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sábado, 13 de março de 2010

Perfeição...


A maldade humana... Ela não conhece nenhum limite, conhece? Talvez, em algum momento, ela tenha conhecido algum, vá saber. Anos atrás, décadas atrás, quem sabe séculos ou milênios atrás, talvez houvesse um limite. Algo que mesmo a mais torpe das pessoas à época se negaria á fazer. Ou pensaria um pouco e diria "Opa, não. Tá demais. Melhor não fazer isso.". Talvez em algum momento houvesse essa delimitação. Essa fronteira entre o que era uma maldade aceitável e o que se caracterizava como uma atitude tão vil que mesmo uma pessoa desprezível, por mais desprezível que fosse, se negaria á tomar, teria um lampejo, talvez não de decência, mas... Sei lá, de lógica, e preferiria não abrir um precedente. Preferiria não realizar aquela atitude tão vil, tão tenebrosa, por que ela abriria um precedente, e tornaria as outras atitudes vis e tenebrosas tomadas até ali, mais palatáveis do que de fato eram.
Hoje não existe isso. Não há um limite, não há uma fronteira ou barreira de torpeza, não existe mais tábua de salvação. Hoje existe uma bandidagem que comete atrocidades das mais medonhas, indizíveis e abjetas sem nenhuma espécie de critério. Não há consciência.
Essa bandidagem involuída gera medo. Gera pânico. Gera pavor.
E o pavor leva, mesmo as ditas boas pessoas á ansiarem por formas duvidosas de proteção de sua segurança. Ou da ilusão de segurança.
Como a pena de morte.
A pena de morte é uma clara e absoluta ânsia de alguma justiça. Uma forma primitiva, ineficaz e até um pouco covarde de justiça. Ou ilusão de justiça.
A simples ideia de punir um assassino com a pena capital é um paradoxo dos mais tolos: Como é que matar uma pessoa repara a morte de outra?
A resposta é ridiculamente simples:
Não repara.
Apenas gera essa falsa sensação de segurança, ou um sentimento um pouco mais baixo, a vingança. Claro, uma vingança com a legitimidade da justiça, mas ainda assim, vingança. E no momento em que um ente querido de uma pessoa assassinada ou seviciada aplaude a morte do vilão que lhe causou a dor da perda, não está ela descendo ao nível do bandido? Eu talvez seja um bobo por crêr nisso, mas tão importante quanto ter justiça, pra mim, é continuar em paz com a minha consciência, é ter a certeza de ser a melhor pessoa, ou ao menos de tentar, de forma consciente, ser a melhor pessoa.
Outro fator importantíssimo é que a pena de morte não torna os países em que é praticada mais seguros, pelo contrário, veja os Estados Unidos, em que a pena capital nem sequer é praticada em todos os estados, e compare com o Canadá, por exemplo. As nações que permanecem utilizando a pena capital são, de modo geral, nações subdesenvolvidas, Estados onde o clero é parte do governo, e onde dissidentes são as grandes vítimas desse homícidio legitimado por governos corruptos e ditatoriais.
Eu entendo o medo das pessoas, compreendo a ânsia por justiça, sou até mesmo capaz de relevar o desejo de vingança do pai ou da mãe de um filho assassinado, ou da esposa de um marido assassinado, eu entendo. Mas jamais vou concordar. Vivemos em um país que está longe da perfeição, em que cada ser humano em um cargo eletivo é um gângster em potencial, e onde a justiça, via de regra, está á serviço de quem paga mais. Se somos parte de um sistema que, sabemos, não é funcional, será que estamos dispostos, em sã consciência, é colocar a vida de outrem em jogo?
Pois a pena de morte é uma faca de dois gumes. Se partimos do princípio de que, quem mata um inocente merece a execução, basta que um inocente seja injustamente condenado para que eu, você, e todos os outros sejamos, também culpados, e estejamos sujeitos á pena capital.
Entre um culpado vivo e um inocente morto, eu, sem pestanejar, escolho a primeira opção. Não é perfeita, mas é mais digna que vingança travestida de justiça.

Um comentário:

  1. Diríamos que voltamos as lei de Talião? O olho por olho e dente por dente, usado entre os hebreus, também, quando saíram do Egito? Ou o boa frase bem brasileira (dos povos nativos) Entregue o assassino a família do morto.
    Há tanta "evolução" tecnológica e pouca racional, educacional, e, a justiça restaurativa vai pra casa do Capita!

    Mas, "assim caminha a humanidade, com passos de formiga (desculpem minhas amigas formigas, é o poema!) e sem vontade!"

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