada a quantidade de vezes que eles terminaram e voltaram, quanto uma tremenda parceria, além do peso dessas mudanças para o relacionamento da turma, que está se afastando a olhos vistos.
É algo melancólico ver o peso de uma passagem de tempo ser retratado de forma tão honesta numa série de TV. Nós jamais vimos isso acontecer com os Goonies, por exemplo, mas por mais devastador que seja perceber o que está acontecendo com as crianças de Hawkins, é admirável notar a autenticidade com que a situação é retratada na série.
Enquanto as crianças crescem, a cidade parece diminuir.
O comércio local fecha as portas ou fica às moscas conforme o novo shopping center Starcourt se torna a grande tendência da temporada (e palmas para o design de produção. O visual oitentista do shopping é simplesmente genial).
Entre as lojas Gap, os cinemas onde está estreando De Volta Para o Futuro e as academias de aeróbica, está a sorveteria Scoopt Ahoy onde reencontramos Steve Harrington (Joe Kerry).
Harrington está aprendendo à duras penas que ser um grande sucesso no ensino médio não é garantia de se dar bem na vida adulta. O rei do baile percebe que seu cabelão não exerce mais o mesmo efeito nas gurias, e é constantemente lembrado disso por sua colega Robin (Maya Hawke).
Robin, que no trailer da temporada parecia ser meio mala se prova uma das melhores, senão a melhor aquisição ao elenco da série, e incluo aí personagens egressos da segunda temporada.
A filha de Ethan Hawke de Uma Thurman é uma tremenda ladra de cenas, conseguindo a proeza de combater em pé de igualdade o bromance de Steve e Dustin com suas tiradas sarcásticas e sua presteza para desafiar o convencimento de Harrington o tempo todo.
Falando em tiradinhas e desafios, outro relacionamento que amadureceu foi o de Joyce (Winona Ryder) e Hopper (David Harbour). O que é natural considerando que os dois têm experiências difíceis de compartilhar com outras pessoas.
Mas enquanto o xerife parece mais do que disposto em estreitar os laços que partilha com a senhora Buyers, ela ainda não está emocionalmente lá.
Joyce ainda não superou a morte de Bob Newby nas garras dos democães na temporada passada. São muitos traumas no prato da personagem tirada de letra por Winona Ryder, de modo que ela ainda não parece estar pronta para seguir adiante e deixar pra lá.
Hop, por sua vez, também está próximo de uma experiência traumática:
Ser pai de uma adolescente.
A química entre Harbour e Millie Bobby-Brown é excelente, e o episódio nos lembra disso ao retomar de onde havia parado a construção da relação pai e filha entre Hopper e Onze. Vê-lo enfurecido com as intermináveis sessões de beijos entre sua filha e o namorado é tão hilário quanto a forma como ele resolve intimidar Mike para obter a paz que deseja em sua casa.
Quem teve menos o que fazer nesse primeiro capítulo foram Will (Noah Schanpp), Nancy (Natali Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton), mas ainda há sete episódios para que eles, e as caras novas (que incluem Cary Elwes e Jake Busey), encontrem espaço para causar algum impacto.
Após longo período de trevas Stranger Things voltou com um fabuloso episódio que nos lembrou de tudo o que aprendemos a amar no seriado. Vimos nossos personagens preferidos lidando com as mazelas e maravilhas de crescer sem abandonar as amizades que, em grande parte, definem quem eles são.
Deixando claro que seus criadores entendem perfeitamente seus personagens e qual a melhor forma de usá-los a ponto de deixar o mundo invertido e as conspirações soviéticas de lado.
Por enquanto...

"-É hora do show."

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