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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Resenha Cinema: Lanterna Verde
Olhando em perspectiva, a DC sempre teve mais jeito pra transpôr seus heróis pra outras mídias do que a Marvel. Dos anos setenta até os anos 2000, a DC empilhava estrondosos sucessos de bilheteria como os Supermen de Richard Donner/Lester, e os Batmen de Tim Burton, conseguia sucesso razoável com séries de TV como The Flash, e marcos na história da animação como Batman - A Série Animada, de Paul Dini e Bruce Timm, que mais tarde daria origem à série animada do Superman e ao espetacular Liga da Justiça.
Durante todo esse período hegemônico da DC/Warner, a Marvel amargou sucessos razoáveis-e-só, como a série do Hulk de Bill Bixby e seus filmes derivados, o programa televisivo do Aranha, na mesma época, séries animadas aqui e ali, e pataquadas como o Quarteto Fantástico de Roger Corman. Só nos anos noventa, com as transposições bem sucedidas dos X-Men e do Homem-Aranha às animações, na esteira do Batman, é que a Marvel viu seus personagens como um produto com mais mercado do que apenas as páginas dos gibis.
Eu, particularmente, ajudei muito nisso, comprando todos os brinquedos que encontrava tanto de uma animação quanto da outra.
Claro, tudo mudou no ano 2000, com X-Men, e especialmente em 2002, com Homem-Aranha.
A Marvel se tornou uma fonte de ideias para estúdios como Fox, Columbia e outras gigantes do entretenimento.
Hoje, após onze anos, a Marvel parece ter suplantado sua arqui-rival no tocante à adaptações de seus personagens a outras mídias, em especial, ao cinema.
Enquanto a Casa das Ideias empilhou êxitos de bilheteria como as trilogias de Homem-Aranha e X-Men, a DC só não se viu como coadjuvante absoluta dos quadrinhos no cinema por conta dos Batmen de Christopher Nolan, em especial O Cavaleiro das Trevas, bem superior a Batman Begins.
O tom excessivamente reverente de Superman - O Retorno, de Bryan Singer, não agradou a platéia, e, enquanto a Marvel já tem o tabuleiro montado pro seu Os Vingadores, há quem siga sem saber que, na DC, existe um super grupo, também.
Provavelmente foi após Tony Stark/Homem-de-Ferro/Robert Downey Jr. se transformar em ícone pop que a Warner pensou que, se um herói do segundo escalão da Marvel podia bater de frente com o Batman na bilheteria e não fazer feio, a DC também podia começar a apostar em seus heróis menos mainstream.
Durante muito tempo se falou em um filme do Flash, a Mulher-Maravilha quase emprestou seu tomara-que-caia dourado e sua calcinha estrelada à alguma atriz de carne e osso em mais de uma ocasião, mas foi ao Lanterna Verde que coube a honra de mostrar à audiência que há mais do que órfãos vestidos de morcego e semi-deuses alienígenas de cueca sobre a calça nas fileiras da DC.
Sábado, eu fui conferir o Lanterna Verde em celulóide com as expectativas lá embaixo por conta da recepção morna do filme na gringolândia, tão morna que a continuação já marcada se viu ameaçada de jamais ver a luz do dia. Com o filme conferido, devo dizer que, de fato, os gringos tinham razão: Lanterna Verde não merece mais do que uma recepção morna, pois é um filme morno.
Na trama do filme, dirigido por um Martin Campbell (007 Cassino Royale) no piloto automático, conhecemos Hal Jordan (Ryan Reynolds... Sendo Ryan Reynolds), irresponsável e impetuoso piloto de testes que é escolhido pelo anel do moribundo Lanterna Verde Abin Sur (Temuera Morrison, o Jango Fett em pessoa) para sucedê-lo. Suceder Sur, no caso, significa se tornar o novo defensor do setor espacial 2814 à serviço da Tropa dos Lanternas Verdes, polícia espacial criada pela antiga raça de imortais chamados de Os Gurdiões.
Oa Gurdiões e a Tropa, sediados no planeta Oa, usam poderosos anéis que canalizam a energia esmeralda da Força de Vontade para combater o mal e garantir a ordem no universo.
Entretanto se a vida civil de Hal não era fácil por conta de seu temperamento, sua vida como Lanterna também não começa de maneira lá muito tranquila. Com sua humanidade sendo mal vista pelo aprendiz de Abin Sur, o poderoso Sinestro (Um subaproveitado Mark Strong), Hal nem mesmo completa seu treinamento e já se vê envolvido no combate entre a Tropa e Parallax, uma entidade espacial que se alimenta da energia amarela do medo e busca se vingar dos Guardiões.
Soma-se a esse cenário Carol Ferris (A gracinha Blake Lively), ex-namorada de Hal, e sua chefe na companhia aéro-espacial em que trabalham, os irmãos, sobrinhos e cunhados do herói, os lanternas Tamar-Re e Kilowog (Vozes de Geoffrey Rush e Michael Clarke Duncan), o senador Hammond (Tim Robbins) e seu filho, o xenobiólogo Hector Hammond (Peter Sarsgaard, outro baita ator escanteado) e pronto. Temos aí um filme cheio de potencial, de boas ideias e boas intenções que se perde na necessidade dos estúdios de pasteurizar em menos de duas horas (Aparentemente os estúdios não aprenderam NADA com Harry Potter, O Senhor dos Anéis e Batman - Cavaleiro das Trevas) toda a mitologia do personagem.
Sobram as caras de deboche de Reynolds (Que não é o maior problema do filme.), efeitos visuais e grandes tomadas da Tropa reunida em Oa, falta, porém, contar uma história de maneira decente. Não há tempo para se identificar com Jordan, nem para maturar sua relação com Carol Ferris, personagens ótimos como Sinestro, Tamar-Re e Kilowog são jogados na tela e então somem. O Hector Hammond de Peter Sarsgaard tinha tudo pra ser o grande vilão do filme, mas não consegue desenvolver o personagem pois não há tempo. Parece que Martin Campbell e o quarteto de roteiristas do longa queriam mostrar ao público todas as possibilidades disponíveis com o Lanterna, mas na ânsia de mostrar tanto, acabaram não mostrando nada direito, entregando um filme que não tem clímax e nem alma.
Lanterna Verde não é um filme horrível, é bem produzido e tem boas sacadas, entretanto sua irregularidade torna quase impossível aproveitar a experiência. Resta torcer para que o prejuízo da produtora com esse primeiro longa faça com que os executivos do estúdio pensem um pouco, e lembrem-se que, mais importante que efeitos visuais e referências nerdísticas, o cinema se faz com boas histórias, e histórias bem contadas.
"No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença. Todo aquele que venera ao mal há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentar."
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Agora sim ECA!! XD Mas pelo menos vc não ficou (muito) DCpcionado
ResponderExcluirAhahahahaha, a Diabólica Companhia ainda não achou a mão com seus filmes á exceção do Bátima, Mac.
ResponderExcluirComo Marvete de carteirinha, pra mim tudo bem, mas como fã de cinema de ação dos bons, fica aquela sensação de que podia ser melhor.
Não...Não...podia piorar.. e mais ainda \o/
ResponderExcluirE sobre o Bátima...bom, pelas imagens q vem saindo dessa vez vai ter de morrer o elenco (e equipe) inteiro pra esse filme se tornar super valorizado como o anterior.
Não sei se concordo com o Mac sobre o Bátima, mas talvez ele tenha certa razão, sim. Hahaha!
ResponderExcluirCaras, vocês me matam de rir.
ResponderExcluirQuanto ao filme do Lanterna: suspeitei desde o princípio!!!