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terça-feira, 7 de abril de 2020

Resenha Série: Better Call Saul, Temporada 5, Episódio 8: Bagman


Eu tenho o hábito de dizer que Better Call Saul é uma série com episódios que se alternam entre notas 9 e 10 com eventuais picos que atingem uma nota 12, ao menos uma vez por temporada.
Nesse quinto ano, o nosso episódio nota 12, até o momento, é esse espetacular Bagman, dirigido por Vince Gilligan, e que dá sequência aos eventos de JMM de maneira bombástica.
Desde seu início, Bagman nos dá dicas de que a tarefa para a qual Lalo Salamanca escalou seu advogado, Saul Goodman: Cruzar a fronteira entre EUA e México e apanhar a nada modesta soma de sete milhões de dólares para a sua fiança, não é, nem de longe, tão simples quanto parece.
O próprio Jimmy parece saber disso. Enquanto recebe as orientações de Lalo a respeito do local onde ele receberá o dinheiro de seus primos Marco e Leonel (os sicários do cartel vividos por Daniel e Luís Moncada), ele parece genuinamente aflito. Procurando uma forma de se livrar do serviço de qualquer forma. E, por estranho que pareça, Lalo chega a livrar o advogado da obrigação, talvez por estar de bom humor por ler no jornal a respeito do incêndio que destruiu uma lanchonete em Albuquerque...
Mas Jimmy não resiste a um golpe. E após seu discurso para Howard no episódio passado, a respeito dos mundos nos quais ele atualmente navega, ele murmura de maneira quase automática um único número: "Cem mil?".
Jimmy não resiste a testar os limites da própria sorte. E ele os encontrará ao longo desse capítulo que traz de volta uma das minhas dinâmicas preferidas da série, e que havia ficado na poeira dos episódios iniciais do programa conforme a trama avançava:
A de Saul e Mike.
Os dois personagens voltam a se encontrar ao longo do capítulo que alude descaradamente ao episódio em que Walter e Jesse passam quatro dias isolados no deserto em Breaking Bad. O mais impressionante, no entanto, é a maneira como Bagman consegue elevar os níveis de tensão e suspense em seus quarenta e seis minutos, um feito nada desprezível para uma série cujos destinos dos protagonistas nós conhecemos há quase uma década.
Mais do que tensão, ação e humor negro, Bagman ainda fecha o círculo entre as vidas de Saul Goodman e Jimmy McGill ao colocar Kim literalmente face a face com o perigo.
É um momento pelo qual eu, pessoalmente, estava esperando tanto quanto temendo praticamente desde o começo da série.
E, rapaz, Tony Dalton é sensacional encarnando o perigo que paira sobre Kim e Jimmy. A maneira como ele encara a preocupação de Kim com divertida curiosidade, exalando ginga e genuína ameaça... Lalo Salamanca é um deleite mesmo quando nos deixa com dor de barriga de tanta preocupação com Kim, que junto com Ignazio, é a personagem cujo destino nebuloso deixa a audiência na ponta da cadeira a casa semana, e agora, o destino dela está inevitavelmente entrelaçado com o de Saul Goodman, o advogado que deseja ser amigo do cartel.
Bagman é espetacular. Repleto de consequências, suspense e tão explosivo quanto introspectivo. Com alusões claras às más escolhas de Jimmy (o cobertor de emergência, a garrafa de urina) o oitavo episódio dessa temporada de Better Call Saul é a epítome do que a série tem de melhor, e com as paredes invisíveis que separavam os núcleos da série se dissolvendo, é difícil não ficar com a sensação de que a aventura de Jimmy e companhia está chegando, de fato, ao seu fim...

"Ela está no jogo, agora."

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