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quarta-feira, 24 de março de 2010

Resenha Cinema: Ilha do Medo




Outro dia, falando de O Sequestro do Metrô 123, mencionei a relação entre diretores e seus atores fetiche, ontem fui ver a última produção da dupla Scorsese (Que é 1, 2 e adota um novo ator fetiche) e seu xodó da vez, Leonardo DiCaprio.
Não houve nenhuma surpresa, o produto resultante da parceria é bom como sempre (Gangues de Nova York, O Aviador e Os Infiltrados, são todo bons filmes.), e ainda mostra que Scorsese continua com vontade de sobra pra experimentar, sem nenhuma dispisção de se ater a um único filão do cinema.
No filme é 1954, a Guerra Fria corre solta, e acompanhamos Teddy Daniels (DiCaprio, ótimo no papel), agente federal que, com seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), é enviado à Ilha Shutter, uma instalação de segurança máxima do governo que abriga criminosos insanos, para investigar a possível fuga de uma paciente/prisioneira, Rachel Solando (Emily Mortimer, misturando ternura e loucura numa nota bem convincente.), enclausurada por assassinar os três filhos.
Desde o momento em que os investigadores colocam o pé na ilha, a atmosfera do lugar começa a afetar Daniels, que não está lá unicamente para investigar o sumiço da prisioneira, mas tem razões próprias, que evocam a morte de sua esposa, dolores (Michelle Williams), e a busca pela confrontação com o homem que a causou, Andrew Laeddis (Elias Koteas), além da suspeita de que a Ilha Shutter guarda mais do que apenas uma prisão-hospício.
Conforme dá prosseguimento à investigação, Daniels percebe que os responsáveis pelo local, os doutores John Cawley (Ben Kingsley, excelente) e Jeremiah Naehring (Max Von Sidow), resistem em lhe dar liberdade para se movimentar no local, o que aumenta suas suspeitas quanto a verdade por trás, não apenas da verdadeira função do hospício, como também de sua própria presença lá. E, no momento em que uma tempestade impede que os investigadores deixem a ilha, Daniels se vê cada vez mais perturbado pelo ambiente, onde é constantemente assombrado por visões de sua esposa morta, e de suas próprias experiências na tomada do campo de concentração de Dachau, no fim da Segunda Guerra Mundial.
Contar mais do que isso poderia estragar a experiência de ver o filme, onde as revelações são parte integrante e importante da diversão.
O que é bacana é perceber que, entra ano sai ano, e Scorsese, a despeito de sua mania de fazer filmes e mais filmes com o mesmo ator, não tem medo de tentar coisas novas, e flutua entre gêneros, ás vezes dentro do mesmo filme (Ilha do Medo surge entre o suspense, o filme noir e o filme de guerra.) sem perder a mão.
O elenco, que além dos protagonistas DiCaprio, Ruffalo e Kingsley, traz gente como Mortimer (Só eu sou louco por aquela mulher?), Von Sydow, Ted Levine, Jackie Earle Haley e Patricia Clarkson, que aparecem e desaparecem rapidamente, no melhor estilo dos filmes de mistério B dos anos 50 e 60, é muito competente, e há personagens que até mereciam maior destaque, mas nada que estrague a experiência.
Ilha do Medo é um ótimo filme, que demanda uma certa dose de paciência, e agrada, em especial, ao espectador detetive, que adora tentar descobrir o mistério junto com o protagonista, mas não vai deixar nenhum amante de bom cinema desapontado.

"-Se eu tentar furar seu olho com os dentes, você irá conseguir reagir antes que eu o cegue?
-Por quê não tenta?"

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