Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Resenha Cinema: Harry Potter
Eu não sou fã de Harry Potter. Nunca fui. Pra falar bem a verdade, olhava com antipatia pro bruxo de óculos, a quem via como um descarado plágio da J. K. Rowling ao Tim Hunter de Os Livros da Magia, de Neil Gaiman.
Passei longe dos livros e assisti com tremenda má vontade ao primeiro filme, A Pedra Filosofal, dirigido pelo xarope, careta e mala Chris Columbus, de filmes infanto-juvenis que aprontavam as maiores confusões na Sessão da Tarde. E A Pedra Filosofal era isso, mesmo. Um filme caretinha e sem graça, com a marca de Chris Columbus, que se tinha alguma coisa de bom a oferecer eram os bons nomes do elenco secundário, como Maggie Smith e Alan Rickman, e a boa trilha sonora do mago John Williams.
O segundo longa da série, A CÂâmara Secreta, eu vi no cinema. Não por que eu estivesse muito ansioso em ver a segunda incursão do mago mirim, mas sim por que queria ver o trailer de O Senhor dos Anéis - As Duas Torres, atrelado ao filme infantil (Não me julguem, eu fiz muito isso, assisti O Confronto só pra ver o trailer de Homem-Aranha). A Câmara Secreta foi, no final das contas, mais uma aventura infanto-juvenil xarope com o selo do Chris Columbus garantindo a temperatura morna do longa. Era, enfim, um filme pra fãs que eram crianças, logo, não havia nenhuma razão pra correr riscos, afinal, mesmo se fosse Uwe Boll o diretor das adaptações, rios de dinheiro entrariam nos cofres da Warner.
Estranhamente a Warner resolveu dar uma de audaciosa no terceiro longa, O Prisioneiro de Azkaban, e chamou ninguém menos que Alfonso Cuarón pra dirigir o filme. O cineasta mexicano que havia dirigido o queridinho Grandes Esperanças, e o polêmico E Sua Mãe Também, e que mais tarde faria o excelente Filhos da Esperança. O diretor fez o que talvez tenha sido o filme menos amados pelos fãs da série literária (eu sei pois meu irmão e seus colegas, todos ávidos leitores de Harry Potter e na casa dos 12, 13 anos na época do filme o detestaram), mas, quem sabe, o que levou os "trouxas" como eu a ver a série como algo além de uma máquina de fazer dinheiro pra Rowling e a Warner.
Eu assisti ao quarto filme, O Cálice de Fogo, dirigido por Mike Newell com gosto. Não era um filme espetacular, tinha lá seus furos, mas os dragões eram maneiríssimos, e a adição de Brendan Gleeson ao elenco valia uma espiada por si só. Apesar dos momentos a lá Malhação, como a ciumeira de Ronny com relação à participação de Harry no torneio Tribruxo, o filme funcionava, vá lá, e não me fez dormir.
O quinto longa, porém, mudou um pouco as coisas, pra mim. O filme de David Yates, A Ordem da Fênix, colocava a magia e o encantamento dos filmes anteriores em um segundo plano, pra contar uma história que me era muito mais interessante sobre amadurecimento e desafio à autoridade. Imelda Staunton surgiu como uma nova e detestável diretora de Hogwarts, e Helena Bohan-Carter como uma exagerada Belatrix Lastrange, tudo trabalhando como acessório para que a história fosse bem contada. A Ordem da Fênix não era um filme perfeito, como não fora nenhum dos anteriores, mas era bacana, o mais sombrio até então, e tinha uma luta maneiríssima entre Dumbledore (Michael Gambon) e Voldemort (Ralph Fiennes) no final.
O sexto filme, confesso, não fui assistir após ouvir súplicas lamuriosas. Bastou um convite pra me tirar de casa. Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi novamente dirigido por David Yates, e uma vez mais, era uma fita sombria e interessante onde as relações entre os personagens centrais foram bem exploradas e que contou com mais uma ótima adição à série (Jim Broadbent) e outra ótima atuação de Alan Rickman, como Severo Snape. Era um filme cheio de lacunas, que demandava conhecimento prévio dos filmes, dos livros, ou acesso a um adolescente fã da franquia, por sorte eu tinha o meu irmão, fã declarado da série literária e cinematográfica, pra preencher os buracos no roteiro de Steve Kloves, e acabei me satisfazendo bastante com o longa sem fim, que era, a bem da verdade, o primeiro passo de três que acabariam com os longas de Potter.
Chegou, então, As Relíquias da Morte - Parte 1. O único filme da série que eu assisti duas vezes, uma no cinema, outra em DVD, novamente dirigido por Yates, era mais um fragmento de história, As Relíquias da Morte continuava os eventos, não apenas do longa anterior, O Enigma do Príncipe, mas também trazia trocentos pormenores de todos os filmes da franquia e dos livros, uma vez que era um longa de duas horas e meia pra cobrir, sei lá, metade de um livro. Acabou caindo no gosto dos fãs, mas deixando muita gente com cara de "como assim?" com reaparições surpresa pro público em geral, como a do elfo (ex-doméstico, agora livre) dobby, desaparecido desde o segundo longa metragem, e retornando neste em uma participação recheada de importância e drama. Ainda assim, era um ótimo filme, atrevo-me a dizer, mantendo a tendência iniciada com O Prisioneiro de Azkaban, de sempre oferecer ao público um filme melhor em todos os aspectos do que o entecessor.
E, finalmente, após bons dez anos de idas ao cinema pra toda uma geração, quase dez bilhões de dólares de bilheterias, e guriazinhas de terceira série transformadas em gostosudas, Harry Potter chegou ao fim com As Relíquias da Morte - Parte 2.
Harold, Hermione e Ronald continuam procurando Horcruxes, artefatos mágicos carregados com fragmentos da alma de Voldemort, para destruir as quinquilharias e deixar o malvadão vulnerável o suficiente pra ser destruído.
Se o filme anterior teve um desenrolar lento que muita gente considerou prejudicial (eu particularmente achei maneiro, pois reforçava a relação do trio protagonista, que foi crescendo e mostrando que Daniel Radcliffe, apesar do carisma, é o piorzinho da trinca), esse pode começar lento, com os esforços do grupo direcionados a localizar e destruir horcruxes, mas mesmo a primeira metade tem a tensão da invasão disfarçada ao banco, que culmina com uma maneiríssima sequência envolvendo um dragão polonês.
A segunda metade do longa, porém, é até corrida demais. O pau canta em alto e bom som em Hogwarts, com personagens do lado do bem e do mal de todos os outros filmes trocando varinhaços. É bacana ver atores como Maggie Smith, a Minerva McGonagall, que apareceu, mesmo, só nos dois primeiros filmes e depois virou extra de luxo decorando alguns cenários ali parada com seus olhos esbugalhados e chapéu pontudo tendo, novamente um papel de destaque na trama como líder das defesas mágicas da escola. E aí, o filme, conforme avança rumo ao final, vai trazendo de volta em pontas praticamente todos os personagens que já apareceram em algum momento da série, incluindo, aí, gente que já morreu. Nessa correria, personagens importantes e a quem o público aprendera a chamar pelo nome (Eu, pelo menis havia...) não tem o fim que merecem, aparecendo mortos de maneira rápida em contagens de corpos aqui e ali. A mesma coisa vale pra grandes vilões da franquia, que os não-iniciados como eu poderiam querer ver morrer de maneira mais apoteótica, o que não ocorre.
Ainda assim, o filme se desenrola até o desfecho de maneira satisfatória, oferecendo aquela maturação e aumento de escopo com relação ao filme anterior que virou marca. Há o inescapável duelo final Harry x Voldemort, arestas são aparadas, pontas soltas, amarradas, e até temos um vislumbre do futuro. E com o tema de John Willians em um arranjo mais imponente e épico, a mais rentável franquia da história do cinema termina, deixando pra trás uma legião de ex-adolescentes, adolescentes e crianças órfãs da franquia que as ensinou a ler calhamaços em tempo recorde sem resmungar, a esperar por filmes-evento uma vez por ano, e a chamar os adultos de trouxas sem se preocuparem com puxões de orelha. Deixa também oito filmes, dos quais pelo menos quatro são bons, e onde, vá lá, quase todos são bastante divertidos. E uma lacuna que dificilmente um Percy Jackson da vida vai conseguir preencher.
Não vai pra minha estante. Pelo menos, não agora, mas, quem sabe quando eu tiver filhos?
"-O 'garoto que viveu', chega para morrer..."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Eu amei todos e li os livros, portanto aprendi que: livro é livro, roteiro é roteiro e filme é filme, assim a decepçao, por exemplo que Dobby não aparece em todos os filmes desde o 2 até o 7.1, é coisa de roteiro e não dá pra discutir, só curtir.
ResponderExcluirEu sou uma leiga, mas uma leiga que fala como se soubesse de alguma coisa, hehehe
"Harold" HAHAHAHAHA
ResponderExcluirEu coloquei no meu blog uma resenha do filme também, dá uma olhada lá.
www.hibernei.blogspot.com
Eheheheh, mas "Harry" é diminutivo de Harold, pôxa.
ResponderExcluirCara, tu é muito fã, parece meu irmão, ele também se debulhou em lágrimas vendo o filme, e achou perfeito e tudo mais.
Sei lá, eu sou corneteiro demais pra achar qualquer adaptação perfeita, até com O Senhor dos Anéis eu sou cri-cri.