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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Funcional...


-E aí? O que tu vai fazer, agora? - Perguntou-lhe, sem palavras, o seu cachorro.
-O que eu vou fazer? -Ele respondeu em voz alta enquanto afagava os pêlos fartos do pescoço do cão. -... Bom... Vou me manter funcional, meu camarada amarelo. Vou continuar trabalhando, participando de discussões, escrevendo, jogando, vendo filmes... Vou fazer o que posso fazer. Vou fazer aquilo que sei fazer. Vou erguer muros de sarcasmo e ironia. Vou selá-lo com chapas de distanciamento e cobrir tudo com frieza. Vou criar um novo perímetro defensivo que ninguém terá permissão pra atravessar e de vez em quando irei até uma janela metafísica acenar apenas pra que todos saibam que eu não morri, assim, ninguém irá aparecer pra perguntar como eu estou. Ninguém nunca vai saber como eu estou me sentindo. E, mesmo que tenham uma pista, eu não confirmarei sequer sob tortura. Pois é assim que eu sempre fiz desde a adolescência. Eu mantenho as coisas funcionando e me mantenho funcionando e tem funcionado desde então.
-Tem, mesmo? - Perguntou-lhe o cachorro, silente.
-O quê? - Ele perguntou, mais em um jab verbal do que por não ter entendido.
-Funcionado? - Quis saber o cão, bocejando.
-...

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