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quinta-feira, 11 de julho de 2019
Resenha Série: Stranger Things, Temporada 3, Episódio 3: The Case of the Missing Lifeguard
The Case of the Missing Lifeguard traz uma mudança de tom acentuada à temporada de Stranger Things. Se os temas propostos até aqui eram, de fato, mais maduros do que o que ocorrera em temporadas anteriores, a maneira divertida como tais temas vinham sendo tratados a maior parte do tempo manteve as coisas em um espaço relativamente seguro para a série.
Isso acabou quando Onze acidentalmente descobriu que Billy estava fazendo alguma coisa sinistra e, mais do que isso, poderia ter feito algo terrível com Heather.
O arco de Billy, por sinal, torna-se mais intrigante quando o vemos naquele peculiar jantar na casa dos pais da salva-vidas não-tão-desaparecida. O dono do bigode mais infame de todo o estado de Indiana é agradável de uma maneira absolutamente assustadora, e, deixe-me confessar, eu esperava um pouco mais de Max. Será que ela não nota que aquele comportamento por parte do meio-irmão não é natural? A menos que os últimos seis meses tenham mudado muito Billy, não se parecia em nada com o personagem que conhecemos na segunda temporada.
Seja como for, a grande revelação da cena ocorre após as gurias irem embora, quando o Devorador de Intelecto relembra do momento em que Onze fechou o portal pro Mundo Invertido, e deixa claro que Billy é apenas uma marionete nas mãos de um mestre perverso.
No outro núcleo da criançada, Will Buyers não está tendo o melhor dos momentos.
Nenhuma outra criança passou por experiências tão traumáticas quanto Will que passou uma temporada preso no Mundo Invertido e a outra possuído pelo Devorador de Intelecto, então não vamos condená-lo por querer continuar sendo criança e jogando RPG no porão dos amigos por mais um verão ao invés de se apaixonar e começar a sofrer de coração partido após dois anos em que não pôde ser Will, o Sábio.
A discussão entre ele e Mike a respeito do que significa crescer é muito bem sacada, e triste. Um doloroso sumário do que é amadurecer deixando novamente claro que, ao contrário das aventuras infantis oitentistas que crescemos assistindo, ou que ao menos que eu cresci assistindo, Stranger Things não vai fazer prisioneiros na hora de envelhecer com seu elenco infantil.
Como se os dilemas da puberdade não fossem o suficiente, Will parece manter uma conexão ainda vívida com o Devorador de Intelecto. A forma como ele sempre leva a mão à nuca arrepiada (eu sei que uma morena provavelmente vai rir de mim por aventar isso, mas fiquei curioso se o arrepio que vemos no pescoço do moleque é um efeito prático ou digital) antes de a criatura fazer alguma coisa é, ao mesmo tempo mais um percalço na vida do pobre do guri, mas, também, uma arma em potencial, já que Will se tornou um detector da criatura.
Mas, ainda assim, provavelmente não houve nenhum momento mais sombrio nesse terceiro capítulo do que a ida de Joyce e Hopper ao laboratório, agora abandonado.
Os dois são mais uma dupla genial formada na série, e ainda que haja tempo para, novamente, lamentar a perda de Bob "the brain" Newby no saguão do prédio, e para Hopper clarificar que sabe dos planos de Joyce para ir embora de Hawkins, mas deseja que ela fique, nós também temos um vislumbre do potencial cômico da dupla quando o ciúme de Hopper explode quando o nome do professor Clarke é mencionado.
Pra fechar esse segmento com chave de ouro, ainda temos o surgimento de Grigori (Andrey Ivchenko), um Exterminador soviético que sai no braço com Hop deixando claro que, ao menos uma vez na vida, o xerife não vai ter vida mansa na hora de nocautear alguém.
Em um programa onde o ponto alto dos confrontos geralmente se dá entre criaturas monstruosas e crianças com poderes sobrenaturais, é bom ver o pessoal cair no braço à moda antiga, especialmente quando o embate Hopper x Grigori aparentemente ser algo para se decidir ao longo de vários rounds no decorrer da temporada.
Um segmento que ganha um pouco mais de importância é o de Nancy e Jonathan no Hawkins Post.
A dupla começara uma investigação particular no capítulo anterior e ela começa a render frutos que inevitavelmente irão convergir para a linha narrativa principal, ainda assim, a´te aqui, o casal adolescente é o ponto mais fraco da temporada (de novo), e eu não sei quanto disso passa pelos chefes absolutamente desprezíveis da dupla no jornal. Vamos esperar que eles tenham melhor sorte quando se juntarem ao resto da patota.
E, quando as coisas se tornam muito sombrias, sempre temos Steve e Dustin para o resgate.
A caçada aos russos da dupla pelo shopping Starcourt é o momento mais leve do episódio, com os dois perseguindo professores de aeróbica pelos corredores do centro comercial.
The Case of the Missing Lifeguard é o melhor episódio de uma temporada sólida até aqui, levando a narrativa principal da temporada adiante, com seus monstros interdimensionais e espiões soviéticos infiltrados na cidadezinha dos EUA, mas encontrando tempo para explorar as relações dos personagens uns com os outros e com as mazelas da vida como perder entes queridos seja pela tragédia, seja apenas pela passagem do tempo.
"-Nós não somos mais crianças. O que você esperava? Que fôssemos ficar sentados brincando no meu porão pelo resto da vida?
-Sim... É exatamente o que eu esperava."
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