Pesquisar este blog

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Libertinagens


Estavam o Estevão e a Dorinha no motel. A Dorinha, normalista, dezenove aninhos, recém chegada de Pantano Grande, nunca tinha estado em um motel, nunca tinha nem sequer passado na frente de um. O Estevão, aliás, andava levando ela a fazer uma porção de coisas pela primeira vez. Com o Estevão ela andara de motocicleta pela primeira vez, ainda lembrava do friozinho na espinha quando ele fazia as curvas bem fechadas e ela tinha a sensação de que iria cair, e se agarrava com força na cintura dele, que sorria e mandava que ela se acalmasse. Com o Estevão ela tomara sua primeira bebida de álcool, um Hi-Fi, que ela, aliás, estranhara ter tanta vodka e tão pouco suco de laranja. Com o Estevão ela deu seu primeiro beijo em público, imagine! Ali, na frente da escola! Na frente de todo mundo, na verdade. Chegou a ficar com medo de ser taxada de assanhada pela diretora e considerada má influência pras outras professoras.
O Estevão, moço da cidade grande, galanteador, quase um Casanova, assim que conheceu Dorinha através de uma amiga de sua mãe, foi pra cima apresentando armas. Aquela mocinha pura, virginal, com seus cabelos loiros escorridos e olhos verdes lindíssimos tinha que ser sua, era só no que pensava o Estevão assim que conhecera aquela menina tão pura.
Não foi fácil, porém. Dorinha era dura na queda e parecia imune ao charme de Estevão e seus peitorais avantajados. Tanto que o reconhecido conquistador levara mais de um mês para finalmente conseguir trocar mais de duas palavras com ela. Outro mês inteiro até conseguir, de fato, conversar.
Ele nem lebrava quanto tempo passara tentando convencê-la a sair com ele, e quando conseguiu, o máximo que pôde fazer foi levá-la até a venda do seu Chalita pra tomar uma Tubaína. E assim, mesmo, ela terminou o refrigerante, agradeceu e foi embora sem dar muito mais abertura.
A tenacidade de Estevão, então, só o impelia a seguir. Aquela doiçura virginal que emanava de Dorinha obrigava Estevão a continuar, a não desistir. Ele que comumente tinha várias namoradas ao mesmo tempo foi abandonando todas as meninas exceto Dorinha, pois ela demandava atenção "full time", e, além disso, a recompensa certamente faria a coisa toda valer a pena.
Seus amigos estranharam a mudança, o Estevão, o homem que praticamente mantinha um harém, envolvido em uma relação com apenas uma moça, e sem sexo???
Não podiam acreditar, até chacota dele fizeram, mas ele não ligou. Estava focado em seu intento.
Com muito esforço ganhou a confiança de Dorinha. Muito cinema, muita conversa, muito parque de diversões e piquenique. Muita interpretação, mostrando-se um jovem gentil e atencioso, muito esforço pra conseguir segurar seus instintos que o mandavam apalpar Dorinha à cada oportunidade que se descortinava.
Mas finalmente aconteceu. Após longo e tenebroso inverno de carícias para Estevão. Ele convenceu Dorinha a sair com ele pra um programa que envolvesse convívio sequencial por mais de duas horas. Jantar, cinema, e, rá, rá, rá: Motel!
Tinha tudo planejado, levaria Dorinha ao cinema, depois jantariam, depois iriam a um barzinho onde ele encharcaria a moçoila com álcool na medida certa. O suficiente para deixá-la alegrinha, para baixar-lhe as defesas de menina pura, mas não tanto a ponto de ela cair de bêbada. E então, o ataque do predador. Não tinha como dar errado.
Na noite do encontro fatídico, Estevão se perfumou , penteou os cabelos, comprou camisinhas suficientes para garantir a faculdade dos filhos dos seringueiros do Acre.
Agora, ali estavam, os dois no motel. Não era lá um grande motel, era bem meia-boca na verdade, mas era o mais perto, e Estevão queria agir antes que Dorinha ficasse sonolenta.
Sentaram-se na cama, Dorinha olhando pra tudo com olhos curiosos, Estevão calculando cada movimento de suas mãos, de seu corpo, de seus olhos. Perguntou, maliciosamente, se Dorinha queria ver um filme.
-Não sei... Tem Procurando Nemo? - Ela respondeu parecendo aérea.
Estevão sorriu. Abriu o menu da televisão do quarto, não tinha Procurando Nemo, "Ainda bem.", pensou. Caminhou até a televisão apanhou o controle remoto, e ligou em uma fita erótica. Na tela closes extremamente próximos das partes íntimas de um casal extremamente animado.
Estevão sentou perto de Dorinha que olhava o celular, como um tigre se aproxima de uma gazelinha incauta. Cheirou seu pescoço e passou a mão sobre seu ombro, e a puxou pra perto de si.
-Não tinha o Procurando Nemo, pode ser esse?
Sorriu, mal podia esperar para vê-la fazer uma expressão escandalizada, e depois olhar pra baixo com vergonha, talvez ela o chamasse de libertino. Ah, sim. Libertino seria ótimo.
Dorinha ergueu os olhos brevemente, e então os fixou na tela, suspirou e disse com pouco caso:
-Rocco Siffredi é fraquinho, sou mais o Lexington Steele.
Choque para Estevão, que terminou de ver o filme enquanto Dorinha dormitava ao seu lado, e depois levou pra casa onde nunca mais foi vê-la. Não era por ela tê-lo feito perder todo aquele tempo. Não era por ela tê-lo feito mudar drasticamente seu estilo de vida, era por ela ser uma... Uma... Libertina.

2 comentários:

  1. Ahahahahahahahahahahahahahahaha não Laís, não busque no google, em horário de expediente (ou em qualquer outro horário),saber quem é Roco ou Lexington. E pelas barbas do profeta guria, aprenda a ativar o filtro de busca.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  2. Ahahahahahahahahahahahahahahahah! Oh, céus, mil perdões, Laís, ahahahahahahahahahahahahahahah!!

    ResponderExcluir