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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rapidinhas do Capita


Não existe, sabe? Nada de errado em sonhar. Em se nutrir um pensamento sem lá grande certeza de que vá, de fato, se tornar realidade. - Ele disse.
Caminhou até o lado dela, e sentou-se. Olhou em volta.
-Se tu parar e analisar, é tudo tão cru... Nos jogam bem na cara que a possibilidade de um final feliz é ínfima sempre, e aparentemente tudo o que nós fazemos só vai tornando mais e mais improvável que as coisas acabem como a gente quer, que... Sei lá. Ás vezes, pra certas coisas, o canal, mesmo, seria abraçar a impossibilidade. Saber que, mesmo que as coisas que queremos não pareçam possíveis, elas não são impossíveis. E lembrar que, a maior parte das coisas impossíveis só foram impossíveis até alguém fazer. Acho que, no final das contas, essa perspectiva... Essa possibilidade, ela tem que estar ali. Ela é meio que, o combustível da vida, manja?
Ela o encarava muito séria. Abriu um sorriso discreto:
-Esse otimismo todo não faz teu gênero.
Ele sorriu, também.
-Pois é. Eu sei. Se te perguntarem tu não ouviu isso tudo de mim, beleza?

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Ele segurou as mãos dela entre as suas, estava olhando-a nos olhos. Estava tudo preparado. Ele tinha quase certeza de que ela era especial. De que era a escolhida. Mas faltava um detalhezinho. Uma coisinha, pra ter certeza.
-Amor... - Ele começou. - Se a tua vida tivesse trilha sonora... Tu gostaria que ela fosse assinada por quem?
Ela ficou olhando pra ele em dúvida. Olhou pra cima e suspirou:
-Tipo... Tipo que nem trilha sonora de filmes, assim? Cada situação da minha vida teria uma música?
-É - Ele respondeu. -Tua vida teria temas musicais igual no cinema. Músicas pra quando tu estivesse triste, feliz ou vivesse um momento de triunfo... Se fosse assim, quem tu gostaria que assinasse a trilha da tua vida?
Ela ficou pensando brevemente. Deus um suspiro, e então fez "Ah!", enquanto erguia a mão:
-Já sei! Ia ser do Coldplay.
-Do Coldplay? - Ele perguntou sem conseguir esconder a decepção na própria voz.
-Sim. - Ela confirmou. -Por que, não? Tu gosta de Coldplay... Mais que eu, até.
-É... É uma banda boa, sim. - Ele confirmou. Levaram o resto da noite normalmente, sem nenhum arroubo. No fim, ele a deixou em casa e a beijou mecanicamente, dizendo "Nos vemos amanhã". Ele gostava de Coldplay, sim. E gostava dela. Mas a resposta correta, seria John Williams. Se ela tivesse dito John Williams, ele teria disparado Across The Stars no MP-3 player e dito, finalmente, que a amava. Ele teria aceitado Ennio Morricone. Afinal, a Untouchables End Credits também serviria a esse propósito, até Howard Shore teria feito o serviço com The Return of The King. Mas Coldplay... Coldplay não matou o que ele sentia por ela, de forma alguma, mas certamente fizera-o pensar melhor.

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