Pesquisar este blog

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Teoria...


Uma grande rede de super mercados aqui do RS tem por hábito fazer grandes comerciais de TV na época das festas de fim de ano. Nesse 2011 não foi diferente, lá no final de novembro já começara a espocar pela TV a propaganda de Natal do Zaffari versão 2011.
Na trama do comercial, embalado por No Dia Em Que Eu Saí De Casa, de Zezé di Camargo e Luciano, um jovem vai morar fora do Brasil, trabalhando como auxiliar de cozinha em um restaurante. Pelo filme, parece ser na Europa, digamos que seja na França. Sua mãe lhe pergunta se ele vai voltar a Porto Alegre no Natal, mas ele, sem dinheiro nem liberação do chefe, diz que só por milagre ele conseguirá. Veja por si próprio no endereço abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=TkXgJi6PAOc

OK, aqui vai a minha teoria:
O colega dele, que parece ser o responsável pela vaquinha, é o vilão da trama, vamos chamá-lo de Louis. Ele viu que o jovem que é o herói da história, vamos chamá-lo de Gumercindo, era o primeiro na preferência do chef para assumir a função de sous chef no restaurante.
Claro, o guri não tinha família nem amigos no país, então podia se dedicar inteiramente ao trabalho, Louis não, Louis, com uma esposa alcoólatra e um filho asmático precisava daquele emprego, ainda tinha que acompanhar a esposa às reuniões do AA, e trabalhava à noite como segurança pra que o filho pudesse fazer aulas de natação, ele não podia fazer como aquele brasileiro imundo e passar o dia todo na cozinha penteando os pêlos do saco do Chef.
Vendo que o jovem conseguiria a vaga que ele tanto almejava, e dominado pela frustração, Louis armou seu plano em uma epifânia.
Organizou a vaquinha para "ajudar" o colega brasileiro a voltar pra casa e ver a mãe. Inclusive foi falar com o patrão, dizendo-lhe como o "amigo" estava abatido, e que talvez fosse bom ele receber uma folga no fim do ano. Com isso, Gumercindo ganha de presente essa viagem à terra natal, e reencontra a mãe e a irmã caçula. Tudo parece bem.
Rá.
Quando ele volta, pouco antes do ano novo, Loui foi promovido a sous chef do restaurante em regime emergencial por causa do movimento de final de ano. Gumercindo, inebriado pelo tempo que passou sob a asa da mãe e no seio familiar é relapso com seus afazeres, o fato de Louis fazer o possível para atrapalhar não ajuda, e ele logo é demitido pelo chef.
Procura emprego em outros restaurantes da região, mas não consegue nada, acaba trabalhando como chapista em uma lanchonete McDonald's. O dinheiro minguado o faz viver em condições degradantes, e deseperado, tanto pelo fracasso profissional quanto pela saudade da família, Gumercindo sucumbe às drogas.
No momento de maior desespero ele se prostitui no Bois de Bolougne, onde faz coisas inomináveis em troca de uma pedra de crack. Após três anos e quatro overdoses ele é preso ao furtar a carteira de um comerciante marroquino que o contratara para um programa e extraditado ao Brasil.
Aqui, faz o tratamento de desintoxicação, tem duas recaídas até se recuperar totalmente.
Hoje ele leva uma vida normal, vai aos jogos do grêmio, corre no gasômetro, trabalha no Subway próximo à Redenção e namora um rapaz chamado Jorge, que caiu no gosto de sua mãe. Está feliz o Gumercindo.
Mas não deixa de se perguntar, de vez em quando, como as coisas teriam sido se ele não tivesse voltado pra casa naquele Natal.
Ah, o Louis virou Chef principal de uma filial do restaurante em que trabalhou com Gumercindo, se divorciou da pinguça e está brigando pela guarda do filho na justiça, deve ganhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário